O SR. FLÁVIO ARNS (PSDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Agradeço, Senador Papaléo Paes. Gostaria, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, de abordar o tema da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência, que aconteceu no período de 21 a 28 de agosto do corrente ano, e que é lembrada no Brasil nos últimos 46 anos.

            Durante toda a semana passada, o Salão Branco do Congresso Nacional coloriu-se com um bonito evento programado pelo Senado Inclusivo, em comemoração à Semana Nacional da Pessoa com Deficiência, que, este ano, foi dedicada principalmente à Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Lembro inclusive, como havia dito agora há pouco, que anteriormente essa semana se denominava Semana Nacional do Excepcional ou da Pessoa com Excepcionalidade.

            O que aconteceu no Senado foi a exposição “Arte Superando Barreiras”, da artista plástica Kátia Santana, que, sem dúvida, enriqueceu a vida de quem pôde apreciar as obras e ver a própria artista em atuação.

            Kátia, de apenas 28 anos, tem paralisia cerebral. Apesar da dificuldade com a fala, ela “dialoga com cada cor” - uma definição da própria artista - e diz: “As cores são como os meus sentimentos”.

            A exposição de Kátia e ela própria são a perfeita tradução do que queremos transmitir quando falamos da importância de ouvir da própria pessoa com deficiência as suas necessidades. Engana-se completamente quem pensa que uma pessoa com deficiência intelectual não tem condições de desenvolver a sua autonomia, de expressar-se, de representar seu grupo.

            Falo pontualmente dos autodefensores que atuam nas Apaes - Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais. E a Federação Nacional marcou muito bem este aspecto, escolhendo como foco da Semana o tema “Autogestão e autodefensores: conquistando caminhos para ser e conviver”.

            Em todo o Brasil, as Apaes, confirmando a trajetória de profunda integração de suas unidades, vêm estimulando a atuação de autodefensores, para que sejam intérpretes das opiniões de seus grupos em decisões sobre assuntos da vida afetiva, das relações familiares, saúde, inclusão escolar e trabalho. Liderança que é, o autodefensor organiza e gerencia seu grupo.

            Com alegria, vejo a mídia divulgar a ideia e convidar a população a ouvir o que as pessoas com deficiência intelectual têm a dizer, permitindo, com esse gesto, que elas caminhem com mais independência e maior capacidade de deliberarem sobres suas vidas, abrindo perspectivas de um futuro melhor.

            Um exemplo muito bonito desse trabalho das Apaes - e que está ocorrendo em várias de suas unidades - é a utilização das eleições como tema gerador do trabalho escolar. Os estudantes apaeanos aprendem, neste momento, o que é um período eleitoral, qual a importância para os cidadãos e, numa imitação à vida política nacional, estão se preparando para a eleição de seus autodefensores.

            Só para ilustrar, tomemos um exemplo local: a Apae/DF é composta por quatro unidades escolares, cujos alunos, em outubro próximo, elegerão, pelo voto direto, um rapaz e uma moça como autodefensores desse conjunto de escolas. Quer dizer: de forma contextualizada, os estudantes estão aprendendo um conteúdo atual, que faz parte da área de inserção profissional, integrando sua educação profissionalizante. São alunos acima de 14 anos que, neste mesmo momento em que várias escolas de educação comum ensinam sobre o período eleitoral, estão também adquirindo conhecimentos sobre este assunto e encarando-o com a seriedade de quem sabe que se trata de exercício de um direito - ao mesmo tempo em que é um dever - e, acima disso, significa dignidade.

            Que a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência deste ano tenha acendido mais uma luz no entendimento de todos nós de que a pessoa com deficiência intelectual e múltipla tem direito e capacidade para expressar-se e para representar outros cidadãos em condição semelhante. Meus parabéns à sensibilidade da equipe do Senado Inclusivo que programou a bela exposição de Kátia Santana e nos brindou, a todos, com seu talento e sua sensibilidade.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

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