Discurso durante a 149ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem aos membros do Exército Brasileiro, por ocasião do transcurso, hoje, do Dia do Soldado. Registro de que estaria sendo sancionado pelo Presidente Lula, o projeto de lei complementar chamado de "Nova Defesa", que unifica as operações das três Forças Armadas ao reestruturar o Ministério da Defesa e o Estado Maior da Defesa, criando o Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, a ser chefiado por um oficial general de último posto.

Autor
Sérgio Zambiasi (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RS)
Nome completo: Sérgio Pedro Zambiasi
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. FEMINISMO. FORÇAS ARMADAS.:
  • Homenagem aos membros do Exército Brasileiro, por ocasião do transcurso, hoje, do Dia do Soldado. Registro de que estaria sendo sancionado pelo Presidente Lula, o projeto de lei complementar chamado de "Nova Defesa", que unifica as operações das três Forças Armadas ao reestruturar o Ministério da Defesa e o Estado Maior da Defesa, criando o Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, a ser chefiado por um oficial general de último posto.
Publicação
Publicação no DSF de 26/08/2010 - Página 43186
Assunto
Outros > HOMENAGEM. FEMINISMO. FORÇAS ARMADAS.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, CONTRIBUIÇÃO, PROGRESSO, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, CRIAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), AMPLIAÇÃO, DIREITOS E GARANTIAS TRABALHISTAS, DIREITOS, VOTO, MULHER.
  • ELOGIO, INICIATIVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, BUSCA, DIRETRIZ, POPULARIDADE, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • COMENTARIO, ATUAÇÃO, ORADOR, DEFESA, DIREITOS, MULHER, ESPECIFICAÇÃO, LUTA, PIONEIRO, FEMINISMO, POSSE, CONSELHEIRO, TRIBUNAL DE CONTAS, APOIO, ELEIÇÃO, VEREADOR, MUNICIPIO, PORTO ALEGRE (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), IMPORTANCIA, AUMENTO, PARTICIPAÇÃO, POLITICA.
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, SOLDADO, LEITURA, TRECHO, TEXTO, POETA, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), COMENTARIO, ORADOR, BIOGRAFIA, DUQUE DE CAXIAS (RJ), VULTO HISTORICO, PATRONO, EXERCITO, IMPORTANCIA, MILITAR, LUTA, GUERRA, MANUTENÇÃO, PAZ, AUXILIO, POPULAÇÃO, VITIMA, CALAMIDADE PUBLICA, DEFESA, FRONTEIRA, MISSÃO, APOIO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), ESPECIFICAÇÃO, HOMENAGEM POSTUMA, ABALO SISMICO, PAIS ESTRANGEIRO, HAITI.
  • REGISTRO, SANÇÃO PRESIDENCIAL, LEI COMPLEMENTAR, UNIFICAÇÃO, OPERAÇÃO, MARINHA, EXERCITO, AERONAUTICA, REESTRUTURAÇÃO, MINISTERIO DA DEFESA, REFORMULAÇÃO, ESTADO MAIOR DAS FORÇAS ARMADAS (EMFA), INCLUSÃO, PARTICIPAÇÃO, CIVIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Obrigado, colega e companheiro Mozarildo Cavalcanti.

            Com muita honra, ocupo esta tribuna. E quero unir-me às suas palavras, tanto às de ontem quanto às de hoje e quanto às de sempre, porque o Senador Mozarildo, toda vez que ocupa esta tribuna, tem sempre trabalhado com extrema responsabilidade sobre temas de interesse tanto do seu querido Estado de Roraima, quanto dos temas que envolvem o Brasil inteiro. E cá estamos os dois extremos: o extremo do Brasil, no sul, está no Chuí, mas o extremo do Brasil, no norte, está lá em Roraima, no Monte Caburaí. Nós falamos sempre “do Oiapoque ao Chuí”, mas, na realidade, é do Caburaí ao Chuí. E eis que estamos aqui nesta feliz coincidência: os dois extremos unindo o nosso Brasil.

            Ontem o Senador Mozarildo, representando esta Casa e também o nosso PTB, pronunciou-se em relação à história de Getúlio Vargas, aos seus feitos. Acho que sempre é bom trazer a esta tribuna a memória de um verdadeiro estadista, independentemente das circunstâncias.

            Muitos lembram os momentos duros do Governo Vargas, mas devemos também reconhecer os avanços que Vargas protagonizou para o Brasil corajosamente. É bom sempre recordar que a previdência social, o salário mínimo, a Petrobras, o voto feminino, os direitos trabalhistas nasceram do Governo Vargas, que é o grande patrono do Partido Trabalhista Brasileiro. Não poderíamos deixar de somar isso.

            Ouvindo as manifestações, ontem e hoje, em relação aos 56 anos da morte de Getúlio Vargas, lembrei-me da presença do Presidente Lula em Porto Alegre no dia 24 de agosto de 2007, quando lançou, na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, ao lado da então Chefe da Casa Civil, Ministra Dilma, uma das ações do PAC, que são as obras que promovem a verdadeira integração, o verdadeiro sentido da cidadania, o Programa “Minha Casa, Minha Vida”, além das obras na área do saneamento básico na região metropolitana. Porto Alegre e muitas cidades da região metropolitana da Capital gaúcha ainda têm sérios problemas no saneamento básico.

            Guardo bem na memória a manifestação do Presidente Lula. Lá estávamos os representantes da Bancada gaúcha, junto com a então Chefe da Casa Civil, a Ministra Dilma, e o Presidente Lula, e ele citava, na inspiração em Getúlio Vargas, um Presidente popular, com percepção dos sentimentos populares, entendia que inclusão social nascia dessas coisas aparentemente simples porém decisivas na vida de cada um, a partir de qualidade de vida, a partir do seu endereço, da moradia. Aqueles atos realmente repercutiram intensamente no sul do País, que é o meu Estado do Rio Grande do Sul.

            Também me associo a todas as manifestações, Senadora Níura Demarchi, nossa vizinha de Santa Catarina, que nos orgulha, nos honra muito com a sua presença, a presença feminina aqui no plenário do Senado. A presença da Senadora Níura aqui mostra a importância da mulher no plenário do Parlamento. Nós precisamos que as mulheres ocupem mais espaço. Já temos alguns, os espaços já foram menores, e, a cada eleição, é importante que as mulheres entendam a importância da sua participação nas eleições ocupando esses espaços. Mulher é maioria nas eleições, o voto feminino é maioria, o que falta ainda é a mulher estar estimulada a participar.

            Nós temos a questão das quotas, mas elas ainda são insuficientes, porque as quotas não estão preenchidas. Então, falta um trabalho mais forte, que está acontecendo, para que, a cada eleição, tenhamos mais mulheres participando, de maneira que o Parlamento também se equilibre. Nas outras atividades já começou a equilibrar e, às vezes, até há uma certa vantagem feminina em inúmeras atividades. A base do Judiciário já está muito bem contemplada com as mulheres, porque elas estão se dedicando muito, passando em concursos e ocupando esses espaços. Mas o Parlamento ainda está deficitário.

            Por isso, a presença da Senadora Níura é algo que deve não apenas ser comemorado, mas temos que entender a importância da mulher presente aqui.

            Digo isso com a tranquilidade de, lá no meu Estado, ter trabalhado para que o Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul tivesse a sua primeira mulher. Foi um trabalho muito intenso o que eu fiz. Terezinha Irigaray foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira como Conselheira do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul. Tive uma intensa participação nisso. Foi no Governo Britto.

            Eu também tive uma bela participação quando Porto Alegre elegeu, pela primeira vez na sua história democrática, em duzentos e trinta e tantos anos, uma negra como Vereadora. Eu tive o privilégio e o prazer de estar ao lado de Teresa Franco, conhecida popularmente como Nega Diaba. Nega Diaba pela coragem, Senador Mozarildo, pela determinação nas lutas em defesa daquelas periferias desassistidas. Naquela época, o ex-Ministro Tarso Genro era Prefeito, e lembro que ela era muito respeitada, a Nega Diaba, como Vereadora. Às vezes, quem não conhece um pobre, um periférico, alguém que carrega no nome o peso das suas lutas, da sua determinação, acaba imaginando o ridículo. Muito pelo contrário. Ela era uma daquelas que, quando ligava para o então Prefeito Tarso Genro, era atendida na hora, porque ele sabia que era sério, sabia que lá naquelas periferias onde ela estava havia alguém precisando da mão do Governo. Por isso, ele atendia realmente numa linha direta, algo que sempre fica muito forte.

            Ainda dentro dessa linha, tive também o privilégio de participar da eleição da primeira Senadora da história política do Rio Grande do Sul, a ex-Senadora Emília Fernandes, hoje Deputada Federal.

            Tive muito orgulho de participar de todos esses movimentos.

            Mas o que me traz aqui hoje é o que trouxe outros colegas que já se manifestaram: a passagem do Dia do Soldado, o soldado brasileiro. No transcurso hoje do seu dia, muitas cerimônias militares estão acontecendo em todo o Brasil. Lá no meu Rio Grande, em Santa Maria, o coração do Rio Grande do Sul, a data foi celebrada hoje de manhã com uma belíssima formatura do Regimento Mallet, que conta com efetivo de cerca de seis mil militares.

            A data tem por objetivo homenagear o trabalho dos membros do Exército Brasileiro e foi instituída em homenagem a Luís Alves de Lima e Silva, o Patrono do Exército Brasileiro, nascido em 25 de agosto de 1803. Com pouco mais de 20 anos, já era Capitão, Luís Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias, lutou e defendeu o Brasil em confrontos externos e internos.

            Soldado é uma graduação do fundo da hierarquia militar. O termo soldado deriva do latim solidarius. A carreira de soldado proporciona ao jovem o aprendizado de valores como disciplina, organização, amor à Pátria, solidariedade e perseverança, entre vários outros que orientam suas atividades dentro e fora do quartel. O soldado exerce atividade em tempos de guerra e na manutenção da paz dentro e fora do País, prestando auxílio à população em situações de calamidade.

            Mas, Presidente Mozarildo Cavalcanti, muito mais importante do que lembrar os feitos históricos do nosso mui digno Patrono Duque de Caxias e dos primórdios da nossa história militar, penso que esta data deve servir para reflexão de cada brasileiro e brasileira, fardados ou não, acerca do seu comprometimento e amor por nosso Brasil. Nós, gaúchos, temos isso muito arraigado em nossas raízes, talvez porque sejamos o Estado onde ainda se concentra a maioria dos quarteis do País em razão das nossas fronteiras com a Argentina e com o Uruguai.

            Não que hoje tenhamos necessidade, muito pelo contrário; nós temos relações extremamente fraternas tanto com Argentina quanto com Uruguai, mas ocorreram tempos em que havia sempre temores - que, felizmente, nunca se confirmaram - de eventuais conflitos e, por essa razão, nós temos as fronteiras mais vivificadas do Brasil. São as fronteiras do Rio Grande do Sul com o Uruguai e com a Argentina, onde existem mais cidades, mais povos, mais cidades gêmeas, cidades de fronteiras: ficam exatamente nestas duas regiões, lá com o Uruguai e com a Argentina. Então, hoje, nós temos um trabalho fraterno, irmão, em que o Exército brasileiro presta um serviço extremamente importante para o lado de cá da fronteira, mas, quando é preciso, sempre tem um gesto de solidariedade para com o outro lado também.

            Eu dizia que nós estamos aqui lembrando o exemplo do trabalho dessa gente que está a serviço realmente do Brasil, são heróicos combatentes, lembrando aqueles inclusive que sucumbiram no Haiti, quando dezoito soldados brasileiros morreram naquele terremoto, e que jamais serão esquecidos por todos nós, entre eles dois gaúchos: o Cabo Douglas Pedrotti Neckel, natural de Cruz Alta, onde eu prestei serviço militar, e o 1º Tenente Bruno Ribeiro Mário, de São Gabriel, que serviu no 5º Batalhão de Infantaria Leve, com sede em Lorena, no interior do Estado de São Paulo.

            E o que dizer da soldado Zilda Arns, então? Foi uma verdadeira soldado, que mesmo sem envergar uma farda se mostrou incansável na luta pelos direitos humanos durante toda a sua profícua existência. Então fica aqui a nossa homenagem também a essa brava guerreira.

            Sr. Presidente, Mozarildo Cavalcanti, encerro estas palavras com um texto que traduz exatamente esses sentimentos. É do poeta capixaba Mido. Ele expressa, com certeza, com maestria o verdadeiro sentimento de um soldado.

Ser soldado não é simplesmente envergar uma farda. Não é alistar-se nas Forças Armadas, com fim belicoso. Muito menos, é achar-se imortal ou insensível, frente às atrocidades.

Ser soldado é mais, muito mais que isso. É entregar-se às causas alheias, sabendo que a sua própria causa ainda perdura e seu fim não aponta nenhum vislumbre de final feliz.

É buscar, incessantemente, o bem comum, quando o seu próprio bem está ameaçado pelas intempéries que a vida lhe propiciou. Sim, pois, de tanto lutar a batalha de outrem, não lhe sobrou tempo para vencer a sua própria luta.

Ser soldado é submeter-se às injustiças sociais, acreditando sempre que a maior de todas as injustiças é não ter tido a chance de lutar.

Lutar... Lutar... É isso o que um verdadeiro soldado faz, em todo o tempo...

Lutar, com ardor, a peleja dos fracos, onde cada paladino se identifica com a vítima... E esta se confunde entre os traços da sua formação... Uma luta onde nem sempre o mais forte será o vencedor... Onde, muitas vezes, o inimigo acha-se à espreita, maquiado na miséria enleada no seu próprio âmago... Suas armas, poucas vezes, lhes são as mais favoráveis... E o aliado, por vezes, torna-se o algoz.

Ser soldado é trilhar o limiar entre o certo e o errado, sem sujeitar-se ao putrefato banquete que lhe é oferecido, a todo instante, mesmo achando-se faminto e sedento. Afinal, soldado também tem fome e sede. Um valoroso soldado chora quando sobre ele vem a dor... A dor de não poder fazer mais do que gostaria e, sobretudo, quando o mal parece tripudiar.

Mas o verdadeiro soldado jamais se renderá e, mesmo estando em condições adversas, se erguerá com mão forte em detrimento de seu inimigo. Difícil, para um soldado, não é, propriamente, vencer o inimigo. Muito mais embaraçoso é identificá-lo.

Ser soldado, enfim, é entregar-se aos seus ideais, sacrificando-se e aos seus, mas acreditando sempre que a sua guerra só terá sido vencida quando o sonho de se construir uma sociedade mais justa e humana for uma realidade. Assim, ainda que lhe custe a própria vida, saberá: terá valido a pena lutar!

            Quero aproveitar ainda, Presidente Mozarildo, para fazer o registro de que está sendo sancionado, neste momento, pelo Presidente Lula, o Projeto de Lei Complementar nº 10/2010, aprovado aqui no Senado, aqui nesta Casa, há poucos dias, no início do mês de agosto. O Projeto chamado de “Nova Defesa” unifica as operações das três Forças Armadas ao reestruturar o Ministério da Defesa e o Estado Maior da Defesa, criando o Estado Maior Conjunto das Forças Armadas. Esse órgão será chefiado por um oficial general de último posto, e cabe, pelo que li agora, a um gaúcho, natural de Farroupilha, Comandante do Comando Militar do Sul, o General De Nardi, grande amigo, pessoa querida de todos os gaúchos e gaúchas pelo seu trabalho, pela sua sensibilidade, pela sua participação, extremamente participativo e de quem temos grande orgulho. O General De Nardi é muito querido no Rio Grande do Sul.

            Eis que caberá a ele a responsabilidade de conduzir a primeira direção desta nova instituição que é o Estado Maior Conjunto das Forças Armadas e que terá participação dos chefes dos Estados Maiores das três Forças, subordinado ao Ministro da Defesa, Nelson Jobim, gaúcho de Santa Maria, que também nos traz muito orgulho.

            A proposta também traz iniciativas destinadas a formar quadros de especialistas civis em defesa, e foi até comentado agora à tarde aqui pelo Senador Cristovam e por outros colegas que nos antecederam. Eis que os civis também terão espaço muito importante dentro do projeto das Forças Armadas. A meta é que no futuro cresça a participação de civis em postos de comando no Ministério da Defesa.

            E, por fim, também não posso deixar de homenagear aqueles que como eu serviram no 17º Regimento de Infantaria de Cruz Alta, onde aprendi um dos mais nobres valores e princípios que me conduzem, que é a disciplina. Hoje ele é o 17º Batalhão de Infantaria da Selva, sediado em Tefé, no Estado do Amazonas, que eu tive o privilégio de visitar e onde inclusive fui homenageado.

            Que este dia possa, então, simbolizar para cada brasileiro, cada brasileira, em cada um de nós, a renovação da esperança de que o Brasil tem ainda muitas vitórias a conquistar, contando sempre que solicitado com a colaboração, a garra e o valor do soldado brasileiro, esteja onde estiver.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/08/2010 - Página 43186