Discurso durante a 123ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Comentários acerca da importância do cooperativismo.

Autor
Jorge Yanai (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jorge Yoshiaki Yanai
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. COOPERATIVISMO.:
  • Comentários acerca da importância do cooperativismo.
Publicação
Publicação no DSF de 08/07/2010 - Página 34861
Assunto
Outros > HOMENAGEM. COOPERATIVISMO.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, COOPERATIVISMO, ELOGIO, SISTEMA, SUPERIORIDADE, PRODUÇÃO, PARTILHA, LUCRO, REGISTRO, DADOS, COMENTARIO, NORMAS, ORGANISMO INTERNACIONAL, PRIORIDADE, COOPERATIVA, PROMOÇÃO, IGUALDADE, ASSOCIADO, INCENTIVO, PARTICIPAÇÃO, MULHER, ESPECIFICAÇÃO, IMPLANTAÇÃO, MODELO, DIVERSIDADE, PAIS, CONTINENTE, AFRICA, DESENVOLVIMENTO, REDUÇÃO, POBREZA.

            O SR. JORGE YANAI (DEM - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há alguns dias, nesta semana, houve uma homenagem muito especial feita ao cooperativismo, em comemoração ao seu Dia Internacional. Infelizmente, compromissos políticos me impediram de estar presentes. No entanto, mesmo passada a hora aprazada, quero deixar registrado aqui algumas palavras sobre o cooperativismo, conceito que eu admiro muito.

            O sistema cooperativo moderno, cujas origens remontam a meados do século XIX constitui uma maneira inteligente, prática e decisiva para o desenvolvimento, porque ele representa o modelo econômico adequado para garantir, ao mesmo tempo, a prosperidade e a divisão justa desse sucesso.

            No Brasil, de acordo com dados da Organização das Cooperativas Brasileiras, a OCB, são quarenta milhões de pessoas que se juntaram em cooperativas, divididas em treze ramos de atividades diferentes e que respondem por 6% do nosso Produto Interno Bruto.

            Além disso, segundo a Aliança Cooperativa Internacional, essa forma de organização significa 40% do produto agrícola e 6%do total das exportações do agronegócio.

            Esses números são muito expressivos mas não são exclusividade brasileira. Em países desenvolvidos ou em desenvolvimento essa forma de se auto-organizar economicamente representa uma parcela substancial do Produto Interno Bruto. Vejamos alguns exemplos: na Bélgica, um dos países mais desenvolvidos da Europa, 19,5 % das farmácias se organizaram em cooperativas; na Dinamarca, cooperativas de consumo representam 36,4% do mercado de varejo; na Finlândia, 74% da carne, 96 % dos laticínios e 56% dos ovos, 34% dos produtos florestais e 34,2% dos serviços bancários são produzidos ou vendidos por cooperativas; na França, nove em cada dez fazendeiros são associados a cooperativas, bancos cooperativos detêm 60% dos depósitos e 25% do mercado de varejo estão com as cooperativas; na Noruega, as cooperativas são responsáveis por 99% da produção de leite; 76% da produção de madeira, 24% do mercado de varejo e, de cada três noruegueses, um é membro de alguma cooperativa.

            As cooperativas bem-sucedidas não existem apenas nos países europeus ricos. No Japão, outro gigante econômico, 91% dos agricultores são cooperativados. Na Nova Zelândia, próspero país da Oceania, 22% do Produto Interno Bruto é originário de empreendimentos cooperativos. Na China, o motor da economia mundial na atualidade, 180 milhões de pessoas, ou aproximadamente um sexto da população, participam de cooperativas.

            Mesmo nos Estados Unidos, país considerado o polo do capitalismo mundial, o cooperativismo apresenta números impressionantes. Ali, mais de 30 cooperativas têm ganhos superiores a US$1 bilhão por ano e as 100 maiores, juntas, faturam anualmente quase US$120 bilhões.

            Para completar, 30% da produção agrícola americana é comercializada por intermédio de cooperativas e um em cada quatro americanos participa de um empreendimento cooperativo.

            Enfim, não resta dúvida quanto à capacidade que têm as cooperativas de dinamizar a economia. Não há, portanto, economia moderna ou desenvolvida sem que nela o cooperativismo desempenhe um papel relevante.

            A busca da prosperidade por meio do cooperativismo tem por base sete princípios, a saber:

            .- adesão voluntária;

            .- gestão democrática;

            - participação econômica dos membros;

            - autonomia e independência;

            - educação e formação e informação;

            - intercooperação; e

            - interesse pela comunidade.

            Essas diretrizes significam uma nova maneira de organização social, a qual, por conseguinte, vem criando, no âmbito da sociedade, uma nova postura de todos em relação ao gênero de seus associados e de seus dirigentes.

            Isso é claramente perceptível em uma das regras da Aliança Cooperativa Internacional, ao prescrever que um dos objetivos do cooperativismo é promover a igualdade entre seus associados, tanto nas atividades de decisão quanto nas atividades rotineiras mas próprias desse movimento coletivo.

            Para que tal diretriz se tornasse realidade, foram adotados, no âmbito da ACI, determinadas posturas, tais como a de qualificar as cooperativistas conforme o gênero de seus associados; determinar que haja equilíbrio entre homens e mulheres na eleição de participantes dos quadros da entidade; monitorar as ações praticadas pela entidade e garantir que haja recursos humanos e financeiros adequados às questões de cada gênero.

            A respeito desses itens, uma carta de autoria da Sr.ª Pauline Green, Presidente da Aliança Cooperativa Internacional, ganha muita significância, porque, nela, aquela senhora destaca o fato de que já existem estudos que demonstram que, quanto maior a quantidade de mulheres em posição de comando em empresas, mais bem-sucedidos esses empreendimentos são. Estudos semelhantes demonstram que investir na saúde ou na educação femininas representa ganhos substanciais na redução da pobreza, o que provoca um impacto positivo sobre toda a economia nacional.

            De maneira semelhante, a presença feminina mais numerosa no âmbito do movimento cooperativista tem proporcionado melhoria nas iniciativas cooperativistas e nas famílias de tais mulheres, que estão, dessa forma, engajadas no mundo dos negócios.

            Assim a participação das mulheres nas cooperativas tem sido fundamental para que esse movimento associativista tenha continuidade e progrida mais ainda em todo o mundo. Exemplo claro disso são as atividades promovidas pela ACI em alguns dos países mais pobres da África, onde o cooperativismo tem funcionado com as mulheres à frente, decisivamente para mitigar situações de carência e para promover o desenvolvimento local.

            O cooperativismo, portanto, é um meio de garantir, de maneira eficiente, o sustento de milhões de pessoas ao redor do mundo, e tem se mostrado eficaz também para promover a igualdade entre as pessoas de gêneros diferentes e para reduzir a miséria.

            Por fim, é importante ressaltar, mais uma vez, o quanto o cooperativismo tem sido fundamental para garantir que pequenos produtores tenham acesso aos mercados maiores e, concedendo a eles essa oportunidade, assegurar que haja, no País, de forma consistente, a redução de níveis de pobreza e o aumento significativo da riqueza nacional.

            Vejo, Sr. Presidente, que realmente o sistema cooperativista é uma forma de fomentar a riqueza e de manter a sobrevivência dos pequenos empreendedores, principalmente aqueles que moram nas mais remotas regiões do nosso País. A valorização do cooperativismo, sem dúvida alguma, é fomentar, de forma muito forte e vigorosa, a economia e o desenvolvimento do nosso País.

            Eram as minhas palavras.

            Agradeço muito, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/07/2010 - Página 34861