Discurso durante a 161ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Análise dos resultados das eleições realizadas no último dia 3, destacando a atuação do Democratas. (como Líder)

Autor
Antonio Carlos Júnior (DEM - Democratas/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Análise dos resultados das eleições realizadas no último dia 3, destacando a atuação do Democratas. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 06/10/2010 - Página 46415
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • BALANÇO, RESULTADO, ELEIÇÕES, COMEMORAÇÃO, VITORIA, PARTIDO POLITICO, DEMOCRATAS (DEM), GOVERNADOR, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), SENADO, VICE-GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ESTADO DO TOCANTINS (TO).
  • FRUSTRAÇÃO, PERDA, REELEIÇÃO, MARCO MACIEL, HERACLITO FORTES, EFRAIM MORAIS, TASSO JEREISSATI, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR, ACUSAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, GOVERNO FEDERAL, GASTOS PUBLICOS, MANIPULAÇÃO, ELEIÇÕES.
  • ELOGIO, PARTICIPAÇÃO, ELEIÇÕES, MARINA SILVA, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO VERDE (PV), AMPLIAÇÃO, DEBATE, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.
  • EXPECTATIVA, VITORIA, SEGUNDO TURNO, ELEIÇÕES, JOSE SERRA, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), CONFIANÇA, EXPERIENCIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ANTONIO CARLOS JÚNIOR (DEM - BA - Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as eleições seguem seu curso com segundo turno em vários Estados brasileiros e também para Presidente, mas já podemos tirar várias lições do pleito e outro tanto de conclusões.

            Ao contrário do que o Presidente da República prometera, e para isso se empenhara pessoalmente à custa da máquina pública, inclusive com os famosos “depois do expediente”, o Democratas, meu partido, não apenas não foi extinto, como também venceu - e venceu bem, no primeiro turno - em Estados dos mais visados por Sua Excelência.

            O Democratas venceu em colégios eleitorais importantes apesar de todas as adversidades que enfrentou. A despeito da máquina pública, a despeito de certas “pesquisas de opinião” e seus pseudocientistas sociais, os partidos de oposição obtiveram vitórias expressivas exatamente em Estados onde o dinheiro público e a pressão política mais se concentraram.

            Em Santa Catarina, a coligação encabeçada pelo Democratas aplicou uma lição de democracia àquele Presidente que pretendia extirpar o partido da vida política brasileira. Pretendia, mas não conseguiu, pois naquele belo Estado, não apenas assistimos à vitória em primeiro turno do Senador Raimundo Colombo como ainda vimos a chapa eleger seus dois candidatos ao Senado.

            A história se repetiu no Rio Grande do Norte, onde o partido obteve vitória consagradora sobre os candidatos apoiados pelo Governo. A Senadora Rosalba Ciarlini elegeu-se ao Governo Estadual também no primeiro turno e, também junto com ela, um dos mais combativos líderes da oposição no Senado, José Agripino Maia, que, justamente por sua combatividade, era um dos alvos preferenciais do ódio presidencial.

            Nosso partido obteve grande vitória também em Goiás, com a reeleição de Demóstenes Torres, outro nome fundamental para a resistência democrática nos próximos quatro anos. Em Goiás, vamos agora ao segundo turno, com José Eliton, do nosso partido, compondo como vice a chapa do Senador Marconi Perillo ao Governo.

            Obtivemos uma vitória esmagadora em São Paulo, com Afif Domingos como vice de Alckmin, e no Tocantins, da Senadora Kátia Abreu, onde nosso correligionário João Oliveira elegeu-se vice-Governador na chapa de Siqueira Campos.

            Como se vê, a vitória cantada pelo Governo contrasta gritantemente com os resultados de domingo. Contrasta também com números, conforme perceberam vários analistas que mostram a importância da vitória da Oposição em vários Estados: São Paulo e Minas, os dois maiores colégios eleitorais do País, com vitórias retumbantes de Geraldo Alckmin e de Antonio Anastasia. Além da vitória em Minas, para as duas vagas no Senado com Aécio Neves e Itamar Franco, também a vitória de Aloísio Nunes Ferreira em São Paulo. Dependendo dos resultados do segundo turno, os partidos oposicionistas poderão governar mais da metade dos brasileiros, gerindo mais da metade do PIB.

            Se vencermos em Goiás, Pará e Roraima, estaremos estabelecendo um “corredor da resistência democrática”, um corredor que vai do extremo norte ao sul, de Boa Vista a Florianópolis.

            Contudo e infelizmente, ganhamos muito, mas também perdemos.

            Lamentamos profundamente que a ação deletéria da máquina pública em alguns Estados nos tenha reservado tristezas, além de graves prejuízos ao Senado Federal ao impedir que fossem reeleitos três bravos Senadores do nosso Partido: Senador Marco Maciel, uma figura ímpar, uma figura a quem já nos referimos quando o aparteamos, uma figura das mais expressivas do Senado Federal; Senador Heráclito Fortes, também muito experiente e uma figura também combativa, e o Senador Efraim Morais.

            Ainda na Oposição, tivemos a não recondução de duas figuras exponenciais da Oposição: o Senador Tasso Jereissati, com a sua competência, com a sua competitividade; e o Senador Arthur Virgílio, também um guerreiro e competente Senador, Líder do PSDB. Lamentamos essas não reconduções, mas isso foi fruto do uso desbragado da máquina pública em favor dos candidatos do Governo.

            Sr. Presidente, enquanto colecionamos vitórias e algumas derrotas, do outro lado, a candidata governista e seus porta-vozes, oficiais e oficiosos, tentam negar o óbvio: o Governo perdeu nessa primeira etapa das eleições. Perdeu e perdeu feio. Alguém poderá dizer: “Ora, mas se eles fizeram tantos e quantos Deputados e Senadores, ganharam em tantos e tais Estados.” É verdade. Eu não disse que os Partidos governistas não obtiveram vitórias, mas está claro, até mesmo nos semblantes governistas, que elas forem menores, muito menores do que esperavam.

            Quanto à corrida presidencial, aconteceu o que esperávamos: haverá segundo turno. Haverá segundo turno, porque os eleitores brasileiros, majoritariamente, rejeitaram o nome da candidata governista.

            É indiscutível. Exatos 53,09% dos brasileiros que escolheram seus candidatos não quiseram ver eleita a candidata petista, o que explica as caras de velório da candidata, do seu vice, do Presidente do PT e de alguns dos seus assessores, logo após o encerramento da contagem de votos. Agora, passado o choque da derrota, eles buscam, a todo custo, negar a realidade dos números dizendo que foram vencedores. Tenham paciência!

            A derrota foi tamanha que o principal eleitor de Dilma Rousseff, aquele que abandonou suas obrigações para aboletar-se em palanques País afora, o Presidente do pós-expediente, que disparou diatribes contra a Oposição e contra a liberdade de imprensa, simplesmente emudeceu, sumiu. Por onde anda Sua Excelência? Por que não veio a público, até hoje, saudar os brasileiros pela bela festa de democracia e civismo? Infelizmente não veio porque perdeu.

            Digo infelizmente, não porque ele perdeu, claro, mas porque essa derrota - em mais uma demonstração de que Sua Excelência tem dificuldades imensas de conviver com os que dele discordam - o impediu até mesmo de, na condição de Presidente de todos os brasileiros, celebrar com o povo mais uma vitória, não de partidos políticos, mas da democracia brasileira. Uma democracia que se fortalece a cada pleito e que no último nos proporcionou a ampliação e o arejamento da discussão sobre desenvolvimento e meio ambiente, com o fortalecimento do Partido Verde e o excepcional desempenho da nossa colega Marina Silva.

            Uma democracia que se fortaleceu ainda mais ao não se permitir subjugar ao pensamento único; ao contrário, pluralizou o debate e as alternativas de poder.

            Uma nova etapa se inicia agora e será uma oportunidade a mais para que confrontemos ideias e discutamos caminhos para o Brasil.

            Nós da Oposição, seguimos cada vez mais confiantes na vitória do nosso candidato José Serra, um homem preparado, amante da liberdade e experiente. Nesse confronto de ideias que vai se dar agora é que nós iremos colocar as coisas frente a frente, o candidato contra a candidata. Aí nós vamos ver realmente, o confronto de idéias, com a competência de cada um, e a comparação que com certeza o eleitor irá fazer.

            Srªs. Senadoras e Srs. Senadores, a despeito do que ouvimos de autoridades governamentais, a liberdade de expressão, o direito das oposições, a função republicana do Estado são bens inalienáveis e indissociáveis do conceito de democracia.

            Por fim, quero dizer aos Senhores que cabe a nós todos celebrar e resguardar a democracia brasileira, não permitindo que diferenças ideológicas, político-partidários ou interesses inconfessáveis ameacem-na.

            Era o que tinha a dizer, muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/10/2010 - Página 46415