Discurso durante a 128ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apelo para que o Governo Federal possa reconstruir e doar aos desabrigados as casas que perderam com a enchente que atingiu os diversos municípios de Alagoas e Pernambuco. Registro do falecimento, aos 70 anos, do empresário Luiz Carlos Maranhão, responsável pela expansão do Grupo Santo Antonio. (como Líder)

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA. HOMENAGEM.:
  • Apelo para que o Governo Federal possa reconstruir e doar aos desabrigados as casas que perderam com a enchente que atingiu os diversos municípios de Alagoas e Pernambuco. Registro do falecimento, aos 70 anos, do empresário Luiz Carlos Maranhão, responsável pela expansão do Grupo Santo Antonio. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 14/07/2010 - Página 35597
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA. HOMENAGEM.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, BRASIL, SOLIDARIEDADE, VITIMA, INUNDAÇÃO, ESTADO DE ALAGOAS (AL), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), REGISTRO, NECESSIDADE, CONTINUAÇÃO, DOAÇÃO, ELOGIO, BRAVURA, ESFORÇO, POPULAÇÃO, TENTATIVA, RECONSTRUÇÃO, VIDA, IMPORTANCIA, INICIATIVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AGILIZAÇÃO, RECURSOS, CONSTRUÇÃO, HABITAÇÃO, DESIGNAÇÃO, APOIO, FORÇAS ARMADAS, MEDICO.
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, AGILIZAÇÃO, RECONSTRUÇÃO, MUNICIPIOS, SUGESTÃO, PARTICIPAÇÃO, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), MINISTERIO PUBLICO, GARANTIA, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, NECESSIDADE, REMISSÃO, DIVIDA, BANCO DO BRASIL, BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A (BNB), VITIMA, INUNDAÇÃO, DEFESA, ANTECIPAÇÃO, RECURSOS, SUBVENÇÃO, PRODUTOR, CANA DE AÇUCAR, ESTADO DE ALAGOAS (AL), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), OCORRENCIA, PREJUIZO, CALAMIDADE PUBLICA, ANUNCIO, REUNIÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), PRESIDENTE DA REPUBLICA, DISCUSSÃO, ASSUNTO.
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, CALAMIDADE PUBLICA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), ANUNCIO, PROPOSTA, ORADOR, SENADO, AGILIZAÇÃO, VOTAÇÃO, FUNDO NACIONAL, LIBERAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, MAPEAMENTO, AREA, RISCOS, INUNDAÇÃO, OBJETIVO, PREVENÇÃO, PROBLEMA.
  • HOMENAGEM POSTUMA, EMPRESARIO, IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ESTADO DE ALAGOAS (AL), ELOGIO, COMPETENCIA, CONDUTA, DEFESA, MEIO AMBIENTE, GARANTIA, QUALIDADE DE VIDA, TRABALHADOR, INTERESSE, POLITICA, BEM ESTAR SOCIAL, COMENTARIO, AMIZADE.

            O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Senador Mão Santa, mais uma vez, pelo carinho, pelas palavras, pelo testemunho. V. Exª é um querido amigo. Eu tenho muita satisfação em ser seu amigo aqui, nesta Casa do Congresso Nacional.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, primeiramente, em nome do Estado de Alagoas, quero agradecer as manifestações de apoio e solidariedade do povo brasileiro, que, mais uma vez, frente a uma tragédia pública, mostrou, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sua força e motivação para apoiar e socorrer os que mais precisam.

            O Brasil, Srs. Senadores, acompanhou o impacto das enchentes que afetaram a vida de mais de 160 mil alagoanos em 28 Municípios de nosso Estado e também do Estado de Pernambuco. As cheias no Nordeste também revelaram a coragem dos nordestinos para se levantarem após uma catástrofe e recomeçarem suas vidas.

            Igualmente solidários, os brasileiros de outros Estados se mobilizaram, e temos recebido - é importante, mais uma vez, que se diga - toneladas de donativos, alimentos, roupas, cobertores, água, medicamentos. E é preciso, Sr. Presidente, dizer também que é muito importante que essas doações continuem.

            Brasileiro e nordestino que é, o Presidente Lula e seus Ministros não pouparam ações emergenciais. Atenderam prontamente nossas solicitações por recursos federais para socorro aos Estados atingidos de Alagoas e Pernambuco.

            O momento, todos sabem, é de reconstrução, de acreditar, de buscar dentro de cada um a força para se reerguer e organizar a própria vida e a vida de seus familiares. Tivemos do Presidente Lula o envio das Forças Armadas, de hospitais de campanha, de médicos, de recursos, de verbas para a reconstrução da cidade.

            Renovo aqui, Sr. Presidente e Srs. Senadores, o meu apelo para que o Governo Federal possa, com muita pressa, com mais agilidade, reconstruir as casas e dá-las aos desabrigados. Esse ato será de grande valia para quem perdeu tudo e de impacto irrisório - já disse aqui e quero repetir - para a nossa economia.

            Também é importante dizer que é necessário - também já defendi isto desta tribuna - fazer a remissão das dívidas do microcrédito, do crédito amigo, rural e urbano, do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste do Brasil para que as pessoas atingidas com essa remissão tenham acesso ao crédito disponibilizado, ao crédito novo disponibilizado.

            Também encaminhei ao Presidente Lula uma proposta de apoio ao pequeno produtor que teve a sua produção canavieira perdida ou prejudicada, muito prejudicada, com a enchente. E solicitei, Sr. Presidente, a antecipação dos recursos da subvenção econômica que aprovamos aqui, no Congresso Nacional, para os pequenos produtores de cana-de-açúcar do Nordeste, especialmente de Alagoas e de Pernambuco, que gira em torno de R$80 milhões. Gira em torno de apenas R$80 milhões. Tratei do assunto, pessoalmente, com o Ministro da Agricultura; tratei do assunto, também pessoalmente, com o Presidente Lula, na última quinta-feira, e estou acompanhando, porque o Ministro da Agricultura já pediu o aporte dos recursos, que beneficiará, só em Alagoas, mais de 7.200 pequenos produtores de cana-de-açúcar, ao Ministro da Fazenda, Guido Mantega.

            Sr. Presidente, falo e reivindico pelo meu Estado, por Alagoas, mas temos - já disse - que nos lembrar que somos todos brasileiros, e esses episódios, essas enchentes, essas catástrofes, essas inundações também abalaram o povo do Rio de Janeiro, o povo de Santa Catarina, o povo do Sul do País, com deslizamentos, com tragédias, em que também morreram centenas de pessoas. Todas essas tragédias pedem de nós, homens e mulheres, homens públicos e também mulheres que exercem cargos públicos, uma reflexão profunda sobre as medidas preventivas de educação, planejamento e infraestrutura para que a natureza dê vazão às incontroláveis tempestades. Mas, Sr. Presidente, que o nosso povo esteja a salvo, que o nosso povo esteja protegido.

            Como Senador por Alagoas, vou propor, mais uma vez, ao Senado a agilização na votação do Fundo Nacional, com recursos vindos de várias fontes orçamentárias, para que possamos, Sr. Presidente e Srs. Senadores, mapear as áreas de risco do País e, ali, criarmos programas específicos, embasados tecnicamente, para fazermos a prevenção.

            É hora de esta Nação, que cresce e enriquece, cuidar de seus brasileiros que mais precisam e investir em solução efetiva para que a qualidade de vida possa ser compartilhada em toda a Nação.

            Precisamos também, Senador Mão Santa - e já defendi isto aqui, desta tribuna do Congresso Nacional -, pedir que se agilize a reconstrução dessas cidades que foram atingidas, que se agilize verdadeiramente. Eu até sugeri, Sr. Presidente e Srs. Senadores, que chamássemos o Ministério Público, que chamássemos os Tribunais de Contas e o Tribunal de Contas da União, para que, com absoluta transparência, possamos fazer essa reconstrução. É hora de agilizarmos a desapropriação dos terrenos e de arregimentarmos todos para fazermos esses projetos executivos, para que tenhamos, num curtíssimo espaço de tempo, a reconstrução das cidades que foram destruídas pelas enchentes.

            Em segundo lugar, Sr. Presidente - já encerro -, devo dizer que este tem sido um ano pesaroso, pesaroso mesmo - mais uma vez, é importante lamentar -, de muitas provações, para o Estado de Alagoas.

            No primeiro semestre - V. Exª acompanhou, já dissemos isto aqui -, perdemos três ilustres alagoanos. Dois deles foram Governadores do Estado: Luís Abílio e Geraldo Sampaio. Perdemos também, Sr. Presidente, um importante parlamentar, Albérico Cordeiro, ex-Prefeito de Palmeira dos Índios e ex-Deputado Federal. Tanta falta fazem ao Estado de Alagoas.

            Dias antes, em meio às tragédias provocadas pelas enchentes, Alagoas perdeu também o mais alagoano dos pernambucanos, e Pernambuco perdeu o mais pernambucano dos alagoanos. Depois de uma resistência heróica contra o câncer, faleceu, no último dia 23, o empresário e intelectual Luiz Carlos Maranhão, aos 70 anos de idade. Dias depois da morte de Luiz Carlos, veio a falecer também sua esposa. Maranhão, ao lado de seus irmãos, José Carlos, Luiz Ernesto e Severino Carlos, foram, Alagoas sabe, os responsáveis pela expansão e modernização do Grupo Santo Antônio, formado pela Central Açucareira Santo Antônio, em São Luís do Quitunde, e pela Usina Camaragibe, em Matriz de Camaragibe. Essa usina é, graças ao trabalho da família Maranhão, a segunda maior produtora de todo o Nordeste, sendo a única da região a produzir álcool extra neutro, próprio para a fabricação de bebidas e de cosméticos.

            Mas esse, Sr. Presidente, não é o único diferencial do Grupo. Além de uma política diferenciadas de defesa do meio ambiente, as usinas do Grupo Maranhão oferecem assistência médica e hospital a todos os funcionários das empresas, notadamente para aqueles que recebem as menores remunerações.

            Luiz Carlos Maranhão, além de um empresário empreendedor do setor sucroalcooleiro de Alagoas, irrequieto, era também um contumaz devorador literário. Sua paixão pelos livros, Senador Mão Santa, o levou a formar uma biblioteca com um dos maiores acervos, com um dos mais importantes acervos do Estado de Alagoas. Luiz Carlos Maranhão era membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e um dedicado estudioso das histórias de Alagoas e de Pernambuco.

            Mais do que seu arrojo em um setor marcado pela tradição, mais do que sua inteligência refinada e erudição, o que todos nós que convivemos com ele vamos guardar para sempre em nossos corações é, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sua natureza extrovertida e alegre. O riso foi sempre farto; a docilidade, extrema. Luiz Carlos Maranhão sempre foi amigo dos seus amigos. Eu mesmo me considerava um amigo de Luiz Carlos Maranhão. Sei que esse temperamento dócil, ao lado de tantas aptidões e talentos, está provocando uma grande lacuna na sociedade alagoana. Sei que esse vazio será ainda mais profundo, muito mais pesaroso para seus filhos que, repito, dias depois da morte de Luiz Carlos Maranhão, perderam também a esposa dele, sua mãe. Os filhos, pela educação recebida do pai, saberão, Sr. Presidente, multiplicar e dar continuidade às várias obras de Luiz Carlos Maranhão.

            Desenvolvimentista convicto, Luiz Carlos Maranhão era também um atento observador da cena política e social de Alagoas. Era um entusiasta de políticas públicas para regiões mais carentes, como o Nordeste, e sua sinceridade não poupava críticas a essas políticas, quando elas se inviabilizavam. Por esses atributos, Luiz Carlos Maranhão, que era engenheiro de formação, em muito pouco tempo, em muito pouco tempo mesmo, transformou-se em um líder do setor sucroalcooleiro.

            Luiz Carlos Maranhão era, talvez, Sr. Presidente, a simbiose mais perfeita de um nordestino. Tudo em Luiz Carlos Maranhão era Nordeste, era a pujança do seu povo. Ele próprio trouxe Maranhão no nome, nasceu em Pernambuco, como disse no início do discurso, e radicou-se em Alagoas. Ou seja, Luiz Carlos Maranhão viveu e lutou intensamente o Nordeste em todas as suas atividades.

            Portanto, neste momento em que agradeço, mais uma vez, a V. Exª a gentileza, o tempo, gostaria de prestar esta homenagem, em nome do povo de Alagoas, em nome do Senado Federal, a esse grande nordestino, que foi Luiz Carlos Maranhão.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/07/2010 - Página 35597