Discurso durante a 109ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Agradecimentos ao Governo Federal e à sociedade brasileira pelo apoio às vítimas das enchentes em Alagoas e Pernambuco. Apelo ao Presidente da República para que libere os desabrigados da contrapartida financeira do Programa Minha Casa, Minha Vida. (como Líder)

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Agradecimentos ao Governo Federal e à sociedade brasileira pelo apoio às vítimas das enchentes em Alagoas e Pernambuco. Apelo ao Presidente da República para que libere os desabrigados da contrapartida financeira do Programa Minha Casa, Minha Vida. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 01/07/2010 - Página 32119
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, SOLIDARIEDADE, SOCIEDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APOIO, VITIMA, INUNDAÇÃO, ESTADO DE ALAGOAS (AL), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ELOGIO, AGILIZAÇÃO, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, AUXILIO, RECUPERAÇÃO, MUNICIPIO, ESPECIFICAÇÃO, DESTINAÇÃO, RECURSOS, SAUDE, EDUCAÇÃO, ANTECIPAÇÃO, PAGAMENTO, BOLSA FAMILIA, AUTORIZAÇÃO, SAQUE, FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO (FGTS), LIBERAÇÃO, CREDITOS, COMERCIO, INDUSTRIA.
  • SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, FACILITAÇÃO, CONCESSÃO, CREDITO IMOBILIARIO, PROGRAMA, HABITAÇÃO POPULAR.
  • IMPORTANCIA, VIGILANCIA, NIVEL, AGUAS FLUVIAIS, PREVENÇÃO, REPETIÇÃO, INUNDAÇÃO.

            O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, retorno a esta tribuna para, em nome dos alagoanos, agradecer, do fundo do coração, tudo o que o povo brasileiro vem fazendo por Alagoas e por Pernambuco.

            Quero agradecer à sociedade brasileira pela solidariedade demonstrada, através dos alimentos, colchões, roupas e outros donativos que continuam chegando às cidades castigadas pelas enchentes em Alagoas.

            Recebemos, Sr. Presidente, Srs. Senadores, toneladas de donativos do exterior e até daqueles brasileiros que têm muito pouco, mas sabem compartilhar o que têm. As tragédias quase sempre nos remetem à reflexão do quanto somos vulneráveis e dependemos dos nossos semelhantes. As maiores lições de humanidade e de humildade, Sr. Presidente, são quase sempre extraídas das tragédias.

            Quero, também, agradecer, de maneira muito especial, ao Presidente da República e a todo o Governo Federal. O Presidente Lula, demonstrando mais uma vez a sua aguda sensibilidade com os mais sofridos, chamou para si a tarefa de ajudar a socorrer e reconstruir as 28 cidades alagoanas afetadas pelas enchentes.

            Depois de pisar a lama, abraçar e ouvir os moradores atingidos e constatar o tamanho da devastação, o Presidente Lula cancelou os compromissos internacionais importantes para o Brasil e colocou a mão na massa para começar a reerguer as cidades atingidas nos dois Estados.

            No dia de ontem, retornou à região o chefe de gabinete do Presidente Lula, Gilberto Carvalho, com a orientação de resolver o que tiver de ser resolvido, mas, também, Sr. Presidente, Srs. Senadores, de inspecionar, cobrar e agilizar as providências para socorrer as vítimas.

            Até aqui o Governo Federal liberou emergencialmente R$600 milhões para os dois Estados. Até aqui, repito, o Governo Federal liberou emergencialmente R$600 milhões para os dois Estados! O dinheiro, Sr. Presidente, Srs. Senadores, foi depositado diretamente na conta dos dois governos sem nenhum tipo de burocracia. Vamos, é claro, ficar atentos para que cada centavo chegue urgentemente a quem precisa dele. Essa tarefa deve envolver também o Ministério Público e os Tribunais de Contas com o intuito de garantirmos total transparência e agilidade no uso do dinheiro público.

            De outro lado, o Governo enviou militares das Forças Armadas, com equipamentos e aeronaves. As Forças Armadas, ao lado do Corpo de Bombeiros de Alagoas, da Defesa Civil e da Polícia Militar do Estado de Alagoas, estão coordenando o trabalho de socorro às vítimas e de reconstrução das cidades.

            Quero aqui, Sr. Presidente, fazer justiça e fazer também uma distinção especial a estes homens, aos militares das Forças Armadas, ao Corpo de Bombeiros de Alagoas, à Polícia Militar do Estado, à Defesa Civil, aos técnicos e voluntários, cuja atuação é elogiável diante dessa catástrofe.

            O Presidente Lula também antecipou o pagamento de R$45 milhões do Bolsa Família, de junho e de julho, e determinou a liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço para as vítimas.

            Ainda ontem, o Presidente determinou também a mesma antecipação dos benefícios previdenciários como os benefícios de prestação continuada e a aposentadoria rural. São outros, Sr. Presidente, R$50 milhões que vão beneficiar mais de 100 mil pessoas e ajudarão, com certeza, a retomar a normalidade nos municípios afetados.

            E eu queria aproveitar a oportunidade novamente, aqui desta tribuna do Senado Federal, para pedir, mais uma vez, ao Ministério da Agricultura, ao Ministro Wagner Rossi, do meu Partido, do PMDB, e ao Ministro da Fazenda, Guido Mantega, que nós possamos antecipar, Sr. Presidente, Srs. Senadores, o pagamento da subvenção da equalização de custos para os fornecedores de cana, que foram terrivelmente afetados também nas suas atividades.

            Serão para Alagoas e para Pernambuco recursos fundamentais para que, com essa equalização, os fornecedores de cana, aqueles que entregam a cana que produzem para as usinas, possam com esses recursos dar continuidade às suas atividades, pagar os trabalhadores, plantar e investir para as próximas safras.

            Para que V. Exª tenha uma ideia do que isso significa, só para o Estado de Alagoas são R$35 milhões. Isso é fundamental, muito importante para a economia do nosso Estado e para a retomada das atividades dos fornecedores de cana.

            Por ordem do Presidente da República também, o Ministro da Saúde, Temporão, com quem me reuni na semana passada, está liberando recursos da ordem de R$60 milhões diretamente aos hospitais. O Ministério já passou toneladas de medicamentos e vacinas para os dois Estados, além, Sr. Presidente, de um reforço de dez novas ambulâncias do Samu.

            Como todos sabem - eu fiz questão de dizer aqui outras vezes também desta tribuna - nós conseguimos de uma só vez 43 ambulâncias do Samu para Alagoas, um reforço importante para melhorar as condições de saúde do nosso Estado. E agora o Ministro Temporão está mandando mais dez ambulâncias para reforçar o atendimento naquela região, naqueles municípios afetados. São, Sr. Presidente, no âmbito do Ministério da Saúde, vacinas, remédios imprescindíveis para combater doenças infectoparasitárias, como leptospirose, hepatite, rotavírus, tétano e diarreias, comuns, Sr. Presidente, após grandes enchentes, grandes cheias.

            Já o Ministério da Educação está disponibilizando mais R$51 milhões para reconstruir 26 escolas destruídas ou danificadas com as enchentes. Temos de acelerar a reconstrução dos grupos escolares para, Sr. Presidente, retomar as atividades curriculares e evitar que 100 mil crianças percam o ano letivo.

            Gostaria, ainda, de fazer uma menção muito especial aos Ministros João Santana, da Integração Nacional, Márcia Lopes e também ao Ministro em exercício Rômulo Paes, do Desenvolvimento Social. Os três, Sr. Presidente, além dos recursos, monitoram o caso de Alagoas e Pernambuco em tempo integral e estão totalmente integrados em agilizar a recuperação das cidades.

            Para o comércio e a indústria, a fim de evitar graves prejuízos na cadeia produtiva, o Presidente Lula liberou créditos no valor de R$1 bilhão. São recursos do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste do Brasil, que servirão para reativar o comércio e a indústria nas cidades mais castigadas. E a determinação do Presidente Lula é que os três bancos sociais montem, rapidamente, postos avançados para agilizar o atendimento.

            Outra providência acertada, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, do Presidente Lula foi a determinação de que a Caixa Econômica Federal e o Ministério das Cidades agilizem a reconstrução das casas destruídas pelas cheias.

            As empresas que vão fazer o trabalho de reconstrução têm a orientação clara de contratar mão de obra local. Reerguer as casas e abrir postos de trabalho é fundamental para retomarmos a vida naqueles Municípios que foram, repito, severamente atingidos.

            Peço a atenção dos Srs. e das Srªs Senadoras para estes números estarrecedores, que mensuram, Sr. Presidente e Srs. Senadores, a extensão da catástrofe: são 26.618 desabrigados, 47.897 desalojados, além, Sr. Presidente e Srs. Senadores, de 6.242 alagoanos que migraram em virtude das cheias. Somados, são 80 mil alagoanos sem teto, em condições desumanas, em abrigos improvisados e sem saber para onde vão.

            Por isso, Presidente Mão Santa, eu peço ao Presidente da República, mais uma vez, que nós possamos dizer a esses alagoanos para onde eles vão. Em função da magnitude da catástrofe, do que ela significou de perda para as pessoas, na grande maioria, gente muito simples, pobre, muito humilde, Sr. Presidente, faço questão de, em nome deles, repetir este apelo ao Presidente Lula.

            É defensável, é humanitário, é justo que se liberem os desabrigados da contrapartida financeira que o Programa Minha Casa, Minha Vida exige dos beneficiários. As prestações dessas pessoas, Sr. Presidente, ficariam perto de R$50,00/mês, sendo que o risco de inadimplência é muito alto e a comprovação de renda, neste momento, é difícil, é praticamente impossível.

            Para a economia brasileira, esta liberação é irrisória e não pesa por ser, Sr. Presidente, todos sabem, muito modesta. Para esses desabrigados, é simplesmente tudo, tudo na vida de cada um deles, essa casa onde eles possam morar. Seremos um povo, sem dúvida nenhuma - eu tenho certeza de que o Presidente Lula vai fazer isso - em permanente estado de gratidão, reconhecendo sua sensibilidade e sua ajuda inestimável nesta que foi a maior tragédia da história de Alagoas. Sei, Sr. Presidente, Srs. Senadores, que, nesta hora, prevalece o senso humanitário, a alma do nordestino, do retirante, de quem já passou por privações semelhantes. 

            Quero, mais uma vez, agradecer ao Presidente Lula pela força-tarefa que ele montou para atender aos dois Estados. Mas quero, Sr. Presidente, agradecer principalmente pela agilidade e pela justiça das providências tomadas até aqui. Com tudo que foi sugerido ao Presidente Lula no sentido de atender às vítimas, ele concordou. Ele apressou, agilizou, desburocratizou, fez questão de depositar o dinheiro na conta dos dois Estados E isso, Sr. Presidente, é um passo significativo para que nós tenhamos um pronto atendimento, um socorro efetivo às vítimas e para que tenhamos, também, a reconstrução de tudo que as enchentes destruíram.

            O Governo local está, Sr. Presidente - é bom que se diga - fazendo a sua parte e, sem dúvida nenhuma, também precisa agilizar, ainda mais, as providências e fazer com que o dinheiro e donativos cheguem rapidamente às vítimas. Em algumas cidades, já foi feita a avaliação dos danos, onde são detalhados, Sr. Presidente, Srs. Senadores, os prejuízos, os custos e o calendário de obras de reconstrução.

            De outro lado, é preciso redobrar a vigilância, uma vez que as águas dos rios, que transbordaram na semana passada, voltaram a subir de novo de maneira preocupante. Pessoas já foram e estão sendo retiradas dessas áreas, onde até a Defesa Civil encontrou, naqueles primeiros momentos, dificuldades para chegar e levar até mantimentos. É preciso monitorar as áreas de risco de forma permanente, a fim, Sr. Presidente e Srs. Senadores, de evitarmos a repetição da tragédia.

            Com a ajuda do povo brasileiro e com a atenção do Presidente Lula, nós vamos reedificar as cidades destruídas, se preciso, Sr. Presidente, até em mutirões.

            Ainda hoje, pela manhã, estive novamente com o Presidente Lula, que reiterou seu firme compromisso de rapidamente normalizar as vidas nas cidades atingidas pelas enchentes.

            A reconstrução, Sr. Presidente, pode demorar, mas vai valer a pena recolocar os tijolos e os sonhos que as águas levaram.

            Vamos reerguer nossas casas, refazer as escolas dos nossos filhos, reconstruir nossas pontes, normalizar o abastecimento de água e de luz e pavimentar de novo nossas ruas. Vamos, enfim, começar de novo, onde for preciso, do zero. Vamos poder sonhar de novo com melhores dias, que, certamente, Sr. Presidente, virão. Nessas horas, todos sabem, o trabalho faz a diferença.

            Alagoas, eu já disse aqui e queria repetir, não é só um Estado geográfico. Os alagoanos sofridos sabem que Alagoas é um Estado de espírito, um Estado de perseverança, de tenacidade eterna. É assim, Sr. Presidente, com a seca; será assim com as enchentes. Alagoas é um Estado que sabe e, sem dúvida nenhuma, saberá dar a volta por cima.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/07/2010 - Página 32119