Discurso durante a 155ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Exortação à população brasileira ao patriotismo, por ocasião da Semana da Pátria.

Autor
Acir Gurgacz (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RO)
Nome completo: Acir Marcos Gurgacz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Exortação à população brasileira ao patriotismo, por ocasião da Semana da Pátria.
Publicação
Publicação no DSF de 10/09/2010 - Página 45272
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • OPORTUNIDADE, SEMANA DA PATRIA, CONCLAMAÇÃO, POPULAÇÃO, AMPLIAÇÃO, NACIONALISMO, CRITICA, LIMITAÇÃO, EXERCICIO, PATRIOTISMO, PERIODO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, IMPORTANCIA, UNIÃO, COMBATE, DESIGUALDADE SOCIAL, GARANTIA, BEM ESTAR SOCIAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ACIR GURGACZ (PDT - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil inteiro foi testemunha, mais uma vez, de um fenômeno que poderíamos chamar de uma “onda de patriotismo”. Foi o que vimos acontecer durante as semanas em que o país esteve disputando as partidas da Copa do Mundo na África do Sul. Vimos bandeiras verde-amarelas espalhadas por todos os cantos, de variadas cores, de variados tamanhos. Vimos bandeiras cobrindo automóveis, desfraldadas em janelas, em prédios, em fachadas de estabelecimentos comerciais, em escolas e repartições públicas.

            Vimos também, Sr. Presidente, famílias inteiras vestidas com as cores nacionais, o verde e o amarelo, grupos de amigos, casais, com camisetas, bonés, todo tipo de vestimenta. Tudo isso resultado de uma empolgação com a participação brasileira no maior campeonato de futebol do planeta.

            Isso não é novidade. Esta onda de patriotismo acontece praticamente de quatro em quatro anos, quando o Brasil disputa o esporte mais popular em nossa nação. Nessa época, parece que a grande maioria dos habitantes deste país, cerca de 190 milhões de pessoas, passam a aceitar com mais felicidade o fato de ter nascido aqui nessa terra. Não apenas aceitar, mas encarar com orgulho esse fato.

            Eu acredito que poderia resumir essa “onda de nacionalismo” como realmente uma explosão de orgulho por aquilo que o brasileiro notabilizou-se ao redor do mundo mostrando saber fazer melhor. Saber fazer melhor do que a grande maioria dos povos. Saber jogar futebol.

            Mostramos isso diversas vezes - cinco, para ser exato - muito mais do que qualquer outro povo. Por isso vem daí esse orgulho de fazer parte de uma espécie de família da qual saem filhos tão habilidosos em um esporte que é considerado o nosso esporte nacional. A nossa arte nacional.

            Acontece que esse patriotismo motivado pelo orgulho por essa habilidade é um nacionalismo datado - tem hora para começar, tem hora para acabar. E foi isso que vimos... Não é verdade, senhor presidente? Mais uma vez vimos o brasileiro começar a ser nacionalista, ser patriota, em um momento, para, num momento seguinte, deixar de sê-lo.

            Neste dia 7 de setembro, acredito ser a data ideal para questionar esse tipo de comportamento. Li em algum lugar, a seguinte frase: “Ser patriota é amar seu país assim como ama seus próprios filhos”. Acredito que essa frase é um tanto quanto radical. É difícil encontrar um amor tão incondicional quanto o amor de uma mãe, de um pai, pelos seus filhos. Por nossos filhos somos capazes de tudo, até mesmo de atos impensados.

            Mas se amamos nossos filhos, somos conduzidos tacitamente a amar nosso país, pois este é o legado mais importante que podemos deixar para eles. Muito mais importante que heranças e outros bens materiais. Eu ousaria dizer que o país que podemos deixar para nossos filhos é até mesmo mais importante que a própria educação que podemos dar a eles.

            É deixando como herança um país justo, desenvolvido e honesto, que estaremos salvaguardando todos os direitos de nossos filhos, mesmo quando estes forem incapazes de lutarem pelos seus próprios direitos. Isso porque deixaremos para nossos filhos um país correto, que respeita as pessoas, que trata cada um de nós como um filho.

            Acredito que todos nós conhecemos a célebre frase que diz: “Não pergunte o que o seu país pode fazer por você, mas sim o que você pode fazer pelo seu país”. Esta frase é atribuída ao presidente norte-americano John Fitzgerald Kennedy, que foi brutalmente assassinado em 1964. Ela foi citada em uma época em que o país atravessava por uma fase difícil, no início de uma guerra, vivendo uma onda de protestos. Ficava claro para todo o mundo que Kennedy procurava chamar a população para contribuir para a solução dos problemas que viviam.

            Hoje, posso dizer que essa frase tem muito a ver com o Brasil e com os brasileiros. Tem muito a ver com o momento em que vivemos, uma época em que o país apresenta indicadores claros de um incontestável crescimento, mas que ainda encontra-se preso a sinais de uma fragilidade social muito grande. Ainda sofremos com uma desigualdade gigantesca na distribuição de renda, que faz com que soframos nos setores de saúde pública, de segurança e de educação, por exemplo.

            São esses exemplos de problemas que somente conseguiremos enfrentar, com resultados positivos, no momento em que todos nós nos conscientizarmos de nosso papel dentro de uma sociedade; dentro de um grupo social que tem tantos interesses e necessidades em comum. É exatamente disso que se trata um país: um grupo de pessoas, um grande grupo de pessoas unidas por valores iguais, como a língua nacional, como a necessidade da convivência e do compartilhamento de uma área geográfica em comum.

            Se precisamos compartilhar de tantas coisas, precisamos ficar unidos e precisamos, ainda mais, saber dividir e aceitar o outro em nome do bem comum. Para mim, senhoras e senhores senadores, isso é patriotismo. É compreender as ligações que une todos nós, povo brasileiro, e fazer o que for preciso para que todos possamos ter uma vida melhor.

            O patriotismo, olhando dessa forma, não deve ser exercido apenas a cada quatro anos, mas sim deve ser exercido diariamente. O patriotismo, senhor presidente, não pode ser apenas o elo que nos une enquanto agremiação esportiva, enquanto uma pátria de chuteiras, como dizem, mas como valor que solidifique uma sociedade organizada.

            O patriotismo, povo brasileiro, povo de Rondônia, não deve ser uma venda a nos cegar para aceitar tudo que vem de cima, todas as leis, todas as ordens. Ser patriota é mais questionar em nome da coletividade do que abaixar a cabeça em nome de poucos!

            Como eu citei antes, Srªs e Srs. Senadores, a maior herança que podemos deixar para nossos filhos é um país que não os obrigue a buscar oportunidades no estrangeiro pelo fato delas estarem em falta aqui. E isso, meus amigos, só conseguiremos construir se estivermos lado a lado, todos juntos, com o mesmo ideal patriótico.

            Pois de nada adianta construir riquezas sobre a pobreza dos outros, para obrigar os filhos a viverem num país desequilibrado e cheio de violência urbana. De nada adianta ser capaz de dar o melhor tratamento de saúde aos filhos, se o país ao redor está imerso em epidemias.

            Este dia 7 de setembro de 2010, esta Semana da Pátria, este Mês da Pátria podem e devem ser marcos em nossas vidas como a data em que nos demos conta de que não estamos sozinhos nesse país. Somos todos parte desse imenso time de mais de 190 milhões de brasileiros. O Brasil está vestido de verde-amarelo, torcendo por nós, brasileiros, há mais de 500 anos. Vamos torcer pelo Brasil, também, todos os dias, todos os meses, todas as semanas, independentemente de Copa do Mundo. Simplesmente porque  precisamos aprender que quando torcemos pelo Brasil, estamos torcendo em favor de cada um de nós.

            Isso que estou exortando toda a população a fazer, essa exaltação ao nacionalismo, faço com muito orgulho. Procuro contribuir para o fortalecimento desse nacionalismo, tão importante para o nosso povo, tanto quanto na minha função de parlamentar, quanto como empresário, como bandeirante e pioneiro que fui em Rondônia.

            Desejo, de coração, uma inspiradora Semana da Pátria... para todos nós.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, muito obrigado pela atenção.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/09/2010 - Página 45272