Discurso durante a 126ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à Igreja Memorial Batista pelo transcurso do seu Jubileu de Ouro.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ELEIÇÕES.:
  • Homenagem à Igreja Memorial Batista pelo transcurso do seu Jubileu de Ouro.
Publicação
Publicação no DSF de 13/07/2010 - Página 35441
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ELEIÇÕES.
Indexação
  • HOMENAGEM, CINQUENTENARIO, FUNDAÇÃO, IGREJA EVANGELICA, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), SAUDAÇÃO, PASTOR, REPRESENTANTE, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA DEFESA, MEMBROS, RELIGIÃO, REGISTRO, HISTORIA, CONSTRUÇÃO, IGREJA, SIMULTANEIDADE, TRANSFERENCIA, NOVA CAPITAL, IMPORTANCIA, INSTITUIÇÃO RELIGIOSA, AUXILIO, POPULAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, INICIATIVA, EDUCAÇÃO MUSICAL, ATENDIMENTO, PESSOA CARENTE, GRATUIDADE, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, ASSISTENCIA JURIDICA.
  • NECESSIDADE, INICIATIVA, INSTITUIÇÃO RELIGIOSA, CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO, IMPORTANCIA, ELEIÇÕES, OBJETIVO, TRANSFORMAÇÃO, POLITICA, BRASIL.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Senador Marconi Perillo, 1º Vice-Presidente do Senado Federal e 1º Signatário do requerimento que ensejou esta sessão; Sr. Brigadeiro Sérgio Luis de Oliveira Freitas, representando o Exmº Sr. Ministro da Defesa, Nelson Jobim; Pastor da Igreja Memorial Batista e Presidente da Convenção Batista Brasileira, Revmo Sr. Josué Mello Salgado; Presidente da Convenção Batista do Distrito Federal, Revmo Sr. João Roberto Raimundo; Srs. Membros da Igreja Memorial Batista, meus senhores e minhas senhoras.

            Não sou batista, portanto, creio que vou falar exatamente com o espírito cristão de reconhecer o importante trabalho da Igreja Memorial Batista no Brasil, no mundo e no meu próprio Estado.

            Tenho a honra de ter em meu gabinete, como um dos mais importantes funcionários, um ilustre membro dessa entidade que é também irmão da nossa ilustre assessora da Secretaria da Mesa, a Drª Zilá.

            Fiz essa introdução para dizer que me sinto muito feliz, Senador Marconi, de poder estar hoje aqui para fazer o registro do aniversário - que, na verdade, vai ser no dia 22 - da nossa importante Igreja Memorial Batista de Brasília.

            Estamos muito próximos dessa comemoração. Como no dia 22 estaremos em recesso, o Senador Marconi Perillo, inteligentemente, requereu que esta sessão fosse feita hoje. É importante frisar, como já foi dito inicialmente pelo Senador Marconi, que a Igreja Memorial Batista de Brasília foi uma das primeiras instituições a trazer os ensinamentos e os valores da religião cristã aos habitantes da nova capital, inaugurada poucos meses antes.

            A nota triste desta ocasião é sabermos que o pastor responsável pela instalação desta Igreja não pode estar presente a essas comemorações. Estamos nos referindo ao Reverendo James Everett Musgrave, falecido recentemente, no dia 16 de maio. Mas, com certeza, ele está aqui entre nós, espiritualmente, assistindo a esta homenagem justa.

            Entretanto, creio que vale aqui fazermos uma remissão histórica sobre o fato de que os primeiros religiosos a chegarem à Praça do Cruzeiro foram Musgrave e alguns companheiros de crença, o que ocorreu no dia 30 de novembro de 1956. Acompanhando o histórico normativo que recomendava a mudança da capital do Brasil para Brasília e os pronunciamentos de Juscelino Kubitscheck, líderes brasileiros e missionários da Comissão Batista do sul do Estados Unidos vislumbraram a grande oportunidade para a expansão da crença batista no Brasil. Contagiaram os pioneiros que já se encontravam no Planalto Central. Em 1957, foi organizada a primeira Igreja Batista de Brasília.

            A primeira missa católica da capital só seria celebrada no dia 3 de maio de 1957. E aqui não se trata de competição, apenas de um registro histórico, dada a importância do trabalho da Igreja no Distrito Federal.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a organização da Igreja Memorial Batista ocorreu apenas três meses depois da inauguração da capital, em 22 de julho de 1960. Ela cresceu e se desenvolveu com o lema “Uma Igreja viva para o Deus vivo”. Essa divisa foi inspirada na Carta do Apóstolo Paulo a Timóteo, onde está dito: “Escrevo-te estas coisas, embora esperando ver-te em breve, para que, no caso de eu tardar, saibas como se deve proceder na casa de Deus, a qual é a Igreja do Deus vivo, coluna e esteio da verdade”. (Transcrito, portanto, do capítulo 3º da primeira Carta de Paulo a Timóteo, versículos 14 e 15.)

            Também vale a pena ressaltar a epopeia vivida na construção do templo, visto que ainda não existiam as rodovias ligando o Planalto Central aos grandes centros produtores.

            E, assim como ocorrera com o projeto urbanístico de Brasília, optou-se por realizar um concurso para a construção da Igreja Memorial Batista, saindo vencedor o projeto do Dr. João Walfredo Thomé, arquiteto e engenheiro civil batista de São Paulo.

            A terraplanagem da rodovia ligando Belo Horizonte a Brasília somente terminou em 30 de maio de 1959 e, mesmo assim, apenas até a cidade de Luziânia, no ilustre Estado do Senador Marconi Perillo.

            Faltavam, ainda, 60 quilômetros até Brasília. Imaginem V. Exªs, Srs. Senadores, meus queridos irmãos e queridas irmãs, o sacrifício que foi para aqueles irmãos, Thomas e Bailey Berry, mais o irmão Theóphilo Petronillo dos Santos, trazerem dois caminhões Ford (um F-100 e um F-600) desde São Paulo, em abril de 1960. Foram os caminhões utilizados na limpeza do terreno localizado no Setor das Grandes Áreas Sul (SGAS) 905, lotes 5 e 6. Como cada lote tem 15 mil metros quadrados, o Templo Memorial Batista se situa numa ampla área de 30 mil metros quadrados.

            Os caminhões rodaram mais de 220 mil quilômetros, pois foram trazidos cerca de 300 metros cúbicos de cascalho, aplicados na construção, além de 1.500 metros cúbicos de terra e 30 caminhões de grama, para as laterais do templo. O granito foi trazido do Rio de Janeiro; as portas, do Espírito Santo; o pau-ferro para o assoalho, de Goiás; e os materiais industrializados, de São Paulo.

            A inauguração efetiva do Templo Memorial Batista se deu em 15 de dezembro de 1962. Dadas as condições existentes e os parcos recursos financeiros disponíveis, pode-se considerar que a construção foi muito rápida.

            No culto solene de inauguração, de que participaram mais de mil pessoas, o missionário James Musgrave dirigiu a oração consagratória e reconheceu as autoridades e personalidades presentes. O missionário William Berry fez o resumo histórico da construção do templo.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores aqui presentes, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, a Casa do Deus Vivo ficou tão bonita, que, nos anos 60 do século passado, acabou por transformar-se numa das atrações turísticas de Brasília. As agências de turismo levavam brasileiros e estrangeiros para conhecerem o Templo Memorial, localizado na quadra 905 sul.

            Mas, se a finalidade do Templo é louvar e agradecer o Senhor Deus, transmitindo sua palavra ao maior número de pessoas, o trabalho desenvolvido na Escola Bíblica da Memorial sempre primou pela qualidade dos mestres. Assim, o ensino bíblico tanto nos sermões pastorais quanto no ensino dominical constituiu-se um marco da atuação do Templo Memorial Batista de Brasília.

            Outra atividade indispensável, que sempre recebeu grande atenção dos dirigentes do Templo Memorial, foi a música. Atualmente a música é considerada uma arte, mas, desde tempos imemoriais, era executada com finalidade religiosa.

            Ainda na primeira década da inauguração do Templo, o Pastor Éber Vasconcelos anunciou a criação de um Departamento de Música, com a finalidade de supervisionar a atividade musical na Igreja e de aprimorar o canto congregacional. Em 1974, foi criada a Escola, e, em 1996, finalmente, foi implantado o Departamento de Música. A aprovação do Regimento Interno, que lhe atribuiu a competência de coordenar as atividades dos coros e conjuntos, vocais e instrumentais, e de assessorar o pastor titular na elaboração das ordens do culto, foi fundamental para a institucionalização das atividades musicais da Igreja.

            A Igreja Memorial mantém o Curso Livre de Música Sacra Mara Vasconcelos, que forma instrumentistas, cantores e regentes com qualidade equivalente à dos músicos profissionais. Mas a beleza das músicas executadas não tem a ver com o espírito de competição. Apenas demonstra que devemos colocar o melhor de nós a serviço de Deus.

            As ações assistenciais dos membros da Igreja Memorial Batista demonstram o sentimento de solidariedade e o espírito caritativo cristão. Por isso, tornaram-se históricas as ações desenvolvidas junto às pessoas carentes do Jardim Ingá e de Posse e de outros locais, até mesmo em Estados e países mais distantes.

            Também funciona, desde 1987, nas dependências da Memorial, a sala Dorcas, para confecção de roupas e agasalhos a serem doados com a cooperação do Ministério Mulher Cristã em Ação.

            Mas, para que o auxílio aos necessitados não gere acomodação por parte deles, desde 1998, a direção da Igreja recomendou ao Ministério de Ação Social o permanente monitoramento das famílias assistidas, para que as doações sejam feitas por períodos limitados, permitindo-se estender o benefício a outras famílias.

            Além disso, membros da Igreja profissionais da área de saúde se dedicam à prestação de assistência aos necessitados. Também, em conformidade com o Regimento Interno, o Ministério de Ação Social se dispõe a prestar serviços gratuitos de assistência jurídica a pessoas carentes, bem como a atender e a orientar os membros da Igreja em questões jurídicas, em casos de urgência.

            Outras atividades envolvem a realização de cultos especiais, visando às famílias de crentes e não crentes e à promoção de eventos de integração das famílias.

            Merecem destaque, por fim, as atividades que buscam a integração dos deficientes auditivos. Para eles, o ensino bíblico é realizado na linguagem de sinais (Libras), possibilitando-lhes a participação nos cultos normais da Igreja mediante a tradução simultânea.

            Nunca é descurada por essa exemplar comunidade a atenção à terceira idade, bem como a área de recreação e de esportes, favorecendo a convivência e transformando a Igreja Memorial em uma grande família. A principal característica é a da fraternidade.

         Não podemos esquecer-nos de que não apenas a Memorial, mas todas as igrejas batistas, além da evangelização, mantêm os Colégios Batistas, em que são transmitidos, além dos conhecimentos regulares da sociedade moderna, o fortalecimento e a vivência dos princípios éticos de vida e as noções complementares para o crescimento social da comunidade.

            A Igreja Memorial Batista de Brasília granjeou tamanho reconhecimento, que o atual dirigente, Pastor Dr. Josué Mello Salgado, foi eleito Presidente da Convenção Batista Brasileira, entidade que congrega as Igrejas Batistas de todo o Brasil.

            Aproveito, portanto, esta oportunidade, para render as mais expressivas e merecidas homenagens à Igreja Memorial Batista de Brasília, que comemora, no ano de 2010, o Jubileu de Ouro da sua organização.

            Quero finalizar, Sr. Presidente e senhores membros da Igreja Memorial Batista. Além desses inúmeros trabalhos enumerados neste pronunciamento, gostaria de dizer uma coisa: nós todos, de qualquer religião que sejamos, de qualquer instituição a que pertençamos, estamos muito preocupados com a vida política do nosso País. E há um trabalho importante, que pode ser feito na conversa - não precisa nem engajamento partidário - e no esclarecimento; não na fulanização das candidaturas, mas na questão da pregação de que só se melhora alguma coisa, votando-se nos melhores; só se muda alguma coisa, se se luta por isso.

            Portanto, acho que todas as instituições, mormente uma instituição como a Igreja Memorial Batista de Brasília e todas as igrejas batistas do Brasil, devem fazer esse trabalho silente, mas de combater o bom combate, para que possamos, de fato, mudar este Brasil.

            Muito obrigado. (Palmas.)

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/07/2010 - Página 35441