Discurso durante a 112ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Votos de pesar pelo falecimento do economista Francisco Borja Magalhães Filho e do ex-prefeito de Maringá/PR, Said Ferreira.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Votos de pesar pelo falecimento do economista Francisco Borja Magalhães Filho e do ex-prefeito de Maringá/PR, Said Ferreira.
Publicação
Publicação no DSF de 06/07/2010 - Página 32651
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ECONOMISTA, PROFESSOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, EFICIENCIA, ATUAÇÃO, SECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ESTADO DO PARANA (PR), PERIODO, GESTÃO, GOVERNO ESTADUAL, ORADOR, REGISTRO, PESQUISA, ANTERIORIDADE, REALIZAÇÃO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), SUPERIORIDADE, POPULARIDADE, GOVERNO.
  • HOMENAGEM POSTUMA, MEDICO, EX-DEPUTADO, EX PREFEITO, MUNICIPIO, MARINGA (PR), ESTADO DO PARANA (PR), ELOGIO, GESTÃO, GOVERNO MUNICIPAL, CONSTRUÇÃO, AEROPORTO, CRIAÇÃO, CURSO SUPERIOR, MEDICINA, UNIVERSIDADE ESTADUAL, IMPORTANCIA, INVESTIMENTO, AREA, SANEAMENTO BASICO, SEGURANÇA PUBLICA, EDUCAÇÃO, BANCOS.

            O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, muito obrigado.

            Minha saudação especial a Umuarama, a Capital da Amizade, que fica a noroeste do Estado. Uma cidade muito importante, já um centro universitário do nosso Estado, com universidade privada especialmente, que levou agitação para Umuarama. A universidade, Senador Papaléo, fez com que a cidade de Umuarama ganhasse vida. É uma cidade vibrante pela presença da juventude, de jovens que são oriundos das mais diversas cidades do Paraná e até mesmo de outros Estados e que estudam em Umuarama numa universidade privada.

            Muito obrigado pela presença! O nosso desejo é que sejam muito felizes na atividade profissional que escolheram e para a qual se preparam a fim de promover transformações que os novos tempos exigem. Essas transformações só ocorrerão se os jovens, com a inconformidade natural que permeia sua vida, estiverem dispostos a promovê-las.

            Sr. Presidente, hoje, venho com tristeza a esta tribuna para registrar o falecimento de duas pessoas importantes do Paraná, duas figuras exponenciais da vida pública paranaense: o doutor economista Francisco Borja Baptista de Magalhães Filho, que foi Secretário de Planejamento do meu Governo, no Paraná, e faleceu na última quarta-feira com 75 anos; e o ex-Prefeito de Maringá Said Ferreira, que foi um grande Prefeito, Deputado Federal e, no dia de ontem, faleceu.

            Registro inicialmente o Voto de Pesar pelo falecimento de Francisco Magalhães. Gaúcho de Porto Alegre, Borja Magalhães mudou-se para Curitiba ainda jovem, nos anos 50, para trabalhar na Secretaria de Estado da Fazenda. Preocupado com seu aprimoramento profissional na área que escolheu, graduou-se em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná. Na mesma instituição, ele viria também a ser professor, depois de obter o doutorado na Universidade de São Paulo.

            Autor de extensa bibliografia especializada, sua principal obra é o livro História Econômica - Da Construção ao Desmanche: análise do projeto de desenvolvimento paranaense - de 1999.

            Ex-presidente do Conselho Regional de Economia, nos anos 70 veio trabalhar em Brasília, onde presidiu também o Conselho Federal de Economia. Aqui permaneceu até 83, atuando no Centro de Treinamento para o Desenvolvimento, órgão vinculado ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Cendec/Ipea).

            Além de sua inestimável colaboração no Paraná, como professor, na formação de novas gerações de economistas, Borja Magalhães deu também importante contribuição ao desenvolvimento do Paraná, notadamente na área de Planejamento. Já em 1955 foi convocado a colaborar em uma das primeiras ações visando orientar o desenvolvimento do nosso Estado, que foi a criação do Conselho Consultivo de Planejamento (Codeplan).

            Depois daquela bem sucedida iniciativa, em 1958 ele participava também da fundação da Comissão de Planejamento e Desenvolvimento do Paraná (Pladep). Foi esse órgão que, mais tarde, deu origem à Companhia de Desenvolvimento do Paraná (Codepar) e ao Banco do Desenvolvimento do Paraná (Badep), do qual foi diretor.

            Pela seriedade, eficiência e competência que revelava em toda iniciativa com a qual era convidado a colaborar, Borja Magalhães tornou-se um nome respeitado na área. Tanto que, quando se decidiu a criar o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, o Ipardes, em 1973, ele teve tão destacada atuação naquela iniciativa que foi convidado a ser o seu primeiro presidente.

            Foi por conhecer essa seriedade, eficiência e competência que, quando fui eleito Governador do Paraná, convidei Borja Magalhães para ser meu secretário de Planejamento. Ao final de nossa gestão, a Folha de S.Paulo realizava pesquisa e constatava ter sido o nosso Governo o de melhor avaliação popular em todo o País.

            Joelmir Beting, economista à época vinculado à Rede Globo, no Jornal Nacional, dizia que o Paraná demonstrava que a administração pública no Brasil era viável, destacando que era o único Estado com superávit e dinheiro em caixa, num período de dramática recessão, de crise financeira incomparável. Foi a maior crise financeira da história da administração pública brasileira: 80% de inflação ao mês engolindo a receita pública. E Joelmir Beting destacava que um milagre operado por um par de santos, reforma administrativa e austeridade, permitiu ao Paraná um desempenho na contramão da realidade do País.

            Estou fazendo referência a esses fatos porque, sem dúvida, o Secretário de Planejamento, Senador Papaléo Paes, foi fundamental. Sem planejamento, não há hipótese de sucesso de gestão pública alguma, especialmente no tempo em que a inflação, o monstro da inflação destruía o planejamento. A criatividade, portanto, era indispensável para que se superassem os obstáculos colocados à frente por uma crise financeira que se abatia por todo o País e quebrava as unidades da Federação, obrigadas a paralisar toda as suas obras, num tempo em que o País vivia um festival de greves. As greves explodiam por todas as partes já que a Constituição de 1988 reabria a possibilidade de greve também no setor público, no serviço público. Borja Magalhães foi fundamental. Vejam: o Brasil sofria uma retração econômica, e o Paraná cresceu, nos quatro anos, 23,5%. O maior crescimento exatamente no período da crise.

            Recentemente, o jornal Gazeta do Povo fez levantamento a respeito do crescimento do Produto Interno Bruto do Paraná, ao longo do tempo, e constatou que exatamente nesse período em que governei o Estado, com Borja Magalhães como Secretário de Planejamento, o Paraná obteve o seu maior crescimento.

            A renda per capita do País sofria uma queda de 5,8%. Portanto, os brasileiros, naquele período, passaram a ter um ganho 5,8% inferior. E, na contramão dessa realidade, o Paraná apresentava um aumento real de 13%. Portanto, não há como não destacar a presença de um Secretário que - evidentemente, ao lado de outros Secretários, como Luiz Carlos Hauly na Secretaria da Fazenda e toda a equipe - nos assegurava um governo de austeridade absoluta, implacável no combate à corrupção, e que apresentava resultados surpreendentemente superiores aos resultados que o País possibilitava, em razão da crise que se abatia sobre todos os lares do País, com uma inflação galopante insuportável.

            Um Governo que consegue terminar o período com superávit pela primeira vez em muitos anos e que oferece ao Estado um grande programa de obras, com milhares de obras inauguradas e milhares de obras em andamento, certamente tem razões e causa para que isso ocorra. Obviamente, uma gestão pública de eficiência e com planejamento é a causa do sucesso administrativo.

            Por isso, minha homenagem pessoal à família Borja Magalhães. Francisco de Borja Baptista de Magalhães Filho foi, sem dúvida, uma referência intelectual no Paraná. Um homem preparado, culto, mas, sobretudo, capaz de oferecer a contribuição do seu preparo e da sua cultura para que o Estado pudesse desenvolver gestão pública de eficiência e de resultados concretos.

            Queremos homenagear a família de Francisco de Borja Baptista de Magalhães Filho. As nossas condolências, a nossa solidariedade à família e aos amigos de Borja Magalhães. Ele fará muita falta ao Paraná.

            Peço a V. Exª que adote as providências regimentais para a aprovação do requerimento.

            E, de outro lado, Sr. Presidente, devo também registrar mais uma grande perda no Paraná. O ex-Prefeito de Maringá, ex-Deputado Federal, médico, Said Ferreira, que ocupou também outros cargos relevantes.

            Said Ferreira foi um grande Prefeito da cidade de Maringá, e tive a oportunidade de ter a convivência e o apoio dele em todas as iniciativas administrativas do nosso Governo, já que ele era Prefeito de Maringá quando fui Governador.

            Realizou obras importantes como, por exemplo, o aeroporto de Maringá.

            Acompanhei a luta de Said Ferreira pela construção do aeroporto de Maringá. Muitos se posicionavam contrariamente e eu próprio advogava a tese de que deveríamos ter um único aeroporto entre Maringá e Londrina, certamente na cidade de Arapongas, por uma questão de economia e de desenvolvimento regional. Mas o Said defendia sua cidade de Maringá, com todas as forças, e não abria mão da construção do aeroporto na Cidade Canção, e ele foi vitorioso. Prevaleceu seu desejo e o aeroporto foi construído.

            Acompanhei também, como Governador, a luta do Said pela criação do curso de Medicina na Universidade de Maringá. Rendi-me aos seus apelos como Governador. A sua postulação não podia deixar de ser atendida e criamos o curso de Medicina na Universidade Estadual de Maringá.

            Said nos acompanhou na construção, por exemplo, do Hospital Regional Universitário, no campus da Universidade de Maringá.

            Nas obras que realizamos no campus, como construção de blocos didáticos, pavimentação, construção de uma grande biblioteca, ginásio de esportes, sempre tivemos o apoio do Prefeito Said Ferreira.

            No Contorno Sul de Maringá, na duplicação da rodovia de Maringá a Londrina, obra de mais de US$100 milhões, hoje com pedágio, contamos sempre com o apoio de Said Ferreira.

            Nas obras de saneamento, foram milhões de reais investidos em saneamento básico em Maringá, com a transferência de uma lagoa - a cidade queria a sua transferência -, uma grande lagoa de tratamento, com a modernização do sistema de captação de água, com o projeto Pirapó, de captação de água do rio Pirapó. Enfim, na inauguração da Ceasa em Maringá, a segunda maior do País à época, nas obras que avançaram para a área de segurança pública, com a construção de delegacias, de presídios, para a área bancária, com a inauguração de agências do Banco do Estado do Paraná, para a área educacional, com a construção de centenas de salas de aulas no Município de Maringá. E, certamente, ele deve ter festejado a iniciativa que tivemos de conceder a gratuidade do ensino na Universidade Estadual de Maringá, como de resto em todas as universidades estaduais do Paraná, possibilitando que aqueles jovens oriundos das camadas mais empobrecidas da população pudessem frequentar a universidade, buscar o seu diploma, a sua qualificação profissional, fazendo com que a emoção dos seus pais pudesse ser a realidade no dia da sua formatura.

            Said foi um grande Prefeito de Maringá, como executivo, certamente, um dos melhores que já passaram por aquela cidade. Foi embora ontem. Deixa a lembrança de suas obras, que marcaram a sua trajetória na vida pública da sua cidade e do seu Estado. Muitas vezes injustiçado, sofreu; outras vezes, evidentemente, aplaudido pelas suas realizações. Mas termina o seu trajeto, percorre todo o seu itinerário e vai embora, deixando lições, exemplos e, certamente, muita saudade.

            A nossa homenagem a sua esposa, que fica, certamente, neste momento de grande sofrimento, aos seus filhos, a toda a sua família, a nossa solidariedade aos familiares e amigos de Said Ferreira, um grande amigo, um homem cordial, um grande executivo, um médico humanista e um grande Prefeito.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/07/2010 - Página 32651