Discurso durante a 138ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação de confiança na seriedade de propósitos e forma de agir do Ministro da Fazenda, Guido Mantega. Considerações sobre reformulações que devem ocorrer na TV-Cultura, que poderá ser submetida a medidas de enxugamento e redução dos gastos. Homenagem ao Santos Futebol Clube pela conquista da Copa do Brasil de 2010.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. IMPRENSA. ESPORTE.:
  • Manifestação de confiança na seriedade de propósitos e forma de agir do Ministro da Fazenda, Guido Mantega. Considerações sobre reformulações que devem ocorrer na TV-Cultura, que poderá ser submetida a medidas de enxugamento e redução dos gastos. Homenagem ao Santos Futebol Clube pela conquista da Copa do Brasil de 2010.
Publicação
Publicação no DSF de 06/08/2010 - Página 40230
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. IMPRENSA. ESPORTE.
Indexação
  • COMENTARIO, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, DOCUMENTO SIGILOSO, INVESTIGAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), REGISTRO, CONFIANÇA, ORADOR, QUALIDADE, ATUAÇÃO, AUTORIDADE PUBLICA, ELOGIO, INICIATIVA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), DEMOCRATAS (DEM), DEFESA, REPUTAÇÃO, AUTORIDADE.
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ENTREVISTA, JOÃO SAYAD, PRESIDENTE, EMPRESA DE RADIO E TELEVISÃO, DOTAÇÃO ORÇAMENTARIA, SETOR PUBLICO, ESCLARECIMENTOS, SITUAÇÃO FINANCEIRA, PROCEDIMENTO, ALTERAÇÃO, PROGRAMAÇÃO, OBJETIVO, REDUÇÃO, DESPESA.
  • REGISTRO, HISTORIA, FUNDAÇÃO, EMPRESA DE RADIO E TELEVISÃO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, DIRETRIZ, PROGRAMAÇÃO, OBJETIVO, QUALIDADE, INFORMAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, CULTURA, MANIFESTAÇÃO, APOIO, ORADOR, SOLICITAÇÃO, COPIA, PROPOSTA, INOVAÇÃO, EMISSORA.
  • COMEMORAÇÃO, VITORIA, TIME, FUTEBOL, MUNICIPIO, SANTOS (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CAMPEONATO NACIONAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador José Nery, Srª Presidenta que assume neste instante, Senadora Serys Slhessarenko, gostaria, em primeiro lugar, de dizer da minha confiança na seriedade de propósitos e forma de agir, ao longo de toda sua vida, do nosso Ministro da Fazenda, Guido Mantega.

            Nesses últimos dias, saíram reportagens com manchetes a respeito de um possível dossiê, referindo-se a uma carta que seria apócrifa, relativamente a procedimento que teria ocorrido no âmbito do Ministério da Fazenda. Quero dizer que achei importante inclusive o depoimento, a declaração pública feita pelo ex-Governador José Serra, candidato à Presidência da República pelo PSDB e pelo Partido Democrata, quando afirmou que tem confiança na seriedade, na retidão do Ministro Guido Mantega.

            Eu achei isso muito importante porque, como seu colega, uma vez que somos professores na Fundação Getúlio Vargas e por tantos anos convivendo com o Ministro Guido Mantega, sempre tive nele o conhecimento de total seriedade na maneira como age, seja como ser humano, como pai, como professor, como um exemplo para todos aqueles que são seus alunos, mas também como Ministro da Fazenda. Ele hoje galgou um tal respeito, inclusive de todos os seus pares nos encontros internacionais. Lembremo-nos que Guido Mantega tem por vezes representado o Presidente Lula nos encontros do G-20 e do G-7, seja nos encontros realizados em Washington, em Nova Iorque, em Londres, em Paris ou em outras capitais do mundo, como em Tóquio. O Ministro Guido Mantega, muitas vezes acompanhado de empresários, tem tido sempre o respeito de todos pela maneira séria com que age.

            Então, avaliei inclusive como muito próprio que o candidato à Presidência, José Serra, para não falar, obviamente, da própria Ministra Dilma Rousseff, também quis dar o seu testemunho sobre a seriedade e a retidão do Ministro Guido Mantega.

            Mas eu quero, Srª Presidente, aqui falar uma palavra a respeito da TV Cultura, pois, nesses dias, foi anunciado que poderá haver medidas de enxugamento, de redução das despesas, dos gastos em geral da TV Cultura, uma vez que estaria havendo uma certa dificuldade financeira.

            Lembro que a Fundação Padre Anchieta é uma entidade de direito privado, instituída pelo Governo do Estado de São Paulo em 1969, sendo mantenedora de uma emissora de televisão, a TV Cultura e de duas emissoras de rádio, a Cultura AM e a Cultura FM, cujas atividades são sustentadas por dotações orçamentárias do Estado e recursos próprios obtidos na iniciativa privada. A meta da Fundação Padre Anchieta é oferecer à sociedade informação de interesse público e promover o aprimoramento educativo e cultural de seus telespectadores e ouvintes.

            Verifica-se que o objetivo da Fundação é estabelecer um nível adequado de informação e de crescimento cultural para a população paulista. Ao longo desses mais de quarenta anos, a TV Cultura consolidou-se como um verdadeiro patrimônio do povo do Estado de São Paulo. O maior montante do orçamento das emissoras da Fundação Padre Anchieta é oriundo de repasses de recursos públicos. E é importante, é prudente que modificações profundas sejam realizadas com o conhecimento, o debate de todos aqueles que se interessam e que aprenderam inclusive a admirar e respeitar as qualidades da TV Cultura, inclusive de alguns de seus programas, como o Castelo Ra-Tim-Bum, premiado no Brasil e no exterior, e o Roda Viva, que é um dos programas mais importantes da história dos debates, do telejornalismo.

            Eu, por diversas vezes estive no Roda Viva, seja como entrevistado seja como participante de entrevistas como, por exemplo, a do ex-Prefeito José Roberto Magalhães Teixeira. Fui convidado para entrevistá-lo quando ele apresentou o primeiro Programa de Renda Mínima associado à educação. Também fui convidado para estar presente e participei da entrevista com o Prêmio Nobel de Economia, Amartya Sem, e tantas outras entrevistas de extraordinária relevância e importância. Que bom que esse programa continue e possa ser cada vez melhor, assim como o Letra Livre, o Nossa Língua, o Metrópolis e tantos outros. São muitos os programas da TV Cultura, inclusive o seu programa natural de jornalismo, que sempre é muito importante e tem uma tradição de isenção, e espero que continue.

            Hoje, o Presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad, dá uma entrevista aos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo, em que procura esclarecer - vou ler alguns trechos - o que vai acontecer com a TV Cultura:

Nós reformulamos a grade de programação, o jornalismo, trouxemos a Marília Gabriela, e alguns programas vão ser terminados. E isso criou um ambiente explosivo, devido principalmente ao ano eleitoral. A ideia é racionalizar a televisão.

O diagnóstico dos senhores é de que há um certo inchaço?

Tem um certo inchaço, mas isso tem de ser visto caso a caso. Tem gente muito talentosa em todas as áreas.

            Eu quero ressaltar aqui... Claro que a Marília Gabriela é uma pessoa de excepcional talento, assim como também o é Heródoto Barbeiro, que tem estado à frente do programa Roda Viva. Eu espero que ele continue contribuindo, porque Heródoto Barbeiro constitui um patrimônio do jornalismo brasileiro como o principal chefe do jornalismo da CBN, mas, também na TV Cultura, se ele puder ficar, eu ficaria muito contente.

            Com respeito ao inchaço, sim, tem havido notícias, e muitas vezes, durante as campanhas eleitorais, se sabe, por diálogos de inúmeras pessoas, que ali por vezes há certo inchaço de pessoas que, em estando na folha de pagamento da TV Cultura, estão exercendo outras funções que não aquelas de propriamente contribuir para o aprimoramento dos programas de televisão e de rádio.

            Então, que o Presidente João Sayad esteja preocupado com isso e faça a devida redução com respeito àqueles que não contribuem efetivamente para os objetivos da TV Cultura, considero importante.

            Ele informa que não há proposta de se cortarem 1.400 pessoas. O que vai se ver, portanto, é caso e caso.

            E, com respeito à programação, ele informa que:

O Vitrine deverá ser suspenso para a reformulação. O Manos e Minas sai da grade, assim como o Login. Em compensação, haverá um jornal com debates todo dia. Teremos sessões de cinema em acordo com a Mostra de cinema em São Paulo.

[...] o Metrópolis será exibido todo dia, como parte do jornalismo.

A Maria Cristina Poli, por exemplo, dirigirá o novo Jornal da Cultura. Não temos recursos para fazer grandes investimentos, então deveremos cortas nas despesas de custeio.

Qual será a fatia cortada do custeio da emissora?

Algo em torno de R$10 milhões.

            Pois bem, com respeito à questão da audiência, menciona:

Audiência é algo que muda muito lentamente. Em 20 anos, a TV Globo perdeu audiência, mas algo em torno de 10%, 20%. Nós precisamos ter claro que a TV Cultura é um canal de difusão público. Então é preciso fazer programas que interessem ao público, mas que sejam diferentes da TV comercial. Não pode servir para veicular filmes que não deram certo, que só estão ali porque foram produzidos pelo Estado, pelo governo. Nós não temos essa obrigação. As mudanças serão para dar dinamismo. O Jornal da Cultura será basicamente de debates. Documentário que ficou chato ou feio, não é porque foi financiado pelo Estado que vamos ter de exibir. Hoje mesmo eu me reuni com o conselho de programação e apresentei a nova proposta.

            Eu gostaria de conhecer de perto essa proposta, porque, como admirador de toda a história da TV Cultura, me sinto como Senador responsável por também conhecer isso de perto. Vou pedi-la ao João Sayad, de quem sempre fui amigo, por quem tenho o maior respeito; sei das suas contribuições como Ministro do Planejamento, como Secretário de Cultura do Governo de Marta Suplicy. Portanto, é uma pessoa que tem tido diálogo ao longo da sua história com os mais diversos partidos políticos, e eu aqui registro o meu permanente diálogo com João Sayad, o testemunho da seriedade dele.

            Quero aqui registrar o quanto desejo colaborar para que a Fundação Padre Anchieta, a TV e a Rádio Cultura possam melhorar e serem emissoras que, cada vez mais, contribuam com inovações de interesse público para os meios de comunicação no Brasil e no interesse de todos os paulistas e de todos os brasileiros.

            Muito obrigado, Srª Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/08/2010 - Página 40230