Pronunciamento de Mão Santa em 07/07/2010
Discurso durante a 120ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Alerta para as dificuldades enfrentadas pelos aposentados, que solicitaram empréstimos consignados. Leitura de documento recebido por S.Exa. sobre a situação dos produtores rurais do município de Parnaguá/PI e do Pedido de Providências 4/2010, recebido da Câmara Municipal de Santa Filomena/PI. (como Líder)
- Autor
- Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
- Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
BANCOS.
SEGURANÇA PUBLICA.
HOMENAGEM.:
- Alerta para as dificuldades enfrentadas pelos aposentados, que solicitaram empréstimos consignados. Leitura de documento recebido por S.Exa. sobre a situação dos produtores rurais do município de Parnaguá/PI e do Pedido de Providências 4/2010, recebido da Câmara Municipal de Santa Filomena/PI. (como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 08/07/2010 - Página 34541
- Assunto
- Outros > BANCOS. SEGURANÇA PUBLICA. HOMENAGEM.
- Indexação
-
- REPUDIO, POLITICA, FAVORECIMENTO, BANCOS, ESPECIFICAÇÃO, EXPLORAÇÃO, APOSENTADO, UTILIZAÇÃO, EMPRESTIMO EM CONSIGNAÇÃO, LEITURA, DOCUMENTO, SOLICITAÇÃO, INTERVENÇÃO, ORADOR, INJUSTIÇA, COBRANÇA, BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A (BNB), SUPERIORIDADE, DIVIDA, PEQUENO PRODUTOR RURAL, MUNICIPIO, PARNAGUA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), EXPECTATIVA, AUXILIO, LIDER, GOVERNO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
- LEITURA, DOCUMENTO, CAMARA MUNICIPAL, MUNICIPIO, SANTA FILOMENA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, AUTORIDADE, SOLUÇÃO, GRAVIDADE, PROBLEMA, PRECARIEDADE, SEGURANÇA PUBLICA, REGIÃO, AUSENCIA, PROMOTOR DE JUSTIÇA, APREENSÃO, AUMENTO, CONSUMO, DROGA, SUPERIORIDADE, VIOLENCIA, JUVENTUDE, INSUFICIENCIA, NUMERO, POLICIAL, FISCALIZAÇÃO, FAIXA DE FRONTEIRA, ESTADO DO MARANHÃO (MA), ESTADO DA BAHIA (BA), COMBATE, TRAFICO, ENTORPECENTE.
- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, FLORIANO (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), ELOGIO, CULTURA, REGIÃO.
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Acir Gurgacz; Srªs e Srs. Parlamentares na Casa; brasileiras e brasileiros que nos assistem no plenário do Senado e os que nos assistem Brasil afora por meio do fabuloso sistema de comunicação deste Senado, quero dizer que a vida é muito dura para quem está no campo.
Marco Maciel, o nosso Presidente da República foi muito generoso com os pobres. Acredito que ele foi um pai para os pobres, mas foi também uma mãe para os banqueiros, e aí é que está o problema. Ele diz “nunca antes”. Camões dizia “por mares nunca dantes navegados”.
Mozarildo Cavalcanti, o homem do campo sofre, e sofre muito, nas garras dos banqueiros, que nunca antes foram tão privilegiados.
Houve uma crise econômica que abalou o mundo. Acir Gurgacz, eu estava na Europa, eu estava na Espanha. Todo mundo sabe que o governo inglês injetou recursos nos bancos. O povo da Inglaterra tirou esse Primeiro-Ministro. Ele já perdeu as eleições. Barack Obama também ficou tonto, porque não só os bancos ingleses estavam falindo, mas também os bancos americanos. Eu estava na Espanha e vi o Santander falindo lá, com dificuldades. E esse banco tem filial no Brasil. Há algo muito interessante: nessa crise mundial em que entraram os bancos poderosos, no Brasil nenhum faliu. O Santander, que na Espanha estava em dificuldade - e eu estava lá -, aqui, deu lucro.
Então, nosso Governo foi a mãe dos banqueiros. Nunca os bancos estiveram tão bem. Primeiro, enganaram nossos velhinhos aposentados. Os aloprados, não sei a mando de quem, incutiram pela mídia que era bom tirar empréstimo consignado. Disseram que isso era coisa boa. Empréstimo não é bom. Abraham Lincoln ensinava a seu povo: “Não baseie sua prosperidade em dinheiro emprestado”. E, aqui, foi um festival! Toda a mídia - os jornais, as televisões - é paga pelos ricos, pelos banqueiros. A verdade está aqui. Somos a verdade. Somos o povo. Aquilo tudo é dos banqueiros. Pode ver: essa televisão, é o banco que paga; os jornais, é o banco que paga, é o banco que financia.
Então, incutiram neste País que era bom empréstimo, e os velhinhos entraram no empréstimo consignado. Enganaram os velhinhos aposentados.
Romero, fui ver o contrato. V. Exª não tem culpa, não. V. Exª tem salvaguarda, mas deveria ter me levado lá ao Luiz Inácio, para eu contar essa história. Romero, V. Exª já viu o contrato? Eles foram tão maldosos! Fui ver o contrato. Eles colocaram no contrato umas letrinhas bem pequenas.
Então, na televisão, diziam para os velhos: “Empréstimo consignado é bom, é coisa boa. Tirem o empréstimo!”. Olha se empréstimo é coisa boa! Os velhinhos não puderam ler o contrato, porque os banqueiros - que vão todos para o inferno! - colocaram ali uma letrinha bem miúda. Vi o contrato.
Ô Zezinho, sou médico e digo que os velhos têm o que o povo chama de vista cansada - é o que nós, médicos, chamamos de hipermetropia - ou catarata, ou eles estão cegos mesmo. Então, todos os velhinhos, todo mundo correu. No Piauí, nas casas, mais do que nos bares, colocavam: “Empresta-se dinheiro. Empresta-se dinheiro”. Em todo lugar, era o que se via. E era o que faziam os velhinhos Brasil afora. A televisão, dizendo que esse era um negócio bom, enganava os velhinhos. A televisão é paga pelos banqueiros.
Olha, está tudo desgraçado! São 40% na boca! O negócio é o melhor do mundo para o banco. Na hora em que vão pagar aos velhinhos aposentados, já tiram deles o dinheiro. Então, não há inadimplência, não é? Ninguém dá calote, ninguém dá “checho”, como se diz no Piauí. Está amarrado. Aí, todos os bancos ficam sorrindo, e os velhinhos aposentados...
Mozarildo, ainda há aquele redutor que derrubamos e que o Presidente sancionou. Falo do fator redutor previdenciário, que tira 40% do salário.
O SR. PRESIDENTE (Acir Gurgacz. PDT - RO) - Senador Mão Santa, se V. Exª me permite, quero dar as boas-vindas aos estudantes do 5º ano do Centro de Ensino Fundamental nº 4 de Sobradinho, Distrito Federal. Sejam todos bem-vindos à nossa Casa!
Muito obrigado, Senador Mão Santa.
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Mozarildo, quando eu era criança, Olavo Bilac saudava as crianças: “Crianças, não verás nenhum país como este!”. Não posso dizer isso, nem Olavo Bilac o diria mais.
Aí, de repente, tiraram dos velhinhos 40%. É o fator previdenciário das aposentadorias. São 440% para os bancos. Estão todos amargurados, sofrendo. Nunca antes suicidaram-se tantos velhinhos. Aí, desestruturou-se a família, porque o avô é o mais responsável.
Aqui, trago um documento que recebi. Olha como sofre o homem do campo! É dito: “A S. Exª Senhor Mão Santa, Senador da República, Congresso Nacional”. Vem de Parnaguá, uma cidade do nosso Piauí.
Este é o único lugar para tratarmos disso. Nós somos o povo. Onde é que vão botar isso em uma mídia paga pelos banqueiros?
Trata-se de apelo urgente dos produtores rurais do Município de Parnaguá, no Piauí. Olha como é difícil a vida do homem do campo, Mozarildo!
É dito: “Na qualidade de seu eleitor, quero parabenizar S. Exª pelos pronunciamentos da tribuna do Senado. Quero dizer que tenho muita satisfação e alegria em ter votado no senhor”. Que vote de novo! E fala do brilhantismo. Mas o que interessa é isso, o brilhantismo não interessa. O brilhantismo, eu agradeço. Agradeço os elogios, mas vamos ao que interessa:
Aproveitando o ensejo, queremos pedir a V. Exª que interceda pelo sul do Estado, principalmente por nossa cidade de Parnaguá, que não foi agraciada pelo semiárido.
Fizemos um empréstimo junto ao Banco do Nordeste do Brasil S/A - Agência de Corrente - PI, nos valores de R$26.730,00 e de R$11.250,00, num total de R$37.980,00. Já pagamos R$28.000,00 e, ainda, estão querendo tomar nossa fazendola, porque dizem que nós estamos devendo.
Quer dizer, eles já pagaram quase tudo o que tiraram, Mozarildo, e, agora, estão devendo R$95 mil, conforme contrato anexo. E haja o Banco a querer tomar as terras! Diz ainda:
Esta é uma situação desesperadora para todos os pequenos produtores rurais do sul do Estado do Piauí.
Estamos sujeitos a perder todo o trabalho de uma geração, a perder a dignidade e o respeito conquistados, sendo cobrados e ameaçados na Justiça para pagar valores. Infelizmente, ainda não apareceu um político sério para fazer justiça, ou seja, para defender um povo pobre e trabalhador, mas honrado e honesto. Parte de nós, já estamos vendendo até nossas próprias residências para não sermos desmoralizados, mesmo tratando-se de terra, a grande maioria, de herança há mais de 100 anos [os bancos botam advogados no sistema e estão confiscando os bens e a terra do homem do campo].
Na certeza de contar com seu empenho e interesse, fazemos este apelo, pois a nossa voz no Brasil é a voz de V. Exª.
Querida Senadora Ideli, vou passar a V. Exª, que é do PT, esta documentação. Sei que V. Exª é sensível, bem como o Presidente Luiz Inácio. Mas sei também que ele é rodeado, de todos os lados, de aloprados e de banqueiros, que estão tomando as terras de homens do campo, que as herdaram há cem anos de familiares. Esse é o jogo dos banqueiros.
Senador Arthur Virgílio, o Presidente Luiz Inácio é pai dos pobres e mãe dos banqueiros do Brasil.
Está aqui a documentação. Vou encaminhá-la à Líder do Governo, apelando para a sensibilidade do Presidente da República. Esses banqueiros não são gente. Se houver inferno, este vai estar cheio de banqueiros. Eles estão fazendo um sistema jurídico fenomenal, Marco Maciel, e estão tomando as propriedades, os cavalos, os coches e as casinhas.
Está aqui, Romeu Tuma. Tenho saudade de quando o Romeu Tuma era chefe da Polícia Federal, porque aí ele podia prender uns banqueiros desses, aloprados!
Presidente Luiz Inácio, Vossa Excelência está dizendo que é o pai dos pobres, e acredito que seja. Getúlio também dizia que o era, e isso é bom. Mas Vossa Excelência é mesmo a mãe dos banqueiros! Está tudo aí. Mostre-me um banco que faliu no Brasil. Estão tomando as coisas dos pequenininhos, dos pobres, que foram enganados.
O Senado é para isso.
Heráclito, olha aí o nosso Piauí. Vamos dar graças a Deus por ter acabado o governo lá, por ter mudado!
Cito a Câmara Municipal de Santa Filomena, que fica no sul do Piauí, onde V. Exª sonhava com a ponte. Levei os primeiros homens do sul a lá produzirem lá, a plantarem algodão, a plantarem soja.
Santa Filomena - PI, 30 de junho de 2010
Excelentíssimo Senhor,
Tendo em vista o Pedido de Providências nº 4/2010 da Câmara Municipal de Santa Filomena - Piauí, votada em sessão ordinária no dia 22 de junho de 2010, estamos encaminhando cópia do documento, para que V. Exª tome providências sobre o fato registrado no pedido ora encaminhado.
A Câmara Municipal de Santa Filomena - PI, em harmonia com o pensamento dos Vereadores desta Casa, reforça o pedido como sendo também desta Presidência.
Atenciosamente,
João Lustosa Avelino
Presidente da Câmara.
Leio o Pedido de Providências nº 4/2010:
Nós, os Vereadores que integram a Câmara Municipal de Santa Filomena, Estado do Piauí, ouvindo o clamor público e observadores naturais do cotidiano e dos problemas que assolam o nosso Município, preocupados com o uso excessivo de drogas ilegais; com o aumento da violência, especialmente entre jovens, inclusive homicídios, lesões corporais, crimes sexuais e de trânsito; preocupados, ainda, com a dimensão de nossas divisas territoriais com outros Municípios do Estado e com outros dois Estados da Federação, Maranhão e Bahia, além da proximidade com Tocantins, fronteira esta sem fiscalização do sistema de segurança pública praticamente em toda a sua extensão, o que facilita o tráfico de drogas, de armas, a presença da pistolagem e todo tipo de delito grave; preocupados, finalmente, com a falta de estrutura do sistema de segurança pública em nosso Município, sem delegado de polícia civil de carreira, sem sequer um policial civil [atentai bem para o fato de que o Governo era do PT, no Piauí, e de que não havia um policial civil na cidade de Santa Filomena], com contingente mínimo de policiais militares, uma única viatura sem equipamentos mínimos, aliados à falta de Promotor de Justiça titular na comarca e aqui morando, dentre outros graves problemas, solicitamos à presidência, após ouvir o plenário, que remeta cópias deste pedido, objetivando a tomada de providências urgentes e enérgicas, cada instituição no cumprimento de seu dever legal, às seguintes autoridades: [...]
Aí se diz que encaminha o pedido ao Sr. Ministro de Estado de Justiça, ao Sr. Delegado Geral de Polícia Federal, ao Governador do Estado do Piauí que saiu, ao Sr. Presidente do Conselho Nacional do Ministério Público e ao Senador Mão Santa.
Então, há essa calamidade.
Ô Mozarildo, agora, lá existe um festival de assalto a banco em tudo que é cidade. Este é o Brasil. Esse é o Piauí governado pelo PT. Atentem bem! Um Governo do PT é pior do que um terremoto. Sofremos por sete anos e seis meses, e um terremoto demora dez segundos, oito segundos. Num terremoto, há desastre, mas, em sete anos desse governo, a desgraça é muito maior.
Isso é a Câmara de Vereadores. Todos eles assinaram: Antônio José Alves, Cristóvão Dias Soares. E denunciando. Olha aí: José Luiz Alves Pereira, Osiel Pereira de Sena, Raimundo Queiroz e Renato Vireira Miranda, a Câmara de Vereadores.
Então, aprendi com o maior teórico da democracia na história do mundo, Norberto Bobbio, italiano, que era professor de Direito na Itália de Mussolini e ensinou aquele povo a crer na democracia. Ele foi senador vitalício na Itália. Lá eles escolhem cinco por valor, sem voto. Ele morreu recentemente. E disse: “O mínimo que se tem que exigir de um governante é segurança à vida, à liberdade e à propriedade”. Nós temos essa segurança no Brasil. No Piauí, está aqui o documento da Câmara Municipal de Santa Filomena: horrores, incompetência, descaso.
Este Governo que está aí é um tripé de mentira, corrupção e incompetência. O povo do Brasil e do Piauí vive da esperança, que é a última que morre. O apóstolo Paulo dizia que é um pecado perder a esperança. Então, nós vivemos de uma esperança: com as eleições, a alternância do poder no Brasil e no Piauí. Esse é o entendimento.
Para não ser só desgraceira, nós, como São Francisco, que dizia “onde houver tristeza, que eu leve a alegria”, não queremos trazer só essa desgraceira do Piauí, onde sofre o homem do campo, ameaçado pelos banqueiros, e sofrem as cidades, ameaçadas pelos bandidos, pela violência. Como dizia Norberto Bobbio, falta de segurança à vida, à liberdade, à propriedade é o maior mal de um governo.
Nós, então, queremos fechar com alegria quando comemoramos aqui o aniversário, amanhã, de uma encantadora cidade do Piauí: Floriano, à margem do rio Parnaíba. Eu governava o Estado quando ela fez cem anos. Então, amanhã, ela está comemorando mais um aniversário. Seu Prefeito é o Joel Rodrigues da Silva. É uma pujante cidade, de grande cultura, com uma força comercial ímpar, um povo bravo, com uma colônia de árabes que faz aquela cidade diferente. É umas das cidades mais importantes do Piauí.
A eles, os nossos votos por mais este aniversário da cidade de Floriano, que faz 113 anos! Essa cidade é tão importante para nós...
Ô Arthur Virgílio, como é aquela sua cidade do Piauí? Arthur Virgílio, a sua cidade do Piauí que tem o bumba-meu-boi, a festividade que você gosta?
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Parintins.
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Pois esta aqui é uma cidade assim, alegre, é Floriano. Tanto o é, ô Mozarildo, que, em 1994, eu iniciava minha campanha para governar o Piauí, fiz o primeiro comício no dia de aniversário, 8 de julho, em Floriano. Com sessenta dias de eleito, ô Tasso, com sessenta dias de Governador do Piauí...
(Interrupção do som.)
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - ...um campus avançado e fiz 36 campi avançados universitários no Piauí.
Então, nós queremos fazer a nossa homenagem e dizer que todos nós estamos na esperança de alternância do poder fracassado do PT no Piauí.