Discurso durante a 156ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Expectativas em relação às eleições gerais que se avizinham, defendendo a superação de diferenças partidárias na Paraíba que traduzam desenvolvimento estadual, com ênfase para a construção do Porto de Lucena, estudos para um ramal da Ferrovia Transnordestina até Lucena e a transposição do rio São Francisco. Defesa da educação como instrumento formador de eleitores críticos.

Autor
Roberto Cavalcanti (PRB - REPUBLICANOS/PB)
Nome completo: Roberto Cavalcanti Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Expectativas em relação às eleições gerais que se avizinham, defendendo a superação de diferenças partidárias na Paraíba que traduzam desenvolvimento estadual, com ênfase para a construção do Porto de Lucena, estudos para um ramal da Ferrovia Transnordestina até Lucena e a transposição do rio São Francisco. Defesa da educação como instrumento formador de eleitores críticos.
Publicação
Publicação no DSF de 15/09/2010 - Página 45598
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • ELOGIO, TRABALHO, EMISSORA, TELEVISÃO, RADIO, SENADO, DIVULGAÇÃO, DEBATE, SENADOR, IMPORTANCIA, INTEGRAÇÃO, POPULAÇÃO, INTERIOR.
  • EXPECTATIVA, ELEIÇÕES, RENOVAÇÃO, POLITICA NACIONAL, RESPONSABILIDADE, POLITICO, IMPLANTAÇÃO, PROJETO, ERRADICAÇÃO, DESIGUALDADE REGIONAL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DA PARAIBA (PB), DEFESA, UNIÃO, DIVERSIDADE, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, EFETIVAÇÃO, OBRAS, INFRAESTRUTURA, REALIZAÇÃO, TRANSPOSIÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, CONTINUAÇÃO, ESFORÇO, CONSTRUÇÃO, PORTO, TRECHO, FERROVIA, IMPORTANCIA, PROPOSTA, EFICACIA, ESCOAMENTO, FERRO, ANUNCIO, INVESTIMENTO, COMPANHIA SIDERURGICA NACIONAL.
  • NECESSIDADE, EXTINÇÃO, SUJEIÇÃO, REGIÃO NORDESTE, PRIORIDADE, FOMENTO, DESENVOLVIMENTO, ATENÇÃO, EDUCAÇÃO, COMENTARIO, DADOS, TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE), ESTADO DA PARAIBA (PB), MAIORIA, ELEITOR, SITUAÇÃO, ANALFABETISMO, AUSENCIA, CONCLUSÃO, ENSINO FUNDAMENTAL, GRAVIDADE, PROBLEMA, AUMENTO, DEPENDENCIA, CIDADÃO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, PODER PUBLICO, INFERIORIDADE, REMUNERAÇÃO, TRABALHO, IMPOSSIBILIDADE, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, AMPLIAÇÃO, MIGRAÇÃO, REGIÃO SUDESTE, BUSCA, OPORTUNIDADE, CONCLAMAÇÃO, POPULAÇÃO, VALORIZAÇÃO, VOTO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço, Sr. Presidente.

            Nobre colega João Faustino, nosso vizinho nordestino, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, gostaria de, na verdade, parabenizar os Senadores aqui presentes, porque isso não é fácil nessa fase da política, de campanha, nessa época em que Brasília está a meio acelerador, nessa época em que Brasília está com 10% de umidade relativa do ar, o que, na verdade, traz um sofrimento físico para muitos de nós.

            Ontem, aqui estive tentando abrir a sessão, mas tive de abri-la e fechá-la de imediato, tendo em vista que não havia mais nenhum outro Senador. Ao me retirar do plenário do Senado, encontrei, vindo a mil por hora, o Senador Alvaro Dias, que tinha uma missão partidária e pessoal a cumprir aqui, no plenário. Porém, para sua frustração, já passava das 14h30. Então, por questões regimentais, tive de abrir e fechar a sessão. Mas faço o registro da presença de Alvaro Dias, que tentou, ontem, chegar no horário. Estourou um pouquinho a tolerância - passaram-se uns cinco minutos, ou menos -, mas, na verdade, lamentavelmente, eu tinha essa missão que fazia parte do Regimento. Recebi também um telefonema do Senador Suplicy, perguntando-me se poderia haver uma reabertura da sessão. Lamentavelmente, também por questões regimentais, era impossível reabri-la.

         Então, gostaria de agradecer a presença e parabenizar os Senadores aqui presentes, porque a força do Senado Federal se materializa de muitas formas, mas uma delas é através dos pronunciamentos feitos na tribuna deste Senado, fundamentalmente, Sr. Presidente, em função da extraordinária competência e penetração da TV Senado. A TV Senado tem prestado um grande serviço ao País. Está presente em todas as cidades do interior, principalmente aquelas pequenas cidades que recebem o sinal via antena parabólica. Então, na verdade, a TV Senado presta esse grande serviço. E a Rádio Senado também. Talvez se não fossem a TV Senado e a Rádio Senado, até nós, poucos Senadores, não estivéssemos aqui. Acho que essa força da TV Senado é que faz com que nós estejamos sempre aqui presentes para podermos, com o fruto do nosso trabalho, fazer a divulgação dos nossos projetos e do nosso pensamento.

            Sr. Presidente, as eleições gerais se avizinham, e o Brasil se prepara para uma nova e decisiva renovação parlamentar e administrativa, seja na esfera federal, seja na esfera estadual. A expectativa é de que as duas Casas do Congresso traduzam, a partir das eleições de outubro, uma nova configuração política, imprimindo um selo ideológico, produtivo e dinâmico em seus novos representantes. Pelo menos, é com esses ingredientes que a Paraíba e os paraibanos, a exemplo do resto do Brasil e dos brasileiros, têm temperado o caldo de promessas políticas de vários candidatos às próximas eleições. Sem dúvida, com o compromisso de uma imprensa crítica e um Judiciário mais independente, nutre-se a esperança de que o Brasil promova uma renovação positiva da classe política nas eleições de outubro.

            Aos políticos que ocuparão cadeiras de prestígio e responsabilidade na nova ordem política, cumpre adotar uma postura mais sensível às reais reivindicações da sociedade, traduzida num autêntico e pioneiro projeto de autodeterminação, capaz de reduzir a desigualdade entre as regiões e também aquelas de natureza intrarregional. Em particular, no caso da Paraíba, projetos com contornos de choque de gestão devem ser priorizados.

            Desse modo, imagina-se que a ênfase à união das diferenças partidárias em prol de uma Paraíba forte, mais desenvolvida e menos sujeita a oligarquias, não deva ser tarefa trivial, tampouco restrita à oratória fácil.

            Devemos, por exemplo, continuar a envidar esforços para a demarragem do Porto de Águas Profundas, situado em Lucena, a 40 quilômetros de João Pessoa, objeto de vários pronunciamentos meus, inclusive do dia 24 de agosto próximo passado.

            A partir de estudos já contratados, o Estado tomará conhecimento imediato das condições técnicas, econômicas, ambientais e legais do projeto, mediante as quais estimará ganhos de escala no âmbito econômico e social.

            Na opinião dos especialistas, tal iniciativa trará impactos gigantescos sobre o transporte de minério de ferro nessa região, a ponto de a Companhia Siderúrgica Nacional já ter concordado em investir, só neste ano, R$1,3 bilhão na Ferrovia Transnordestina. Isso representa mais de um terço dos R$3,4 bilhões que serão gastos nessa ferrovia.

            Nessa linha, Sr. Presidente, faz sentido apostar igualmente na defesa paralela dos estudos de viabilidade de um ramal da Ferrovia Transnordestina até o Porto de Lucena, empreendimento fundamental para a dinamização da economia paraibana. Porém, para que isso se concretize em tempo hábil, será preciso que a Paraíba e o Nordeste se abasteçam de políticos com preparação técnica e espírito coletivo suficientemente avantajados para bem interceder em projetos tão ambiciosos.

            Enquanto o resto do País, sobretudo a metade meridional, avança na linha do progresso das mentalidades, o Nordeste ainda se afigura como uma região desprovida de um compromisso mais vital com a modernidade política, com os princípios mais elementares da participação democrática.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não podemos perder mais uma oportunidade eleitoral para instalar uma nova e definitiva fase de prosperidade política, umbilicalmente comprometida com o gerenciamento de nossas riquezas em prol do conjunto de nossa sociedade. É hora de apostarmos em políticas que favoreçam a educação da sociedade, de modo que tanto professores quanto alunos disponham de condições essenciais para acompanhar não somente as transformações tecnológicas, mas também assimilar novas dinâmicas de pensamento e ação.

            Sr. Presidente, há poucos minutos conversávamos no plenário, antes de a sessão ser iniciada, sobre o perfil do eleitorado brasileiro, do eleitorado nordestino. Lamentavelmente, Sr. Presidente, nós constatávamos, por exemplo, no caso da Paraíba, com dados fornecidos pelo TER sobre o perfil dos eleitores paraibanos, que mais de 70% estão na faixa entre analfabetos e semianalfabetos, que são aqueles que não sabem ler um bilhete ou fazer um bilhete, e os que não terminaram o 1º Grau.

            Então, na verdade, eu não estou, mais uma vez, repito, menosprezando esses eleitores. Porém, acredito que há uma corresponsabilidade nacional em fazer com que o eleitor brasileiro tenha um outro perfil, tenha um perfil com um ganho de educação que possa permitir que ele tenha outros acessos aos meios de comunicação.

            Sem educação, o eleitor fica sujeito às escolhas políticas carentes de discernimento, à dependência do Poder Público e de suas políticas assistencialistas, à incapacidade de inserção no mercado formal de trabalho, além do baixo nível de remuneração. Enfim, uma infinidade de mazelas que só fazem estigmatizar nossa gente e retardar, quando não impedir, qualquer possibilidade de ascensão social e econômica.

            Contra tudo isso, devemos, sim, firmar um pacto acima dos partidos, que transcenda os interesses mais particulares e mesquinhos das oligarquias, em favor de um processo verdadeiramente emancipacionista, valorizando uma equação social que enseje crescimento econômico e distribuição de renda. E isso somente se materializa quando a política se empenha em prover seus cidadãos de meios educacionais e profissionais à altura de tão elevada aspiração democrática.

            O fluxo de mão de obra nordestina, que ainda migra em direção ao Sudeste, reforça um certo sentimento de subordinação, de incompetência regional, com o qual o paraibano médio não se conforma e que eu, neste Senado, tenho combatido com todas as armas ao meu alcance. Na raiz dessa migração estão razões econômicas e ideológicas, em busca de um projeto de vida mais digno, mais consoante com o imaginário de progresso e modernização.

            Não por acaso, em razão de sua economia frágil, a sobrevivência da população torna-se muito dependente do empreguismo público. Aí, começam as brigas, as dissensões, as intrigas, as puxadas de tapete, as traições, os adesismos de última hora e outras mazelas prejudiciais à saúde do Estado.

            Diante disso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não podemos mais admitir que sejamos cidadãos de segunda. É imprescindível que implementemos medidas urgentes e eficazes contra o aprofundamento de uma repugnante vala que parece continuar dividindo o Nordeste do resto do País.

            Ressalto, Sr. Presidente, a importância da qualidade do voto nas próximas eleições, ensejando uma ocasião cívica decisiva para aperfeiçoar o quadro de dirigentes e representantes em todos os Estados da Federação.

            No caso da Paraíba, como cidadão, empresário, e até por conta da minha trajetória como Senador da República nesta Legislatura, espero que os novos representantes da bancada paraibana continuem a investir pesado na materialização dos projetos estruturantes de grande impacto regional.

            Na Paraíba, Sr. Presidente, para espanto de todos, existem candidatos que não valorizam projetos estruturantes; existem candidatos que omitem projetos estruturantes e buscam defender projetos que são importantes, mas não tanto quanto os projetos estruturantes; existem candidatos que se arvoram em entender de economia e defendem que a Paraíba seja um dormitório dos Estados do Rio Grande do Norte e de Pernambuco, que têm suas economias recentemente mais ativadas. Muitos deles, inclusive, pregam que possamos ser um centro receptador de projetos paralelos, adjacentes do Porto de Suape. Não defendem que possamos ter na Paraíba, como em outros Estados do Nordeste, uma estrutura pujante, atrativa de investimentos, como o Porto de Suape, o Porto de Pecém e outros portos que abrigam o recebimento de navios de grande capacidade, hoje comuns nas importações e exportações mundiais.

            Falo, Sr. Presidente, da ampliação da malha aérea, dos trilhos da Transnordestina, da execução do Porto de Águas Profundas de Lucena, bem como dos projetos para consumo e exploração sustentável da água a partir da transposição do rio São Francisco, grandes bandeiras do meu mandato.

            Na pequena e querida Paraíba, não podemos adiar por mais tempo a implementação de projetos e programas mais ousados, que determinem de vez nossa vocação para o progresso, para o desenvolvimento econômico, político, intelectual e social.

            É hora da união das diferenças paraibanas numa só direção: a urgente recuperação das vocações do nosso povo para a construção de uma sociedade mais justa, mais humana, mais igualitária e mais feliz.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/09/2010 - Página 45598