Discurso durante a 109ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alerta para os problemas que os produtores brasileiros enfrentarão este ano para escoar suas mercadorias até os portos e centros comerciais, e os problemas do setor portuário brasileiro.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA. POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Alerta para os problemas que os produtores brasileiros enfrentarão este ano para escoar suas mercadorias até os portos e centros comerciais, e os problemas do setor portuário brasileiro.
Publicação
Publicação no DSF de 01/07/2010 - Página 32125
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA. POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ORADOR, ANUNCIO, GOVERNO FEDERAL, SUPERIORIDADE, SAFRA.
  • COMENTARIO, ALEGAÇÕES, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), PREVISÃO, DIFICULDADE, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA, CARNE, CRITICA, ORADOR, DEFICIENCIA, INFRAESTRUTURA, SETOR, DENUNCIA, LONGO PRAZO, AUSENCIA, INVESTIMENTO PUBLICO, TRANSPORTE DE CARGA, IMPORTANCIA, URGENCIA, PROVIDENCIA, PREVENÇÃO, PREJUIZO, AGRICULTURA, NECESSIDADE, MELHORIA, SISTEMA DE TRANSPORTES, ATENDIMENTO, CRESCIMENTO, PRODUÇÃO.
  • CRITICA, INFERIORIDADE, EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA, CONSTRUÇÃO, AMPLIAÇÃO, PORTO, PROGRAMA, ACELERAÇÃO, CRESCIMENTO, REGISTRO, ESTUDO, INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA (IPEA), IDENTIFICAÇÃO, MOTIVO, DEMORA, OBRA PUBLICA, QUALIDADE, ELABORAÇÃO, PROJETO, FALTA, MÃO DE OBRA, DETERMINAÇÃO, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), PARALISAÇÃO, OBRAS, DEFICIENCIA, INFRAESTRUTURA, COMENTARIO, ANALISE, PROBLEMA, ATIVIDADE PORTUARIA, NECESSIDADE, INVESTIMENTO PUBLICO, RECUPERAÇÃO, ACESSO, VIA TERRESTRE.

            O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o governo federal anunciou esta semana que o Brasil terá este ano a segunda maior safra da história, com mais de 143 milhões de toneladas, quantidade que só é superada pela de 2007/2008, quando a colheita atingiu 144 milhões de toneladas. Esta é a boa notícia. A má notícia é que o próprio ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, não esconde o fato de que, para o produtor brasileiro, serão grandes os obstáculos no escoamento das mercadorias até os portos e centros comerciais. Tudo por causa das graves deficiências de infra-estrutura e logística no escoamento da produção agrícola.

            Nas palavras do ministro, “não existe um plano estratégico para o escoamento da produção e o abastecimento das necessidades agrícolas, como insumos em geral”. A situação se agrava no Centro-Oeste, principalmente no estado de Mato Grosso, onde os custos do transporte podem até ser maiores que o valor do grão. Mas os problemas, acrescenta o ministro, não atingem apenas grãos, como milho e soja. Há dificuldades para transportar carnes em geral.

            Em resumo, a produção aumenta, mas os portos brasileiros não estão sendo devidamente adaptados e aparelhados para atender a esse crescimento.

            Do dinheiro previsto no PAC, o Plano de Aceleração do Crescimento, para o sistema portuário, que é de 3 bilhões e 100 milhões de reais, até meados do segundo semestre do ano passado, apenas 2,5 por cento tinham sido efetivamente aplicados. No ano passado, o estudo “Gargalos e Demandas de Infraestrutura Portuária e os Investimentos do PAC: Mapeamento Ipea de Obras Portuárias”, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, listava motivos para o ritmo lento das obras do PAC/Portos: "Projetos executivos mal elaborados, falta de mão-de-obra para a condução desses projetos e paralisações no Tribunal de Contas da União (TCU) por irregularidades". Este ano, a situação, de acordo com o estudo, pode se agravar ainda mais, já que a legislação impõe restrições aos gastos dos governos em ano de eleição.

            O levantamento realizado pelo Ipea analisa todos os aspectos do setor portuário, inclusive o marco regulatório, e conclui que a deficiência em infra-estrutura é um dos principais problemas. O estudo contém um levantamento de 265 obras de infra-estrutura portuária, de acesso ou de apoio, necessárias à melhoria operacional e à competitividade dos portos brasileiros.

            Seriam necessários, segundo os técnicos do Instituto, investimentos de 42 bilhões e 800 milhões de reais para reduzir as dificuldades do setor. A demanda maior é por 133 obras de construção, ampliação e recuperação de áreas portuárias, que exigiriam 20 bilhões e 460 milhões de reais. O documento alinha entre os portos com necessidade de melhorias os de Santos, em São Paulo, Vitória, no Espírito Santo, Itaqui, no Maranhão, Pecém, no Ceará, e Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

            Existe ainda o problema dos acessos terrestres, que garantem o transporte das cargas desde a origem até os portos, e dos portos para as áreas produtivas ou de consumo. Se são precários, afetam a competitividade dos portos, já que aumentam o custo dos fretes e colocam em risco as cargas perecíveis. Eles precisam de investimentos de R$ 17 bilhões e 200 milhões de reais.

            Santos, o maior porto brasileiro, é o que mais padece com problemas de acessos terrestres. Sua demanda de investimentos está em torno de 5 bilhões de reais. O Ipea mapeou 22 obras rodoviárias imprescindíveis, no valor de 10 bilhões e 200 milhões de reais, todas situadas num raio de até 120 quilômetros a partir dos portos.

            O estudo do Ipea identifica como um dos problemas mais graves do setor portuário brasileiro o de dragagem e derrocagem: profundidade de canais de acesso, berços e baías de evolução. Obras de dragagem permitiriam o acesso e atracação de navios de grande porte, que movimentam até 150 toneladas e precisam de portos com calados em uma faixa de 16 a 18 metros de profundidade. Essas embarcações possibilitariam diminuir o custo do frete a um terço do gasto atual.

            Foram identificados 11 dos maiores portos do país como necessitados de obras de dragagem, entre os quais Santos, Vitória, Paranaguá, Rio Grande e Rio de Janeiro, que juntos respondem por um fluxo de comércio exterior de mais 160 bilhões de dólares, quase toda a exportação brasileira por via portuária. Até o ano passado, de um total de 17 obras de dragagem previstas no Programa Nacional de Dragagem, só havia duas em andamento, de um total de 17.

            O amplo levantamento realizado pelo Ipea merece atenção urgente do governo. Não há mais tempo de resolver os problemas que os produtores enfrentarão este ano para escoar sua produção. Mas é preciso eliminar os gargalos com urgência, para evitar desperdício e prejuízos gigantescos.

            Eles não se concentram apenas nos portos. Nossos modais de transporte de cargas, que incluem ferrovias e rodovias, sofrem com uma falta de investimentos que já completa 20 anos. Estão obsoletos, degradados, e tornam nossos produtos pouco competitivos. Se algo não for feito agora, dentro em breve entrarão em colapso, com conseqüências catastróficas para a economia brasileira.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/07/2010 - Página 32125