Discurso durante a 145ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem à Maçonaria brasileira pelo transcurso do Dia do Maçom.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Maçonaria brasileira pelo transcurso do Dia do Maçom.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2010 - Página 43011
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, MAÇONARIA, RECONHECIMENTO, IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, MUNDO, REGISTRO, DIRETRIZ, LIBERDADE, IGUALDADE, SOLIDARIEDADE, INCENTIVO, COMPROMISSO, TRABALHO, PAZ, JUSTIÇA SOCIAL, ETICA, CIDADANIA, ELOGIO, INICIATIVA, ASSISTENCIA SOCIAL, ENGAJAMENTO, COMBATE, DROGA, MOBILIZAÇÃO, REPUDIO, CORRUPÇÃO, BUSCA, RENOVAÇÃO, POLITICA NACIONAL, DEFESA, SOBERANIA NACIONAL, REGIÃO AMAZONICA, CONGRATULAÇÕES, MEMBROS, HONRA, ORADOR, PARTICIPAÇÃO, ENTIDADE.

            O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mais uma vez o Senado Federal, acolhendo iniciativa do ilustre Senador Mozarildo Cavalcanti e de diversos outros Senhores Senadores, realiza Sessão em homenagem ao Dia do Maçom. A integração já tornada rotineira dessa data comemorativa ao calendário de eventos desta Casa constitui justo reconhecimento ao extraordinário papel desempenhado pela Maçonaria não apenas em nosso País mas em todo o mundo.

            Cada 20 de agosto renova-nos a oportunidade de destacar os nobilíssimos ideais que fundamentam a organização e o trabalho da Maçonaria Universal, ideais que coincidem, aliás, com os mais sólidos princípios humanistas. Assentada sobre os princípios fundamentais da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a Maçonaria orienta-se, também, pelos ideais da tolerância, da filantropia, da justiça e da busca da verdade.

            Para o verdadeiro maçom, sua data magna, que hoje comemoramos, constitui momento privilegiado para aprofundar seu comprometimento na defesa da justiça contra a tirania, da prevalência do espírito sobre a matéria, da harmonia das famílias, da concórdia dos povos, da paz entre as nações. Nesta data, revigoramos nosso amor à ciência, nossa disposição de combate à ignorância, nossa devoção à razão e à sabedoria. No 20 de agosto, robustecemos nossa disposição de exercer a caridade - sem distinção de raças, credos ou opiniões -, tonificamos nossa disposição de luta contra a hipocrisia e o fanatismo. No Dia do Maçom, alimentamos nosso sonho áureo, que é o da fraternidade universal entre todos os homens.

            Srªs e Srs. Senadores, nos dias em que vivemos - talvez mais do que em qualquer outra quadra da História -, mostra-se imprescindível o trabalho que a Maçonaria tem desenvolvido, ao longo dos séculos, de colaboração decidida ao progresso moral, intelectual, científico e filosófico da Humanidade.

            Agiganta-se, na atualidade, o poder das grandes corporações, sobrepondo-se ao poder dos próprios Estados nacionais e fazendo definhar a capacidade de influência dos cidadãos nos destinos das nações. Nesse contexto, a atuação desenvolta da Maçonaria na defesa dos valores universais que professa pode representar relevante contribuição para restaurar o equilíbrio no que tange à influência dos cidadãos nos rumos das sociedades em que estão inseridos e à projeção dessa influência no âmbito das relações internacionais.

            Com uma atuação desse jaez, a Maçonaria pode afirmar-se solidamente naquele que chamamos “mundo profano”, tanto pela universalidade dos valores que defende; como pelo fato de ser integrada por cidadãos de todas as origens, crenças e formações; como, ainda, pela sua presença em quase todos os países do mundo. Estudando questões de interesse nacional na perspectiva da defesa dos interesses dos cidadãos, integrando conhecimento e apresentando recomendações aos governos, a atuação da Maçonaria no “mundo profano” pode assumir notável destaque e representar eficaz contrapeso ao poder das grandes corporações.

            Além do domínio planetário dos conglomerados financeiros e industriais, nosso tempo é também marcado pela exacerbação dos fanatismos e da intolerância religiosa; pelo rápido aumento populacional nos países pobres e pelo declínio demográfico nas nações mais desenvolvidas; pela epidemia de AIDS, que continua a ceifar milhões de vidas a cada ano, especialmente na África e na Ásia; pela irresponsável degradação do meio ambiente; pela gestão imprevidente dos recursos não-renováveis.

            É bem fácil perceber que, por trás de todas essas mazelas, duas causas principais se destacam: a ignorância e a indigência de valores espirituais. Mais uma vez, portanto, evidencia-se a importante contribuição que a Maçonaria pode dar no enfrentamento dos graves problemas enfrentados pela humanidade neste século XXI. Cabe-lhe, por certo, um papel de relevo - suplementar àquele desempenhado pelas famílias e pelas escolas - na educação para os valores culturais e espirituais. Neste campo de batalha privilegiado para os lutadores maçônicos da atualidade, nossas armas de escolha serão o conhecimento, o coração, o espírito.

            O mundo em que vivemos se caracteriza, ainda, pelo infinito cabedal de informações que nos estão acessíveis mediante um mero clique no computador. Ao mesmo tempo, contudo, torna-se cada vez mais difícil assimilar e interpretar essa assombrosa quantidade de informação que as novas tecnologias tornam disponível, exatamente por seu volume avassalador. Desse modo, o próprio entendimento do mundo e de sua evolução torna-se mais inacessível. O homem que persevera na trilha do autoconhecimento e do aperfeiçoamento pessoal precisa, por isso, de um espaço propício para a reflexão, para o diálogo filosófico.

            Na sociedade contemporânea, tendem a imperar o individualismo, o consumismo, o hedonismo, a indiferença em relação aos semelhantes. Essa situação adversa aos valores humanistas faz crescer, em contrapartida, a aspiração dos homens de bem pela possibilidade de conviver em um ambiente de paz, de compreensão, de comunhão fraterna com todos aqueles que compartilham dos ideais iluministas.

            Para todos esses que estão sintonizados com os seus princípios de filantropia, de justiça, de solidariedade, de tolerância, de amor ao próximo, de busca da verdade a Maçonaria está aberta. No seio da grande família maçônica, entre irmãos, o homem moderno encontra o ambiente propício para o sagrado exercício da liberdade de pensamento, para a libertação da influência dos meios de comunicação, para o exercício de sua influência cidadã nos destinos da sua nação.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em âmbito mundial, a Maçonaria chega a reunir mais de 11 milhões de membros. A cada dia, nos mais diversos países, os maçons se dedicam a relevantes atividades de cunho cívico e filantrópico. Empenham-se na defesa da soberania, da liberdade e da democracia. Desenvolvem uma multiplicidade de iniciativas de natureza social altamente meritórias.

            Dentre tantas atividades, merecem ser ressaltadas a manutenção de creches e escolas para crianças carentes e portadoras de deficiência, o apoio a escolas de aprendizagem profissional e a sustentação de abrigos para idosos. A essas, somam-se as campanhas para prevenção ao uso de drogas e os programas para recuperação de viciados.

            No nosso País, são incontáveis os exemplos de iniciativas conduzidas pelos maçons. Dias atrás, a seção paraibana do Grande Oriente do Brasil, que já desenvolvia o projeto “Maçonaria contra as drogas e a favor da vida”, tornou-se parceira do Programa Estadual de Políticas sobre Drogas, implantado em abril último pelo Governo daquele Estado.

            No Município catarinense de Jaraguá do Sul e na região circunvizinha, integrantes da Maçonaria estão desenvolvendo a campanha “Sou Cidadão”. Diversos outdoors espalhados pela região alertam que os maçons estão vigilantes contra práticas que buscam lesar os cofres públicos.

            As mais de 1.700 Lojas e 54.000 irmãos de todo o Estado de São Paulo, por seu turno, decidiram resistir e oferecer combate à corrupção através de um programa de ação integrado. A Maçonaria paulista uniu-se incondicionalmente ao front da guerra legalista em prol do direito da cidadania à ética, à efetiva representatividade política e pelo resgate da dignidade no exercício do Poder.

            O Grande Oriente de São Paulo (federado ao Grande Oriente do Brasil), a Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo e o Grande Oriente Paulista, por intermédio de seus Grãos Mestres, anunciaram, na 3ª Carta da Maçonaria Paulista contra a Corrupção, que a Maçonaria Unida por São Paulo resolveu criar o MDIS - Movimento Dignidade e Inclusão Social.

            O objetivo do movimento é, segundo documento publicado na Internet, frear a ação “dos parasitas que infestam a Nação, saqueiam cofres públicos, proteínas da merenda escolar, remédios, sucateiam o sistema de saúde, ensino e o nosso futuro”. Ele pretende, também, “vencer a omissão e assumir novos desafios e responsabilidades na liderança de um movimento cívico em defesa da ética, dos valores morais, da Pátria, dos direitos civis e do pleno estado de Direito”.

            A Assembléia Geral da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, realizada em Belém, Capital paraense, entre os dias 10 e 15 de julho últimos, deu prioridade, nas suas discussões, aos temas da liberdade de expressão, voto consciente, probidade administrativa, proteção ao meio ambiente, segurança pública e combate às drogas. No documento intitulado “Proclamação ao Povo Brasileiro”, divulgado ao final da conferência, a Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil conclama o povo brasileiro para que, “unidos, continuemos na defesa intransigente da ética, da moral e da soberania nacionais”.

            Também as ameaças de internacionalização da Amazônia são objeto de preocupação da Maçonaria, que realizou, em 2008, um minucioso estudo sobre a questão. Presidido pelo advogado Celso Serra, integrante da histórica Loja Dous de Dezembro, o grupo de trabalho criado pela Maçonaria denuncia os erros cometidos pelo governo brasileiro na votação da Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro de 2006, e que, segundo o estudo, “abre caminho à possibilidade de perda da soberania nacional sobre a extensa região”.

            Diante dessa situação, segundo o irmão Celso Serra, “é necessário dar todo o apoio às Forças Armadas brasileiras, garantindo-lhes o direito pleno e irrestrito de mobilização por todo o território nacional, inclusive com reforço de verbas para preparação de pessoal, manutenção, reequipamento e aquisição de artefatos modernos, pois jamais conseguiremos defender e preservar a Amazônia brasileira, mantendo a soberania sobre ela, com equipamentos obsoletos e sucateados e sem contingente adestrado”.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os que acabamos de mencionar são apenas alguns entre incontáveis exemplos de relevantes iniciativas de cunho cívico e social levadas à frente em nossos dias pela Maçonaria, essa irmandade de homens livres e retos que, ao longo dos séculos, vem pugnando pelo progresso material e espiritual da humanidade.

            Assentada nos princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, tendo por lema “Ciência, Justiça e Trabalho”, a Sociedade Filosófica Maçonaria Universal inscreveu-se na história por seu engajamento nas lutas cívicas em prol dos direitos humanos fundamentais. Nossa Ordem é um bastião da humanidade pela significância pessoal e relevância cívica.

            Entre os símbolos da nossa irmandade, estão o malhete, o cinzel, o esquadro e o compasso. Eles representam os instrumentos que cada um de nós deve empregar na obra de edificação de nossos Templos interiores e na tarefa de desbastar e burilar a Pedra bruta que existe em cada um de nós. São belas metáforas para o objetivo maior da Ordem Maçônica: o contínuo aprimoramento do ser humano.

            Tenho grande orgulho em fazer parte dessa irmandade de princípios tão elevados e objetivos tão sublimes. Alegro-me, portanto, em congratular-me com os irmãos de todo o Brasil pelo transcurso deste Dia do Maçom.

            Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2010 - Página 43011