O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Serys Slhessarenko, quero aqui falar, Srªs e Srs. Senadores, a respeito da decisão importante que espero possa acontecer para o Estado de São Paulo, para São Paulo, a capital em que resido e por onde sou Senador, no sentido de que possa ali a Copa do Mundo de 2014 possa ser realizada, no estádio mais apropriado.

            Antes de falar da visita que nós, os três Senadores - Aloizio Mercadante, Romeu Tuma e eu próprio -, fizemos hoje ao Ministro Orlando Silva, dos Esportes, ao Ministro Márcio Fortes, das Cidades, e também ao Ministro do Turismo, que nos recebeu, e ali falamos a respeito da nossa preocupação, quero dizer uma palavra sobre o tema que ainda ontem e hoje, em virtude do discurso da Senadora Marisa Serrano, nós nos posicionamos - e todos - com respeito a ponderar junto ao governo do Irã, aos órgãos de justiça do Irã para que realmente não punam a Srª Sakineh com pedradas até a morte pelo fato de - se é que efetivamente o cometeu, e após a morte do seu marido - cometer um adultério, na percepção.

            Com todo o respeito aos iranianos, é importante que eles percebam o avanço da humanidade ao longo de milhares de anos, inclusive desde as lições de Jesus, dizendo aos que iriam apedrejar Maria Madalena: “Atire a primeira pedra quem não tiver qualquer culpa”.

            Inclusive, quero aqui dizer que temos de ter uma preocupação com o Oriente Médio, sobretudo no sentido de aproximar os povos e de evitar a guerra de qualquer maneira, diante das últimas observações por parte do Secretário de Defesa dos Estados Unidos de que os Estados Unidos estão preparados para, eventualmente, realizar uma operação bélica contra o Irã, e também o Irã disse que, se houver qualquer ataque, irão de pronto reagir contra os Estados Unidos e Israel.

            Imaginem, parece até algo que não seria próprio para nós, depois de todas as experiências e de tantas guerras, da 1ª Grande Guerra Mundial, da 2ª Grande Guerra Mundial, da perda de milhões de pessoas. Ainda mais nesta época de armas tão modernas, Senador Fernando Collor, de armas nucleares, seria um verdadeiro desastre se todos nós, em todos os países, não estivéssemos alertando aos chefes de Estado que vamos evitar, de todas as maneiras, que possa acontecer uma guerra de tais proporções. Então, fica aqui o meu apelo, mas certamente teremos outras oportunidades de tratar desse tema.

            Mas, quando da nossa visita ao Ministro Orlando Silva hoje, expressamos como desejamos, como Senadores de São Paulo, contribuir para que, de fato, haja a realização da Copa do Mundo de 2014 em nossa capital e que ela possa ocorrer em local com maior viabilidade.

            Hoje, é fato que o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o chamado Estádio do Morumbi, do São Paulo Futebol Clube, é o de maiores proporções e, naturalmente - o bom-senso indica -, pode ser adaptado com as devidas melhorias, para que ali seja realizado o jogo inicial da Copa do Mundo. Certamente que atrairá a atenção de povos de todos os países, como aconteceu na abertura dos jogos do Campeonato Mundial de Futebol na África do Sul, na Copa deste ano, em que houve a presença de, digamos, mais de 50 Chefes de Estado e de milhares de pessoas, que para ali acorreram, para ver esse espetáculo formidável que emociona todas as pessoas do mundo.

            Nós ficamos maravilhados, ao ver como o futebol representa uma forma de congraçamento entre os povos do mundo. E bem percebeu o Presidente Nelson Mandela, há sete anos, o que, aliás, foi mostrado de uma maneira tão bela pelo diretor Clint Eastwood, em seu filme Invictus. Nelson Mandela, logo depois de ter sido eleito, promoveu um campeonato mundial de rugby de uma maneira tal, que pôde unir os negros e os brancos para todos torcerem para a África do Sul, de um modo como não acontecia antes. Ele, com sua percepção e sua intuição, propôs ao jogadores e ao próprio capitão - o melhor jogador do time de rugby, que era um branco da África do Sul -: “Quem sabe vocês possam fazer o treinamento da seleção ali, num bairro muito pobre, numa favela da África do Sul?”. E aquilo estimulou de tal maneira os meninos negros da África do Sul, que houve, então, aquele congraçamento. Em vez de haver conflitos no estádio, na hora do campeonato, o que houve foi um primeiro passo muito importante para tentar superar todos aqueles anos do Apartheid.

            O próprio Nelson Mandela, então, foi quem insistiu e teve o apoio do Governo brasileiro e da CBF, para que a Copa do Mundo de 2010 fosse realizada na África do Sul. E foi um sucesso perceber como as pessoas, em todo o mundo... Foi um sucesso perceber, por exemplo, a animação e a emoção dos espanhóis, ao receberem o seu time campeão do mundo; e dos holandeses, ao receberem o seu time, que ali, também, saiu-se tão bem.

            E eu, que estive no Uruguai há duas semanas, pude perceber a animação fantástica que aconteceu com os uruguaios, com os jovens. As crianças, no Uruguai, hoje, todas emocionadas com o fato de ter sido um de seus craques, o Furlan, considerado o melhor craque da Copa e de o Uruguai ter sido aquele time, entre todos os times das três Américas, que teve o melhor desempenho. Isso constituiu-se em algo fantástico, também do ponto de vista de os povos do mundo perceberem e conhecerem melhor não apenas o próprio futebol, mas também aquilo que vem junto, que é a arte do povo, a música do povo.

            Passamos a apreciar melhor a beleza das canções da África do Sul, que são cantadas com tanto ânimo, e a saber mais da sua cultura, desde a vuvuzela até tantas outras coisas que aconteceram no estádio. Vimos a animação dos jovens para com cada coisa que ali acontecia, tanto dos coreanos do norte e do sul, como dos japoneses, dos times da Europa, do time da Argentina, do Uruguai, do México, dos Estados Unidos. Ali, todos os povos tiveram a oportunidade, como poucas vezes acontece, de se conhecerem melhor.

            Se nós, hoje, temos a preocupação com uma possível guerra no Oriente Médio, o que percebemos é que o futebol, justamente, pode contribuir para que os povos se compreendam, para que se conheçam melhor e, assim, possam evitar a guerra.

            Eu sempre me recordo de quando a Seleção Brasileira de Futebol, em agosto de 2004, pouco depois da guerra civil do Haiti, foi recebida com tanto carinho pelo povo do Haiti, em que pese ter batido a seleção do Haiti por 6 a 0. O povo - eu estava lá no estádio com o Presidente Lula - aplaudia a seleção do Haiti e, depois, na hora dos gols, aplaudia os gols brasileiros. Eu acompanhei o Presidente Lula, quando foi ao estádio. Os jogadores - eram Ronaldo, Ronaldinho, Romário e outros - disseram ao Presidente Lula: “Pode contar conosco para outras ações desse tipo, para promover a paz”.

            Eu fiquei contente, quando ouvi o Presidente Lula dizer que a Seleção Brasileira está por realizar um jogo de futebol junto com israelenses e palestinos.

            Então, em 13 de janeiro de 2010, o Ministro Orlando Silva de Jesus Júnior, o Governador José Serra, o Prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo, e o Presidente do São Paulo Futebol Clube, Juvenal Juvêncio, estabeleceram um acordo. Assinaram um documento denominado Matriz de Responsabilidades, com o objetivo de viabilizar a execução das ações governamentais necessárias à realização da Copa das Confederações FIFA 2013 e da Copa do Mundo FIFA 2014 e, ao final, dizem que vão tudo realizar, para que possam os estádios estar concluídos para essas competições.

            E ainda há um termo de compromisso das autoridades citadas em que está dito:

(...)

VI - está disponível no BNDES linha de financiamento com parâmetros equivalentes aos estabelecidos na Resolução 3.801 do Conselho Monetário Nacional, para contratação de operações de crédito com vistas à construção e reforma dos Estádios que serão palco da Copa do Mundo, resolvem firmar o presente Termo de Compromisso, comprometendo-se a:

i) tomar as medidas cabíveis para que as intervenções necessárias no Estádio Cícero Pompeu do Toledo - “Estádio do Morumbi” sejam iniciadas até 1º de março de 2010;

ii) - concluir as obras do Estádio Cícero Pompeu de Toledo - “Estádio do Morumbi”, até 31 de dezembro de 2012, data limite para a entrega dos Estádios que servirão de palco para as Competições, completamente adaptado ao projeto inicialmente aprovado pela FIFA; e

iii) - disponibilizar todas as informações necessárias ao acompanhamento das ações relacionadas às Competições, em especial no que diz respeito à execução das obras do Estádio Cícero Pompeu de Toledo - “Estádio do Morumbi” para adequação às exigências da FIFA, com o intuito de alimentação e atualização do Sistema de Informações Gerenciais (SIG), que será criado e implantado pelo Governo Federal.

            O Ministro de Estado das Cidades, Márcio Fortes de Almeida, também assina com todos esses compromissos aqui assinalados.

            Portanto, os Senadores Aloizio Mercadante, Romeu Tuma e eu ficamos de marcar uma reunião proximamente com o Presidente do São Paulo Futebol Clube, Juvenal Juvêncio, com o Presidente da Federação Paulista de Futebol, com o Governador Alberto Goldman, com o Prefeito Gilberto Kassab, porque nós queremos que sejam tomadas as providências o mais rápido possível para a realização disso, já que estamos atrasados, Srª Presidente.

            O Governador de São Paulo, ainda nesta semana, disse que talvez não possa mais ser realizado isso no Morumbi ou que talvez só vai tomar iniciativa, a partir de janeiro de 2011, o governador que será eleito.

         Ora, essa é uma coisa para além dos partidos. Não importa se nós estamos hoje apoiando Aloizio Mercadante e se o Governador Alberto Goldman está apoiando Geraldo Alckmin. Geraldo Alckmin também torce pelo Santos. Nós, torcedores do Santos, eu e Aloizio; Romeu Tuma, pelo Corinthians; torcedores da Portuguesa, do Palmeiras, o que nós queremos é que São Paulo, que tem a maior rede hoteleira, o melhor sistema de transporte e de infraestrutura, possa realizar a Copa do Mundo. O que nós consideramos de bom senso é que, já que está pronto o Morumbi - o maior estádio que existe na nossa cidade -, vamos fazer todo o esforço para efetivar, Senador Romeu Tuma, este objetivo concreto.

            Inclusive, avisei, há pouco, ao Presidente Juvenal Juvêncio este nosso objetivo e como nós queremos ajudar o São Paulo, com todos os demais times, a realizar o objetivo de, o quanto antes, termos o Morumbi pronto para receber os jogadores de todas as nações do mundo e os povos do mundo que, ao virem a São Paulo, irão fazer com que melhorem significativamente as condições para sempre termos muito mais espetáculos culturais em São Paulo, uma vida muito mais rica para todos nós, paulistas e brasileiros.

            Peço que seja registrado este documento, Srª Presidente.

            Muito obrigado.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EDUARDO SUPLICY EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

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