O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Agradeço ao Senador amigo e primo Mozarildo Cavalcanti pelo pronto registro da nossa intenção de fazer este registro no dia de hoje.

            Na verdade, caro e nobre Senador Mozarildo, desde criança, eu olhava a data 24 de agosto com muita superstição. Na minha terra, quando jovem, quando criança, era dito que era o dia em que o diabo estava solto. É uma dessas crendices populares que, na verdade, a gente não sabe se toma cautela ou se... Dizem que caldo de galinha e cautela é sempre bom, mas, na verdade, o dia 24 de agosto sempre foi o dia em que, no Brasil, houve algumas coincidências que foram muito marcantes.

            Na manhã de hoje, exatamente, eu tinha a intenção de estar nesta tribuna fazendo esta referência sobre o dia 24 de agosto e, na verdade, abordar os 56 anos da morte de Getúlio Vargas, que foi exatamente no dia 24 de agosto, e busquei algum elemento. Eu tinha interesse de fazer esta comunicação e procurei ver qual a melhor forma. Coincidentemente, tive acesso a um jornal que leio, na medida do possível, diariamente, que é a Folha de S.Paulo. Considero alguns jornais muito importantes para mim, no meu dia a dia. A Folha de S.Paulo é um deles, o Correio Braziliense é outro. Para quem quer se inteirar de Brasil, eu acho que a Folha é formidável; para quem quer se inteirar de Brasília, o Correio Braziliense é formidável. Eu não poderia deixar de também aqui fazer referência ao Correio da Paraíba, pois, para quem é da Paraíba, este jornal também é leitura indispensável.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o jornal Folha de S.Paulo de hoje traz artigo intitulado “A obra de Getúlio”, assinado por Antonio Neto, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial.

            O artigo traça um perfil sobre Getúlio Vargas e seus reflexos para o Brasil e fala como o Governo Lula herdou a obra do Brasil nação iniciada por Getúlio Vargas. O texto do artigo supracitado caiu assim de forma esplendorosa no sentido de permitir esta homenagem que fazemos, neste momento, da tribuna do Senado, rendendo exatamente esse tributo a Getúlio Vargas.

            Peço permissão para ler o texto deste artigo extraordinário, publicado na Folha no dia de hoje:

Getúlio Vargas foi, sem dúvida, o melhor presidente do Brasil [diz o jornalista Antonio Neto]. Liderou os partidos, governou com todas as classes sociais e foi amado pelo povo. Enfrentou e venceu as oligarquias. Criou, a partir da Revolução de 30 [uma revolução muito significativa lá para o Estado da Paraíba, pelos seus reflexos, pelas suas consequências, pelo registro da morte de João Pessoa], uma nação soberana e independente.

Os trabalhadores passaram a sonhar e a lutar por uma vida mais digna, bem como pelo direito de olhar para os seus filhos e dizer que eles terão oportunidades de se alimentar, estudar e crescer, como todos os cidadãos.

Vargas criou as leis trabalhistas e alicerçou o desenvolvimento do país. Foi ele o criador da Petrobras. Com sua morte, evitou o golpe de 1954. Por causa dele, a Petrobras rasgou o subsolo e entrou pelo mar.

[...]

Cinquenta e seis anos após seu suicídio, tudo o que o presidente fez é atual. Tudo o que ele disse também. Getulio pôs em prática o que dizia em seus discursos. Sabia que a sua obra era o início do que viria depois, no futuro. E que, um dia, os trabalhadores chegariam ao governo. Como aconteceu com Lula.

[...]

Fundador dos extintos PSD e PTB, ele ensinou que só é possível para um país se desenvolver se a finalidade for a de proporcionar aos homens, mulheres e crianças a existência digna, segura, próspera e confortável a que têm direito.

Ele deu prioridade à planejada presença do Estado na economia.

O presidente sabia que, sem incentivos adequados aos empresários e aos trabalhadores e sem a participação do Estado, não há desenvolvimento pleno.

Foi necessário passarmos pela consumada leviandade do neoliberalismo para que o povo absorvesse com mais profundidade os ensinamentos que defendem o desenvolvimento e têm a ver com as ideias de Vargas.

Hoje, está à frente do governo brasileiro um trabalhador que se despede da Presidência da República após oito anos de administração pelo voto popular.

Lula trouxe de volta a obra getulista. Reestruturou o Estado e diminuiu as distâncias sociais entre os brasileiros, aumentadas a partir do golpe de 1964.

Para prosseguir com a obra do Brasil nação iniciada por Getulio, o Governo Lula teve como base, entre outras coisas, o Programa de Aceleração do Crescimento, a reconstrução da Petrobras, a valorização gradual e constante do salário mínimo, a geração de empregos e a preocupação com as questões sociais.

O compromisso dos trabalhadores e dos cidadãos engajados no trabalhismo histórico é o de completar a obra de Getulio.

Os herdeiros de Vargas são todos os que formam o povo brasileiro.

O nome do presidente Getulio é a nossa bandeira de luta. Usaremos os seus ensinamentos, sempre, para ajudar a desenvolver este país até a sua plenitude.

            Assim finaliza Antonio Neto neste seu artigo, no qual peguei carona exatamente para homenagear o homem público, a figura do ex-presidente, cuja morte, na data de hoje, completa 56 anos. Parabéns à visão, à capacidade de entender o Brasil nação 56 anos atrás.

            Era o registro, Sr. Presidente, que eu tinha a fazer e que, na verdade, era inadiável por ser hoje dia 24 de agosto de 2010.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.