Pronunciamento de Serys Slhessarenko em 08/07/2010
Discurso durante a 124ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Congratulações ao senador Arthur Virgílio pela prorrogação dos benefícios fiscais à Zona Franca de Manaus/AM. Registro da conquista de 46 alunos, reconhecidos pelo INCRA como assentados, que concluíram o curso de agronomia pela Universidade Estadual de Mato Grosso. Cumprimentos ao professor Adriano Silva por ter conquistado o cargo de Reitor da Universidade Estadual de Mato Grosso. Reflexões em torno do caso de violência envolvendo o goleiro do Flamengo. Congratulações à Secretária de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal, Sr.ª Marta Regina Leite, pelas ações contra a violência doméstica e sexual.
- Autor
- Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
- Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
ENSINO SUPERIOR.
SEGURANÇA PUBLICA.
FEMINISMO.
:
- Congratulações ao senador Arthur Virgílio pela prorrogação dos benefícios fiscais à Zona Franca de Manaus/AM. Registro da conquista de 46 alunos, reconhecidos pelo INCRA como assentados, que concluíram o curso de agronomia pela Universidade Estadual de Mato Grosso. Cumprimentos ao professor Adriano Silva por ter conquistado o cargo de Reitor da Universidade Estadual de Mato Grosso. Reflexões em torno do caso de violência envolvendo o goleiro do Flamengo. Congratulações à Secretária de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal, Sr.ª Marta Regina Leite, pelas ações contra a violência doméstica e sexual.
- Aparteantes
- Arthur Virgílio, Eduardo Suplicy.
- Publicação
- Publicação no DSF de 09/07/2010 - Página 35119
- Assunto
- Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL. ENSINO SUPERIOR. SEGURANÇA PUBLICA. FEMINISMO.
- Indexação
-
- COMEMORAÇÃO, APROVAÇÃO, SENADO, PRORROGAÇÃO, BENEFICIO, ZONA FRANCA, MUNICIPIO, MANAUS (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), ELOGIO, EMPENHO, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR, EXPECTATIVA, ORADOR, AGILIZAÇÃO, TRAMITAÇÃO, MATERIA, CAMARA DOS DEPUTADOS.
- ELOGIO, INICIATIVA, PROGRAMA NACIONAL, EDUCAÇÃO, REFORMA AGRARIA, PARCERIA, UNIVERSIDADE ESTADUAL, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), FORMAÇÃO, SEM-TERRA, IMPORTANCIA, PROGRAMA, AMPLIAÇÃO, ACESSO, ENSINO, CONTRIBUIÇÃO, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.
- NECESSIDADE, MELHORIA, QUALIDADE, EDUCAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, VELOCIDADE, PROCESSO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, MEIO AMBIENTE.
- LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), INVESTIGAÇÃO, HOMICIDIO, MULHER, SUSPEIÇÃO, AUTORIA, CRIME, ATLETA PROFISSIONAL, CLUBE, FUTEBOL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REPUDIO, ORADOR, VIOLENCIA, FEMINISMO, NECESSIDADE, CONSCIENTIZAÇÃO, SOCIEDADE, DIREITOS HUMANOS, IMPORTANCIA, TRANSFORMAÇÃO, COMPORTAMENTO, HOMEM, VALORIZAÇÃO, IGUALDADE, DIREITOS.
- ELOGIO, SECRETARIA, JUSTIÇA, DIREITOS HUMANOS, CIDADANIA, DISTRITO FEDERAL (DF), INICIATIVA, ASSISTENCIA JURIDICA, ASSISTENCIA SOCIAL, ASSISTENCIA PSICOLOGICA, MULHER, VITIMA, VIOLENCIA.
A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Senador Mozarildo Cavalcanti, que preside esta sessão do Senado da República; obrigada, companheiro Senador Suplicy, a quem pedi que falasse o mínimo possível. Ele se esforçou.
Sabemos que, quando assumimos a palavra, há tanta coisa para dizer, e sempre o tempo é pequeno, não é, Senador?
Senhores telespectadores, senhoras e senhores, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, vou falar hoje sobre duas temáticas. A primeira é quase uma continuidade, porque vou falar da educação em Mato Grosso.
O Senador Jayme Campos falou, há poucos instantes, sobre a melhoria da qualidade do ensino no Município de Cuiabá, na nossa capital. São muito importantes, realmente, os dados que ele colocou aqui.
A qualidade é importante, a quantidade é fundamental. Todos têm de ter o direito à escola, têm de ter esse espaço assegurado, mas é preciso ser uma escola também de qualidade, uma escola que busque a transformação. As pessoas, as crianças, os jovens, os adultos precisam ter conhecimento da sua realidade, porque só quem conhece compreende e só quem compreende é capaz de buscar a transformação. Então, a educação tem que ser para a transformação.
Digo sempre que o importante não é saber que um mais um são dois, que dois mais dois são quatro. O importante, sim, é saber que um mais um são dois e que dois mais dois são quatro, mas a favor de quem e contra quem a soma, a subtração, a divisão e a multiplicação trabalham.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte, Senadora?
A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Pois não, Senador Suplicy.
O SR. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - A preocupação em atender V. Exª fez com que eu deixasse de falar uma coisa da maior gravidade, se eu não mencionar. Permita-me só acrescer. Quero agradecer à Professora Lena Lavinas, à Professora Célia Lessa Kerstenetzky e ao Professor Fábio Waltenberg, que foram aqueles que coordenaram todo o empenho de dezenas de pessoas que colaboraram para o sucesso referido. Peço apenas que conste do meu pronunciamento esse agradecimento da maior importância. Peço à Taquigrafia que considere essas minhas palavras. Muito obrigado, Senadora Serys.
A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Ótimo, Senador. Com certeza, será agregado ao seu discurso.
Eu gostaria aqui...
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senadora Serys, V. Exª me permite?
A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Pois não. É um aparte, Senador?
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - É um aparte.
A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Concedo um aparte ao Senador Arthur Virgílio.
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Para agradecer a V. Exª e ao seu partido a participação essencial no processo de aprovação daquelas PECs tão relevantes, ontem, e, no meu caso, muito especificamente, no que toca ao meu Estado, a prorrogação do Polo Industrial da Zona Franca de Manaus, que deixou de ser vista com preconceito por quem quer seja aqui no Senado. Foram sete anos e meio de discussão sobre ela, e creio que hoje compreendemos aqui - o Brasil começa a compreender - que aquele polo é um patrimônio do País, não pertence a ninguém. Então, não é vitória individual de quem quer que seja, é vitória coletiva do Senado. E quero fazer este agradecimento, de maneira muito clara, a V. Exª e ao Senado na sua pessoa, porque lá estão a segurança nacional - isso Castello Branco previra -, o desenvolvimento de uma área estratégica - isso Roberto Campos e Castello Branco previram - e, agora, a questão ecológica, a questão do clima mundial. Então, foi uma grande ajuda. Espero que a Câmara se desincumba, como o Senado o fez, desse dever. Vamos ajudar nisso. Há entendimento entre governo e oposição. Aqui, já ressaltei que o presidenciável do meu partido já disse que quer perenizar a Zona Franca, mas o seu partido, com o Ministro Padilha falando em nome do Presidente, também transmitiu à base a orientação para a aprovação da PEC, o que foi essencial. Então, deixou de ser uma coisa de governo e oposição: foi um relacionamento nobre que se estabeleceu. Louvo que tenha sido assim. Portanto, quero reiterar o agradecimento.
A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Senador Arthur Virgílio, com certeza, o que foi aqui aprovado ontem com relação à prorrogação da Zona Franca foi mérito de todos, porque foi algo feito por unanimidade e com extrema justiça.
Agora, temos de considerar, Senador Arthur Virgílio, a sua determinação. Realmente, a forma como V. Exª tratou a questão foi a correta, foi como ela deveria ser tratada. É uma coisa grandiosa, é uma coisa muito maior. Era uma conquista muito maior e necessária para o Brasil como um todo, não só para o Amazonas. A sua determinação, a sua vontade, a sua busca nessa conquista não foram algo passageiro. V. Exª Foi muito determinado, atuando junto, de todas as formas, aos setores possíveis, para chegar ao entendimento a que se chegou ontem. Então, realmente, foi a sua determinação que fez isso acontecer com a agilidade que houve no dia de ontem.
Agora, esperamos que a Câmara trate a questão também da mesma forma e que os Líderes de lá consigam fazer o trabalho que V. Exª conseguiu fazer aqui, para rapidamente aprovar a matéria, porque é algo extremamente essencial para o Amazonas e para o nosso País.
Parabéns a V. Exª pela forma de atuação.
É realmente assim que temos que fazer política, tentando juntar as forças para aquilo que é melhor em cada setor, em cada região do nosso País e para o Brasil como um todo. Parabéns.
Como eu dizia, o Senador Jayme Campos há pouco falou da melhoria da Educação no nosso Mato Grosso e por isso vou fazer uma fala hoje sobre Educação no meu Estado.
Mais uma vez, Mato Grosso foi um palco para um importante acontecimento. Uso essa tribuna para registrar este fato extremamente significativo para o Brasil e muito especialmente para os movimentos sociais.
No último sábado, dia 3 de julho, na cidade de Cáceres, Mato Grosso, a Universidade Estadual de Mato Grosso - Unemat - em convênio com o Governo Federal, no Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, o Pronera, concretizou o sonho de 46 alunos com origem nos movimentos sociais. Esses estudantes são hoje reconhecidos pelo INCRA como assentados nas áreas de reforma agrária e concluíram, Senhores e Senhoras, o curso de agronomia. São os assentados lá, nos movimentos dos sem-terra de um modo geral, MST, MTA, enfim aqueles que buscavam um pedaço de terra. E hoje temos aí 46 alunos vindos lá da área rural, que fizeram o seu curso de agronomia e lá estão fixados.
Dos 60 alunos que começaram o seu curso, 46 concluíram. E hoje, orgulhosamente, são agrônomos com especialidade em Agrotecnologia e Socioeconomia Solidária. É algo novo com certeza.
São, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, assentados de Mato Grosso, de Rondônia, de Minas Gerais, de Goiás, de Mato Grosso do Sul, do Distrito Federal e do Paraná. Parabenizo a Unemat, instituição que presta relevantes serviços à Mato Grosso e ao Brasil e hoje está presente em onze campi, localizados nos Municípios de Cáceres, Sinop, Barra do Bugres, Colíder, Alta Floresta, Alto Araguaia, Juara, Luciara, Nova Xavantina, Pontes e Lacerda e Tangará da Serra.
Aproveito para parabenizar o Professor Adriano Silva, pela brilhante vitória da chapa 01 que, aliás, confirmou o seu favoritismo e venceu a eleição para o cargo de reitor da Universidade Estadual de Mato Grosso - há poucos dias, na semana que passou. O Professor Adriano pode contar com esta Senadora no seu esforço de promover um grande pacto entre as várias correntes da comunidade universitária visando, cada vez mais, a consolidação da nossa Universidade Estadual de Mato Grosso.
Quando fui Secretária de Estado - já faz tempo, vinte anos atrás - nós batalhávamos pela consolidação dessa Universidade. E hoje ela é uma Universidade, que eu diria consolidada, mas ainda precisa de muito mais.
Assim como o meu colega Adriano - fui professora 26 anos, só que foi na Universidade Federal - também entendo que somente com a coesão de acadêmicos, professores e técnicos será possível dar à Unemat a verdadeira dimensão de sua grandeza e responsabilidade no desenvolvimento humano, econômico e social do nosso querido Estado de Mato Grosso.
Voltando ao Pronera, este programa foi instituído em 16 de abril de 1998, por meio da Portaria nº 10/98, do então Ministério Extraordinário da Política Fundiária. De 1998 a 2002, este Programa foi responsável pela escolarização e formação de 122.915 trabalhadores e trabalhadoras rurais assentados. De 2003 a 2008, promoveu acesso à escolarização e formação para cerca de 400 mil jovens e adultos assentados. Este é um resultado concreto do aproveitamento deste formidável potencial do povo brasileiro.
O Senador Cristovam Buarque e tantos outros educadores sabem que esta é uma atitude fantástica do Estado brasileiro, que está interiorizando cada vez mais as oportunidades educacionais, pelo entendimento de que essa é uma forma segura e sustentável para o nosso crescimento.
Estamos atrasados e com uma divida enorme nesse setor. Este Governo, com o Ministro Fernando Haddad à frente da pasta de educação, tem se esforçado para pagar essa dívida, mas precisamos acelerar e ganhar tempo. Também aqui nesta Casa estamos fazendo a nossa parte. Aprovamos a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica, o Fundeb, que garante recursos, inclusive, para a melhoria salarial da categoria dos professores; e aprovamos, à época, o teto de R$ 950,00 como piso salarial para os professores da rede pública. Claro que esse piso já teve reajuste e, aliás, está precisando ter mais.
Padre Antônio Vieira dizia que: “A boa educação é moeda de ouro, em toda parte tem valor”. Tem valor, a educação, em qualquer lugar. E agora, com o crescimento acelerado da economia nacional, estamos percebendo o alcance das palavras do Padre Antônio Vieira, e lembramo-nos de outro pensador, Derec Boki, americano, advogado e educador que foi presidente da prestigiada Universidade de Harvard que disse: “Se você acha que a educação é cara, tenha a coragem de experimentar a ignorância”. E parece-me ter sido o que experimentamos por longos anos. Mas a coisa está mudando.
O Pronera tem como missão a promoção do acesso à educação formal em todos níveis, aos trabalhadores e às trabalhadoras das áreas de Reforma Agrária, desenvolvendo ações de Educação de Jovens e Adultos (EJA) - alfabetização, ensino fundamental e médio; cursos profissionalizantes de nível médio, superior e especialização. É executado pelas instituições de ensino, que fazem convênio ou termo de cooperação com o Incra para o desenvolvimento das ações. São as secretarias municipais e estaduais de educação, universidades estaduais e federais, escolas técnicas, institutos federais, além de instituições de ensino privado, sem fins lucrativos, como as escolas Família Agrícola, Universidades Comunitárias, entre outras.
Tem como objetivo geral, Senhores e Senhoras, fortalecer a educação nas áreas de reforma agrária, estimulando, propondo, criando, desenvolvendo e coordenando projetos educacionais; utilizando metodologias voltadas à especificidade do campo, tendo em vista contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável.
Nesse particular, Senhores e Senhoras, o Pronera vem desenvolvendo ações de EJA, Cursos Técnico-Profissionalizantes de nível médio - Técnico em Administração de Cooperativas, Técnico em Saúde Comunitária, Técnico em Comunicação, para citar alguns exemplos, e nível superior: Pedagogia, História, Geografia, Sociologia, Ciências Naturais, Agronomia, Medicina Veterinária, entre outros, por meio de metodologias específicas que consideram o contexto sócio-ambiental e a diversidade cultural do campo em todos os Estados do território nacional.
Somente em 2009, 17.478 jovens e adultos das áreas de reforma agrária passaram pelo processo de educação formal, pública e de qualidade, matriculados em 76 cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA), Nível Médio Técnico - Profissionalizante e Cursos Superiores, todos desenvolvidos por meio da Pedagogia da Alternância, que lhes permite estudar e capacitar-se profissionalmente para os desafios da Reforma Agrária e do desenvolvimento rural, sem abandonarem os seus locais de moradia e trabalho no campo.
Tais resultados se efetivaram e se efetivam por meio de sólidas parcerias com os movimentos sociais e organizações do campo, por meio das universidades federais, estaduais, municipais e comunitárias de todo o País. São 46 (quarenta e seis) instituições públicas e comunitárias realizando permanentemente ações de educação de jovens e adultos assentados e assentadas, nos diversos níveis, em parceria com o Pronera.
Senhores e Senhoras, a educação, eu dizia aqui no início da minha fala, tem de ser feita, realmente, para a busca da mudança da realidade. Do contrário, é a mesmice, e a mesmice demora muito para dar alguma contribuição para a transformação da sociedade. Só a educação para a transformação, só a educação leva aquele que a está recebendo e aquele que está passando também, porque o processo de ensino e aprendizagem é uma via de mão dupla; cada um que está ensinando está constantemente aprendendo também com aqueles a quem está ensinando. Só quem ensina, dentro de uma realidade, a conhecer uma realidade e dizer e mostrar que aquela realidade pode ser alterada por aquelas pessoas que estão ali, só elas podem dar a principal contribuição para a transformação, para a melhoria da qualidade de vida. E só quem conhece, eu já disse aqui, é capaz de compreender, e só quem compreende é capaz de transformar.
Então, essa educação transformadora é que poderá, sim, dar a grande contribuição para que se acelere o processo de desenvolvimento econômico com sustentabilidade ambiental em nosso País, trazendo a grande contribuição para a superação dos bolsões de pobreza, de miséria e a melhoria, com certeza, da qualidade de vida da nossa população.
Senhores e senhoras, eu disse que ia falar sobre dois temas. O outro é um tema extremamente chocante que temos vivenciado nos últimos dias.
As pessoas que me veem falando desta tribuna seguidamente, Sr. Presidente, ouvem, constatam, me ouvem falando da questão da mulher sabem que essa é uma bandeira grandiosa em todos os sentidos especialmente no que tange à proteção contra a violência, á profissionalização das mulheres, ao cooperativismo, ao empoderamento das mulheres com relação ao trabalho.
Na terça-feira desta semana, realizamos uma belíssima sessão solene, e este plenário esteve lotado de pessoas que participam do cooperativismo em nosso País. Esteve conosco, aqui na Presidência, o Dr. Márcio Freitas, Presidente da OCB - Organização das Cooperativas do Brasil. O cooperativismo internacional se mobilizou em âmbito internacional pelo empoderamento da mulher nessa questão da busca, da ajuda, da contribuição da mulher para o desenvolvimento econômico, especialmente por meio do cooperativismo.
E nós estamos nesta luta contra a discriminação da mulher no trabalho, contra a discriminação da mulher na política, contra a violência contra a mulher, enfim, pelo engrandecimento, pela melhoria, pela participação da mulher na sociedade.
No dia 9 de março deste ano, em sessão solene realizada aqui no Senado Federal em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, protestei contra as declarações do goleiro Bruno. Fiz realmente um protesto contundente, contundente - repito. Em 9 de março fiz um protesto contra declarações do goleiro Bruno no episódio que envolveu a briga do atacante Adriano com sua noiva Joana Machado. Nessa briga em que o Adriano deu tapas na noiva em público, o jogador do Flamengo, o Bruno, disse: “Quem nunca tascou, saiu na mão contra uma mulher?” e eu disse desta tribuna: “Vocês são figuras públicas, figuras amadas pelos brasileiros e pelas brasileiras. Não podem dar esse mau exemplo de chegar em público e dizer [como o Bruno disse] que todo mundo espanca mulher. “Quem ainda não bateu numa mulher?”. Diante dessa afirmação horrorosa, ele já mostrava ao Brasil a distorção da sua personalidade.
Muitos estão dizendo: “Ah, a Senadora Serys diz sempre e disse naquele dia que quem bate mata”. Ontem mesmo, um Senador dizia, nesta tribuna, que eu fiz a morte anunciada. Realmente, todas as providências têm que ser tomadas contra essas personalidades distorcidas, essas personalidades que fazem esse tipo de afirmação. Eu falava exatamente dessa figura há três meses, em março - março, abril, maio, junho.
Agora, dia 29 de junho, também protestei, desta tribuna, contra a agressão que o Vereador Lourivaldo Rodrigues de Moraes, de Pontes e Lacerda, no meu Estado do Mato Grosso, fez contra a repórter Márcia Pache, da TV Centro-Oeste, filiada ao SBT. Um absurdo devidamente registrado pela televisão e que ganhou manchetes em sites do mundo todo. A jornalista fez uma pergunta ao Parlamentar, que respondeu com um tapa no rosto da repórter. Ela caiu e bateu com a cabeça no chão. E eu repeti: quem bate mata.
Vendo as cenas dessa violência em Mato Grosso, o mínimo que todos esperavam era que o agressor covarde saísse algemado, indo direto para a prisão. Isso, porém, não ocorreu. Talvez, Sr. Presidente, se a agressão tivesse sido contra um repórter, um homem, o agressor não tivesse toda essa sorte.
A impressão que fica, senhores e senhoras, é que certas autoridades deste País, quando se trata de agressão à mulher, somente agem quando o pior já ocorreu.
Sem querer me precipitar em ilações, parece-me que, no caso do goleiro Bruno e dessa jovem mãe, o que ocorreu foi exatamente isto: a confirmação de uma tragédia anunciada e, o que é, tragédia devidamente registrada em delegacia e com o conhecimento do MP do Rio de Janeiro..
Só pode ser isso. Vejam que somente agora, oito meses após Eliza, essa jovem de 25 anos, ter registrado a primeira acusação contra o goleiro, o Ministério Público do Rio o denunciou por lesão corporal, sequestro e cárcere privado, ou seja, precisou que o Brasil e o mundo assistissem estarrecidos aos horrores de um crime anunciado para se pronunciar.
Essa denúncia, senhoras e senhores, se refere à queixa contra o jogador feita em outubro de 2009 por Eliza na Delegacia de Atendimento à Mulher de Jacarepaguá no Rio de Janeiro. A acusação resultou na abertura de inquérito, e a polícia chegou a pedir à Justiça proteção à Eliza, conforme revelou reportagem do jornal Folha de S.Paulo no sábado.
O absurdo é que nenhuma medida foi tomada até o desaparecimento dela no início de junho. A desculpa era que o exame do IML não estava pronto. Essas informações, Sr. Presidente, são da própria Folha de S.Paulo que reproduzo. O exame atestaria tentativa forçada de aborto, pois Eliza estava grávida supostamente de Bruno. O goleiro, além de agredir, teria feito a ex-namorada tomar algum tipo de chá abortivo por rejeitar a criança.
Agora, após constatado o crime que me parece mesmo ter ceifado a vida dessa jovem mãe ( só precisa encontrar o corpo), o Promotor de Justiça pediu a prisão preventiva do goleiro Bruno.
Notem o que justificou o Promotor para prender Bruno:
Os elementos dos autos demonstram que o denunciado tem personalidade distorcida, sempre agindo com brutalidade e acompanhado de seguranças. Inclusive todos nós sabemos das declarações dadas pelo denunciado nos jornais, indicando que se trata de uma pessoa que não se importa em utilizar de violência física, principalmente contra mulheres.
Mas se tudo isso que afirma o MP é verdade e de conhecimento dessas autoridades, teria que ter tido ação preventiva para impedir esse ato de crueldade, esse verdadeiro filme de horror.
Faço questão, Sr. Presidente, de reproduzir o que aconteceu, de acordo com a reportagem do jornal Folha de S.Paulo, e o faço para ficar registrado nos Anais desta Casa esse caso escabroso de violência contra uma mulher.
Eis os fatos conhecidos: um adolescente de 17 anos, localizado na casa do goleiro Bruno, confirmou à polícia nesta terça-feira a morte da jovem Eliza e também deu detalhes sobre o suposto crime.
De acordo com a reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, o garoto disse que foi convidado por Luiz Henrique Romão, o Macarrão, amigo e funcionário de Bruno, para levar Eliza ao sítio do goleiro em Esmeraldas, Minas Gerais.
Segundo o depoimento, Macarrão já tinha planejado tudo e mandou o adolescente se esconder no porta-malas do carro Range Rover. No caminho, discutiu com Eliza, que tomou a arma que estava em sua mão e tentou atirar. A arma estava descarregada, e o adolescente acabou desferindo três coronhadas na cabeça da jovem. Hoje um exame confirmou que as manchas encontradas no carro eram do sangue de Eliza.
Eliza foi mantida no sítio e passou a ser vigiada. Segundo o garoto, Bruno foi ao sítio e permaneceu lá por duas horas, quando exigiu que seu problema fosse resolvido.
No dia seguinte, Eliza e o filho dela foram levados até um local próximo a Belo Horizonte, onde foram recebidos por um homem chamado Neném.
O adolescente disse que Neném pegou Eliza, amarrou seus braços e a sufocou. Em seguida pediu que todos deixassem o local. Mas o jovem disse ter visto o homem passar carregando um saco e jogar a mão de Eliza dentro de um canil com quatro cães da raça rottweiler. O adolescente disse que os ossos dela foram concretados no mesmo local.
Infelizmente, este é mais um caso triste que ganha repercussão mundial, revelando o quanto precisamos avançar e o quanto precisamos refletir sobre o ocorrido. Infelizmente, esta distorção de um homem machista e reacionário, fraco emocionalmente, está muito presente, em cada canto deste País, nos diversos Brunos que existem por aí.
Finalizo cumprimentando a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal (Sejus) que está promovendo, nesta quinta-feira, 8 de julho, uma ação conta a Violência Doméstica e Sexual. O local escolhido foi a plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto, por onde passam aproximadamente 700 mil pessoas por dia.
Lá foram montadas tendas que estão oferecendo assistência social, psicológica e jurídica para a população. O objetivo, segundo a Subsecretária para Assuntos da Mulher, Marta Regina Leite, é orientar e conscientizar sobre as várias formas de violência. Disse ela: “Nós vamos distribuir folhetos e cartilhas, explicar sobre a Lei Maria da Penha e dar toda a orientação sobre quando, onde e como denunciar”, reforça a Subsecretária.
O público também está sendo informado sobre os programas de atendimento a mulheres vítimas de violência e filhos até 12 anos de idade, ou adolescentes que sejam encaminhados por determinação judicial.
Precisamos, senhores e senhoras, dar efetividade às ações que impeçam a violência e, no futuro, não precisarmos noticiar ações tão lamentáveis como a do goleiro Bruno.
Senhores e senhoras, realmente é dramática a situação da violência contra a mulher. A gente recebe quase que diariamente inúmeros casos - inúmeros casos - que vão de assassinatos brutais a qualquer outro tipo de violência: agressão, humilhação, agressão com palavras, agressão com ferimentos, enfim, toda sorte de agressão, seja lá física ou psicológica. Agora, como conquistar essa superação é que é o grande problema.
Existe a Lei Maria da Penha, existe lei para cá, lei para lá, lei de todo jeito, mas o que nós precisamos, realmente, é mudança de atitudes, é mudança de comportamento, é mudança, realmente, de entendimento da questão de direitos humanos, porque direitos da mulher são direitos humanos. É direito a gente saber que homens e mulheres têm absolutamente os mesmos direitos em nossa sociedade, que ninguém tem o direito de agredir ninguém - ninguém! - e ficar impune.
E aí eu faço aqui, encerrando a minha fala, Senador Mozarildo Cavalcanti, e agradecendo muito, realmente, o tempo, porque me excedi um pouco, dizer quilo que repito sempre e de que precisamos nos conscientizar: é que na sociedade brasileira, e esses percentuais são mais ou menos mundiais, nós, mulheres, somos 52% da população; e os outros 48%, absolutamente todos, os companheiros, homens, são nossos filhos. Todos, Senador Mozarildo Cavalcanti, Senador Arthur Virgílio, Senador Heráclito Fortes, Senadores que estão aqui próximos de nós - absolutamente todos -, são filhos de uma mulher.
Nós temos consciência - nós, mulheres, que batalhamos pelo respeito, pela igualdade aos nossos direitos na profissão, na política, na família -, que é muito profunda essa questão. Não podemos continuar achando que se pode cometer todo ato de violência contra uma mulher dentro da nossa casa, um ato de desrespeito a uma mulher.
Quantas mulheres de cabelos brancos, através dos tempos, já sofreram pela discriminação, pela humilhação, muitas vezes pelo mandar calar a boca, como se ela não tivesse direito de se pronunciar em igualdade de condições com o seu companheiro? Quanta brutalidade as mulheres já sofreram? E o problema maior são as nossas crianças, os nossos pequeninos meninos que, crescendo nesse ambiente, vendo uma mulher ser desrespeitada, uma mulher, muitas vezes, ser espancada, uma mulher ser humilhada, vão achar que isso aí é normal; e ele, crescendo nesse ambiente, no futuro, pode agredir da mesma forma, porque é normal um homem agredir uma mulher. Se ele vê as mulheres do seu entorno sofrerem todo o tipo de agressão, vai crescer achando que pode também humilhar, que pode agredir a sua colega de escola, a sua namorada, a sua esposa, a sua mãe, a sua irmã, as mulheres do seu entorno, sempre!
Então, precisa haver uma mudança de mentalidade. E entendermos que só se muda a sociedade se realmente tivermos esse entendimento de que todos somos iguais, de que temos que nos respeitar, que nós mulheres temos que respeitar os nossos filhos. E quando digo os nossos filhos, quero dizer todos os homens, porque os 48% da sociedade, que são homens, são nossos filhos, são filhos de uma mulher, e que os homens, os nossos filhos, nos respeitem.
Nós não queremos ser mais, mas, muito menos, menos que os homens. Nós queremos apenas ser iguais.
Muito obrigada.