Pronunciamento de Roberto Cavalcanti em 06/10/2010
Discurso durante a 162ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários acerca do papel do Brasil diante dos grandes negócios e investimentos mundiais. Registro de falhas ocorridas nas pesquisas eleitorais pelo país.
- Autor
- Roberto Cavalcanti (PRB - REPUBLICANOS/PB)
- Nome completo: Roberto Cavalcanti Ribeiro
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
ELEIÇÕES.:
- Comentários acerca do papel do Brasil diante dos grandes negócios e investimentos mundiais. Registro de falhas ocorridas nas pesquisas eleitorais pelo país.
- Aparteantes
- Antonio Carlos Valadares.
- Publicação
- Publicação no DSF de 07/10/2010 - Página 46524
- Assunto
- Outros > POLITICA DE DESENVOLVIMENTO. ELEIÇÕES.
- Indexação
-
- APRESENTAÇÃO, DADOS, COMENTARIO, NOTICIARIO, IMPRENSA, DEMONSTRAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, PAIS, AMPLIAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, ECONOMIA INTERNACIONAL, AUMENTO, INVESTIMENTO, EMPRESA MULTINACIONAL, MATRIZ, BRASIL, EXISTENCIA, CREDITOS, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), INTERNACIONALIZAÇÃO, EMPRESA NACIONAL, EXPECTATIVA, ORADOR, SEGUNDO TURNO, ELEIÇÕES, GARANTIA, CONTINUAÇÃO, PROCESSO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.
- AVALIAÇÃO, IRREGULARIDADE, PROTESTO, IMPUNIDADE, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, DIVULGAÇÃO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, ELEIÇÕES, OCORRENCIA, ERRO, COMPARAÇÃO, RESULTADO, PREJUIZO, DEMOCRACIA, DEFESA, CONTROLE, JUSTIÇA ELEITORAL, SUSPENSÃO, ENTIDADE, EXPECTATIVA, APERFEIÇOAMENTO, LEGISLAÇÃO ELEITORAL, PROTEÇÃO, ELEITOR, VITIMA, MANIPULAÇÃO.
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srª Presidenta? Não sei qual das duas formas é a mais correta, mas assisto, no dia a dia, até nas campanhas presidenciais, se falar em Srª Presidente ou Srª Presidenta.
Mas, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ainda ontem, nesta tribuna, ao comentar os resultados das eleições de 3 de outubro, usei meu tempo para repudiar, com firmeza e apoiado em fatos comprovados de domínio público, alguns boatos que poderão ser extremamente danosos não apenas aos candidatos, mas, por extensão, ao Brasil e à sua gente. Na oportunidade, citei como exemplo candente matéria da revista Veja sobre suposta inquietação de investidores estrangeiros quanto a uma eventual vitória de Dilma Rousseff.
Hoje volto ao tema por vias transversas para contribuir com o debate de maneira positiva, trazendo à reflexão das senhoras e dos senhores algumas transações do Brasil real e não daquela economia fragilizada que as cassandras de plantão têm criado para confundir o eleitor, na esperança de desviar o debate dos temas que realmente interessam à população que trabalha, recolhe seus impostos e sonha com um País melhor.
No Brasil de verdade, redesenhado em grande parte no Governo Lula, Srª Presidenta, os negócios e os investimentos se dão num ritmo jamais observado e teimam em desmoralizar, na prática, o “País de mentirinha” onde os investidores estariam inquietos e temerosos.
Não é isso que a economia tem demonstrado.
E é sobre essa economia pujante e sua força que quero me debruçar na tarde de hoje. Estou convencido de que o Brasil atualmente é a bola da vez no mercado internacional. São vários os fatores recentes que me levam a esta conclusão que acredito compartilhar com a maioria dos analistas econômicos internacionais.
No começo do mês de setembro, um grupo de investidores brasileiros que formam o grupo de investimentos 3G Capital adquiriu o controle da marca da segunda maior rede de lanchonetes food service do mundo, a Burger King, em um acordo de mais de US$4 bilhões. Trata-se do mesmo grupo de investidores brasileiros que anteriormente já havia adquirido o controle acionário da maior cervejaria americana, marca que representa um grande símbolo nacional da maior potência econômica dos Estados Unidos em se tratando de cerveja, a Budweiser.
Srª Presidenta, há alguns anos, quando eu estava na Paraíba e tinha uma viagem programada aos Estados Unidos, uma das referências de aproveitar a viagem, na minha simplicidade, era comer um sanduíche da Burger King com uma cerveja Budweiser. Para mim, era uma referência de qualidade. Naquela época, na Paraíba não existiam essas lanchonetes chamadas fast food; não existiam as filiais de algumas marcas que hoje já existem. Porém, naquela época, o humilde sonho de consumo era tomar uma Budweiser com sanduíche da Burger King.
Hoje tanto a Budweiser como a Burger King são brasileiras. Não é um destino bacana, na minha geração eu assistir a essa transição?
Trata-se, o Grupo 3G Capital, do mesmo grupo de investidores que antes exatamente adquiriu a Budweiser.
Para os Srs. Senadores e as Srªs Senadoras terem uma idéia, o prestigioso jornal The New York Times qualificou o negócio, esse negócio brasileiro lá nos Estados Unidos, em seu editorial, como “marca da contínua ascendência do Brasil como grande jogador internacional”. Então é o reconhecimento lá nos Estados Unidos: os grandes investidores mundiais acham que o Brasil passa a ser um dos grandes jogadores da economia internacional.
Pois bem, Srª Presidente, até mesmo empresas americanas bastante representativas, gigantes dos ramos de alimentação e bebidas cujas marcas ostentam o orgulho do american way of life, agora se encontram sob o controle empresarial de investidores do nosso País.
Tal condição, como bem salientou o famoso periódico americano, representa mais do que uma transferência acionária entre grupos de investimentos. Ela ratifica o processo absolutamente inquestionável de transformação do Brasil em um dos atores de relevo no cenário econômico mundial, cuja posição já não pode ser desconsiderada ou diminuída. O fato é que temos atualmente grandes empresas multinacionais de matriz brasileira com investimentos e aquisições espalhadas pelo globo terrestre.
Por trás desse processo, há uma política de Estado bem definida para esse fim.
O BNDES, inclusive, dispõe de uma linha de crédito específica para internacionalização de empresas brasileiras, com resultados já bastante significativos.
Para citar os casos mais conhecidos, a Vale, segunda maior mineradora do mundo, tem posições nos mais diversos rincões do planeta, com unidade em operação na África, Oceania, Ásia e nas Américas.
A Petrobras, por sua vez, já exportou sua tecnologia de exploração em águas profundas para inúmeros países e participa de empreendimentos desse segmento em quase todos os continentes.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a grande crise mundial de dois anos atrás, tal qual ensinam os chineses, parece ter se constituído em grande oportunidade para os nossos grupos empresariais.
Empresas tradicionais americanas e européias, combalidas pela restrição de crédito e diminuição da demanda nos grandes centros econômicos, viram-se na contingência de buscar os recursos de mercados emergentes para manter os seus negócios.
China, Índia e Brasil, sobretudo, passaram a representar, então, um novo Eldorado de investimentos e investidores, cujas oportunidades de negócios salvaram a economia mundial da débâcle geral.
O sentido das correntes dos grandes investimentos internacionais, portanto, vem sofrendo significativa transformação.
Essa “rodovia”, atualmente, configura-se em mão dupla, com atração de investimentos estrangeiros e exportação de capitais empresariais e de experiências administrativas.
Exemplo claro disso se deu no anúncio, no mesmo mês de setembro, do investimento da ordem de 200 milhões de reais da GE americana em um centro de pesquisa e desenvolvimento tecnológico no Brasil.
A decisão é bastante emblemática: já não somos mais apenas importadores ou meros montadores dos produtos eletrônicos mais modernos; temos, agora, a necessidade e a condição de desenvolvê-los conjuntamente.
Essa situação chegou a levar Alan Mulally, presidente de uma grande montadora americana, a Ford, a afirmar que “o Brasil é, hoje, o centro do universo”.
É claro que a condição brasileira de quarto maior mercado mundial de veículos automotores influenciou a força retórica da afirmação.
Mas, por trás do afago ao nosso sentimento patriótico por parte do executivo estadunidense, está o reconhecimento da importância vital de nosso País no contexto da nova arquitetura econômica internacional.
Por tudo isso, Sr. Presidente, retomo a minha consideração inicial para endossar que, sim, somos hoje a bola da vez dos grandes negócios e investimentos mundiais e essa conquista se deve aos anos de estabilidade econômica e normalidade democrática.
Tal condição nos impõe, hoje, o aumento de nossas expectativas quanto ao crescimento de nossa economia de forma sustentada e no longo prazo.
Espero que, neste momento em que o País decide quem irá governá-lo e os rumos que tomará nos próximos anos, saibamos fazer as escolhas certas no sentido de dar continuidade a esse processo.
Afinal, são esses novos atores políticos, escolhidos pela soberana vontade popular, que irão completar as reformas de que o Brasil necessita para garantir assento permanente no seleto grupo das nações desenvolvidas.
O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - V. Exª me concede um aparte, Senador Roberto Cavalcanti.
O Sr. Roberto Cavalcanti (Bloco/PRB - PB) - Com muita honra, nobre Senador e companheiro de viagens internacionais e vitorioso nas eleições no Estado de Sergipe.
O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Senador Roberto Cavalcanti, V. Exª está fazendo um pronunciamento que é um verdadeiro atestado de otimismo de um empresário, de um nordestino, que acredita na condução administrativa, na condução política de desenvolvimento econômico do Presidente Lula, de um governo que aprimorou, sem dúvida alguma, o acesso ao emprego, as condições sociais do nosso povo, notadamente das camadas mais pobres da população, introduzindo-as no mercado de trabalho fazendo com que acabasse com o preconceito sobre o nordeste do Brasil, onde volumosos investimentos são feitos, não só em seu Estado, como em todos os Estados da nossa região, numa prova mais do que evidente de que a abertura econômica que houve neste País, não só em nível internacional, como também em nível nacional, com o acesso ao crédito facilitado com taxas de juros generosas para todos os segmentos econômicos do nosso Estado. Tudo isso resultou numa política exitosa que combateu a inflação, que devolveu ao povo brasileiro a sua autoestima, que permitiu que o nosso País equilibrasse a sua balança de pagamentos e contribuísse para que os alimentos, com essa inflação baixa, pudessem chegar a todas as mesas do povo brasileiro, derrubando, sem dúvida alguma, essa chaga que tanto envergonhava o Brasil que é a pobreza absoluta. Milhões de brasileiros hoje ingressaram na chamada classe média e estão participando ativamente desse processo de mudança que se opera em nosso País. Esse processo de mudança precisa ter continuidade; não pode sofrer nenhum abalo; antes, pelo contrário, tem que ter a ratificação do povo brasileiro, tem que ter, novamente, a aprovação do povo brasileiro neste momento de definições, quando candidaturas são apresentadas num segundo turno e que só uma candidatura tem compromisso com esse ideário, com esse projeto que deu certo, que é a da ex-Ministra Dilma Rousseff. Agradeço a V. Exª, Senador Roberto Cavalcanti, e o parabenizo por esse pronunciamento, que partiu de um homem que conhece a economia do nosso País, notadamente a economia regional do Nordeste, e que contribui com seu trabalho, com a força das suas empresas, com a desenvoltura da sua inteligência, dos operários e trabalhadores, das pessoas que comungam das suas ideias, para o desenvolvimento da nossa região.
O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Agradeço o honroso aparte do nobre Senador Antonio Carlos Valadares, que é um homem de extrema vivência política, extrema sensibilidade e competência. Então, na verdade, tudo que foi dito por ele vem somar, vem agregar ao pronunciamento que acabo de fazer. Senador Antonio Carlos Valadares, quem sou eu para, na verdade, ser o gestor... Eu sou tão-somente o porta-voz dessas informações.
Trago aqui, nobre Senador, por exemplo, um artigo - este, sim, merece credibilidade - de Antonio Delfim Netto, publicado na Carta Capital, que tem como título Pode ficar melhor, mostrando que nós estamos numa fase de ascensão internacional e que tudo pode melhorar. Nada poderá ser feito para atrapalhar tanto o nosso processo democrático quanto o nosso processo de desenvolvimento econômico.
Trago também material do jornal O Globo: “Empresários brasileiros compram 2ª maior rede de fast food do mundo”. Então, minhas fontes são extremamente ilibadas: jornais e periódicos de circulação...
Outra matéria, do Correio Braziliense: “Fundo de investimento de empresários brasileiros compra o Burger King”. É referente ao tema que acabei de falar.
Outra matéria: “O Brasil no centro do universo da Ford”.
Eu teria centenas de recortes de jornais e revistas.
O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Senador Roberto Cavalcanti.
O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Pois não, Senador.
O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - V. Exª está dizendo algo que é verdade.
O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Inquestionável.
O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - O Brasil é um outro Brasil. Melhor que está pode ficar, sem dúvida, com Dilma no Governo.
O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - É a matéria do nobre economista Delfim Netto. Temos que fazer tudo para que ele melhore, não fazer nada que possa atrapalhar esse processo.
O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Exatamente. Vamos melhorar mais ainda, aperfeiçoar.
O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Isso.
Srª Presidente, peço a concessão de mais alguns minutos.
Para finalizar, eu diria que minha grande preocupação, Srªs e Srs. Senadores, é no sentido de que nós possamos, em função eleitoral - são vinte e cinco dias -, causar dano ao País: dano nacional na nossa autoestima, gerando dano internacional na nossa credibilidade. Nós temos que poupar o Brasil dessa queda de braço eleitoral. Nós temos que, em conjunto, qualquer que seja a facção política, qualquer que seja a corrente política, qualquer que seja o candidato, esse ou aquele, nós temos que respeitar, internamente, como o Brasil está sendo respeitado internacionalmente.
Srª Presidente, eu gostaria só de abordar um tema que foge um pouco deste pronunciamento, mas que hoje foi o tema do dia nos bastidores do Senado Federal. O assunto se refere às pesquisas eleitorais no Brasil, às falhas ocorridas nas pesquisas eleitorais no País.
Está evidente que algo está acontecendo. Está evidente que da forma como se encontra não pode continuar. Está evidente que quem se beneficia dos acertos ou erros são só os grandes institutos de pesquisa. A população fica à mercê dessas informações mal captadas, desses levantamentos mal elaborados. Os candidatos ficam à mercê exatamente dessas pesquisas. As pesquisas, muitas vezes, em alguns Estados, mostram que houve erro de avaliação, por exemplo, no tocante ao favoritismo de candidato a Governador. Porém, muitas vezes se verifica que o erro acontece de forma inversa, como quando se fez a pesquisa da expectativa de votação para Senadores. A Paraíba, por exemplo, foi emblemática. Ela tinha uma posição de Governo, que mostrava uma posição determinada, definida, e uma posição inversa nas pesquisas para Senadores. O Senador que estava em último lugar foi eleito. É inacreditável, porque fazia parte, vamos dizer, exatamente da... E esse que estava em último lugar fazia parte de uma das chapas... Porque a eleição na Paraíba, na verdade, foi empate. Com mais de dois milhões e setecentos mil eleitores, a diferença foi de quatro mil votos. Então, foi um empate.
Na verdade, os institutos de pesquisa deviam ter a responsabilidade de colocar, nas suas margens de erro, um percentual que expressasse a verdade. Se eles coletam, em um Estado que tem uma população de dois milhões e setecentos mil eleitores, se eles captam a pesquisa com mil ou dois mil eleitores, está visto que essa amostragem é insuficiente. Então, tinham a obrigação de lá, na margem de erro, colocar que a margem de erro é o que aconteceu na verdade: no lugar de colocarem 2% ou 3%, tenham a coragem de botar margem de erro de 10% logo. Aumentem a margem de erro. Agora, é verdade, tem que ser. Agora, enganam a população, enganam os eleitores, enganam os candidatos, enganam os órgãos de comunicação. Por quê? Porque eles saem ilesos. Ano após ano, os mesmos institutos de pesquisa, grandes marcas brasileiras, fazem seus descalabros de pesquisa país afora e não têm nenhuma punição.
Eu sou um democrata, sou uma pessoa da iniciativa privada, mas acho que nós, Senadores, deveríamos fazer uma proposta na qual houvesse um certo controle por parte da Justiça Eleitoral no tocante a esses institutos. Por exemplo: os institutos que errassem sistematicamente acima da faixa de tolerância, da faixa de erro, acima do erro matematicamente possível... Da mesma forma, se um juiz de futebol - Senador Augusto Botelho, entenda o raciocínio - erra sistematicamente ao apitar três partidas, o que acontece com ele? Ele é afastado pelo órgão que controla a arbitragem daquele esporte que o juiz que erra sistematicamente está apitando. Ele é suspenso pelo comitê de arbitragem, porque ele está provando uma sistemática incompetência.
Se uma empresa que lança um produto que é um fracasso contrata um instituto de avaliação de mercado para ver se aquele produto é bem recebido pela população e esse instituto atesta, erroneamente, que foi bem recebido, essa empresa privada, sem dúvida, vai afastar a empresa de pesquisa que atestou a validade de um produto que lá, na prática de mercado, se tornou ineficiente, se tornou não aceito. Pode ser por um sabor, pode ser por uma qualidade tecnológica, alguém errou. Então, a empresa privada, automaticamente, afasta essa empresa terceirizada.
Só que, no Brasil, nós assistimos os mesmos institutos, Estado por Estado, a incorrerem no mesmo tipo de erro. Então, deveria haver liberdade democrática e econômica para esses institutos poderem trabalhar para quem quiserem, mas a publicação dessas pesquisas estaria vetada. Esses institutos que, sistematicamente, erram, o TSE deveria ter uma chancela de inidôneo ou, pelo menos, suspenso por idoneidade sub judice.
Teria de haver isso. Por quê? Porque não acontece nada com os institutos, que colocam no bolso milhões e milhões. Essas pesquisas em Estados maiores chegam a custar centenas de milhares de reais para cada pesquisa e não acontece nada com esses institutos. O eleitor é danificado, o político é danificado, os órgãos de comunicação são danificados, mas os institutos não. Receberam os valores para que fizessem um bom trabalho e esses trabalhos foram feitos de forma equivocada.
Então, Srª Presidente, a minha proposta. Eu estarei, no próximo ano, fora do Senado Federal por uma opção pessoal. Não me candidatei. Tenho certeza de que, se aqui estivesse, eu estaria tangendo e pastorando um projeto como esse, mas tenho certeza de que acontecerá. Que algum Senador, que terá mandato por mais 4 anos ou por mais 8 anos, abrace essa causa, para que haja um instrumento para que o tribunal, a justiça eleitoral possa suspender institutos que tenham sistematicamente errado acima da margem de tolerância.
Se existe, matematicamente, uma margem de tolerância, esta significa a margem de erro. Se, sistematicamente, eles erram acima da margem de erro, então está comprovada a incompetência dos mesmos para fazerem as pesquisas. Então, não existe dizer que é movimentação eleitoral de última hora. Eu não acredito.
Eu acredito, também, que esse é um fator, mas deveria estar previsto na pesquisa, que deveria dizer que, em se tratando da eleição proporcional “x” ou majoritária “y”, ao se perceber que há uma movimentação do eleitorado na tendência tal, aumente-se a margem de erro.
Mas colocar o eleitor, colocar o candidato, colocar a opinião pública, colocar os órgãos de comunicação e deixar registrada uma tendência eleitoral, resultados percentuais e manter margem de erro que não expressam a verdade, porque a maior pesquisa é a pesquisa da urna, na verdade, eu acho que é preocupante.
Então, nós, no Congresso Nacional, seja na Câmara dos Deputados, seja no Senado Federal, temos de ajudar com uma solução, e eu só acredito em uma solução que seja punitiva, a solução de que se erra sistematicamente e se continua colocando dinheiro no bolso. Isso para mim não vai a lugar nenhum. Eles continuarão sem a responsabilidade de fazer as suas pesquisas de forma correta.
Era essa contribuição, Srª Presidente, que eu gostaria de deixar aqui registrada. Sei que um projeto como esse necessita de um acompanhamento posterior. Ele não se materializa se for encaminhado por um Senador que deixará no próximo mês de fevereiro o Senado Federal. Exige que seja feito por um Senador que, na verdade, acompanhe a matéria no trâmite da sistemática regimental do Senado e lá, na frente, na Câmara Federal e a chancela do Presidente da República.
Era isso, Srª Presidente, e agradeço pela tolerância com relação ao tempo, mas tenho certeza de que trouxe dois temas que são de vital importância, que é a preocupação com o Brasil, para que o mesmo não seja danificado durante esta campanha, e a preocupação com as pesquisas.
O meu muito obrigado.
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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ROBERTO CAVALCANTI EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e §2º do Regimento Interno.)
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Matérias referidas:
- O Brasil no centro do universo da Ford.
- Fundo de investimento de empresários brasileiros compra o Burger King.
- Empresários brasileiros compram 2ª maior rede de fast food do mundo.
- Pode ficar melhor.
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