Discurso durante a 140ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da demonstração de fé dos católicos capixabas na festa dedicada a Nossa Senhora da Penha, padroeira do Estado do Espírito Santo.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IGREJA CATOLICA.:
  • Registro da demonstração de fé dos católicos capixabas na festa dedicada a Nossa Senhora da Penha, padroeira do Estado do Espírito Santo.
Publicação
Publicação no DSF de 12/08/2010 - Página 42178
Assunto
Outros > IGREJA CATOLICA.
Indexação
  • REGISTRO, FESTA, HOMENAGEM, SANTO PADROEIRO, IGREJA CATOLICA, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), COMENTARIO, HISTORIA, CONSTRUÇÃO, TEMPLO, IMPORTANCIA, CRENÇA RELIGIOSA, POPULAÇÃO, REGIÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Espírito Santo demonstrou novamente, na última segunda-feira, a perene devoção dos fiéis católicos a sua padroeira, no encerramento da festa dedicada a Nossa Senhora da Penha.

           A manifestação religiosa que ocorre todos os anos, reunindo centenas de milhares de pessoas, é uma das maiores do País, e cresce a cada ano. Durante os 8 dias que antecedem seu término, o chamado oitavário, romarias, em número cada vez maior, partem de pontos diversos rumo ao Convento da Penha, hoje transformado no centro da espiritualidade capixaba.

           São romarias de homens, mulheres, motociclistas, ciclistas, cavaleiros, advogados, bombeiros, militares e moradores de localidades do Interior, que percorrem dezenas de quilômetros para homenagear Nossa Senhora da Penha. A Romaria dos Homens, que começou em 1958, é inédita no mundo, contando com mais de 150 mil participantes.

           A história dessa antiga devoção merece ser relembrada.

           A fé na protetora do Espírito Santo está vinculada à própria existência do Estado. Devemos a introdução do culto à Virgem ao irmão leigo franciscano frei Pedro Palácios, um espanhol que chegou ao território capixaba em 1558. Morava numa gruta ao pé do monte onde hoje, em Vila Velha, ergue-se o Convento da Penha.

           Pouco tempo após seu desembarque, frei Pedro ergueu na chapada junto ao cume da montanha uma ermida que dedicou a São Francisco de Assis, ornamentada por um painel de Nossa Senhora das Alegrias, que trouxera da Europa.

           De acordo com a lenda, a decisão de construir a ermida foi tomada depois que o painel, inicialmente colocado junto à gruta que lhe servia de moradia, desapareceu e foi encontrado na escarpa do morro. Instalado na ermida, sumiu mais duas vezes. Ao achá-lo no cume, entre duas palmeiras, frei Pedro interpretou os episódios como uma mensagem divina para que construísse uma igreja no topo do morro.

           Em 1568, com muitos sacrifícios, começou a edificação de uma capela no alto. Apesar da idade, frei Pedro ajudava a carregar os materiais necessários. Também mandou esculpir em Lisboa uma imagem de Nossa Senhora da Penha, que chegou ao Espírito Santo em 1569. Em primeiro de maio de 1570, no dia em que tocavam os sinos da capela, para festejar sua inauguração, frei Pedro Palácios morreu.

           Guardada a princípio por um grupo de devotos, a Capela da Penha foi entregue aos frades franciscanos em 1591. O Convento da Penha, tal como o conhecemos hoje, teve suas obras iniciadas na segunda metade do século 17 e terminadas em 1660, mas continuou a receber acréscimos.

           Erguido a 154 metros de altitude, o Convento hoje domina a paisagem de Vitória. É o principal monumento arquitetônico do Estado, de beleza inigualável, cercado por um fragmento da Mata Atlântica, e oferece a mais bela vista panorâmica das cidades da Grande Vitória.

           A imagem da Virgem da Penha que frei Pedro Palácios mandou confeccionar em Portugal, há mais de 4 séculos, continua no altar-mor, tendo ao seu lado anjos, querubins e imagens dos maiores santos franciscanos, São Francisco de Assis e Santo Antônio de Lisboa e de Pádua. É testemunha do início do povoamento das terras capixabas e da espiritualidade de seus habitantes. Em carta datada de 1532, o padre José de Anchieta já escrevia sobre a devoção a Nossa Senhora da Penha no Espírito Santo.

           Este ano, a Festa da Penha teve como tema “Maria, sinal de esperança para o mundo”. Foi uma escolha oportuna, pois encontra respaldo nas palavras do Papa Bento 16, que em agosto de 2008, por ocasião da solenidade de Assunção de Nossa Senhora, disse em sua homilia: “Diante do triste espetáculo de tantas falsas alegrias e de tanta dor que se difunde no mundo, devemos aprender com Maria e tornar-nos sinais de esperança e de consolação”.

           Nossa Senhora da Penha, e o santuário a ela dedicado, são motivo de justo orgulho para todos nós, capixabas. Que ela continue a proporcionar paz, conforto e proteção aos fiéis, e que a festa anual, com sua tradição secular, sirva, agora e nos anos futuros, de exemplo de apego à fé cristã.

           Era o que tinha a dizer.

           Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/08/2010 - Página 42178