Discurso durante a 110ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da concessão de abono natalino aos idosos e às pessoas com deficiência que recebem o benefício de prestação continuada, proposta contida no Projeto de Lei do Senado 165, de 2010, de autoria de S.Exa. (como Líder)

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL. HOMENAGEM.:
  • Defesa da concessão de abono natalino aos idosos e às pessoas com deficiência que recebem o benefício de prestação continuada, proposta contida no Projeto de Lei do Senado 165, de 2010, de autoria de S.Exa. (como Líder)
Aparteantes
Marcelo Crivella.
Publicação
Publicação no DSF de 02/07/2010 - Página 32308
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL. HOMENAGEM.
Indexação
  • LEITURA, JUSTIFICAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, CONCESSÃO, BENEFICIO, SEMELHANÇA, DECIMO TERCEIRO SALARIO, IDOSO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, RECEBIMENTO, BENEFICIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA, MOTIVO, AUMENTO, DESPESA, PERIODO, FESTA NATALINA, DETALHAMENTO, TRAMITAÇÃO.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, EMANCIPAÇÃO POLITICA, MUNICIPIO, AGUA BRANCA (PI), PIRIPIRI (PI), FLORIANO (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), ELOGIO, CULTURA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Senador Acir Gurgacz, que preside esta sessão de 1º de julho, Parlamentares da Casa, brasileiras e brasileiros, aqui no plenário do Senado da República e que nos acompanham pelo fabuloso sistema de comunicação deste Senado.

            Senador Acir Gurgacz, quero agradecer pelas palavras de V. Exª, como também ao Senador Jayme Campos, que nos motivam. Mas nós estamos jogando o jogo, melhor do que muitos de nós foi Rui Barbosa e ele não chegou à Presidência. E está aí, sendo a luz, o farol para aperfeiçoarmos a democracia.

            Eu queria aqui relembrar à Casa um projeto de lei apresentado por nós e que estamos acompanhando. Ele foi protocolado no dia 2 de junho, contém 15 folhas numeradas e rubricadas. No dia 2 de junho, tem a ata do plenário, situação: aguardando recebimento de emendas. Leitura, à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, e de Assuntos Sociais, cabendo à última decisão terminativa. O projeto receberá emendas perante a primeira Comissão pelo prazo de cinco dias úteis, após a publicação e distribuição em avulsos. Ele foi publicado em 3 de junho de 2010, no Diário Oficial. No dia 4 de junho, Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, aguardando recebimento de emendas. Prazo para o recebimento de emendas: até 4 de junho. No dia 11 de junho, na Comissão de Direitos humanos, a situação é esta: aguardando designação de Relator; não foram apresentadas emendas no prazo regimental. E a nossa satisfação é que no dia 23, Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, matéria com a relatoria. O Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, Senador Cristovam Buarque, designa o Senador Paulo Paim como Relator da matéria. Ao gabinete do Senador Paulo Paim, para emitir relatório.

            Então, a lei é boa, é justa, e nós devemos fazer leis aqui inspirados nas leis de Deus, que só fez dez e entregou para Moisés. Leis boas, justas, porque no Brasil tem uma mania de lei que pega e lei que não pega. Isso é ridículo. Mas esta aqui é baseada ... E acho que já estamos a meio caminho, porque a minha intenção, a justeza dela... E o Relator é o Paulo Paim. O Paulo Paim é muito sensível, é lutador. E será uma compensação, porque eu tenho sido Relator preferencial dele na lei do Paulo Paim sobre as lutas pelo salário mínimo. Nós chegamos aqui e ele sempre fazia leis... Eu acho e entendo, e entendo bem, não tenho dúvida, de que a maior obra do nosso Presidente - ele é nosso; votei nele em 94 - foi o salário mínimo. O resto é coisa de aloprado, é mentira, é enganação.

            A coisa mais séria - e eu entendo, e não entendo pouco, não; entendo muito bem - foi essa. Aí que foi a divisão de riqueza. O Brasil salvou-se da crise, ele pode nem ter percebido, porque tinha o mercado interno, porque valorizou. Eu sei, porque eu fui o Relator do Paulo Paim. Eram US$70.00.

            Acir Gurgacz, eu vou confessar: eu não acreditava, não. Eu era igual a São Tomé. O Paim disse: “Vamos aumentar para US$100.00. Assim, a vida toda era 67, 65, 70...

            Eu fiquei meio São Tomé, viu, Acir Gurgacz? Mas aí, liderado, eu fui Relator e fomos... Obstinadamente, o Paim lutava, lutava, defendia. Hoje, é quase US$300.00 dólares. Então, foi a maior obra do Luiz Inácio. O resto é conversa de aloprado, é alienação.

            Essa é que foi a distribuição de riquezas, a valorização do trabalho. Foi aí - eu não sei se consciente, mas o êxito foi dele -, foi aí, Eurípedes, que ele entrou naquela do caminho de Deus: comerás o pão com o suor do teu rosto. É uma mensagem de Deus. O resto é enrolada, aproveitadores, aloprados. Esse aí é que foi uma coisa séria. Ele se eternizou já por isso. Comerás o pão com o suor do teu rosto. É uma mensagem de Deus, em que nós acreditamos, para os governantes propiciarem respeito e trabalho.

            E Rui Barbosa está ali acima. Olha que já passou muita gente aqui, Eurípedes, até V. Exª. Já passou gente como o quê! Gente de todo jeito, não é? Isso aqui tem 184 anos. Imagina quantos... No Império, já tinha essa confusão aqui. E só está ele ali, Rui Barbosa. E todo mundo olhando para ele.

            Ele disse que a primazia tem que ser dada ao trabalho e ao trabalhador. Eles vieram antes. O trabalho e o trabalhador é que fazem a riqueza. Então, foi isso aí, a maior, indiscutível.

            Agora, o Padre António Vieira, que todo mundo adora - e é um sábio mesmo, a gente lê -, disse que um bem sempre é acompanhado de outro bem.

            Foi um bem isso. Foi o melhor bem. Foi a coisa positiva. Então, não é esse negócio de Lula... Eu estive com ele quando era coisa boa para o Brasil. Nunca votei contra o povo, contra o Brasil, não. Votei com a minha consciência, com a minha inteligência, com a minha “piauiensidade”, que deu os maiores homens para este Brasil.

            Esta daí, o Paim me contou da luta dele, a dos velhinhos aposentados. Ué, se nós estávamos valorizando o trabalho e o trabalhador, como é que íamos deixar sacrificar quem já trabalhou, quem o Governo está devendo? Não fez os acordos. Nós fomos também os defensores. Fiz essa aqui e fiquei satisfeito. É lógico que pedi. Aqui, eu consegui essa respeitabilidade. E caiu que o Relator é o Paulo Paim.

            Eu sei que fazer uma lei é complicado: passa pelas comissões, vem aqui, vai para a Câmara. Ela acaba que nem quando se tem de fazer um fórceps ou uma cesariana. Quando ela é boa, ela pega. Então, está aqui:

“Projeto de Lei do Senado nº 165, de 2010

Autor: Senador Mão Santa.

Ementa: Altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 - Lei Orgânica da Assistência Social, para instituir o abono natalino referente ao benefício de prestação continuada.

Explicação da ementa: instituição, na Lei Orgânica da Assistência Social, de abono natalino aos beneficiários da prestação continuada e da renda mensal vitalícia, a ser custeado pelo orçamento da seguridade social; previsão de compensação do aumento de despesa decorrente pela margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado explicitada na Lei de Diretrizes Orçamentárias; vigência em 1º de janeiro do ano seguinte ao da publicação da lei.

Data de apresentação: 02/06/2010.

Situação atual: [aqui estamos com documento de 23/06/2010.]

Local: Comissão de Dirreitos Humanos e Legislação Participativa.

[Aqui estamos com um documento da Comissão de Direitos Humanos, legislação, participação] Matéria com a Relatoria. [Foi encaminhada ao Paim.]

Indexação da matéria. Indexação de Projeto de Lei, Senado, alteração, Lei Orgânica da Assistência Social, acréscimo, dispositivos, criação, abono de Natal, beneficiário, prestação continuada, renda mensal, vitaliciedade, custeio, orçamento, seguridade social, pagamento, benefício, compensação, margem, expansão, despesa, explicitação, (LDO), exercício financeiro, vigência [...].

Sumário da Tramitação.

Despacho: nº 1. Despacho inicial.

Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.

Comissão de Assuntos Sociais (em decisão terminativa). [De uma comissão vai para a outra.]

Relatoria: Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa

Relator: Paulo Paim.”

            Então, está na mão do Paulo Paim. É meio caminho andado, em boas mãos. Ele é o Barack Obama nosso, o Paulo Paim. Hoje recebemos as emendas. Está havendo umas emendas, isso é natural.

Projeto de Lei do Senado nº , de 2.010.

Altera a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 - Lei Orgânica da Assistência Social -, para instituir o abono natalino referente ao benefício de prestação continuada.

O Congresso Nacional decreta:

         Art. 1º O art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 9º e 10º:

Art. 20...............................................................................

..........................................................................................

§ 9º Será concedida anualmente, a título de abono natalino, uma parcela adicional do benefício de prestação continuada.

§ 10º O abono natalino referente ao § 9º será estendido aos beneficiários da renda mensal vitalícia. [O que é isso?]

Art. 2º A despesa decorrente da criação do benefício de que trata esta lei será custeada pelo orçamento de seguridade social.

Art. 3º O aumento de despesa decorrente das disposições do art. 1º será compensado pela margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado explicitada na Lei de Diretrizes Orçamentárias referente ao exercício em que esta lei entrar em vigor.

Art. 4º Esta lei entra em vigor no dia 1º de janeiro do ano seguinte ao da sua publicação.

Justificação.

[Atentai bem, brasileiros e brasileiras!]

Este projeto visa criar o abono natalino para um dos segmentos mais carentes da população brasileira: os idosos e as pessoas com deficiência que não possuem condições pessoais nem familiares de se manterem.

Sensibilizada com a situação de penúria desse grupo”.

            São aqueles que estão aí recebendo uma renda. Eles não pagaram o Instituto, porque tinham deficiências - idade ou doença, ou em caráter excepcional. Mas eles não ganham o décimo terceiro mês. Todo mundo, com alegria e felicidade, ganha o natalzinho e o ano, e eles ficam entristecidos. Por que não levar? Acho que a lei tem de ser uma só para todas. Outras classes têm, e já existe classe que pede até o décimo quarto mês. Há os que ganham demais. A esses que foram invalidados, porque são excepcionais e têm uma deficiência, o Governo dá. Os aplausos a essa legislação, a quem a fez. Mas vamos ampliá-la com a alegria natalina.

“Sensibilizada com a situação de penúria desse grupo, a Lei Maior do País determina que a Assistência Social lhes garanta o pagamento de um salário mínimo mensal, por meio do que se tornou conhecido como Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Responsável por prover a milhões de brasileiros os mínimos sociais exigidos pela dignidade humana, o BPC fica muito aquém do valor das despesas básicas de fim de ano, época em que todos os preços costumam subir em vista da exploração comercial das festividades.

Diferentemente dos trabalhadores, que atravessam essa época do ano com alguma tranquilidade devido à conquista da gratificação natalina, os beneficiários da Assistência Social vivem, então, seu pior momento, diante do acúmulo de dívidas e ansiedade.

Temos a certeza de que a criação do abono natalino para os beneficiários do BPC constitui medida de inegável justiça, não só por contribuir para a definição do mínimo social aceitável, mas especialmente por viabilizar a inclusão dos mais necessitados nas comemorações de fim de ano, renovando as esperanças de uma vida melhor e mais solidária para todos. Constitui, ademais, uma estratégia importante de recuperação da autoestima dessas pessoas, questão fundamental para o efetivo exercício da cidadania.

Propomos, ainda, estender o pagamento do abono natalino aos beneficiários da antiga Renda Mensal Vitalícia, transferindos da égide da Previdência para o âmbito da Assistência Social por expressa determinação da Lei Orgânica que pretendemos alterar.

Para atender ao disposto no § 5º do art. 195 da Constituição Federal, cuidamos de incluir neste projeto um dispositivo determinando que a despesa decorrente da criação do abono natalino seja custeada com recursos do orçamento da Seguridade Social.

Além disso, em respeito à Lei da Responsabilidade Fiscal, procuramos definir a forma de compensação do inevitável aumento de despesa que a criação da décima terceira parcela do Benefício de Prestação Continuada irá gerar.

Diante desses cuidados e do elevado alcance social da medida proposta, esperamos contar com o aval dos nobres Congressistas para aprovação desta matéria.

Sala das sessões.”

            Então, é isso que eu tenho e que será uma conquista.

            Está certo o Governo. Já houve essa legislação sensível, de sensibilidade para os deficientes, os inválidos. Os que não puderam pagar o Instituto têm.

            Mas onde tiver tristeza que se leve alegria, dizia Francisco de Assis. Então, eles ficam entristecidos no fim do ano, porque todo mundo com o seu décimo terceiro, com o seu trabalho, com renda, e eles ficam marginalizados. Então, essa visa a corrigir.

            E agora eu pediria mais um minuto para falar do meu Piauí, terra querida, filha do Sol do Equador, pertencem-te nossos sonhos, nossos amores, nossas vidas. Na luta é o teu filho o primeiro que chega.

            O Piauí é o Estado mais importante na História do Brasil. Este País ia ser dividido em dois, em dois. Ele é grandão por nós, piauienses. Nós somos bravos.

            D. João VI disse: “Filho, antes que algum aventureiro ponha a coroa, põe tu”. Esse aventureiro era Simon Bolívar, que o Chávez quer imitar, que andava derrubando os reis todinhos nesta América Latina. El Libertador.

            Então, como aqui tinha rei, ele se sentiu ameaçado e disse: “Filho, antes que um aventureiro... O Simon Bolívar ia fazer, como ele fez em quase todos os países da América Latina, a independência.

            E D. João VI disse: Filho, fica com o Sul. Que estava estruturado, que tinha forma de governo, para o qual ele trouxera os melhores funcionários públicos da Europa, de Portugal; e eu vou ficar com o Norte, será o país Maranhão. O País, D. João VI... Ninguém dá tudo para os filhos não; dá um bocado. D. João VI era sabido, nós é que somos gozadores, contamos para os meninos que ele só pensava em comer, nós o apresentamos comendo coxinha de galinha.

            Ele era inteligente. Esses reis todos foram preparados para reinar. Isso é porque o Brasil...

            Olha, Portugal é tão bom que Juscelino Kubitscheck, o maior de nós, humilhado e cassado aqui... Ô, Senador Eurípedes, eu li muito sobre Juscelino, mas o livro que mais me impressionou foi no exílio dele. Todo mundo sabe que ele foi cassado, bem aqui. Ele estava aqui, humilhado e cassado. E andou mundo afora recebendo sempre o respeito. Então, tenho um livro dele em Portugal, uma figura ímpar Juscelino Kubitscheck. Ele casou uma filha lá. Querido... Olha, eu sei que o nosso Presidente Luiz Inácio é querido, mas, como Juscelino, nunca houve. Eu vi as fotos dele naquela Avenida da Liberdade, o povo todo jogando papel quando Juscelino chegou lá, cassado. Um negócio indescritível! Luiz Inácio está procurando, mas não há como Juscelino, com aquele sorriso, exilado.

            Eu vi uma fotografia - viu, Crivella? -, quero lhe mostrar aquela avenida, a Liberdade, que dá no teatro, na Praça Pedro IV. Como é que eles chamam aquilo? Mas Deus escreve certo por linhas tortas. Você que quer representar Deus tem que absolver.

            Mas o Juscelino... Vou contar um fato aqui. A figura não existe. Olha, a fotografia, eu fiquei “arrupiado”. Aquela avenida, todo o povo esperando o Juscelino, cassado daqui, e jogando papel picado. Ele no carro.

            Mas o que mais me impressionou foi Óbidos. V. Exª conhece Óbidos? Lisboa? Fica a 60 quilômetros de lá. É uma cidade antiga que tem muralha ainda. Aí eu fui - a mulher lá, comprando souvenir -, entrei para tomar umas - não é só o Luiz Inácio que toma umas, não. Lá existe a ginja, um licorzinho deles de cereja, natural. É bom demais! Ginja. Aí, eu fui entrando, e a Adalgisa foi fazer compras, esses negócios. Olha a figura que é Juscelino. Ninguém, ninguém pode se comparar a ele. A inveja... Vi no barzinho que entrei por acaso, num sótão, duas cartas de Juscelino Kubitschek. Você... e o resto é inveja. O Juscelino foi um ser superior, foi uma bênção de Deus, ninguém pode se comparar a ele, não.

            Olha, estava ali a letrinha de Juscelino. Aí eu fui falar com o dono do bar: “Vem cá, você sabe essas cartas lá pregadas?” Eram duas cartas. Numa ele agradecia ao dono do bar. Ele esteve naquele ostracismo, né? No exílio. Deve ser... Corta o coração - não é, Crivella? Então, ele agradecia o scotch que tomava lá. Na outra, eu me lembro bem, ele cumprimentava a família do dono do bar pelo Natal e Ano Novo. Olha que eu já entrei em muito boteco, já tomei muitas pingas, mas nunca me lembrei de agradecer ao dono nem a ninguém. Nós não somos... Viu, Gurgacz ? Você entendeu o que estou dizendo? Aí eu disse: “Olha, moço, essa carta...” E ele disse: “Não, foi do dono anterior, o meu pai comprou”. E eu disse: “Pois essas cartas são relíquias. Coloque aqui o retrato desse homem, porque é o maior que já existiu na História do Brasil”.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Todo brasileiro vai querer entrar aqui.

            Só para terminar de falar sobre os portugueses. D. João VI não era burro, e Juscelino, num livro, diz a seguinte frase - aprendam! Ele, descrevendo o tempo que passou lá, ele diz assim, Crivella: “Portugal, o último povo bom do mundo.” Então, pronto! Português é gente boa. Então, Portugal, o último povo bom do mundo, porque é bom mesmo. D. João VI também era bom mesmo, era sabido. O filho, deixou e quis. E mandou para cá o Fidié, seu afilhado, sobrinho, militar, para tomar conta. E foi numa guerra que os piauienses...

            Concedo a palavra ao Senador Crivella.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Viva o Piauí! Senador Mão Santa, V. Exª me fez vir aqui ao plenário, a este assento, para apartear V. Exª com relação a algo que me comoveu: o elogio que V. Exª presta à memória de Juscelino Kubitschek de Oliveira. Poucos brasileiros fizeram tanto pela Nação e sofreram o que ele sofreu. Aliás, eu me lembro de que, na ocasião em que nos reunimos aqui para homenagear Tancredo Neves, V. Exª usou um dos pronunciamentos de Tancredo, que foi o elogio fúnebre que ele fez a Juscelino.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Exato.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Ali é o encontro de dois titãs. Ali, diria que é um momento tectônico, porque são dois vultos da nossa História recente. Juscelino Kubitschek, o garimpeiro Diamantina, e Tancredo Neves, ambos mineiros. Juscelino, Prefeito de Belo Horizonte, Governador de Minas Gerais, Presidente da República e Senador por Goiás; Tancredo, Deputado Estadual, Ministro da Justiça do Governo Getúlio Vargas, Deputado Federal, Senador, Governador de Minas Gerais e Presidente do Brasil. Interessante que essas duas trajetórias, Senador Mão Santa, tiveram muito sofrimento, reveses eleitorais. Um foi exilado, e V. Exª lembrou até dessa ocasião interessantíssima em que ele escreveu agradecendo ao dono de um bar. Tancredo, em seu discurso, fala das cartas que ele mandava, sentindo a alma estraçalhada, o coração com muitas mágoas e tristezas, porque não se compreendia, não se compreende, não se consegue explicar, na história brasileira, às crianças, aos alunos que estavam aqui agora há pouco, por que o homem que nos deu Brasília, por que esse homem foi exilado?

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - O complexo industrial do Sul; a Sudene, para tirar desigualdades econômicas, que hoje estão aumentadas.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - A Hidrelétrica de Três Marias, em Minas Gerais, uma obra portentosa, extraordinária; Pampulha. Pois bem. Por que esse homem foi exilado? A explicação é esta que V. Exª deu: é a inveja, é o ódio, é realmente esse dilúvio de paixões que, na vida pública brasileira, prevalece muitas vezes sobre, eu diria, o bom senso e a razão. Mas V. Exª, Senador Mão Santa, caminha a passos largos, de cabeça erguida; V. Exª não tem medo de olhar o povo nos olhos, porque é um homem do povo, sempre elevado ao poder pelas mãos do povo. Aliás, esta é uma frase do Juscelino no momento em que ele se despede do Senado Federal: “Sou um homem do povo, sempre elevado ao poder pelas mãos do povo, que agora antecipo as dores que o povo vai sofrer, mas haveremos de ressurgir dessa noite escura, numa alvorada, porque somos uma nação penetrada da generosidade cristã e onde as ditaduras e as tiranias não permanecem para sempre”. É por aí o que ele falou.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - V. Exª - lembro quando se é vítima - inspirou - V. Exª não é dos aloprados, mas que há muito aloprado odiando gente boa - aquele negócio do cimento nas favelas, urbanização...

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Minha Casa, Minha Vida.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - E V. Exª foi atacado numa das obras mais puras, mais justas, mais decentes, mais legítimas. É quando eu me lembro que o Juscelino foi sacado daqui, tirado, humilhado, cassado. Daí, onde senta Lúcia Vânia...

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Onde senta Lúcia Vânia. V. Exª, vou concluir o meu aparte, caminha para uma expressiva vitória do povo do Piauí. Olha, digo vitória do povo do Piauí porque aqui, em V. Exª, sempre teve um valente defensor das suas legítimas e justas aspirações. Eu não poderia deixar de estar aqui torcendo e aplaudindo, porque até foi de V. Exª que recebi a maior comenda do Piauí, lá, numa tarde inesquecível, num auditório lotado, na linda cidade de Parnaíba, onde juntos passamos horas, assistimos muitos cantores regionais, eu mesmo declamei uma poesia cristã e, ao seu lado, ao lado de Adalgisa, vivemos momentos cívicos inesquecíveis desta nossa trajetória política. Tenho certeza de que V. Exª voltará para esta Casa e poderá fazer mais mil discursos na próxima legislatura. Muito obrigado.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Senador Crivella, V. Exª está longe, aliás, o meu programa eleitoral já está feito, Jayme Campos, V. Exª. Ô, Doca Lustosa, meu secretário, pegue essas imagens do Crivella.

            V. Exª está longe de imaginar... Realmente, eu governava o Piauí, e V. Exª recebeu a homenagem maior, a honraria maior, a Grã Cruz Renascença, na minha cidade, Parnaíba. Mas vou dizer qual foi o critério. É lógico que nós todos somos cristãos. Nós não vamos... Sei que Lutero teve a missão dele, o Calvino teve, e foi verdadeiro; nenhum homem foi maior do que Lutero, que mostrou 96 erros, pecados da Igreja cristã. Houve, naquela fase, a divisão, mas nós somos hoje como Francisco diz, o irmão Francisco: “Onde houver discórdia, que eu leve a união”. Hoje eu presido o Partido Social Cristão. Sou o maior líder, eles podem tomar, mas sou eu mesmo, só tem eu Senador, os outros são Deputados, são Prefeitos, e o Senado é maior. Então, eu cheguei e assumi. A maioria é evangélica, eu sou católico, meu nome é Francisco, nome cristão, aquele que mais se aproximou a Cristo, levou a Igreja para os pobres que era só de rico e andava com uma bandeira: “Paz e bem”, eu ando com a bandeira “Piauí, terra querida”. Então, eu digo: nós não vamos buscar o que nos separa; interpretações de letras bíblicas há muitas: Antigo e Novo Testamento, o hebreu, não sei o quê. Nós não vamos; nós vamos buscar o que nos une, e o que nos une é Cristo, Aquele que disse: “Eu sou a verdade, o caminho e a vida”. Então, agradeço. E agora eu me considero não eleito, não, mas o mais bem votado, só com as suas palavras. Não foi mérito. Hoje há muitas igrejas, e acho que foi a melhor coisa que aconteceu.

            Eu tenho 67 anos, Acir Gurgacz. Em 1972, o Tancredo ainda não tinha tomado coragem - ele tomou em 1974 -, e, antes dele, nós conquistamos uma prefeitura na cidade de Parnaíba, a maior cidade da ditadura - antes do Tancredo.

            Crivella, quero lhe dizer o seguinte: nós aqui estamos combatendo o bom combate. V. Exª está longe de imaginar. Havia muita igreja, mas eu disse: “Vamos votar aqui, porque não dá, há muitas autoridades. Vamos escolher”. Graças a Deus que você não colocou o seu título lá, no Piauí, porque eu não conseguiria ganhar de você nunca! Você teve uma maioria. Eu acho que só Cristo poderia vencê-lo. Foram muitos votos lá. Então, eu obedeci, como Governador do Estado, ao desejo, ao reconhecimento, ao apreço que o povo do Piauí tem por V. Exª. Você está longe de imaginar o significado.

            Queria fazer um pedido. Acredito no livro de Deus, que diz que a árvore boa dá bons frutos - minha mãe repetia isso -, a ruim é melhor queimar e jogar no fogo do inferno. Não tem aquela história toda? Eu queria conhecer a sua mãe. Pois é. Eu queria. Ao Cristo Redentor, eu já fui, rezei. E eu queria dizer, representando, que vou pedir até para ela me adotar. Eu não quero as riquezas, não, só a bênção da sua mãe.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Sr. Presidente, deixe-me quebrar de leve o protocolo solene da sessão desta Casa, de tradições, para dizer que a minha mãezinha querida assiste a esta TV Senado assiduamente e é fã do Mão Santa. Nós vamos marcar um almoço, um café, eu, você, Adalgisa, minha esposa e minha mãe, ali onde ela mora, em Copacabana, você então contará as histórias, e ela vai adorar. Está marcado já o nosso encontro lá.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - O café é bom, mas eu quero as bênçãos, tomar a bênção, só isso.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Isso.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Eu queria ensiná-lo. Eu não sou mão santa, mas sou filho de mãe santa. A coisa mais bonita, de que eu tenho inveja - inveja existe -, são os poetas. Eu não sei cantar como V. Exª. O canto é mais do que a oratória. Quando Davi dedilhou uma harpa e disse “O Senhor é o meu pastor e nada me faltará” fez um samba. Salmo e samba, não é a mesma coisa? Comunica muito mais. Eu queria dizer um versinho - V. Exª tem a mãe aqui - do Catulo da Paixão Cearense:

Eu vi minha mãe rezando

Aos pés da virgem Maria.

Era uma santa escutando

O que a outra santa dizia.

            Faça isso lá por mim e, quando eu for, nós vamos rezar juntos.

            O Francisco, o santo, disse: “Onde houver tristeza, que eu leve alegria”.

            Para o Piauí, há muitas homenagens aqui.

            Água Branca hoje faz aniversário. É uma cidade que completa 56 anos e tem um Prefeito extraordinário: João Luiz Lopes de Souza.

            Eu conheço muito Prefeito; fui prefeitinho e governei o Estado por duas vezes. Fundei 78 cidades. Esse é um dos melhores Prefeitos que eu já vi. “Parabéns, Água Branca, pelos seus 56 anos! João Luiz Lopes de Souza”.

            E talvez eu vá valsar com a Adalgisa lá. Eu vi a programação.

            Olhe, vai haver uma festa de debutantes amanhã, de gente humilde, pobre, que a Prefeitura faz. Tem show de calouros. Fiquei encantado. Baile de debutantes. O baile será na sexta-feira. Amanhã eu vou bailar com Adalgisa e com essas debutantes em Água Branca.

            Em Piripiri, entre Teresina e Parnaíba, está a sabedoria. É uma cidade vibrante, pujante governada por um Prefeito médico extraordinário, Dr. Luiz Menezes. Aliás, fui eu que o coloquei na política em 1978. Ele era médico, e eu o usava para guiar meu carro, um Corcel. Naquele tempo, só havia aquele alto-falante que chamávamos de “a boca do mundo”. Aí eu dei um alto-falante a ele. Ele era meu motorista vip. Hoje é o maior líder. O filho dele, Marco Menezes, é Deputado Estadual, há dez anos.

            Piripiri é a cidade de Espedito Resende, que foi Embaixador. Um dos melhores cirurgiões que vi nasceu lá: Odival Coelho Rezende.

            E Floriano, 113 anos. Quando eu governava o Piauí, com o Prefeito Leão, nós comemoramos um século de Floriano. É uma cidade encantadora, culta. Esse povo sírio, árabe, comerciante... Minha grande obra....

            Crivella, olha para cá! Estás olhando para o homem que mais expandiu a universidade no Brasil, talvez no mundo. Deus me permitiu construir 400 faculdades para pobres e 36 campi avançados. O primeiro que eu fiz, com 60 dias de Governo, foi na cidade de Floriano. E eu me lembro de oito de julho, que é o aniversário, porque nesse dia, em 1994, eu fiz o meu primeiro comício na campanha de Governador. É um povo bravo, que lidera, e está aqui o Prefeito também. O Prefeito é o Sr. José Rodrigues da Silva. Parece o Barack Obama. É um líder.

            Então, as nossas homenagens a essas cidades que fazem a grandeza do nosso Piauí.

            Muito obrigado, Acir.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/07/2010 - Página 32308