Fala da Presidência durante a 107ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do centésimo quinquagésimo quarto aniversário do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do centésimo quinquagésimo quarto aniversário do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 29/06/2010 - Página 31364
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO ESPECIAL, SENADO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CORPO DE BOMBEIROS, DISTRITO FEDERAL (DF), CONVITE, COMPOSIÇÃO, MESA DIRETORA, DIVERSIDADE, AUTORIDADE, ELOGIO, MORAL, ETICA, EXERCICIO PROFISSIONAL, BOMBEIRO MILITAR, REFERENCIA, BRAVURA, ATUAÇÃO, ATENTADO, TERRORISTA, DESTRUIÇÃO, TORRE, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
  • HOMENAGEM POSTUMA, BOMBEIRO, MORTE, SERVIÇO, HOMENAGEM, CRIANÇA, NASCIMENTO, RESPONSAVEL, CORPO DE BOMBEIROS.
  • ENCERRAMENTO, SESSÃO ESPECIAL, SENADO, AGRADECIMENTO, PRESENÇA, AUTORIDADE.

           O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. PDT - DF) - Bom-dia a cada uma e a cada um dos presentes nesta sessão.

           Declaro aberta a sessão.

           Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

           Esta sessão especial destina-se a comemorar o 154º aniversário da criação do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, nos termos do Requerimento nº 426, de 2010, do nobre Senador Gim Argello, que representa o Distrito Federal e outros Srs. Senadores.

           Convido a compor nossa Mesa as seguintes personalidades. Em primeiro lugar, com muita satisfação, o Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, Exmº Sr. Antonio Gilberto Pôrto. (Palmas.)

           Em segundo lugar, o Chefe do Estado Maior do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, Sr. Ronaldo Rosa dos Santos. (Palmas.) Chamei-os apenas de “Exmºs Srs.”, mas devem ser ambos coronéis. (Palmas.)

           Em terceiro lugar, o Sr. General Pádua, representando o Comandante do Exército Brasileiro, General Enzo Martins Peri. (Palmas.)

           Desculpem-me cumprimentá-los sem me levantar.

           Em quarto lugar, o Chefe da Assessoria Parlamentar da Aeronáutica, Exmº Sr. Brigadeiro do Ar José Magno Resende de Araújo, que representa o Comandante da Aeronáutica, Tenente Brigadeiro do Ar Juniti Saito. (Palmas.)

           Em quinto lugar, o Coronel Reinaldo José Siqueira, representando o Comandante-Geral da Polícia Militar do Distrito Federal, Coronel Ricardo da Fonseca Martins. (Palmas.)

           Em sexto lugar, o representante da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Sr. Coronel Edson Costa de Araújo. (Palmas.)

           Composta a Mesa, convido a todos para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, que será executado pela excelente e muito reconhecida Banda do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

           (Procede-se à execução do Hino Nacional.)

           O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. PDT - DF) - Agradeço ao Maestro e a todos os músicos da Banda, que sempre nos emocionam quando tocam para nós em qualquer circunstância, especialmente quando tocam o Hino Nacional.

           Srªs e Srs. Senadores, esta sessão visa a homenagear uma das instituições mais respeitadas de todo o nosso País, visa a homenagear no dia do seu aniversário - quase no dia, mas dentro do período de aniversário -, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, que foi criado por um decreto editado pelo Imperador Dom Pedro II no dia 2 de julho de 1856, então subordinado ao Ministério da Justiça, com sede no Rio de Janeiro. Ou seja, é uma instituição centenária, que vem ainda do Império e que, na República, continuou desempenhando suas nobres funções.

           Ao comemorarmos esses 154 anos de fundação do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, devemos prestar uma justa homenagem a todos os bombeiros do Brasil por sua coragem, desprendimento, amor ao próximo, dedicação, trabalho e elevado padrão ético e moral que constituem os principais atributos desse grupo de servidores públicos exemplares e que merecem o mais alto grau de confiança da população.

           Recordamos os grandes feitos dessa corporação ao longo dos seus gloriosos 154 anos de existência: sempre disponível, sempre atuante e sempre oferecendo aquilo que não existe na sociedade atual, alguém disposto a sacrificar a própria vida em benefício da vida de outros seres humanos.

           Nos acontecimentos trágicos de 11 de setembro de 2001, que resultaram na destruição das Torres Gêmeas, em Nova Iorque, registramos, mais uma vez ,atos de coragem, desprendimento e sacrifício típicos de bombeiros de todo o mundo e que aqui no Brasil sempre eles têm estado presentes quando acontecem fatos se não daquela dimensão, porque felizmente nunca aconteceram no Brasil, mas fatos cuja transcendência é igual, porque a vida de uma pessoa é de uma pessoa e quando são vidas de duas mil são vidas de duas mil únicas pessoas.

           Ao mesmo tempo em que milhares de pessoas tentavam desesperadamente encontrar um caminho para fugir daquele verdadeiro inferno, naquele dia 11 de setembro, os bombeiros cumpriam sua missão e faziam o caminho inverso, subindo as escadas das Torres Gêmeas, prestes a desabar e matar cerca de três mil pessoas. Naqueles bombeiros que subiam aquelas escadas quando outros desciam, estava a imagem de qualquer bombeiro do mundo inteiro. E muito a nós toca a dos bombeiros do Distrito Federal, que já deram provas de bravura daquele porte e algumas até mais.

           Esse é apenas um exemplo dramático e característico da coragem, da capacidade de sacrifício, desprendimento e amor ao próximo dos bombeiros do mundo inteiro.

           Tudo isso, e muito mais do que ainda não se escreveu nem se registrou da atuação e da coragem dos bombeiros, tudo isso justifica esta merecida homenagem ao Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal e aos bombeiros de todo o Brasil.

           Podemos afirmar, com base em pesquisas de opinião, que os bombeiros constituem a corporação com maior credibilidade perante a sociedade, pela disponibilidade, pela coragem, pela prontidão e imensos serviços prestados à sociedade, pela preservação de muitas vidas humanas e pela prevenção de muitas catástrofes, que são evitadas pela ação preventiva dos bombeiros.

           Aqui cabe dizer que nós temos não apenas essas pesquisas de opinião no Brasil, mas no mundo inteiro. Recentemente, saiu publicada uma pesquisa de opinião em diversos países do mundo sobre as instituições e suas respectivas credibilidades, e não houve dúvida de que os bombeiros estavam em cima em todos os países, e, no caso do Brasil, com uma percentagem ainda mais elevada.

           Eu quero, Srªs e Srs. Senadores, neste momento em que comemorados os 154 anos de fundação do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, prestar minhas homenagens ao Comandante, aos oficiais e a todos os bombeiros do Distrito Federal e do Brasil, pela bravura, pelo desprendimento, pelo amor ao próximo, pela eficiência, pela dedicação e coragem no cumprimento do dever.

           Tenho plena convicção de que o Senado Federal e o Congresso Nacional estarão sempre ao lado do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal para que possa cumprir sua elevada missão de salvar vidas humanas e preservar o patrimônio da sociedade.

           Esse é um discurso que temos preparado sempre, cada vez que há uma sessão de homenagem, pelos nossos competentes consultores, ao qual eu acrescentei alguns pontos de toque pessoal. Mas, como toque pessoal, levando em conta o discurso que eu pensava fazer como simples Senador do Distrito Federal e não como Presidente desta Mesa, à qual, presidência, fui trazido pelas circunstâncias especiais do dia de hoje, não apenas o dia da véspera do aniversário, mas também um dia em que temos que lembrar em especial, uma segunda-feira em que há um jogo do Brasil. Num momento desse, também fazem parte dos bravos brasileiros os que vão lá na África do Sul, carregando a nossa bandeira, disputar uma Copa do Mundo, esse esporte que domina o imaginário, os corações de todos os brasileiros.

           Em função disso, essa homenagem vai se restringir, mas com a mesma força que se tivéssemos 15 oradores aqui, vai se restringir a essa simples, curta e breve sessão. Mas não posso deixar de fazer algumas referências ao que falaria e ia concentrar o meu discurso homenageando inicialmente os soldados e os oficiais que deram suas vidas na luta para cumprir suas funções.

           Eu queria que este fosse um momento de homenagem ao Corpo de Bombeiros no seu aniversário e também de quantos, nesses 154 anos, deram a vida no exercício de suas funções. Segundo, eu queria que esse fosse o momento de lembrar aqueles que, ao longo desse século e meio, já faleceram, independente de como faleceram.

           Primeiro, minha homenagem aos que faleceram no exercício da atividade, depois todos aqueles que deram suas vidas e, durante suas vidas, cumpriram seus diversos papéis e funções e que já nos deixaram por força das circunstâncias, da biologia que caracteriza esse fim de cada um de nós. Depois, eu queria prestar uma homenagem e lembrar, mais do que homenagem, as crianças que nasceram nas mãos e nos braços de bombeiros, ao longo de todos esses 154 anos.

           Creio que não há estatísticas, Coronel, de quantas crianças já nasceram e já se foram também e de outras que já nasceram e que estão aqui conosco caminhando no Brasil e que devem suas vidas à habilidade, ao sangue frio que é preciso ter nessa hora para quem não é profissional da atividade de obstetrícia, ou parteiros e parteiras.

           Quero dirigir minhas homenagens a essas crianças; a minha lembrança, mais do que homenagem, às mães dessas crianças, às mães que têm pelos bombeiros a gratidão máxima, porque eles estavam ali, pelo menos um deles, no momento em que elas davam à luz a uma criança.

           É claro que, se lembramos das crianças e lembramos das mães, temos de lembrar dos pais que, de uma maneira passiva, provavelmente, talvez até distantes, naquele instante, do local, mas tiveram os seus filhos vindo ao mundo nas mãos e nos braços de bombeiros.

           Quero também prestar aqui uma lembrança a todas as pessoas que foram recuperadas por bombeiros, pessoas que foram recuperadas em incêndios, em abismos dos quais não conseguiam sair, que estavam presos em poços. Vemos sempre na televisão a habilidade e a competência técnica de tirar uma pessoa que está dentro de um poço, onde um gesto em falso significa a morte antecipada, e a demora significa a morte por demora - nos poços e em ferragens de automóveis, como vemos todos os dias pessoas presas. A essas pessoas que foram salvas em incêndios, que foram salvas em ferragens de automóveis, que foram salvas em abismos, que foram salvas em poços nos quais tinham caído as nossas lembranças. Que eles também se lembrem dessa homenagem aos bombeiros.

           Finalmente, aos que tiveram os seus bens salvos de incêndios; àqueles que conseguiram, pela chegada dos bombeiros, pela competência dos bombeiros e - não esqueçamos - pelos equipamentos que os bombeiros usam, que conseguiram ter os seus bens salvos nos momentos em que eles estavam sendo ameaçados.

           Então, meu discurso é de homenagem especificamente aos bombeiros e de lembrança aos que foram beneficiados pelo Corpo de Bombeiros. Nessa lembrança a eles está a minha homenagem a vocês. Em vez de falar da história, tinha optado por fazer a lembrança, e a minha homenagem vem pela lembrança do que vocês conseguiram fazer.

           Finalmente, todos nós, que graças a Deus, felizmente, não precisamos ser salvos em nenhuma dessas circunstâncias, a lembrança que temos é de que sempre lá dentro está ligado o telefone cujo número precisamos chamar sempre que for necessário um atendimento. A nós que não precisamos disso a lembrança de que poderíamos ter necessitado, de que poderemos necessitar e de que sabemos que há, em algum lugar neste momento, um grupo de homens e mulheres prontos para saírem, deixando o que estão fazendo. Estão prontos para correrem pelos corredores e túneis dos quartéis, entrarem em suas viaturas, esquecendo-se de si cada um deles, esquecendo-se de qualquer outro problema, esquecendo-se de qualquer outro compromisso, esquecendo-se até mesmo das suas próprias famílias biológicas e lembrando apenas da grande família social que é a cidade. Nós sabemos que vocês estão prontos para chegar o mais rápido possível e tomar as medidas necessárias para nos salvarem de situações negativas, de situações problemáticas.

           A nós todos a nossa lembrança de que o Distrito Federal tem um Corpo de Bombeiros capaz de estar na hora certa, no momento certo, prestando o serviço certo para salvar vidas e salvar propriedades.

           Esses são os dois discursos que faço aqui, como Presidente da Mesa, pelas circunstâncias, e como Senador do Distrito Federal, como ex-comandante de vocês, como Governador que fui, com a honra que tive de ter sido esse comandante e com a honra que tenho porque, dentro desse Corpo, sou tratado como se fosse um Governador que foi amigo dos bombeiros, como foi amigo dos nossos PMs.

           Confesso aqui aos comandantes, e de público, todo o risco de que isso possa parecer uma ligeiríssima, talvez, falha do Corpo de Bombeiros: não é raro, quando o Corpo de Bombeiros me vê no meu carro, toca rapidamente a sirene. Que não tratem isso como uma indisciplina deles. Tratem isso como um gesto de carinho; tratem isso como se fosse uma carícia que me fazem, e uma carícia muito forte. Muito me emociona cada vez que vejo a sirene tocar porque me viram por perto.

           Agradeço muito a vocês por esse carinho, mas, sobretudo, como cidadão de Brasília, como brasileiro, agradeço muito duas coisas: a tranquilidade que nos passam vocês e o orgulho que vocês nos passam pelo trabalho e pela história, nesses anos todos, nesses 154 anos de existência do Corpo de Bombeiros.

           Muito obrigado por vocês existirem, com a bravura e a competência com que, ao longo de todo esse tempo, desempenharam seu trabalho. (Palmas.)

           Eu quero pedir agora que seja cantada a Canção do Soldado do Fogo, que tanto emociona a todos.

           (Procede-se à execução da Canção do Soldado do Fogo.)

           O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. PDT - DF) - Cumprida a finalidade desta sessão, agradeço às personalidades que nos honraram com seus comparecimentos. Gostaria de citar alguns dos que conheço pessoalmente aqui, mas, para não ficar apenas em alguns - eu evito isso -, cumprimento a todos.

           Antes de encerrar a sessão, esta Presidência informa que a sessão não deliberativa que deveria acontecer nesta tarde será cancelada pelas razões que todos os brasileiros sabem, uma razão que, a meu ver, é perfeitamente justificável e tem a vantagem de não ser por uma razão triste, como quando temos de cancelar sessões pela ocorrência de alguma tragédia ou pela morte de algum de nós.

           Gostaria ainda de dizer que faltou prestar homenagem a um bombeiro. Não tomem isso como nada mórbido. Espero que ele não esteja aqui e nem tenha nascido ainda, porque espero que isso aconteça daqui a muitas décadas. Refiro-me àquele vai dirigir o caminhão de bombeiros quando eu, como ex-Governador e ex-Senador, merecer fazer a minha última viagem em cima desse caminhão. Fica aqui a minha homenagem a ele. Não tem nada de mórbido. Não sou supersticioso e posso dizer essas coisas. Espero merecer um dia que meu último momento - espero seja daqui a muito e muito tempo, porque ainda tenho muito a fazer - seja em cima de um carro de bombeiros, quando eu for levado à minha última morada. Fica aqui o meu registro ao motorista bombeiro que fará isso, mas que não sejam vocês, nem os filhos, nem os netos de vocês.

           Um grande abraço para cada um. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/06/2010 - Página 31364