Discurso durante a 163ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do ex-Deputado Aécio Ferreira da Cunha, pai do ex-Governador Aécio Neves.

Autor
Eduardo Azeredo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MG)
Nome completo: Eduardo Brandão de Azeredo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do ex-Deputado Aécio Ferreira da Cunha, pai do ex-Governador Aécio Neves.
Publicação
Publicação no DSF de 08/10/2010 - Página 46616
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EX-DEPUTADO, PAI, AECIO NEVES, EX GOVERNADOR, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ELOGIO, VIDA PUBLICA, COMPETENCIA, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, DIVERSIDADE, COMISSÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), COMPANHIA ENERGETICA DE MINAS GERAIS (CEMIG), APRESENTAÇÃO, VOTO DE PESAR, FAMILIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG. Sem revisão do orador.) - Pela ordem, Sr. Presidente.

            Eu quero aqui apresentar um requerimento. Mas, antes, eu queria só ainda - já fiz o aparte à Senadora Serys - lembrar que as posições em relação a essa questão do aborto estão no Programa Nacional de Direitos Humanos, que foi objeto até de uma audiência pública aqui no Senado, que eu presidi, e naquele momento não houve esse desmentido que ocorre agora. Portanto, não há plantação.

            Existe uma realidade, da defesa de uma tese que foi feita pelo partido, pelo PT, o partido da Ministra Dilma, e da mesma tese no Plano Nacional de Direitos Humanos, também do Governo da Ministra Dilma. Portanto, não há plantação; há a lembrança de fatos que estão aí claros, escritos, comprovados, e que qualquer um pode acessar.

            É muito importante que isso fique esclarecido. Da parte do nosso Partido, do PSDB, o objetivo é que a eleição seja realmente limpa, clara. Esse foi o nosso desejo. Nós é que fomos atacados com quebra de sigilo. Isso é que aconteceu com o PSDB. Não é da tradição nossa, somos até chamados às vezes de oposição muito branda, exatamente porque nos comportamos de uma maneira correta aqui no Senado, fazendo oposição moderna, que não se furtou a aprovar o ProUni, não se furtou a aprovar a reforma da Previdência, nem tampouco a reforma tributária, que chegou a ser aprovada aqui.

            Portanto, é importante esse esclarecimento que eu faço aqui.

            Mas eu quero, Sr. Presidente, me permitindo o tempo, apresentar um requerimento aqui pelo falecimento do ex-Deputado Aécio Ferreira da Cunha, de Minas Gerais, aos 83 anos, que ocorreu no último 3 de outubro, em Belo Horizonte. O meu colega Alvaro Dias já apresentou requerimento semelhante, mas eu, que o conheci pessoalmente, que sou ligado à família - Aécio Cunha foi também colega e amigo do meu pai, Renato Azeredo -, faço com muito pesar este registro aqui.

            Estive com Aécio Cunha ainda no último mês de junho, no interior de Minas, onde ele foi homenageado, na cidade de Janaúba, e ele estava muito bem. Aécio Cunha, como era mais conhecido, nasceu em Teófilo Otoni, em 4 de janeiro de 1927, filho de Tristão da Cunha e de Júlia Versiani Ferreira da Cunha, foi casado em primeiras núpcias com Inês Maria Neves da Cunha, filha de Tancredo de Almeida Neves.

            Estudou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, pela qual se tornou bacharel em 1950.

            Conviveu desde cedo na vida política, sucedendo a seu pai, Tristão da Cunha, que era do antigo Partido Republicano Mineiro - PRM, que, em 1943, foi um dos signatários do Manifesto dos Mineiros, documento que circulou como carta aberta à população brasileira, pedindo a restauração da democracia e fim do Estado Novo, assinado por 92 personalidades liberais mineiras. A forte reação de Getúlio Vargas alcançou Tristão da Cunha, que foi exonerado de sua cátedra de alemão do Colégio Pedro II, na qual ingressara por concurso público e esteve detido em prisão domiciliar.

            Sobre Tristão da Cunha, pai de Aécio Cunha, Tancredo Neves declarou: “Ele fez oposição num dos períodos de maior opressão da nossa história, o que antecedeu a implantação do Estado Novo, e durante sua vigência. Revelou, nesta fase heróica de sua vida, sua coragem pessoal, feita de serena altivez, sem bravatas e sem demagogia, não fugia dos riscos nem temia os poderosos. Conheceu, pelo desassombro de suas atitudes, as hostilidades do arbítrio e as perseguições odientas da prepotência. Mas a tudo resistiu”.

            Com essa orientação familiar, Aécio Cunha foi membro atuante do Partido Republicano - PR e da Aliança Renovadora Nacional - Arena, nesta tendo sido, em 1979, Presidente da Comissão Executiva Estadual e do Diretório Regional de Minas Gerais. Em seguida, filiou-se ao Partido Democrático Social - PDS, de cujo diretório estadual foi presidente.

            Aécio Cunha elegeu-se Deputado Estadual, na primeira vez, em 1955 e reelegeu-se para a 4ª legislatura (1959-1963). Foi também Deputado Federal da 5ª à 9ª legislaturas (1963 até 1983), sempre com um trabalho muito profícuo a favor do povo brasileiro. Foi ainda reeleito para o período de 1983 a 1987.

            Estudioso dos problemas econômicos e sociais, na Câmara dos Deputados, atuou como membro das Comissões de Educação e Cultura, Defesa do Consumidor, Orçamento, Comissões de Fiscalização Financeira e Tomada de Contas, de Minas e Energia e de Ciência e Tecnologia.

            Ao término de seu oitavo mandato legislativo, em 1986, Aécio Cunha foi candidato a vice-governador de Minas Gerais.

            Em 1988, foi nomeado Ministro do Tribunal de Contas da União pelo Presidente José Sarney, mas, por razões pessoais, declinou do cargo, numa atitude até surpreendente, pela importância da função, mas muito elogiada pela dignidade moral do gesto, já que se levantaram suspeitas de que seria uma barganha política, e Aécio não aceitou de forma alguma. Preferiu abrir mão do cargo no Tribunal de Contas a prejudicar o seu filho, que era Deputado no primeiro momento na Câmara dos Deputados.

            Na presidência de Itamar Franco, Aécio Cunha foi nomeado presidente do Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Posteriormente, foi conselheiro de Furnas Centrais Elétricas e foi também conselheiro da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), onde permaneceu até seu falecimento.

            Sucedeu-lhe na política, Sr. Presidente, o filho Aécio Neves da Cunha, ex-Deputado Federal por quatro mandatos, ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-governador de Minas Gerais por dois mandatos, agora eleito Senador da República por Minas Gerais, liderança que vem marcando a política nacional com administração arrojada e propostas de grande aceitação da população.

            Aécio Cunha deixou os filhos Aécio, Andréia e Ângela e a viúva Sônia, de segundas núpcias.

            Quero ainda, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pedir o apoio dos nobres Pares para essa homenagem a uma pessoa que só fez engrandecer a nossa sociedade, engrandecer o Brasil, engrandecer o nosso Estado de Minas Gerais.

            Aécio Cunha foi um grande Parlamentar, um Parlamentar até discreto. Durante os últimos 8 anos em que Aécio Neves era Governador de Minas, Aécio Cunha sempre exerceu a sua função discretamente, sempre esteve acompanhando, orientando seu filho. De maneira que a política brasileira perdeu, sim, um grande homem público, ao falecer Aécio Cunha com 83 anos de idade.

            Quero trazer esta homenagem, também, ao nosso companheiro Aécio Neves.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/10/2010 - Página 46616