Discurso durante a 111ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários a respeito da desclassificação do Brasil na Copa do Mundo de Futebol. Defesa de períodos de esforço concentrado do Senado Federal até as eleições. Descrição da geopolítica do Estado do Amazonas, perpassando seus 62 municípios. Análise do prélio presidencial, pedindo por limpeza de condutas e cobrança do eleitorado pela participação dos candidatos em debates.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE. SENADO. ELEIÇÕES.:
  • Comentários a respeito da desclassificação do Brasil na Copa do Mundo de Futebol. Defesa de períodos de esforço concentrado do Senado Federal até as eleições. Descrição da geopolítica do Estado do Amazonas, perpassando seus 62 municípios. Análise do prélio presidencial, pedindo por limpeza de condutas e cobrança do eleitorado pela participação dos candidatos em debates.
Publicação
Publicação no DSF de 03/07/2010 - Página 32521
Assunto
Outros > ESPORTE. SENADO. ELEIÇÕES.
Indexação
  • MANIFESTAÇÃO, FRUSTRAÇÃO, SAIDA, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, SELEÇÃO, BRASIL, CRITICA, AUTORITARISMO, TECNICO, RESTRIÇÃO, ACESSO, IMPRENSA.
  • DEFESA, PERIODO, ESFORÇO CONCENTRADO, SENADO, VOTAÇÃO, MATERIA, RELAÇÃO, JUVENTUDE, DIVORCIO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, AUTORIA, ORADOR, PRORROGAÇÃO, INCENTIVO FISCAL, ZONA FRANCA, ESTADO DO AMAZONAS (AM), NECESSIDADE, AGILIZAÇÃO, TRABALHO, PROXIMIDADE, ELEIÇÕES.
  • DETALHAMENTO, ORGANIZAÇÃO POLITICA, GEOGRAFIA, ECONOMIA, ESTADO DO AMAZONAS (AM), RELAÇÃO, NUMERO, ELEITOR, MUNICIPIOS.
  • ANALISE, RESULTADO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, ELEIÇÕES, PREVISÃO, DIFICULDADE, CRESCIMENTO, DILMA ROUSSEFF, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • IMPORTANCIA, RESULTADO, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COMEMORAÇÃO, MANUTENÇÃO, SUPERIORIDADE, INDICE, APROVAÇÃO, ELEIÇÃO, JOSE SERRA, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), SIMULTANEIDADE, PROBLEMA, ESCOLHA, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • SAUDAÇÃO, DEPUTADO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, DEMOCRATAS (DEM), COMPOSIÇÃO, CHAPA, DISPUTA, ELEIÇÕES, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, CONDUTA, ALVARO DIAS, SENADOR, PERIODO, DIFICULDADE, ESCOLHA, CANDIDATO, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, SUGESTÃO, NOME, CONGRESSISTA.
  • COBRANÇA, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PRESENÇA, DEBATE, IMPORTANCIA, DISCUSSÃO, PROGRAMA DE GOVERNO, ELOGIO, MODELO, POLITICA, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), RESPONSABILIDADE, CAMPANHA ELEITORAL, FIDELIDADE PARTIDARIA.
  • ELOGIO, CONDUTA, CRISTOVAM BUARQUE, SENADOR, HELOISA HELENA, VEREADOR, ANTERIORIDADE, DISPUTA, ELEIÇÕES, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, é num clima de uma certa ressaca moral que realizamos esta sessão tão intimista, com a presença de V. Exª, do Senador Cristovam Buarque e minha própria. Afinal de contas, o Brasil fez um primeiro tempo excepcionalmente eficaz e se descontrolou no segundo tempo. A Holanda mostrou mais solidez, mais perseverança e mais aprumo técnico. E agora estamos fora da Copa do Mundo, nas quartas de final, o que não é desonroso, mas é pouco quando levamos em conta o peso específico da maior potência futebolística mundial que é o Brasil.

            Eu estranhava muito, Presidente, os métodos do técnico Dunga, quando impediu o livre acesso da imprensa às informações, desinformava a todos nós; autoritário, portanto.

            Quando todos diziam que ele tinha que convocar Ganso, Neymar, Ronaldinho Gaúcho e até Adriano - se viu hoje a falta que um Adriano fazia ali, jogador de força, de choque, de impacto -, ele fez ouvidos moucos, ouvidos de mercador; valia o que ele pensava. Foi um momento assim de muita demonstração de autoritarismo mesmo. E, por outro lado, a impressão que me passa é que Dunga montou uma equipe, um time e um esquema de jogo à imagem e semelhança dele, que foi de razoável para bom cabeça de área. Ele montou um time cabeça de área.

            Maradona, que foi um excepcional atacante, montou na Argentina - pode ser até que perca da Alemanha - um time de minimaradonas: todo mundo para frente, todo mundo querendo fazer gol, todo mundo querendo golear, um futebol alegre que lembra o do Santos atual. Não sei o que vai dar entre Alemanha e Argentina. A Alemanha está muito bem, um time consistente, com futebol menos bonito, e a Argentina com um futebol lindo - nem sempre dá certo futebol lindo senão o Brasil teria sido campeão em 82. Mas o fato é que o esquema mediano, no bom sentido, medíocre, montado pelo técnico Dunga não foi bastante para se chegar às finais ou sequer às semi-finais do campeonato.

            É recomeçar. Exemplo para mim está no técnico do Santos Futebol Clube. Exemplo para mim está no esquema solto daqueles meninos que jogam como se estivessem num churrasco na casa de amigos, sem nenhuma preocupação, sem nenhum desvão psicológico. O Santos, até quando perde, eu que sou flamenguista roxo, é o único time que me dá gosto de ver jogar no Brasil. Ele joga o futebol que os brasileiros gostam de ver jogar.

            Perceba, Sr. Presidente, que toda vez que algum time excepcionalmente bom, bonito perdeu uma copa - isso aconteceu em 1954, quando a Hungria de Puskás perdeu para a Alemanha, com aquele futebol geométrico da Alemanha -, logo depois criou-se a ideia de que não dava certo jogar bonito como a Hungria, e, sim, jogar feio como a Alemanha.

            Em 1974, o carrossel holandês de Cruyff perde para a mesma Alemanha. O futebol lindo, moderno, alegre, gostoso de ver, genial da Holanda perde para a eficiência retilínea, geométrica da Alemanha. A Holanda não merecia ter perdido, mas perdeu. Depois veio o futebol força outra vez.

            Em 1982, renasce o futebol arte. Há aquela final antecipada: Brasil x Itália. O Brasil, se jogasse mil vezes com aquele time da Itália, aquele time de Zico, Falcão e outros, ganharia 999 e perderia só aquela. Mas perdeu. Logo em seguida, vem a era Dunga.

            Eu estava vendo que alguns jogadores que o Dunga levou fariam muito melhor papel no UFC, Ultimate Fighting Championship, pelo tamanho, pela força física, por tudo, quando nós precisávamos mais da magreza do Neymar, da molecagem do Neymar; da alegria do André, do Wesley; da arte, da precisão gersoniana, didiana, do Ganso e da genialidade do Ronaldinho Gaúcho. “Ah, está mal!”. Nossa, o Ronaldinho Gaúcho, quando está mal, é melhor quase que todo mundo. Quando está mais ou menos, é selecionável mesmo. Quando ele está bem como está agora, embora não no seu auge, não há - pelo menos não sei - naquela seleção quem jogue melhor que Ronaldinho Gaúcho. O Kaká desequilibrava, mas Kaká não é Ronaldinho Gaúcho, essa é a verdade. Pode ser melhor para genro. Se tiver que escolher, Senador Cristovam Buarque, entre minha filha se casar com Kaká ou com Ronaldinho Gaúcho, eu não discutiria: é o Kaká. Claro, ia ser tranquilidade o tempo todo. Não ia ter briga. Mas se eu tivesse que escolher para um time meu, com toda a confusão, colocaria o Ronaldinho Gaúcho. Eu diria: olha, você é o meu genro, mas o meu jogador de futebol é o Ronaldinho Gaúcho. O terrível é que não tenho capacidade nem de escolher o meu genro e nem de escalar ninguém para a seleção, porque as minhas filhas, cada uma é dona do seu nariz, e eu não sou técnico de futebol.

            Mas, Sr. Presidente, nesta sessão que antecede as sessões de terça e quarta, esforço concentrado, sugiro a V. Exª que organizemos, nesse período que antecede as eleições, que façamos esforços concentrados, ou seja, sessões não deliberativas no mais das vezes, e sessões deliberativas durante determinados dias, com pauta cheia, para mostrarmos a eficácia do esforço concentrado. Sugiro que façamos isso.

            No próximo esforço concentrado de 6 e 7 de julho, teremos matérias importantes - suponho que a PEC da Juventude, a PEC do Divórcio, talvez; tenho muita convicção de que a PEC de minha autoria, que prorroga os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus, será votada. Há um acordo com V. Exª nesse sentido, há um acordo com os Líderes de Governo e de Oposição, inclusive para quebrar interstícios para votarmos tudo num dia só. Isso é um grande alento para um polo que já começa a perceber o rareamento dos investimentos, porque se aproxima daquele prazo. O deadline não é o 2023, prazo de vigência atual dos incentivos. É o prazo de maturação de um empreendimento industrial que vai de 8 a 10 anos. Então, as pessoas já estão com medo de investir. Isso dará um grande alento e fará com que, numa época em que o Brasil retoma o crescimento, nós possamos ganhar bastante confiança. E a confiança é fundamental quando se trata de economia.

            Eu gostaria de ressaltar, mais uma vez, e vou ressaltar de novo na terça e na quarta-feira, que o comportamento adotado pelo Governo foi correto, porque, em vez de olhar a autoria - ah! o autor é um Líder de Oposição, então vamos impedir a votação -, o Ministro Alexandre Padilha, de maneira muito correta e representando o Presidente Lula, foi a uma coletiva e disse as prioridades das matérias, e, entre elas, está a PEC nº 17, que prorroga os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus, PEC a qual me refiro e da qual tive a honra de ser o primeiro signatário.

            É assim que nós lidamos aqui, ou seja, eu estava fazendo um inventário, mais de 80% - 86%, 87%, talvez - das matérias que o Governo manda têm recebido o nosso apoio, ou por serem boas no seu inteiro ou por serem boas em parte. E aí nós ficamos de aperfeiçoar, fazemos os acordos de plenário, melhoramos, e a matéria vai à sanção presidencial.

            Nunca fizemos campanha contra o País, nunca fizemos oposição ao País, e, sim, oposição a erros de Governo. E qualquer Governo comete erros. Quando o Governo age com essa mesma elegância, com esse mesmo desprendimento, eu não tenho como ficar inventando defeito. Eu tenho que elogiar e agradecer em nome do povo do Amazonas.

            Voltando ao esforço concentrado, certa vez, uma jornalista muito jovem me perguntou se essas paradas para se fazer campanha eleitoral não diminuíam o Congresso. Eu disse: não, minha querida e jovem amiga, não. Primeiro, devo lembrar que eu e outros apanhamos nas ruas, fomos presos para ter eleição direta, uma luta muito bonita e muito dura, de anos, para ter direta, para ter anistia, para ter eleição para prefeito de capital, para Governador de Estado, para Presidente da República. Portanto, eleições que cada dia serão mais livres no País. Não dá para nós, de repente, entendermos que os discursos que fazemos aqui, nesta Casa, com a Casa esvaziada, e um elogio ou outro, sejam mais importantes do que estarmos nas ruas, prestando contas, exigindo e cobrando do povo para que ele exija de nós efetiva prestação de contas, para, ao fim e ao cabo, nós deixarmos claro, deixarmos patente, se somos ou não somos capazes de retornar ao Parlamento, se merecemos ou não merecemos o voto popular, se merecemos ou não merecemos a consideração dos nossos coestaduanos.

            Respondi para ela também, pois era a época da campanha eleitoral americana: olha, pedir que se fique aqui na eleição, na época exatamente pré-eleitoral, todos os dias, batendo ponto burocraticamente, seria como pedir à Senadora Hillary Clinton, ao Senador John McCain, ao Senador Barack Obama, que não fizessem campanha; que não fossem a Ohio, não fossem a New Jersey, que não fossem a New Hampshire; que simplesmente ficassem no Senado e esquecessem a campanha.

            Isso não serve, isso desserve à democracia.

            Então, parece-me que o sistema de convocação de períodos de esforço concentrado é o mais eficaz, sem prejuízo nenhum das sessões que podem servir para o debate, para o diálogo.

            Eu pretendo, volta e meia, vir aqui, mesmo que não haja sessão, mesmo estando em campanha, mesmo que não haja sessão deliberativa, eu pretendo volta e meia aparecer. Nas sessões deliberativas de esforço concentrado, eu estarei do começo ao fim delas.

            Dessa vez, na verdade, lá e cá, onde eu estiver, olhar pelo meu Estado. O meu Estado, Presidente...É uma ocasião rara e ímpar que eu tenho de transmitir a V. Exª, que foi Presidente do País e conhece muito bem a realidade de uma região que visitou tantas vezes. O Senador Cristovam, certamente, haverá de conhecer, não sei se com tantos detalhes. O meu Estado é imenso: 1,5 milhão quilômetros quadrados. Mais do que isso: mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados. É um Estado que tem apenas 61 Municípios; 61 Municípios enormes, de difícil acesso.

            Eu diria que, daqueles milhares de rios, para efeito de organização de uma luta política, nós temos de trabalhar com seis grandes rios, seis rios gigantescos. O rio Negro tem mil afluentes. O rio Negro tem, se levarmos em conta Manaus, que tem a maior densidade eleitoral de todas, porque no rio Negro estão Manaus, Novo Airão, Barcelos, que foi a primeira capital do Estado, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira. São cinco Municípios.

            Aí nós temos rio Amazonas. São doze Municípios, aí vou para dezessete. Temos Nhamundá, Parintins, Barreirinha, Boa Vista do Ramos, Maués, São Sebastião do Uatumã, Urucará, Itapiranga, Silves, Urucurituba, Autazes e Itapiranga. São doze Municípios, totalizando dezessete já.

            Aí vamos para o rio Madeira. O rio Amazonas é bastante denso, como o rio Madeira também tem uma boa densidade eleitoral. Rio Madeira, aí nós temos Apuí; Humaitá - que já deu três Governadores de Estado para o Amazonas, diversos parlamentares de excelente qualidade -; Manicoré, terra onde nasceu o ex-Governador José Lindoso, que foi seu colega, seu amigo e meu amigo; Novo Aripuanã; Borba, que realiza uma festa religiosa belíssima, a festa de Santo Antônio de Borba, e Nova Olinda. Então nós temos aí seis Municípios. Com dezessete, vinte e três.

            Agora eu estou obrigado a listar todos.

            Nós temos então o rio Purus: Beruri, Lábrea, Canutama, Tapauá, Pauini e Boca do Acre. Vinte e três com seis, vinte e nove. E acho que não citei Manaus, enfim. Citei Manaus, mas não sei se contei como Município do rio Negro, e ele é banhado pelo rio Negro, é um Município banhado pelo rio Negro.

            Aí temos o rio Juruá. O rio Juruá tem: Juruá, Guajará, Ipixuna, Envira, Itamarati, Eirunepé, Carauari. São sete Municípios.

            Então, 30 Municípios, mais ou menos, é o que já tenho aí.

            Aí, vamos para o rio Solimões. Falei rio Negro, Madeira, Amazonas. Negro são 5 Municípios, Amazonas são 12 Municípios, 17. Aí são seis, se não me engano, do rio Madeira, seis do rio Solimões, seis do rio Purus, seis do rio Juruá. Cada um deles tem milhares de afluentes, milhares e milhares de lagos; tem uma vida e um mundo por trás de cada rio desse. Esses são os principais.

            Vamos para o Solimões. Temos começando de cima, lá da fronteira: Tabatinga, Atalaia do Norte, Benjamin Constant, São Paulo de Olivença, Maturá, Santo Antônio de Içá, Tonantins, Jutaí, Fonte Boa, Uarini, Alvarante, Tefé.

            Aí vamos, entrando no rio Juruá, mas, ainda na grande calha do rio Solimões, temos Maraã e Japurá, aí temos Coari, Codajás, Anori, Anamã, Beruri, Careiro da Várzea, Manacapuru e Manaquiri. Alguns Municípios têm mais de um rio banhando e são ligados por estradas. Alguns são dos outros que já citei, mas esses são claramente ligados por estradas, são das cercanias de Manaus. Aí, temos: Rio Preto da Eva, Iranduba, Careiro Castanho e Presidente Figueiredo.

            A impressão que eu tenho é que, se contei Manaus como o quinto Município do rio Negro, eu citei aqui os 62 Municípios do Estado. Manaus é uma cidade imensa, uma cidade com uma periferia larguíssima, com problemas gravíssimos, numa situação de segurança bastante precária, uma situação de saúde delicada e uma cidade fascinante ao mesmo tempo, como o interior do meu Estado é fascinante. Há lugares que são inesquecíveis para os visitantes e são sempre emocionantes para os que visitam sempre esses Municípios, como é o meu caso.

            Eu aproveito para prestar uma homenagem a cada desses Municípios, a cada um deles. Sei que são diversos os problemas, alguns são comuns a todos, são diversos os níveis de desenvolvimento, são diferentes as potencialidades de um modo geral, eles têm em comum enormes dificuldades econômicas. O Município de Coari é um Município rico; o Município de Presidente Figueiredo é, de certa forma, autossuficiente; o Município de Manaus é visivelmente autossuficiente - esses três. E alguns Municípios são fortes também, como de Itacoatiara, Parintins, Manacapuru, Tefé, São Gabriel da Cachoeira, de uma certa forma, Tabatinga - são Municípios grandes. Eu citei os 62, quer dizer, fiz uma radiografia aqui política do meu Estado, Estado que eu amo, que merece toda minha luta.

            Aproveito, Sr. Presidente, para fazer um registro muito auspicioso da Pesquisa Datafolha. Quando me perguntaram: A pesquisa Ibope está correta? Eu digo: “Parece-me que sim”.

            Eu não tenho confiança em todos os institutos, mas não tenho o hábito de ficar discutindo nem batendo boca com institutos de pesquisa. E tenho visto o Ibope fazer pesquisas muito corretas. Então, acredito que o Ibope aferiu, dentro do seu método, com correção.

            A pesquisa Datafolha, que corresponde a um outro momento além da pesquisa do Ibope, traz alguns dados alvissareiros. Primeiro, a Senadora Marina se mantém firme com uma votação bastante consistente à altura dos seus 10%, o que não é pouco para quem tem um Partido pequeno, um Partido diminuto. Isso revela muito o valor pessoal da já candidata Marina Silva.

            É óbvio que o prestígio do Presidente Lula está evidenciado quando ele transfere 38%, segundo o Datafolha, para a sua candidata, a Drª Dilma Rousseff. Obviamente está evidenciado. Qual é a capacidade de continuar transferindo? A gente não sabe. Eu traçaria um parâmetro. Quantos votos teria o próprio Lula se fosse candidato? É óbvio que teria muito menos do que o nível de aprovação que ele tem. A aprovação é 76%. Muito bem. Mas não teria 76% dos votos. Teria quarenta e poucos no primeiro turno. Então, não sei qual será o limite abaixo do qual estancará a candidata Dilma Rousseff.

            Por outro lado, um dado mais alvissareiro para mim não foi Serra estar com 39% entre os três candidatos, um ponto na frente - isso é empate técnico -, nem o empate técnico com dois pontos na frente, quando estão todos os candidatos - os candidatos não serão só três, serão cinco ou seis - arrolados. Ele cresce com os candidatos todos arrolados. Nem considero que seja tão alvissareiro o fato de estar dois pontos - empate técnico ainda - na dianteira no segundo turno.

            Considero extremamente positivo o candidato ter-se mantido competitivo, não ter saído atrás na pesquisa de um instituto da maior seriedade, que não trabalha para candidato, que trabalha só para o seu jornal, que é a Folha de S.Paulo. Considero positivo que, no meio de toda essa história, de toda essa confusão gerada em torno de quem seria ou de quem não seria o Vice do candidato a presidente José Serra, ele tem crescido. Ou seja, ter retomado patamares de que já usufruiu num passado recente e que, por quaisquer razões, deles havia decaído, descido. Qualquer pessoa diria: puxa vida, teve certa exposição. Teve. Truncada. Suas vinhetas foram cortadas e não exibiram sequência nenhuma. Sob esse aspecto, eu diria, de maneira muito amena, teve menos sorte do que sua concorrente, que teve todas as suas vinhetas publicadas e multas posteriores às vinhetas. Mas o candidato José Serra teve suas vinhetas truncadas, mas, mesmo assim, teve uma certa exposição, que não tem faltado à sua adversária.

            A expressão entre nós no Partido é: será que toda essa confusão não empacou o crescimento dele e não serviu para atravancá-lo? Quem vai ser o vice? O DEM entra? O DEM não entra? Enfim, isso me dava uma dor muito grande, porque jamais passou pela minha cabeça que o DEM fosse deixar de estar conosco. Jamais passou pela minha cabeça. Seria ruinoso para a candidatura Serra e um suicídio para o próprio DEM, que teria todo o direito de lançar um candidato próprio se quisesse. Claro! Todo mundo tem. É saber se vale a pena, é saber se o partido se preparou para isso.

            E aí escolhe-se Alvaro Dias, que seria um grande candidato. Acabou não sendo, e o candidato foi o Deputado Índio da Costa. As pessoas dizem: “O Deputado Índio da Costa não é conhecido.” Digo: “A Doutora Dilma Rousseff, que hoje é conhecida de todos, não era conhecida de ninguém até ser lançada pelo Presidente Lula.” Logo, nesta sociedade midiática em que vivemos, o Deputado Índio da Costa será conhecido em pouco tempo como um homem sério que é, Relator do Projeto Ficha Lima...

            Certa vez, Sr. Presidente, ele me disse num jantar em que estivemos juntos, eu e ele - gosto muito dele -, ele me disse: “Arthur, eu tenho certeza de que eu vou mais do que dobrar a minha votação para Deputado Federal aqui no Rio. Elegeu-se com setenta e poucos mil votos apenas. Agora, se houver impasse nessa história de Governo do Estado, eu estou disposto a arriscar o mandato, eu estou disposto a sair candidato e prestar esse serviço, porque entendo ser bom para o Serra, entendo ser bom para mim”.

            Ele já estava com esse ânimo, com esse espírito, e a pessoa que se doa sempre merece respeito, sempre merece consideração, uma consideração a mais.

            E aí ele tem as características da juventude. Inexperiente? Nossa! Nossa adversária nunca disputou mandato. Ele disputa o quinto mandato. Venceu os outros quatros, três locais e um federal. Quatro mandatos parlamentares. É um jovem de vida ilibada, é um jovem disposto a percorrer o País, vai cair na simpatia das pessoas, é uma figura que fala bem. A última vez que o vi em televisão foi no programa do Jô Soares, falando sobre o Ficha Limpa; ele foi brilhante na sua apresentação. Então, obviamente que, de minha parte, empresto a ele todo o meu modesto apoio da maneira mais entusiasmada.

            E volto a registrar um agradecimento, agradecimento que sei que não é meu, é da minha Bancada, é do meu Partido, ao Senador Alvaro Dias, pela forma elegante com que se portou durante todo esse episódio. Afinal de contas, Alvaro foi anunciado pelo twitter; enfim, foi algo inadvertido. Mas ele também soube que não era candidato pelo twitter, e não deu um pio, ficou simplesmente na reserva que cabia àquele que quer de fato ganhar a eleição, àquele que quer de fato colaborar para que a eleição seja exitosa por parte do seu candidato.

            Então, eu imagino que o prestígio do Senador Alvaro Dias, para a Nação, não tenho dúvida de que sim, mas para o seu Partido cresceu e muito, cresceu e muito, porque revelou uma enorme generosidade, uma enorme capacidade de doação. Se alguém me disser: Poxa, ficou satisfeito de ter sido trocado da posição, eu não acredito. Aí é um robô, não é um ser humano. Obviamente que, se eu fiquei triste, ele pode ter ficado no mínimo 10 vezes mais triste do que eu, sob pena de ter algum problema psiquiátrico, e ele não tem nenhum. Então isso é hipocrisia! Obviamente que ficou triste, mas obviamente que soube sofrear esse sentimento de tristeza em nome de um projeto maior. E isso é o que eu espero de todos os aliados numa campanha que, para mim, será limpa, de debate, sem dossiê, sem invencionice; uma campanha de debate para se ver quem será o melhor! Conclamo os candidatos todos, a candidata Marina, o candidato Serra, a candidata Dilma, a não se escafederem de debate nenhum, de nenhum debate. Por que fugir do debate? Essa é a pergunta mais fundamental, irrespondível!

            Na minha convenção, Sr. Presidente, anunciei que, apesar de desfrutar de posição muito privilegiada nas pesquisas hoje, se me chamarem a um debate a que estejam presentes três professores, ou dois cientistas, ou três líderes comunitários, se for esse o debate, debate de boa-fé, decente, eu irei, sozinho ou acompanhado, mas eu irei. Não fugirei jamais de nenhum! Essa história de estar bem em pesquisa não me faz fugir de debate, como eu não procuro debate por eventualmente estar mal numa pesquisa. Eu vou ao debate porque é o meu dever. O que eu estou fazendo aqui agora, depois de um jogo do Brasil, numa sexta-feira, a esta hora da tarde aqui? Estou debatendo; estou aqui pronto para debater; estou cumprindo aqui o meu dever. Então eu entendo que o debate não pode desaparecer desse primeiro turno da eleição presidencial, sob pena de nós emascularmos a eleição. A eleição não pode ser emasculada, não pode ser turvada pela falta de compromisso com a exposição das ideias. Só não expõe suas ideias quem não as tem. Eu tenho certeza de que todos os três candidatos, qualificados como são, senão não seriam candidatos dos seus partidos, são partidos tão respeitáveis, todos têm ideias para apresentar. Posso não concordar com as ideias de um ou de outro, de uma ou de outra, em algumas coisas; concordo com Marina em algumas coisas, concordo com Dilma em algumas coisas, quando se trata de algumas abordagens econômicas, e obviamente concordo muito mais com o meu candidato, senão eu não estaria no Partido dele, nem ele estaria no meu Partido, haveria um desajuste. Mas sei que cada um tem as suas ideias para apresentar. Então que cada um apresente as suas ideias. Que ninguém se furte a apresentar as suas ideias. O Brasil não perdoaria isso a nós.

            Nos Estados Unidos, isso é impensável! E vou citar o exemplo para o brasileiro. Nos Estados Unidos, isto é impensável: um candidato que fuja de um debate simplesmente vira farelo, ele desaparece perante a opinião pública e a opinião eleitoral dos Estados Unidos. Isso é assim na Europa também. E é assim no Rio Grande do Sul. Eu vejo no meu Estado as nove-horas que os candidatos fazem para debater: só vou naquele, não vou naquele outro. E vai, aí toma todas as maracujinas do mundo para ir, para garantir uma dianteira, enfim, uma coisa incrível que mostra como o meu Estado precisa, nesse campo, evoluir democraticamente.

            Mas eu estava um dia no Rio Grande do Sul, e a atual Governadora Yeda Crusius, que era Deputada como eu, me disse: “Arthur, nós vamos ali, porque eu vou debater com o Tarso Genro”. E aí eu falei: Yeda, hoje? E ela falou: “Hoje, é! Semana passada, eu debati com ele, com o Collares”, com não sei quem. E aí eu percebi que, no Rio Grande do Sul, debater era corriqueiro, era como ir à feira comprar uma laranja. No Rio Grande do Sul, é rádio o tempo inteiro, é debate o tempo inteiro. Os debates radiofônicos são frequentes no Rio Grande do Sul. E lá não se cria, não cresce, não evolui político que fuja do debate. Tem que estar no debate!

            Eu fiquei com inveja e disse: nossa, aqui, onde a Yeda faz política, e onde o Tarso Genro faz política, e onde o Alceu Collares faz política, e onde faz política o José Fogaça, aqui eles debatem a toda hora, o tempo todo. É lugar-comum, Senador Cristovam. Como a gente põe uma gravata para vir para o Senado, eles, antes de colocarem a gravata, vão para o debate. Então, não haverá nenhum nervosismo extra quando, por exemplo, se defrontarem a Yeda, o José Fogaça, o Tarso Genro numa eleição presidencial. Eles vão a todos os debates. Quem não for perde, desaparece. Ganhando ou perdendo, tem que ir no primeiro e no segundo turno. O mesmo Rio Grande do Sul que não tolera troca-troca de partidos; o mesmo Rio Grande do Sul que já pune trânsfugas há muito tempo. Esse mesmo Rio Grande do Sul que exige fidelidade partidária e que não deixa de ser um exemplo para nós em muitos pontos, nós que temos um País valoroso, com Estados da Federação que têm, cada um deles, uma história muito bonita para contar. Mas o Rio Grande do Sul nos dá estes dois exemplos: debate é sagrado, tem que ir e, ao mesmo tempo, fidelidade partidária, fidelidade aos ideais de um partido é o mínimo que se pode esperar de quem leve a si próprio a sério e leve as suas assinaturas a sério.

            Então, assino num partido, aí vejo que não, aqui eu não me elejo, então eu vou pular para outro em que eu me eleja. E, depois, eu ainda espero que o eleitor me leve a sério. E o pior é que, se o eleitor me leva a sério, aí eu entro em parafuso, porque tudo o que eu espero é que o eleitor não leve a sério os que se portam desse jeito e privilegie as pessoas que pagam os seus preços, que pagam as suas penas e que ficam firmes nas suas posições.

            V. Exª não tem ideia do valor que teve sua campanha na eleição presidencial passada, tendo como candidato a Vice-Presidente da República o meu querido amigo, falecido amigo, Senador Jefferson Péres. V. Exª não tem ideia.

            Perguntar seu percentual? Não tenho o menor interesse em saber que percentual V. Exª teve e nem de me lembrar do percentual. Interessa-me o percentual de ideias que foram lançadas ao debate. Isso é o que interessa. Afinal de contas, quem decide o percentual da gente é o povo; percentual é com o povo, não é nosso departamento. Nosso departamento é colocar ideias. O departamento do povo é nos dar o percentual que ele achar que deve: alto, baixo. Numa eleição, baixo; na outra, alto. É um pouco assim nessa gangorra, nessa roda gigante da política, onde não cabem as vaidades, não cabem as prepotências, as arrogâncias, porque é roda gigante mesmo: está lá em cima, daqui a pouco desce; na outra volta, é para sair da roda gigante. Em algum momento, todos nós saímos da roda gigante. Em algum momento, todos nós estivemos ou estaremos no ápice da roda gigante, vendo a cidade inteira, vendo as luzes da cidade.

            Portanto, eu não considerei de forma alguma desperdício a sua candidatura.

            Igualmente, apreciei a candidatura da Senadora Heloísa Helena, que mostrou duas coisas muito bonitas. Primeiro, a coragem de disputar, abrindo mão de um mandato competitivo de Senadora que ela tinha. E, depois, a humildade de virar Vereadora em Maceió, numa eleição em que ela concorreu praticamente sozinha, mas que poderia ter perdido, não por falta de votos, mas por falta de legenda - como Dante de Oliveira perdeu uma eleição para Deputado Federal por falta de legenda pelo seu partido; depois ele veio para o meu, lá em Mato Grosso. Isso não impediu que ele fosse Governador nem que entrasse para a História como - chegou a ser Ministro de Reforma Agrária do Presidente Sarney - o homem das Diretas Já. Isso ninguém tira dele, vai ficar.

            Portanto, entendo que estamos chegando numa hora em que, quanto mais formos claros para falar para a população, mais esclareceremos a população. Essa história de “não vim para explicar, vim para confundir” é muito bom para artista pop dizer, não é bom para homem público dizer. Homem público tem de dizer: vim aqui para esclarecer, vim aqui para não deixar dúvidas, vim aqui para deixar bem nítido que quem concorda com as minhas ideias não vai ter dúvidas quanto a elas. Não quero que alguém concorde pela metade com as minhas ideias e nem quero deixar alguém discordar das minhas ideias injustamente; eu quero espaço para colocar as minhas ideias com clareza. Acho que isso deve ser o objetivo de toda e qualquer figura pública.

            Então, Presidente, queria dizer a V. Exª que agradeço pelo tempo. Acabei dando uma técnico de futebol que ainda está meio de cabeça inchada com a derrota, com a teimosia de um Dunga. Não quero ficar falando mal dele a vida toda, mas ele não foi um técnico aberto, que aceitasse opiniões. Não foi. Sei que dirão que a culpa foi do Felipe Melo. Não foi. O Felipe Melo perdeu a cabeça dentro de um time que estava com a cabeça perdida. Ele apenas foi expulso. Os outros não foram, mas estavam atarantados no campo até por falta de comando tático. Essa é que é a verdade. Preparo físico tinham demais; estavam preparados para corrida de fundo, maratonas. Para isso estavam preparados, mas não estavam preparados para uma Copa do Mundo. Isso tem de ser muito bem avaliado aqui no país do futebol, que é uma potência, que deveria ser tão invencível no futebol quanto os Estados Unidos são invencíveis com sua seleção nacional de basquetebol se os profissionais jogarem - profissional jogando, não há perigo de eles perderem de ninguém, tamanha a supremacia deles. Pois o Brasil é tão bom em futebol quanto os americanos em basquetebol; mas eles não perdem, nós perdemos. Então, a resposta está em organização, está na necessária mudança de rumos.

            Acabei dando uma de técnico aqui, improvisado. Acabei fazendo um roteiro sentimental pelos grandes rios do meu Estado, pelos Municípios que compõem o meu Estado. Procurei, se a minha memória não me traiu, citar um por um desses Municípios, os 62 Municípios do meu Estado. Os 61 do interior são enormes, de difícil acesso, e eu sempre brinco com os mineiros e com os paulistas dizendo que eles valem pelos 800 deles em matéria de dificuldade de acesso.

            Terminei fazendo uma análise bastante curta - não sei se tão curta assim, mas uma análise simples - do prélio presidencial, pedindo algo que julgo fundamental para nós termos uma eleição bonita. Primeiro, limpeza: nada de dossiês, nada de atitudes escusas; segundo, debate, muito debate; terceiro, a cultura do debate: que o povo perceba e sancione quem não queira debater, porque, se eu não quero debater, é porque tenho alguma coisa para esconder e, se eu tenho alguma coisa para esconder, como é que eu posso querer voltar para o Senado, como é que eu posso querer ser Presidente da República? Como é que alguém pode ser Governador de um Estado, como alguém pode ser Vereador, como é que pode ser qualquer coisa na vida pública - e o nome está dizendo que é pública a vida - se tem alguma coisa a esconder, se não quer expor suas ideias? Se minguam ideias, então não pode ser. Se tem ideias e não quer expô-las, é prenúncio de autoritarismo, é “dunguismo”. Aí vai fazer no País o que Dunga fez na seleção: só ele falava, só ele opinava e, no final, a Holanda, que, com certeza, era mais democrática, mostrou que dava para virar um jogo contra a poderosa seleção brasileira. Portanto, o debate, a cultura do debate, a exigência do debate deve estar presente na nossa vida pública.

            Agradeço, Presidente, a V. Exª pela boa vontade de ter aberto a sessão, seguindo até a praxe de se abrir a sessão quando há mais de um Senador, mesmo sabendo que o Regimento exige a presença de quatro, porque nos propicia uma sessão amena e uma sessão em que podemos expor ideias com muita calma, com muita tranquilidade, sem a necessidade do famoso “pela ordem”, expediente ao qual recorremos com muita assiduidade.

            Aprendi que mais importante do que tudo no Senado, mais importante do que qualquer regra, eu aprendi que é o “pela ordem”. Na Câmara, eu já brigava muito pelo “pela ordem”. Eu evitava muito a questão de ordem, porque a questão de ordem exigia o respaldo regimental, mas o “pela ordem” era de quem pegava o microfone primeiro. E, na Câmara, Senador Cristovam - no meu tempo havia menos microfones, agora há mais alguns -, o que eu fazia como Líder? Tinha que exercer o meu papel de Líder. Eu pegava imediatamente um daqueles microfones para mim. Eu não deixava um microfone daqueles nem para fazer pipi enquanto eu não dissesse tudo o que tinha para dizer. Não há microfones em cada bancada. Eu não o deixava para nada; estava com fome, barriga roncando, mas eu ficava com o microfone para mim. Depois que eu vendia o meu peixe, eu podia fazer o que tivesse que fazer, porque, se fosse citado, eu teria direito ao que aqui é o art. 14 - não sei lá qual é hoje; à época era o 91, mas é o art. 14 daqui -, citado, eu voltaria com toda a calma e iria à tribuna. É sempre bom nós termos espaço para colocar as ideias, e hoje eu procurei fazer isso de maneira muito tranquila, sem nenhuma alegria no coração, com muita tristeza, porque, quando eu vi aquele primeiro tempo e aquele gol do Robinho, eu disse: “O Brasil não perde essa, vamos cuidar da outra etapa”. Infelizmente, não deu, mas é assim mesmo. O Brasil não vai parar, não vai deixar de cumprir seus destinos porque perdeu uma competição esportiva. Temos maturidade suficiente para lidar com isso muito bem.

            Muito obrigado, Presidente.

            Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/07/2010 - Página 32521