Discurso durante a 162ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Felicitações ao Estado de Roraima, pelo transcurso dos 22 anos de sua criação, completos na data de ontem, 5 de outubro, e considerações acerca de sua história.

Autor
Augusto Botelho (S/PARTIDO - Sem Partido/RR)
Nome completo: Augusto Affonso Botelho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Felicitações ao Estado de Roraima, pelo transcurso dos 22 anos de sua criação, completos na data de ontem, 5 de outubro, e considerações acerca de sua história.
Publicação
Publicação no DSF de 07/10/2010 - Página 46541
Assunto
Outros > HOMENAGEM. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ESTADO DE RORAIMA (RR), REGISTRO, HISTORIA, CHEGADA, IMIGRANTE, PAIS ESTRANGEIRO, PORTUGAL, INICIO, PRODUÇÃO, GADO, EXTRAÇÃO, DIAMANTE, OURO, COMENTARIO, DIFICULDADE, TRANSPORTE, CARENCIA, AÇUCAR, SAL, IMPORTANCIA, CONSTRUÇÃO, RODOVIA, LIGAÇÃO, INTEGRAÇÃO, BRASIL, ELOGIO, INICIATIVA, MOZARILDO CAVALCANTI, SENADOR, CRIAÇÃO, UNIVERSIDADE, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), NUMERO, HABITANTE.
  • CRITICA, NEGLIGENCIA, GOVERNO, ATENDIMENTO, ESTADO DE RORAIMA (RR), ESPECIFICAÇÃO, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, ASSISTENCIA, INDIO, COMENTARIO, SITUAÇÃO, POPULAÇÃO, AUSENCIA, HABITAÇÃO, EFEITO, DEMARCAÇÃO, RESERVA INDIGENA, NECESSIDADE, INICIATIVA, MELHORIA, EDUCAÇÃO, SAUDE, PRIORIDADE, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, EXPECTATIVA, CONSCIENTIZAÇÃO, ESCOLHA, REPRESENTANTE, SEGUNDO TURNO, ELEIÇÕES.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. AUGUSTO BOTELHO (S/Partido - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Serys Slhessarenko, eu hoje vou falar sobre o meu Estado de Roraima, que completou ontem, dia 5 de outubro, 22 anos.

            O meu Estado, Srª Presidente, é um Estado jovem, que teve a força e a determinação dos pioneiros, dos quais me orgulho de descender, para fundar as bases do que hoje é Roraima, um Estado dos mais promissores do meu País.

            A história de Roraima começa com a criação da Freguesia de Nossa Senhora do Carmo, em 1858, transformada no Município de Boa Vista 42 anos depois. Antes de 1748, os portugueses foram até a nascente do Rio Branco, que é formado pelo rio Itacutu e Uraricuera. Em 1750, fundaram um forte e levaram gado e cavalos para lá, além de animais domésticos que vieram da Europa.

            Roraima transformou-se depois no maior produtor de gado da região amazônica, até que Rondônia começou a produzir. Hoje Rondônia tem 12 milhões de cabeças de gado e nós continuamos abaixo de um milhão de cabeças, porque nunca houve um Governo que se interessasse em estimular a produção.

            Com essa criação da Raposa Serra do Sol, também houve uma quebra na produção de bovinos, mas os indígenas têm capacidade de produzir boi, carneiro, produzir a pecuária. E sabem produzir, sabem criar. Só falta o Governo cumprir a promessa de que iria assistir os indígenas do meu Estado. Eles estão abandonados, não têm recursos para elaborar os seus projetos até hoje, como também estão abandonadas as pessoas que foram retiradas de suas casas, os tais extrudados, expulsos de suas residências lá no meu Estado.

            Algumas décadas depois de fundada a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo, começaram a chegar os garimpeiros, porque o meu Estado é rico em ouro e diamante. Coincidentemente, todas as áreas onde havia ouro e diamante se transformaram em reservas indígenas.

            No início, a vida era muito difícil porque o único meio de ir e voltar para Boa Vista, em que se formou depois a Freguesia Nossa Senhora do Carmo, era pelo rio Branco, que só é navegável regularmente um período do ano, na época das nossas chuvas. A maior parte do ano ele passa vazio, só podem passar pequenas embarcações. E a viagem de Manaus até lá levava quinze, vinte, trinta dias.

            Então, os pioneiros sofreram muito. Tinham muitas dificuldades. Cheguei a pegar isso porque sempre vivi em Roraima, até quando saí para estudar fora de lá, e me lembro das dificuldades. Faltava açúcar, faltava sal, faltavam coisas porque esgotavam-se as reservas lá. O comércio era fraco, não tinha ainda essa potência de estocar materiais para poder garantir qualquer privação. Na realidade, o rádio era a única forma de comunicação para recebermos informações aqui do Brasil.

            A população foi crescendo, a necessidade de se desenvolver foi aumentando, e em 1943 foi criado o Território do Rio Branco, quando foram para lá os primeiros médicos, os primeiros advogados e juízes. Entre os primeiros médicos, foram para lá o meu pai, Sílvio Botelho, o Dr. Reinaldo Neves, o Dr. Arnaldo Brandão, o Dr. Guerra, o Dr. Barnabé. Todos já se foram, mas são os pioneiros da Medicina no meu Estado. Na semana que vem vamos festejar o Dia do Médico, dia 18 de outubro. E aproveito a oportunidade para fazer essa homenagem aos médicos pioneiros do meu Estado.

            Com a nova Constituição de 1988, Roraima passou a ser mais um Estado da Federação. O novo Estado ganhou autonomia para definir suas ações.

            Um fato que marcou muito a mudança do Estado de Roraima foi a abertura da BR-174, na época da revolução. Aliás, na época da ditadura foi quando se investiu muito dinheiro, foi quando se estruturou o meu Estado. Fizeram uma ponte atravessando Rio Branco para nos ligar à Guiana Inglesa. Naquela época era Guiana Inglesa, agora é República da Guiana. Fizeram uma estrada também na direção da Venezuela. Já existia uma estrada comum, que os jipes faziam, mas fizeram uma estrada definitiva. Então, fomos ligados primeiro à Venezuela, depois à Guiana e depois ao Brasil.

            Ao Brasil, fomos ligados por terra só em 1974 pela BR-174. Depois da BR a coisa mudou lá. Houve um fluxo migratório muito intenso, muitas pessoas foram para lá procurar oportunidade de vida e, graças a Deus, lá encontraram. O Estado que tinha 50 mil habitantes tem hoje 412 mil habitantes, segundo o IBGE.

            Outro marco também no meu Estado foi a criação da Universidade, coisa recente, da época da Constituição. Inclusive, foi o Senador Mozarildo que apresentou o projeto para criar a universidade, e o Presidente da República era o Presidente Sarney. A nossa universidade foi um marco porque começamos a nos formar lá. Quando saí para estudar eu tinha 15 anos, só havia ginásio em Roraima, não havia segundo grau. Terminava ali e tinha que sair quem quisesse estudar. Na minha turma de ginásio, a turma de 1963, todos foram estudar fora. Não todos de uma vez, mas foram saindo, e todos estão lá hoje vivendo, trabalhando, lutando, são médicos, engenheiros, professores, empresários, estão lá trabalhando.

            Nós fazemos parte da estruturação do nosso Estado. Tenho 62 anos e meu Estado tem 22. Então, quando o Estado surgiu, eu já tinha 40 anos.

            Segundo o IBGE, o perfil de Roraima hoje é jovem, universitário e também formado por migrantes que escolheram Roraima como sua casa. E eles são sempre bem-vindos a Roraima.

            Segundo estimativas do IBGE, somos 421 mil pessoas no meu Estado. O chefe da unidade local do instituto, Vicente de Paulo Joaquim, disse que, nos últimos dez anos, o perfil demográfico da população mudou consideravelmente em razão de dois eixos: primeiro, pela institucionalização de concurso público; foram mais pessoas qualificadas para lá, muitos jovens. Segundo, esses benefícios sociais do Governo também pararam um pouco o fluxo migratório, que se reduziu no meu Estado.

            Roraima possui sete instituições de ensino superior: duas federais, uma estadual e quatro privadas. Há dez anos, havia três mil universitários. Hoje, somos mais de 27 mil no meu Estado.

            Dos 421 mil habitantes de Roraima, 53% hoje são roraimenses de nascimento. Há poucos anos, nós, os nativos, éramos minoria, representávamos 49% da população.

            Apesar de ter atingido a maioridade, 22 anos, Sr. Presidente Jefferson Praia, Roraima ainda precisa de muito desenvolvimento. Precisamos de mais educação de qualidade, de mais saúde de qualidade, precisamos que nossos governantes olhem com mais carinho para esses quase 500 mil habitantes do Estado mais setentrional do Brasil.

            Na educação, nós tivemos uma queda. Saíamos bem no Pnad, nessas provas que mensuram isso. Éramos quase o primeiro do Norte; hoje, somos o último do Norte.

            Para que essas coisas aconteçam, para que o Estado melhore, as pessoas têm que ter consciência na hora de votar na próxima eleição. Escolham bem seu Governador e seu Presidente para que nosso Estado melhore mais, pois precisamos mudar, dar mais vida, dar mais condições para as pessoas ascenderem socialmente no meu Estado.

            Sr. Presidente, era apenas isso que eu queria dizer ao parabenizar o meu Estado por seus 22 anos de idade.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/10/2010 - Página 46541