Discurso durante a 110ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da realização da Convenção Nacional do PSOL, ontem, em São Paulo, quando foi indicado o nome de Plínio de Arruda Sampaio, como candidato do partido à Presidência da República.

Autor
José Nery (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/PA)
Nome completo: José Nery Azevedo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Registro da realização da Convenção Nacional do PSOL, ontem, em São Paulo, quando foi indicado o nome de Plínio de Arruda Sampaio, como candidato do partido à Presidência da República.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 02/07/2010 - Página 32368
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CONVENÇÃO NACIONAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (PSOL), INDICAÇÃO, NOME, EX-DEPUTADO, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, DEFINIÇÃO, DIRETRIZ, PROGRAMA PARTIDARIO, COMENTARIO, PRESENÇA, INTELECTUAL, ESPECIFICAÇÃO, COMPROMISSO, EDUCAÇÃO.
  • ELOGIO, VIDA PUBLICA, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, BIOGRAFIA, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, PRESIDENCIA, ASSOCIAÇÃO NACIONAL, REFORMA AGRARIA, LUTA, DEFESA, INTERESSE, POPULAÇÃO, PROMOÇÃO, JUSTIÇA SOCIAL, CONSOLIDAÇÃO, DEMOCRACIA, EMPENHO, DESENVOLVIMENTO RURAL, RELEVANCIA, CANDIDATURA, ALTERAÇÃO, PARADIGMA, REFORÇO, IDEOLOGIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, ESTADO DO PARA (PA), CONVENÇÃO ESTADUAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (PSOL), DEFINIÇÃO, CANDIDATO, GOVERNADOR, SENADOR, DEPUTADO FEDERAL, DEPUTADO ESTADUAL.
  • ANALISE, OBJETIVO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (PSOL), DEFESA, DIREITOS SOCIAIS, TRABALHADOR, PROMOÇÃO, JUSTIÇA SOCIAL, IMPLEMENTAÇÃO, REFORMA TRIBUTARIA, REFORMA POLITICA, AMPLIAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, POPULAÇÃO, CONTROLE, POLITICA, SETOR PUBLICO, CONSOLIDAÇÃO, DEMOCRACIA, IMPLANTAÇÃO, SOCIALISMO.
  • CRITICA, IMPRENSA, ENTIDADE, SOCIEDADE CIVIL, EXCLUSÃO, CANDIDATO, DESRESPEITO, PREJUIZO, DEMOCRACIA.
  • ANUNCIO, VISITA, ESTADO DO PARA (PA), CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (PSOL), APRESENTAÇÃO, PROGRAMA DE GOVERNO, Amazônia Legal, NECESSIDADE, AMPLIAÇÃO, ATENÇÃO, REGIÃO, INVESTIMENTO, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO, CRITICA, LEGISLAÇÃO, COMPENSAÇÃO, PERDA, ESTADOS, INCENTIVO FISCAL, ISENÇÃO, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS), EXPORTAÇÃO, REGISTRO, PREJUIZO, MINERAÇÃO, EXPECTATIVA, ORADOR, REVOGAÇÃO.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, MUNICIPIO, BARCARENA (PA), ESTADO DO PARA (PA), DISCUSSÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ABANDONO, VIOLENCIA, COMUNIDADE RURAL, ENTORNO, EMPRESA DE MINERAÇÃO, APRESENTAÇÃO, REIVINDICAÇÃO, POPULAÇÃO, REMANEJAMENTO, HABITAÇÃO, INDENIZAÇÃO, PREJUIZO, REPUDIO, MODELO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, AUSENCIA, CONTRAPRESTAÇÃO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL.

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador José Sarney, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, venho à tribuna esta tarde para fazer uma breve referência à realização da Convenção Nacional do PSOL - Partido Socialismo e Liberdade, realizada na manhã de ontem, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, contando com a presença da Bancada de Parlamentares federais, estaduais, lideranças de movimentos sociais, intelectuais e inúmeros militantes do nosso jovem Partido.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Senador José Nery, queria apenas registrar a presença nas nossas galerias, pois eles estão se retirando, das crianças e jovens que assistiram aos nossos trabalhos.

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA) - Sr. Presidente, a nossa saudação aos jovens de escolas públicas de Brasília que visitam o Senado Federal e que têm, com isso, a oportunidade e a possibilidade de acompanharem as atividades do Poder Legislativo do Senado Federal e, assim, com certeza, são incentivados para que todos descubram e participem da construção política e cidadã. De modo que, com essa participação da juventude, das crianças, do povo brasileiro, dos nossos estudantes, o nosso País pode ser verdadeiramente melhor.

            Como dizia, Sr. Presidente, faço questão, nesta tarde, de abordar como tema principal da minha fala a Convenção Nacional do PSOL, ontem realizada em São Paulo.

            Desde sua fundação, o PSOL mostrou-se comprometido com o socialismo e a democracia. Com a decisão da ex-Senadora Heloísa Helena, Presidente Nacional do PSOL, de concorrer a uma vaga ao Senado pelo Estado de Alagoas, coube ao Partido, de forma democrática, e ouvindo desejo de nossa militância, delegar ao companheiro Plínio de Arruda Sampaio a tarefa de representar o nosso projeto nas eleições presidenciais de 2010. Além dessa decisão, nossa Convenção também aprovou as bases e diretrizes do programa do PSOL, que será levado ao povo brasileiro durante a disputa eleitoral deste ano.

            O ex-Deputado Constituinte e Presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária, Plínio de Arruda Sampaio, tem uma trajetória que se confunde com a própria história da esquerda brasileira. Aos 79 anos de idade e mais de 50 anos de vida pública, Plínio é promotor público aposentado e Mestre em Desenvolvimento Econômico Internacional, pela Universidade de Cornell, nos Estados Unidos.

            Em seu primeiro mandato como Deputado Federal, entre 1963 e 1964, foi Relator do Projeto de Reforma Agrária do Governo João Goulart. Com o golpe militar, engrossou a primeira lista de cassados e foi para o exílio. À época, o cargo de promotor público que exercia desde 1954 também foi cassado, só sendo reconhecido novamente em 1984, quando foi anistiado e aposentado.

            Plínio trabalhou na ONU em programas de reforma agrária, desenvolvimento rural e desenvolvimento da pequena agricultura. Entre 1964 e 1970, atuou no Chile, no Governo de Eduardo Frei. De 1965 a 1975, foi diretor de programas de desenvolvimento da FAO, órgão da ONU para a agricultura e alimentação, trabalhando, então, em todos os países da América Latina e Caribe. Desde 1975, atua como consultor da entidade.

            Um dos fundadores do PT, Plínio foi Deputado Federal Constituinte e candidato a Governador em 1990 e em 2006, já pelo PSOL. Em 2005, rompeu com o PT e ingressou no PSOL, sendo uma entre as tantas lideranças que reforçaram o Partido fundado pelas lideranças populares e parlamentares expulsas do Partido dos Trabalhadores, em 2003.

            Encerrando o ciclo de encontros para definição dos presidenciáveis deste ano, a Convenção do PSOL também sacramentou os nossos candidatos aos governos estaduais em todo o País. Na grande maioria dos Estados, o PSOL terá candidato próprio, reafirmando nosso projeto de mudanças encabeçado pelo companheiro Plínio Arruda Sampaio. Entre eles, eu gostaria de destacar as candidaturas dos companheiros Fernando Carneiro, do meu querido Estado do Pará; a do Vereador Pedro Ruas, no Rio Grande do Sul; do Professor Walmir Martins, em Santa Catarina; da ex-Deputada Brice Bragatto, no Espírito Santo; do nosso combativo companheiro, ex-Secretário de Administração do Governo do Distrito Federal, Toninho Andrade; do Professor Paulo Búfalo, em São Paulo, dentre vários companheiros e companheiras, que representarão o projeto do PSOL em todo o País. Destaco ainda que aqui, no Distrito Federal, teremos dois grandes companheiros disputando as vagas destinadas ao Senado. Serão candidatos no Distrito Federal o maestro Jorge Antunes e o jornalista Chico Santana, que serão os porta-vozes nessa dura batalha para garantir a presença do Distrito Federal e garantir a presença do PSOL nesta Casa Legislativa, a partir de 2011.

            Quero registrar ainda, Sr. Presidente, que a Convenção do PSOL teve a participação de diversos intelectuais e personalidades que apoiam a candidatura e contribuem na formulação do programa de governo, que também estiveram presentes a nossa Convenção. Entre eles, os geógrafos Aziz Ab’Saber e Ariovaldo Umbelino; os sociólogos Chico de Oliveira e Heloísa Fernandes; Dom Tomás Balduíno, Bispo Emérito de Goiás; o mestre em planejamento energético Ildo Sauer; os filósofos Paulo e Otília Arantes; o arquiteto e especialista em projetos de habitação Pedro Fiori Arantes; o jurista Plínio Gentil e o fundador do PT e líder operário, Waldemar Rossi.

            A presença dessas lideranças e intelectuais que representam a melhor tradição do pensamento crítico em nosso País, demonstra que o PSOL, liderado pelo companheiro Plínio de Arruda Sampaio, pode representar um projeto de ruptura externa com a dependência externa, de exclusão e miséria que assola o nosso País em seus 500 anos de história.

            O PSOL não aceitará uma eleição plebiscitária. O povo tem o direito de construir uma terceira via que não aceita o retrocesso nem os limites impostos pelo pacto entre capital e trabalho. Portanto, o PSOL trabalha na perspectiva de uma afirmação, de uma alternativa de esquerda, representada pela candidatura de Plínio Sampaio, pelas candidaturas a Governadores em quase todos os Estados da Federação, pelas candidaturas ao Senado em todos os Estados brasileiros, pelas candidaturas a Deputados Federais e Deputados Estaduais.

            Permita-me, Sr. Presidente, fazer referência especial à tática eleitoral adotada pelo PSOL no Estado do Pará.

            Reafirmamos, para a disputa eleitoral no Pará, segundo definição da convenção partidária realizada no dia 26 de junho, no último sábado, na Câmara Municipal, em Belém do Pará, a candidatura do historiador e ex-dirigente da Companhia de Trânsito do Município de Belém, o professor Dr. Edmilson Rodrigues, que governou Belém de 1997 a 2004.

            A Convenção do PSOL no Pará também definiu as candidaturas ao Senado: uma vaga foi destinada à professora e combativa ex-Vereadora de Belém Marinor Brito; a outra, ao Sr. João Augusto, ex-Prefeito de Oriximiná, ex-Deputado Estadual, ex-Deputado Federal e suplente do ex-Senador Ademir Andrade, do PSB.

            O PSOL também definiu uma tática em que apresenta ao povo do Pará uma chapa de Deputados Federais composta por 15 companheiros e companheiras; definiu a composição, Senador Mão Santa, da chapa para Deputados Estaduais, incluindo nessa chapa, além do nome do ex-Prefeito de Belém, companheiro Edmilson Brito Rodrigues, o nome da nossa Presidente Estadual do PSOL, a ex-Deputada, combativa professora e líder sindical Araceli Lemos, além do meu nome - passarei a integrar a chapa que disputará as eleições para a Assembleia Legislativa do Estado do Pará.

            Ao mesmo tempo, o PSOL lançou um conjunto de vinte candidaturas, distribuídas nas diversas regiões do Estado, para compor uma chapa partidária para as eleições e, com isso, garantir a representação do nosso Partido na Assembleia Legislativa, caso isso seja da vontade do povo do Pará, e apresentar um projeto alternativo de mudanças. A intenção de continuar a ter representação político-institucional nos diversos espaços, seja no Poder Executivo, seja no Parlamento, está colocada pelas candidaturas que serão apresentadas na campanha eleitoral ao povo do nosso querido Estado.

            Sr. Presidente, o PSOL, em sua curta existência, tem marcado a sua atuação pela defesa da ética na política, pela defesa das lutas sociais, pelo apoio às lutas dos trabalhadores e do povo oprimido. O PSOL, mais uma vez, apresenta-se ao povo brasileiro com a expectativa e a perspectiva do plantio de uma semente, de um ideário político, de um programa que, na verdade, encarna as verdadeiras mudanças, as verdadeiras transformações sociais, políticas e culturais que nós desejamos para o nosso País e para cada um dos Estados da Federação.

            O PSOL defende temas importantes, como a reforma tributária justa, que garanta aos diversos entes da Federação participação mais condigna na repartição dos recursos da Nação brasileira. Defendemos também uma reforma política que assegure maior transparência aos processos eleitorais, bem como maior participação do povo no controle social das políticas públicas e daqueles que são eleitos para os espaços institucionais, seja no Parlamento, seja no Poder Executivo, em todos os níveis. O PSOL, com o seu programa, com o seu ideário, reafirma junto a cada brasileiro e a cada brasileira o desejo de construção de uma sociedade democrática e verdadeiramente justa.

            O PSOL não aceita a ideia de uma eleição plebiscitária. Todos os dias tentam demonstrar que, da disputa eleitoral, participam apenas três candidatos. O PSOL também apresenta ao povo o seu projeto, suas candidaturas e, é claro, participa desse debate eleitoral. Inclusive, mais uma vez, aproveito para reclamar de público que várias instituições, várias entidades de classe da sociedade civil, empresariais ou de trabalhadores, ao realizarem os debates na campanha eleitoral, tentam a todo custo excluir, ou têm verdadeiramente excluído, as outras candidaturas, que são de pequenos partidos, como o PSOL. Considero essa exclusão uma atitude altamente autoritária e antidemocrática, porque revela-se incapaz de demonstrar ao país as diversas propostas, as diversas candidaturas, comprometendo o debate democrático sobre os caminhos que devemos construir para tornar o nosso País muito melhor, mais justo e mais democrático.

            Portanto, anuncio a presença na Amazônia, mais especificamente no Estado do Pará, do companheiro Plínio de Arruda Sampaio, que visitará Belém, Abaetetuba e outros Municípios para discutir um programa de governo para a Amazônia brasileira.

            A Amazônia não pode continuar sendo ignorada, a Amazônia, com todo o seu potencial, com todas as suas possibilidades de desenvolvimento, com tantos recursos naturais, com a nossa sociobiodiversidade - água, terra, florestas e 25 milhões de brasileiros -, não pode continuar sendo ignorada nos projetos dos candidatos e dos governos, porque, como costumo dizer, o Brasil não poderá se desenvolver efetivamente se não considerar as potencialidades e as possibilidades que a Amazônia oferece para o desenvolvimento do nosso País.

            Não podemos continuar convivendo com o saque às nossas riquezas minerais, que são levadas pelos grandes grupos econômicos que sequer pagam impostos. A Lei Kandir, por exemplo, impede que os nossos minerais possam receber o justo tributo, como o ICMS, hoje dispensado por conta dessa famigerada lei. Aqui no Senado Federal, no Congresso Nacional, apresentei projeto para extinguir a Lei Kandir e espero que isso se concretize quando das nossas decisões em relação à reforma tributária, tão reclamada, tão urgente, mas que os governos, sucessivamente, não têm tido a coragem de realizar.

            Portanto, o PSOL estará discutindo a Amazônia e a contribuição da Amazônia para o desenvolvimento nacional. Todos os candidatos à Presidência, de todos os partidos e alianças, não podem continuar ignorando a luta, o sonho, o desenvolvimento e o bem-estar de milhares de brasileiros, amazônidas, a região que ocupa 60% do território brasileiro não pode continuar sendo ignorada. A Amazônia quer ser respeitada. A Amazônia, e o Pará em particular, Estado que represento nesta Casa, precisam ser ouvidos para que possamos construir a possibilidade do desenvolvimento nacional garantindo às diversas regiões brasileiras, principalmente a Amazônia e o Nordeste, que são as duas regiões mais empobrecidas do País, que precisam de atenção e de recursos públicos, de modo que o seu desenvolvimento seja garantido, seja efetivado por aqueles que governam o nosso País.

            Portanto, Sr. Presidente, era esta a manifestação em relação à Convenção Nacional do PSOL e as tarefas que estão postas no cenário da disputa eleitoral neste ano de 2010.

            Por último, eu gostaria de fazer referência à realização de uma audiência pública no Município de Barcarena, no Distrito de Vila do Conde, área do grande complexo industrial Albrás/Alunorte e de outras empresas minerais da região desse complexo em Barcarena, uma audiência pública reunindo 12 comunidades rurais no entorno do projeto que reclamam das condições de abandono e de violência a que têm sido submetidas, da lógica que preside a instalação desses grandes projetos no Pará e na Amazônia e que as comunidades tradicionais, na verdade, acabam tendo, ao longo do tempo, seus direitos ignorados.

            Essa audiência pública contou com a participação representativa das comunidades e com a participação de órgãos do Estado e do Município de Barcarena. Estiveram presentes a Procuradoria-Geral do Estado, a Companhia de Desenvolvimento Industrial; também a representação da Secretaria de Meio Ambiente do Estado e a presença da Prefeitura de Barcarena. E a situação dos moradores exige não somente o remanejamento para outras áreas onde possam continuar sobrevivendo, produzindo, tendo em vista a situação de verdadeira calamidade a que estão submetidos pela poluição das fábricas de alumínio, mas eles reivindicam - e tratarei desse tema com maior profundidade em um pronunciamento próximo - a moradia, o remanejamento daquela área, a indenização de suas benfeitorias, para que possam, efetivamente, trabalhar e sobreviver com dignidade, já que as condições até hoje ali presentes não garantem a dignidade e o bem-estar dessas pessoas.

            São essas, Sr. Presidente, as questões que trago ao Senado Federal, ao povo do Pará e ao povo brasileiro, no momento em que os diversos partidos concluem os processos de definições de suas candidaturas, de suas alianças para as eleições, fazendo questão, aqui, de afirmar o compromisso do PSOL com o povo brasileiro de participar ativamente dessa luta, desse trabalho, dessa busca de alternativa que revalorize a política e a coloque no patamar do qual ela nunca deveria ter saído. Portanto, o trabalho que realizaremos nesse período será uma campanha para promover a educação política do nosso povo e ajudar na afirmação de um caminho democrático e socialista para o nosso País.

            Mas é com imensa satisfação que concedo um aparte ao Senador Cristovam Buarque, Senador da Educação, da luta do povo do Distrito Federal, que honra não apenas o Distrito Federal e esta Casa, mas o Brasil com o seu exemplo de atuação em prol das causas sociais e, sobretudo, da causa da educação.

            Inclusive, adianto a V. Exª que, ontem, Plínio de Arruda Sampaio, ao ser confirmado como candidato à Presidência do Brasil, disse claramente que entre os vários pontos e compromissos de seu programa está como compromisso número um a educação pública, não se permitindo, segundo a visão expressa por Plínio e endossada por nós... Um programa de educação para valer tem que tornar toda educação, do ensino infantil à universidade, efetivamente pública para todos.

            Ouço com atenção V. Exª.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador José Nery, em primeiro lugar, quero parabenizar o PSOL por haver lançado um candidato à Presidência. É assim que um partido se afirma, demonstra sua visão de mundo, sua ideologia e propostas. É assim que chega a todo o Brasil. Foi assim que o Partido dos Trabalhadores cresceu, quando ninguém acreditava que um trabalhador chegaria à Presidência da República, e o PT insistiu, insistiu, insistiu e chegou. E, a meu ver, está fazendo um bom governo, entre os bons Presidentes que o Brasil já teve. Eu parabenizo. Segundo, quero parabenizar pela escolha do nome. Conheço Plínio de Arruda Sampaio há algumas décadas. Conheci-o quando morava em Honduras e ele aí passou como consultor que era da FAO, das Nações Unidas. A partir daí, fizemos uma amizade. É uma figura que tem muito a dar ao debate nacional por um futuro, pelo entendimento de que rumos tomar. Nesse sentido, este meu aparte é com uma finalidade: registrar aqui, não vou dizer o meu protesto, mas a minha insistência de que ele seja ouvido no debate que os presidenciáveis devem fazer. Eu considero um absurdo tolher a palavra dele nos programas de televisão, nas diversas redes as quais os candidatos a Presidente devem ir. Fui candidato com apenas 1%, e o programa Roda Viva me levou. Não vejo por que não levar Plínio de Arruda Sampaio e é nesse sentido que criei o movimento no Twitter, fui eu o primeiro a criar o movimento “Plínio de Arruda, [que é o nome dele no Twitter], no Roda Viva”. Ele tem muito a dizer e engrandeceria o processo. Não vou dizer se com isso ele vai ganhar muitos votos ou poucos votos, tirar voto de “a”, de “b” ou de “c”, mas a simples palavra dele engrandece. Por exemplo: essa palavra de que a escola tem que ser gratuita; eu, pessoalmente, defendo que deve haver escola gratuita à disposição de todos, mas quem quiser pagar tem que ter direito, deve deixar que continuem as escolas particulares, não sou contra as particulares. No dia em que todas forem boas e públicas e gratuitas, só vai colocar aluno na particular quem quiser, por alguma idiossincrasia, por alguma razão religiosa, porque as públicas serão laicas. Então, seria importantíssimo ouvir essa fala dele, porque provocaria um debate, despertaria o eleitor para sonhos, para utopias, até aqueles que riem, que ficam contra, mas teriam que ouvir. Pedi o aparte para manifestar esse meu protesto, essa minha cobrança, essa minha sugestão se quiserem e que seja dado ao Plínio o espaço que se dá aos outros candidatos. E que todos nós, brasileiros, possamos escutar tudo que esse grande brasileiro, que podia estar, nessa idade, descansando como tantos, mas está na luta de uma campanha tão difícil como ser Presidente do Brasil. E ainda mais: predispondo-se à luta mais difícil que é ser Presidente nos quatro anos seguintes. Meus parabéns ao PSOL por ter escolhido o Plínio. Meus parabéns ao Plínio por ter essa garra, independente da idade. E gostaria de parabenizar o Brasil se pudéssemos todos ouvir o Plínio. Mas, lamentavelmente, ainda não dá para esses parabéns, porque ainda não está sendo permitido a ele fazer sua palavra chegar a todos os eleitores.

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA) - Senador Cristovam Buarque, a palavra firme e corajosa de V. Exª fortalece a luta que estamos travando para que todos que estão na disputa presidencial possam ser ouvidos por todos os meios de comunicação, por todas as entidades que promovam debates sobre o contexto da disputa, suas propostas, seus projetos para o País. Porque uma disputa eleitoral em que instituições ou mesmo uma parte da imprensa brasileira e da mídia brasileira não considera a existência de todos os candidatos e suas propostas, eu diria que esse é um debate capenga, é uma forma autoritária de conduzir o processo que deveria ser realmente democrático.

            Quero também dizer que o movimento que V. Exª iniciou, referendado por outros parlamentares, por outras pessoas e pela nossa voz nesta Casa, tem um primeiro efeito positivo. Tomei conhecimento, agora à tarde, de que o Plínio foi convidado para participar do programa Roda Viva, na próxima segunda-feira. Essa é a informação que me chegou agora à tarde, creio que está devidamente confirmada. É sem dúvida muito importante, porque nós poderemos, bem como todo o povo brasileiro, ter acesso às ideias deste brasileiro de 79 anos de idade, 55 anos de vida pública. Sua vida pública foi marcada pela coerência, pela luta em defesa dos direitos do povo brasileiro, em defesa da reforma agrária, em defesa daquilo que é fundamental para transformar este Brasil num País mais digno, mais democrático.

            Creio que movimentos, opiniões, contribuições como essas que V. Exª, com sua voz, com o respeito que V. Exª tem do País, com certeza, fortalecem muito.

            De modo que, em nome do PSOL, levo aqui o meu profundo agradecimento pela participação de V. Exª nessa luta que, eu diria, é democrática, para que todos possam se expressar, participar ativamente desse processo. Sem dúvida, a voz de V. Exª, para nós, soma muito nesta perspectiva de que todos os candidatos à Presidência tenham os seus espaços garantidos como uma forma de assegurar legitimidade, não apenas legalidade, ao processo eleitoral brasileiro com os avanços que já conquistamos. É preciso avançar muito mais, e não avançaremos quando alguém, algum partido ou candidato for tolhido no seu direito de se apresentar ao povo brasileiro e de participar desse importante debate sobre os rumos do País.

            Essa era, Sr. Presidente, a nossa contribuição nesta tarde. Estamos num momento decisivo. Vemos a atenção, a participação bonita das ruas no acompanhamento dos eventos da Copa do Mundo. Nosso País é apaixonado por futebol e está irmanado na certeza de que amanhã teremos mais uma vitória importante rumo à conquista de mais um campeonato de futebol. Precisamos unir essas mesmas forças, Senador Mão Santa, na direção de tornar o País mais justo, mais honesto, mais integrado a essa visão da resposta e da realização, do atendimento das reivindicações da sociedade brasileira por um país mais justo.

            Portanto, espero que, nesta eleição presidencial e fazendo sintonia com o momento futebolístico que vivemos, todos nós, o povo brasileiro possa fazer um gol pela democracia, pelo avanço das conquistas sociais e pela afirmação, sobretudo, do protagonismo do povo na construção de um País justo e melhor.

            Muito obrigado.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Senador José Nery, V. Exª já ouviu de minha parte, no seu último discurso, o meu testemunho sobre Plínio de Arruda Sampaio, o meu velho amigo. Começamos a vida juntos aqui, como Deputados, ainda quando a Câmara se transferia do Rio de Janeiro para Brasília; testemunhei as suas virtudes, as suas convicções, a sua honestidade. Era, sobretudo, um homem que marcou toda a sua vida pela firmeza com que assumiu as suas posições.

            E a V. Exª, que comunicou que vai também disputar um cargo, queremos lhe desejar êxito e oferecer o nosso testemunho de que V. Exª tem sido um Senador muito aplicado, dedicado aos trabalhos desta Casa e, portanto, que merece o respeito de todos nós. Todos nós admiramos as suas virtudes e a maneira com que V. Exª desenvolve a sua missão de Senador da República.

            Muito obrigado.

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA) - Permita-me, Presidente?

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Sim.

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA) - Agradeço a referência que o senhor, mais uma vez, faz ao Plínio de Arruda Sampaio e ao nosso trabalho aqui no Senado.

            O testemunho de V. Exª, pela convivência, pela vivência, sobretudo naqueles períodos tão difíceis de 64, quando Plínio teve seu mandato cassado e foi exilado, promotor aposentado, é importante para que o Brasil, cada vez mais, tome consciência de que a disputa presidencial será muito importante na medida em que todos tenham as possibilidades de se dirigir ao povo brasileiro. Portanto, quero agradecer também a V. Exª pela manifestação.

            Muito obrigado.

 

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Quero registrar a presença aqui nas nossas galerias do Grupo da Ordem DeMolay, de Pato Branco, no Paraná.

            Muito obrigado pela presença de todos.

            Com a palavra o Senador Cristovam Buarque, último orador inscrito desta sessão.

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA) - Pela ordem, Sr. Presidente Mão Santa.

 

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Pela ordem, Senador José Nery, do PSOL do Pará.

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, solicito a V. Exª que seja feita a leitura - e, evidentemente, sejam submetidos a aprovação do Plenário - dos requerimentos que estão na mesa relativos ao abono da presença dos funcionários no dia de amanhã, tendo em vista que será realizado o jogo às 11 horas. Creio que, provavelmente, será esse o procedimento adotado também na Câmara dos Deputados, e esse foi o procedimento adotado anteriormente.

            Portanto, solicito que o requerimento seja colocado em votação e que, se for de acordo, seja aprovado para que amanhã seja abonado o dia de trabalho dos funcionários desta Casa.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/07/2010 - Página 32368