Discurso durante a 147ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexão sobre a atual campanha eleitoral.

Autor
Adelmir Santana (DEM - Democratas/DF)
Nome completo: Adelmir Santana
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Reflexão sobre a atual campanha eleitoral.
Publicação
Publicação no DSF de 24/08/2010 - Página 43079
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • ANALISE, SITUAÇÃO, ATUALIDADE, CAMPANHA ELEITORAL, CANDIDATO, SENADOR, DEPUTADO ESTADUAL, DEPUTADO FEDERAL, DEPUTADO DISTRITAL, GOVERNADOR, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PERDA, INTERESSE, POPULAÇÃO, FALTA, CONFIANÇA, POLITICO, NECESSIDADE, REFORMA POLITICA, REVISÃO, PROCESSO ELEITORAL, SISTEMA PROPORCIONAL, CRITICA, SUPERIORIDADE, NUMERO, CANDIDATURA, PARTIDO POLITICO, COLIGAÇÃO PARTIDARIA, EFEITO, DIVERGENCIA, RESULTADO, ELEIÇÕES, REPRESENTAÇÃO.
  • CONCLAMAÇÃO, ELEITOR, ATENÇÃO, ANALISE, CAPACIDADE, CANDIDATO, NECESSIDADE, CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO, IMPORTANCIA, ESCOLHA, REPRESENTANTE.

            O SR. ADELMIR SANTANA (DEM - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mozarildo Cavalcanti, Srªs e Srs. Senadores, estamos vivendo hoje, e já há alguns meses, um processo, eu diria, de seleção da classe política brasileira. Na verdade, me refiro, Sr. Presidente, à campanha eleitoral. Dois terços do Senado passarão por esse crivo do eleitor, assim como toda a Câmara Federal, as Câmaras Distritais ou as Assembleias Legislativas, os Governos Estaduais e a Presidência da República.

            Na caminhada que fazemos em busca desse processo, temos sentido, no dia a dia, uma certa apatia pela política e, em especial, pelos políticos. Notadamente nós, aqui do Distrito Federal, enfrentamos isso com muita nitidez, mas é preciso que todos nós compreendamos que o Brasil fez uma opção pelo sistema político representativo. É muito importante que o eleitor compreenda isto: que é chegada a hora de ele participar ativamente do processo eleitoral, porque depende dele a escolha dos futuros dirigentes, dos futuros Parlamentares, futuros Deputados Estaduais, Distritais, Federais, Senadores da República. A omissão do eleitor, certamente, é o pior caminho a ser seguido num processo como esse.

            Eu costumo sempre, Sr. Presidente, Senador Mesquita Júnior, fazer uma relação entre o processo seletivo que se dá hoje, para os futuros dirigentes da Nação brasileira, com os processos seletivos que fazemos ou que faríamos nas nossas empresas, nas nossas residências, nas nossas associações de classe. Por mais simples que eles sejam, simplificados, alguns mais apurados, quase sempre se observa o conteúdo de conhecimento do candidato, o conteúdo da sua trajetória, o que fez, o que faz, o que poderá fazer.

            Muitas vezes, no processo eleitoral, nós, os eleitores, não levamos isso em conta. Fazemos as nossas escolhas de última hora, sem muita análise, e olhe que esse processo seletivo dos homens que haverão de ser os futuros legisladores, tanto aqui como na Câmara dos Deputados, dos futuros dirigentes, Governadores e do Presidente da República, passa pelo maior volume de pessoas possível, que farão essa seleção. Veja, Sr. Presidente: na empresa, na residência, às vezes é uma única pessoa, são os recursos humanos, é a dona da casa, é o dono da casa, do escritório. Ainda assim, vai-se profundamente na análise desses candidatos. Como é que vamos entregar uma procuração em branco para homens que vão legislar, homens que vão dirigir o País, sem fazer uma análise?

            Eu concito todos os eleitores: não se afastem desse processo, atentem para o momento que estamos vivendo, de grande importância política, porque a política, na verdade, é a igreja da Nação. Os homens que dirigem o País serão escolhidos pelos eleitores, e os eleitores têm de ir profundamente no processo de análise para que tenhamos uma melhor representação, para que tenhamos pessoas mais representativas, com compromissos com a população, com compromissos com a sua cidade, com compromissos com o seu País, com compromissos com o seu Estado.

            É importante, portanto, que nós todos, todos nós, eleitores, façamos uma análise apurada dos candidatos que são apresentados, porque só teremos condições de corrigir os nossos erros daqui a quatro anos ou, no caso do Senado, daqui a oito anos. A democracia é boa, porque permite esse processo de revisão, permite que ratifiquemos os nossos acertos, ou corrijamos os nossos defeitos, ou os nossos desacertos nas escolhas, mas somente após quatro anos.

            Nós estamos numa empreitada eleitoral, em contato permanente com a população e com o eleitor, e sentimos uma verdadeira apatia e dificuldades em entender o processo político, processo político esse que precisa, urgentemente, ser reformulado. Não é possível que ainda venhamos a ter eleições, daqui a quatro anos, dentro do processo que enfrentamos hoje. Parece-me que se exauriram a questão do voto proporcional, a questão das coligações que, muitas vezes, ocorrem antes do processo eleitoral, antes mesmo da eleição.

            Quando criamos, na Constituição de 1988, a figura da reeleição, a figura dos dois turnos da eleição, na minha visão, era necessário que para cargos executivos tivéssemos candidatos de todos os partidos, porque, aí, veríamos qual é a aceitabilidade, qual é a aceitação desse partido. No segundo turno, no instituto do segundo turno, aí, sim, seria o voto da escolha e da razão. O voto no primeiro turno seria o voto da paixão, o voto do amor partidário.

            Sr. Presidente, Senador Mozarildo, tenho sentido, nas caminhadas, que as pessoas estão apáticas, mas não desatentas, e que, certamente, haverão de dar respostas, na eleição de 03 de outubro, àqueles que não honraram os compromissos, àqueles que não souberam representá-los condignamente, àqueles que receberam a procuração para representá-los e, muitas vezes, representaram grupos ou interesses que não são compatíveis com o interesse da sociedade.

            Estou convencido de que se todos nós, sociedade como um todo, associações de classe, partidos políticos, sindicatos, tivéssemos o compromisso de começar, desde agora, a mostrar a importância do voto, ainda assim levaríamos muito tempo para melhorar sobremaneira o nível da representação política do País.

            O volume de candidatos, o volume de partidos existentes confunde o eleitor. As coligações, das mais diversas, também confundem o eleitor. O eleitor está atônito com determinados tipos de coligação e, muitas vezes, escolhe um candidato. Quase sempre, esse voto não significa a eleição da sua escolha, mas a eleição de um outro candidato que nada tem a ver com a sua preferência, em razão de um sistema que, como eu disse, me parece exaurido, que é o sistema proporcional.

            Nas andanças que faço aqui, pelo Distrito Federal, vejo que, e todos nós sabemos, temos Deputados Distritais. Poderíamos ter aproveitado para fazer um teste do voto distrital e ter dividido o Distrito Federal em 24 distritos, para verificar quem, de fato, representa esses distritos, mas o que vemos aqui é uma eleição majoritária para todos os candidatos. Mais de 800 candidatos a Deputado Distrital disputam a eleição em todos os rincões, e muitas vezes, após a eleição, não sabem, efetivamente, qual foi o seu eleitor.

            É preciso que nós todos - eu, praticamente, estou-me despedindo do Senado nos próximos meses, porque sou candidato a Deputado Federal - tenhamos preocupação com uma reforma profunda, uma reforma política, uma reforma eleitoral, para que, de fato, aqueles que sejam eleitos representem a vontade do eleitor e não apenas a vontade que foi decidida nos processos de coligações e de escolhas partidárias.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, concito, meu caro eleitor de Brasília, 1.840.000 selecionadores, que vão fazer o processo seletivo de 8 Deputados Federais, 24 Deputados Distritais, 2 Senadores e o Governador do Distrito Federal: examine, com atenção, com cuidado. Faça as suas escolhas antecipadamente. Não deixe para fazer as escolhas na véspera da eleição, pois quase sempre são feitas por impulso e pela força da propaganda de boca de urna que se dá no dia da eleição.

            Tenho o temor de que as escolhas possam se dar em cima daqueles que detêm o poder econômico, em cima daqueles que têm maior força para se mostrar à população, porque é impossível que qualquer cidadão, qualquer um de nós tenha a oportunidade de ter contato com 1.840.000 eleitores no decorrer da campanha.

            Muitas vezes sou questionado: como os políticos só aparecem durante a campanha? E eu tenho a resposta: aqueles que aparecem antes e que são detentores de mandato certamente o fazem porque não estão cumprindo com o seu dever, porque o dever é de representá-los, é de participar dos debates, é de participar das comissões, é de participar do plenário, discutindo as questões que afligem a nossa sociedade.

            Então, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, faço esse desabafo; um desabafo que é, ao mesmo tempo, um convite ao eleitor para analisar os nomes dos candidatos, para fazer uma análise aprofundada e dar o seu voto consciente, um voto estudado, porque você, eleitor, é o selecionador da classe política futura que dirigirá o País. Volto a dizer: são dois terços do Senado. Votaremos em dois Senadores, em cada unidade da Federação, e aqui em Brasília serão 8 Deputados Federais, 24 Deputados Distritais e o Governador do Distrito Federal.

            Fiquem atentos, participem, ouçam, verifiquem e acompanhem a campanha eleitoral para que as escolhas sejam as melhores e para que tenhamos, efetivamente, uma representação que seja o anseio, o desejo da população; que sejam eleitos os melhores para dirigir a nossa Nação, o nosso Distrito Federal e o País.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/08/2010 - Página 43079