Discurso durante a 147ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre anúncio intitulado "Eu voto na Educação", publicado na imprensa nesta semana. Manifestação de apoio ao movimento "Todos pela Educação".

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO. ELEIÇÕES.:
  • Comentários sobre anúncio intitulado "Eu voto na Educação", publicado na imprensa nesta semana. Manifestação de apoio ao movimento "Todos pela Educação".
Publicação
Publicação no DSF de 24/08/2010 - Página 43080
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO. ELEIÇÕES.
Indexação
  • ELOGIO, INICIATIVA, GRUPO, EMPRESARIO, PROFESSOR, INTELECTUAL, MANIFESTAÇÃO, APOIO, EDUCAÇÃO, PAUTA, CAMPANHA ELEITORAL, CONCLAMAÇÃO, ELEITOR, IMPORTANCIA, MATERIA, NECESSIDADE, ANALISE, EFICACIA, PROPOSTA, CANDIDATO.
  • LEITURA, TRECHO, PRONUNCIAMENTO, JORNALISTA, REGISTRO, AUSENCIA, GARANTIA, TOTAL, CRIANÇA, ACESSO, APRENDIZAGEM, COMENTARIO, ORADOR, NECESSIDADE, PROMOÇÃO, PERMANENCIA, ALUNO, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, CONTRIBUIÇÃO, CONTINUAÇÃO, ESTUDO.

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as revistas desta semana, Senador Mozarildo, trazem muitas notícias que merecem comentários. Eu vou comentar não a notícia, mas sim um anúncio. Refiro-me ao anúncio promovido por um grupo de empresários, professores, intelectuais, que se chamam entre eles de Todos Pela Educação, liderados por pessoas como a Srª Milú Villela, como Gerdau e outros empresários.

            Esse grupo vem, já há alguns anos, lutando para que a educação entre na pauta das principais razões do exercício da política e, paralelamente, tentando animar aqueles que fazem a educação com sugestões, com apoios, para que, antes mesmo que a política resolva o assunto, cada professor, cada funcionário da educação consiga melhorar.

            Esta semana eles colocaram um anúncio cujo título grande é: “Eu voto na educação”. E no final, bem claro, é preciso dizer que o Todos Pela Educação não apoia candidato ou partido, não é um movimento partidário, não é um movimento com candidato. É um movimento cujo candidato, se existir, é a educação. Fizeram um anúncio de página inteira, em revistas de circulação nacional, escrito “eu voto na educação”.

            E o que quero ler é uma frase ou duas do muito conhecido jornalista Heródoto Barbeiro - que todos no Brasil hoje conhecem -, com a foto dele, em que ele diz:

Hoje, no Brasil, infelizmente, ainda não garantimos o direito de todas as crianças e jovens à aprendizagem. Como vamos mudar isso? Prestando atenção de verdade nas propostas dos candidatos para melhorar a qualidade da educação. Propostas concretas e sem enrolação.

            Venho aqui trazer, primeiro, o meu apoio ao movimento Todos Pela Educação, movimento esse que mostra que nossos empresários não estão distraídos diante do risco que a Nação brasileira corre por conta da má educação das nossas crianças, que, em breve, serão adolescentes; imediatamente, jovens; e, depois, serão as forças vivas do nosso País. Forças vivas, Senador Mozarildo, que estarão absolutamente despreparadas para a realidade do século XXI.

            Aqui, quero dar o meu apoio a esse movimento, do qual faço parte, como tantos outros, por solidariedade e simpatia, e comentar um pouco a frase do Heródoto Barbeiro. Quando ele diz “Hoje, no Brasil, infelizmente, ainda não garantimos o direito de todas as crianças e de todos os jovens à aprendizagem”, isso é importante. O Heródoto percebeu algo que muitos não percebem. Hoje, no Brasil, há uma euforia e uma comemoração pelo fato de que temos mais de 95% das crianças matriculadas. Mas ele traz a dimensão correta: a dimensão correta não é a matrícula, é a aprendizagem. A aprendizagem exige a matrícula, mas exige a frequência; exige a constância de, um dia depois do outro, ir à escola; exige a permanência de ficar o dia inteiro na escola; exige a permanência de ficar até o fim do ensino médio; e exige chegar ao fim, tendo aprendido o que é necessário para ser um eficiente cidadão. E faço questão de enfatizar o termo “eficiente”, porque o ensino apenas da cidadania política não basta para fazer um país desenvolvido e rico. Não basta. É preciso a cidadania da consciência, mas é preciso a cidadania de um ofício, do conhecimento, sem o que um país não avança.

            É isso, Senador Mozarildo, que eu queria trazer aqui hoje: pura e simplesmente, registrar meu otimismo, quando vejo que há um grupo de pessoas, entre essas pessoas grandes empresários do País, que se anima a criar um movimento chamado Todos Pela Educação. E colocam recursos em revistas, um mês e meio antes das eleições, para chamar a atenção, alertar o eleitor, primeiro, para a importância da educação, mas, segundo, para esta frase final de Heródoto, que diz: “Propostas concretas e sem enrolação.”

            Há muita gente por aí fazendo proposta de enrolação. Simplesmente dizer que se vai aumentar as verbas para a educação é uma enrolação. Tem de saber para onde vai esse dinheiro. Hoje, se chover dinheiro no quintal de uma escola, na primeira chuva, vira lama: as cédulas misturadas com areia. É preciso saber como transformar esse dinheiro em resultados, senão, é enrolação. Outros dizem que vão aumentar as matrículas das escolas técnicas. Dizer puramente isso é enrolação, porque é preciso dizer quantas serão; quanto custarão e, sobretudo, dizer de onde virão os alunos, porque senão eles não farão o curso. Dizer que se vai aumentar o número de universidades estatais é enrolação, porque é preciso dizer, em primeiro lugar, de onde virão os recursos e que alunos vão fazer essas universidades - já que hoje já sobram alunos nas universidades -, além do potencial de aprendizagem que eles têm. É preciso olhar, como diz essa matéria, como diz essa publicidade, com seriedade as propostas.

            Eu fico muito feliz em ver que há um grupo de pessoas alertando os candidatos, para que se preocupem com esse tema, e os eleitores, para que escolham os candidatos que falam desse tema, que o propõem e que não enrolam, que dizem como fazer.

            Sr. Presidente, eu queria usar desta tribuna para isso, que eu considerei como uma comunicação inadiável, porque as eleições estão perto, estão próximas. Sem alertar para isto, nós podemos perder mais uma chance no Brasil.

            Parabéns àqueles que fazem o Todos Pela Educação.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/08/2010 - Página 43080