Discurso durante a 153ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à Rede Amazônica de Televisão pelos seus 38 anos de criação. Registro da história das telecomunicações na Amazônia.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. TELECOMUNICAÇÃO.:
  • Homenagem à Rede Amazônica de Televisão pelos seus 38 anos de criação. Registro da história das telecomunicações na Amazônia.
Aparteantes
Augusto Botelho, Fátima Cleide, Jefferson Praia.
Publicação
Publicação no DSF de 02/09/2010 - Página 44249
Assunto
Outros > HOMENAGEM. TELECOMUNICAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, REGIÃO AMAZONICA, COMENTARIO, HISTORIA, INICIO, TRANSMISSÃO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), AMPLIAÇÃO, ACESSO, ESTADO DE RONDONIA (RO), ESTADO DO ACRE (AC), ESTADO DE RORAIMA (RR), ESTADO DO AMAPA (AP), CRIAÇÃO, SUCURSAL, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), REGISTRO, INVESTIMENTO, EQUIPAMENTOS, VELOCIDADE, EVOLUÇÃO, TECNOLOGIA, SATELITE, CONTRIBUIÇÃO, REDUÇÃO, ISOLAMENTO, REGIÃO, POSSIBILIDADE, INTEGRAÇÃO, TOTAL, BRASIL, VALORIZAÇÃO, CULTURA, COMEMORAÇÃO, EMISSÃO, PROGRAMAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, eu quero, na primeira parte de meu pronunciamento, fazer uma homenagem à Rede Amazônica de Televisão, pois hoje completa 38 anos de operação a TV Amazonas. E ela, a TV Amazonas, é a cabeça de uma rede que opera em mais quatro Estados: Amapá, Roraima, Rondônia e Acre - e há mais uma sucursal em Brasília, além de um canal temático, o Amazon Sat.

            Aqui eu quero ler um pouco da história da Rede Amazônica e da história da Amazônia no contexto das telecomunicações.

            A Amazônia, há 38 anos atrás, estava completamente isolada do País. E como integrá-la? Uma das alternativas era o desenvolvimento da região via construção de estradas. No governo militar, a frase “Integrar para não entregar” era uma constante. Mas havia outra maneira de agregar: a implantação de sistemas de telecomunicações. E o esforço de modernização começou em 1962, com o Código Brasileiro de Telecomunicações, seguido da criação da Empresa Brasileira de Telecomunicações, a Embratel, do Ministério das Comunicações e da Telebrás. Além disso, uma emenda constitucional de 1995 quebrou o monopólio estatal das telecomunicações, onde a participação privada e a livre competição possibilitaram o surgimento da maior televisão da região Norte, a Rede Amazônica de Televisão.

            E tudo começou em 1968, quando o Ministério das Comunicações abriu concorrência pública para a exploração comercial de mais um canal de televisão em Manaus, além da TV Ajuricaba, que já existia. A vencedora foi a TV Amazonas, a primeira emissora da Rede Amazônica, inicialmente afiliada à TV Bandeirantes - hoje, à TV Globo.

            A outorga do canal foi concedida em 1970 e, no dia 1º de setembro de 1972, entrou em operação. A intenção era ocupar toda a Amazônia Ocidental, formada pelo Amazonas, Rondônia, Roraima, Amapá e Acre, e ainda integrar a região ao contexto nacional.

            A conquista do interior do Amazonas não foi fácil. Como não havia satélite, foram instaladas retransmissoras em várias cidades. A dificuldade era que a transmissão das notícias era feita por fitas cassetes transportadas por canoas, pequenos aviões, ônibus e até no lombo de animais. O resultado era uma defasagem de tempo enorme, cerca de cinco dias em relação aos grandes centros. Pela primeira vez, o caboclo do interior conseguia assistir a um noticiário do Centro-Sul, mesmo com a diferença de dias.

            O idealismo continuou. Agora era Rondônia que ganhava uma primeira emissora de televisão, em 13 de setembro de 1974. Pensar o regional, integrar a Amazônia real com os olhos do caboclo amazônico era o que o presidente da empresa, o jornalista Phelippe Daou, tinha como meta. Por isso, a expansão continuou.

            No dia 16 de outubro de 1974 é inaugurada a primeira emissora de televisão no Estado do Acre. E o desafio era enorme. Eram trezentas fitas envolvidas no processo de telecomunicação. Eram enviadas de São Paulo, rodadas e depois devolvidas. Esse transporte durou quatro anos, quando então se instalou uma antena rastreadora em Rio Branco, possibilitando transmissões diretas.

            Roraima foi o próximo Estado a fazer parte da Rede Amazônica - Roraima, o nosso Estado, Senador Augusto Botelho. Em 22 de dezembro de 1974, entra no ar a TV Roraima, que oficialmente iniciou suas operações em 29 de janeiro de 1975.

            A caçula da Rede Amazônia foi a TV Amapá, Senador Papaléo, lá no seu Estado, também primeira emissora do Estado. A inauguração foi no dia 25 de janeiro de 1975.

            Com as cinco integrantes em funcionamento, era hora de investir em equipamentos e pessoal. Das fitas e videoteipes à tecnologia U-matic, Beta e Digital, a coisa andou relativamente rápido. Em 1990, mais uma vitória importante: a criação da Sucursal em Brasília. Ela seria a ponte entre o poder, localizado em Brasília, e a Amazônia.

            Com a estrutura montada e a tecnologia à disposição, as fitas cassetes foram aposentadas. Os satélites conseguiram o inimaginável: fazer comunicação em tempo real dentro da maior e menos populosa região do Brasil, com grandes distâncias, inserida no meio da Floresta Amazônica. A região Norte passou a fazer parte do Brasil, quebrando o isolamento da informação.

            Com cerca de mil funcionários, a Rede Amazônica conquistou espaço na Região Amazônica e fora dela também. Em 1998, criou o primeiro canal temático de desenvolvimento sustentável, o Amazon Sat, sintonizável via parabólica. As imagens da Amazônia correram mundo por causa do convênio com a CNN. As queimadas, o Festival Folclórico de Parintins, as belezas da região foram mostradas no programa americano World Report para mais de cem países. As barreiras físicas foram rompidas pela telecomunicação. Definitivamente, a Amazônia foi integrada e, aos poucos, vem sendo conhecida pelos brasileiros.

            Na década de 80, o sistema Rede Amazônica entrou para o rol das afiliadas da Rede Globo de TV. Apesar de, como afiliada, repetir a programação da TV Globo, a emissora regional tem produções jornalistas próprias. A Rede Amazônica ainda tem, desde 1993, uma sucursal em Brasília, que faz essa ponte entre a região Norte e o centro do poder. Atualmente, a Rede vem estadualizando suas transmissões, o que é um grande desafio na região.

            A conquista maior da Rede Amazônica nesses 38 anos foi o espaço criado para que a cara e a voz da Amazônia tenham ressonância em todos os cantos do Brasil e, claro, dentro da própria região, que representa 61% do Território Nacional. Mostrar os assuntos através dos olhos de quem vive ali é o objetivo maior.

            Aqui, como vejo que três Senadores da região, de Estados tão diferentes como Roraima, Amazonas e Rondônia, pedem-me um aparte, é com muito prazer que, começando pelo Senador Augusto Botelho, que pediu primeiro, ouço os apartes.

            O Sr. Augusto Botelho (Sem Partido - RR) - Senador Mozarildo, eu gostaria de me solidarizar com V. Exª, com o pronunciamento de V. Exª, e fazer uma homenagem especial ao Dr. Phelippe Daou, porque ele é a locomotiva que carrega, que arrasta o trem da TV na Amazônia. Lembro-me bem que, em 75, quando eu já havia voltado para Roraima, médico - tinha me formado em 72 e voltei em 75 -, comecei a ver os primeiros sinais da TV Amazonas, ainda em preto e branco. Todos nós nos empolgamos. V. Exª é de Roraima também e sabe que foi a primeira tevê captada pelas pessoas lá de Roraima. Ela representou uma mudança, um marco mesmo. Nós temos bastantes jornalistas em Roraima, operadores de vídeo, técnicos, muitas pessoas que trabalham na Rede Amazônica. E da Rede Amazônica é que essas pessoas saíam para as outras TVs. Eles aprendiam na Rede Amazônica - é uma escola para se trabalhar em televisão no nosso Estado especialmente - e passavam para outras televisões. Também gostaria de registrar agora que, neste ano, a TV Roraima, da Rede Amazônica, está com sinal aberto em todos os Municípios de Roraima. É uma conquista para o nosso Estado, pois com isso se permite às pessoas verem o noticiário do Estado, uma vez que, nos Municípios do interior, ninguém via o noticiários de Roraima, só viam tevê através de parabólica. Então, meus parabéns ao Dr. Phelippe Daou e a todos os trabalhadores em televisão na Amazônia, e também ao povo de Roraima, que agora foi brindado com a tevê por transmissão direta da Rede Amazônica em todo o nosso Estado. Parabéns a V. Exª pelo pronunciamento. Permita que eu, Senador de Roraima, me agregue ao seu pronunciamento de homenagem à Rede Amazônica de TV.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR) - Senador Augusto Botelho, agradeço o aparte e fico feliz com a lembrança de V. Exª: agora, no nosso Estado, todos os Municípios recebem sinal direto da TV Roraima, porque antes não o recebiam, só aqueles que tinham parabólica o recebiam. Desse modo, não se assistia aos programas produzidos no Estado; só se assistia a programas que vinham através do sinal do satélite.

            Ouço, com muito prazer, o Senador Jefferson Praia, do Amazonas.

            O Sr. Jefferson Praia (PDT - AM) - Senador Mozarildo, eu não poderia deixar de parabenizá-lo e de falar algumas coisas muito rapidamente. Fui comentarista econômico da Rede Amazônica em 1994 - era uma espécie de Joelmir Beting tupiniquim. Depois, em 1996, comecei um programa chamado Negócios da Amazônia. Portanto, estou muito ligado a essa rede fantástica, que é a Rede Amazônica, conduzida pelo nosso querido Phelippe Daou, Milton Cordeiro e todos os funcionários que contribuem para mostrar a nossa região a fim de que os brasileiros e, principalmente, nós, amazônidas, possamos conhecer mais aquela região. Sendo assim, V. Exª está de parabéns por lembrar esta data importante, que são os 38 anos da Rede Amazônica. Muito obrigado.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR) - Obrigado, Senador Jefferson Praia.

            Fico feliz em ver que, sendo de Roraima e sendo aparteado por outro Senador de Roraima e por um Senador do Amazonas, estamos fazendo aqui, portanto, uma homenagem, que será completada pelo aparte da Senadora Fátima Cleide, de Rondônia, a essa figura do jornalista Phelippe Daou, mas principalmente ao seu trabalho importante por meio da Rede Amazônica de Televisão.

            Senadora Fátima Cleide.

            A Srª Fátima Cleide (Bloco/PT - RO) - Senador Mozarildo Cavalcanti, a exemplo do que já fizeram o Senador Augusto Botelho e o Senador Jefferson Praia, também quero me solidarizar ao seu pronunciamento e também estender as minhas saudações, as minhas felicitações ao Dr. Phelippe Daou, a toda a Rede Amazônica de Televisão e, em especial, àqueles que fazem a Rede Amazônica de Televisão no meu Estado de Rondônia, na pessoa do Dr. Campanari, uma pessoa sempre muito solícita, muito gentil com todos. O Senador Augusto Botelho estava falando do ano de 1975. Eu era, como o povo do Sul chama, uma guria ainda...

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR) - Cunhatã para nós, não é?

            A Srª Fátima Cleide (Bloco/PT - RO) - Lembro que, pelos idos de 73 e 74, pude assistir a tevê pela primeira vez na vida, por meio das ondas da Rede Amazônica, que já chegou ao meu Estado àquela época para transmitir e nos colocar em permanente contato com o mundo. É realmente um veículo de comunicação de massa muito importante para a integração da nossa região. Quero, também, parabenizá-lo pela lembrança do canal de informações e de integração da Amazônia, o Amazon Sat, que nos orgulha muito. Gostaria mesmo que mais amazônidas pudessem assistir ao Amazon Sat. Lá está efetivamente a identidade amazônica. Parabéns a V. Exª pela lembrança e pelo pronunciamento que faz em homenagem à Rede Amazônica de Televisão.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR) - Obrigado, Senadora Fátima Cleide. V. Exª ressalta uma coisa importante: além das redes que transmitem a programação da Rede Globo como principal, ou seja, as novelas, os telejornais e os programas locais, o Amazon Sat realmente merece ser destacado porque, como diz o próprio slogan do Amazon Sat, trata-se da voz e da cara da Amazônia para a Amazônia, para o Brasil e para o mundo. É assistido em vários países, inclusive.

            É importante que tenhamos uma produção local. Quer dizer, é a Amazônia mostrada por amazônidas de dentro da Amazônia. Esse é o grande mérito do Amazon Sat. Tenho certeza que a Rede Amazônica não teria o sucesso que tem se não fosse, realmente, o empenho pessoal e a força de liderança do jornalista Phelippe Daou, que preside a Rede Amazônica, bem como de todos os seus jornalistas, do pessoal de apoio, dos câmeras, enfim, são pessoas que, no fundo, no fundo, trabalham com muito amor, com muita garra pela região e pela emissora.

            Quero, portanto, deixar aqui o registro destes 38 anos da Rede Amazônica, que começou, repito, com a TV Amazonas. Esta, sim, completa hoje 38 anos por integrar a rede, como se diz no linguajar jornalístico, como cabeça, pois foi a primeira. Temos, portanto, um canal, um meio de integração da Amazônia que é completamente benéfico para o meio ambiente e para as pessoas que lá vivem.

            Quero agradecer o tempo e fazer este registro que, no meu entender, é fundamental para a Amazônia e também para o Brasil, porque a Amazônia integrada, mesmo que seja por meio das telecomunicações, representa a segurança de que a nossa Amazônia brasileira continuará brasileira.

            Muito obrigado, Srª Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/09/2010 - Página 44249