Discurso durante a 163ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento de Gerardo Ponte Cavalcante. Comentários sobre os resultados das pesquisas de intenção de voto no Estado do Piauí para o primeiro turno, em contraposição aos resultados efetivamente apurados. Manifestação de apoio aos candidatos José Serra, para Presidente, e Sílvio Mendes, para Governador do Piauí. Agradecimento ao povo do Piauí pelos votos que S.Exa. recebeu.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ELEIÇÕES.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento de Gerardo Ponte Cavalcante. Comentários sobre os resultados das pesquisas de intenção de voto no Estado do Piauí para o primeiro turno, em contraposição aos resultados efetivamente apurados. Manifestação de apoio aos candidatos José Serra, para Presidente, e Sílvio Mendes, para Governador do Piauí. Agradecimento ao povo do Piauí pelos votos que S.Exa. recebeu.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Heráclito Fortes, José Bezerra.
Publicação
Publicação no DSF de 08/10/2010 - Página 46640
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ELEIÇÕES.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EX VEREADOR, MUNICIPIO, PARNAIBA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), ELOGIO, VIDA PUBLICA, COMPETENCIA, DIGNIDADE, COMENTARIO, AMIZADE, APRESENTAÇÃO, VOTO DE PESAR, FAMILIA.
  • ANALISE, IMPORTANCIA, SOBERANIA POPULAR, DEMOCRACIA, COMENTARIO, CONTRIBUIÇÃO, ORADOR, PROCESSO, REDEMOCRATIZAÇÃO, BRASIL.
  • REPUDIO, RESULTADO, ELEIÇÕES, ESTADO DO PIAUI (PI), ESPECIFICAÇÃO, CANDIDATURA, SENADO, OCORRENCIA, CORRUPÇÃO, PREJUIZO, REELEIÇÃO, ORADOR, REGISTRO, SUPERIORIDADE, REFERENCIA, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, CRITICA, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DESRESPEITO, DEMOCRACIA, AGRADECIMENTO, VOTO, ELEITOR, LEITURA, TRECHO, MUSICA, EXPECTATIVA, VITORIA, SEGUNDO TURNO, JOSE SERRA, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, COMPETENCIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Augusto Botelho, que preside esta reunião, parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado da República, primeiro quero defender aqui um requerimento de condolências pela morte de um político que faleceu na minha cidade de Parnaíba: Gerardo Ponte Cavalcante, que é dessa geração antiga em que política tinha ética.

            Gerardo Ponte Cavalcante teve uma longa vida. Isso já o identifica. 

            Cristovam Buarque, está no Livro de Deus que aqueles de quem Deus gosta, aqueles que Deus ama, os bem aventurados, recebem de Deus uma vida longa e, durante toda essa vida, têm clarividência, exercem suas atividades e vivem felizes. Então, ele já foi um desses escolhidos por Deus: teve uma longa vida.

            Ele foi eleito oito vezes vereador na cidade de Parnaíba. O nome dele é Gerardo Ponte Cavalcante, mas era conhecido por Gerardo Cearense. Ele era um desses muito cearenses que, nas brabas secas do Ceará, dirigiu-se ao Estado vizinho, onde há água - Parnaíba é banhada pelo rio Igaraçu, um dos braços do rio Parnaíba.

            Gerardo Cearense, como era conhecido na intimidade, foi muito importante no início da minha carreira política. Ele foi vereador várias vezes, chegou a presidir o partido a que eu pertencia, foi Presidente da Câmara. E eu, querendo homenageá-lo em vida, estimulei meu Vice-Prefeito, Francisco das Chagas Caldas Rodrigues, cuja esposa era carioca, a prolongar sua estadia no Rio de Janeiro, cidade onde iria passar as festas de fim de ano, e viajei para que ele assumisse a prefeitura.

            Há até um estádio que eu tinha construído e que chamam de Mão Santa. Não fui eu que o denominei assim. Num desses momentos em que ele ficou na prefeitura, que eu tinha a satisfação de lhe transferir quando viajava, ele botou lá o nome de Mão Santa.

            Mas ele construiu uma família ilustre: Valdeci Ponte Cavalcante, Raimundo Ponte Cavalcante, Adelaide Ponte Cavalcante, Reginaldo Ponte Cavalcante, Rejane Ponte Cavalcante, Gerardo Ponte Cavalcante Júnior. Esse Valdeci é empresário, advogado brilhante, e é o diretor-presidente, muito competente, da Fecomércio do Piauí, um realizador. O Gerardo também chegou a ser delegado - foi nomeado por Petrônio Portella. Foi prefeito de Parnaíba. Então, sua morte é motivo de pesar.

            Eu diria só uma particularidade daquele tempo: ele me testemunhava que tinha mais de trezentos afilhados, e em relação aos afilhados que tinha, obedecia o que prega a Igreja cristã: ele era um verdadeiro pai para orientar aqueles dos quais ele se tornava padrinho.

            Mas essas notas de falecimento me fazem, Augusto Botelho, meditar sobre a Bíblia, sobre uma de suas partes. Eu sei que ela é cheia de encantamentos e de diretrizes, mas há uma passagem que muito me comove. Abro sempre a Bíblia quando vou a um necrotério, quando um amigo falece. Lembro algo escrito em Cohelet.

            Cohelet começa logo assim, Presidente Augusto Botelho: ninguém tem mais conhecimento do que eu, mais sabedoria, eu sou filho de Salomão e neto de Davi. Meu avô Davi e meu pai Salomão me ensinaram muito e tive preceptores. Então, ninguém melhor do que eu para explicar as coisas da vida. Tive gado, mais do que estrelas no céu; terras que minha visão não atingia; castelos, ouro, prata; mulheres, mais de mil - está ouvindo, Cristovam Buarque? Cohelet, no Eclesiástico. Mulheres, mais de mil - eu só tenho uma, mas vale pelas mil dele: Adalgisinha.

            Então eu quero dizer o seguinte... E ele dizia: ninguém sabe mais do que eu interpretar a vida - está ouvindo, Cristovam? Aí ele diz: tenho observado que tudo é vaidade, é querer pegar o vento com a mão. Até a sabedoria - aqui está o símbolo da sabedoria de hoje, Cristovam Buarque... Eu tenho visto... Atentai bem à forma como ele descreve. Mas eu tenho observado que às vezes ele morre néscio, fica caduco - chamávamos assim, mas hoje a medicina botou um nome bonito: Alzheimer. Até a sabedoria a que ele se curvava... É bom, mas na observação dele... Ele tinha visto que sábios se tornavam... Ficavam sem sabedoria no final da vida. E tudo é vaidade, é querer pegar o vento com a mão.

            O bom mesmo é comer bem, beber bem e fazer o bem. Isso é o que ele disse. Você vai ver, Cristovam, que isso que eu estou dizendo é verdade, mas não numa festa, numa boda, num aniversário, mas quando você fizer o velório de um amigo. Diante do amigo, você vai ver que tudo é vaidade.

            Nasce nu e há de virar pó. Então, faço essas interpretações aqui para dizer do significado de Gerardo Ponte Cavalcante, o exemplo que ele foi, a família que ele construiu. E só a Bíblia nos orienta sobre o valor e o sentido da vida. Então, receba este pesar, que não é só da sua família, não é só da Parnaíba, não é do Piauí, é do Ceará, é de todos nós, cristãos.

            Fica seu exemplo de grandeza e de família. Árvore boa dá bons frutos. Todos são importantes. E esse Valdeci Ponte Cavalcante é hoje um dos homens de maior valor do Estado do Piauí, é respeitado em todo o Brasil por seu saber jurídico na área do Direito do Trabalho e por sua capacidade de liderança, é um líder da Federação do Comércio do Piauí e do Brasil.

            Então, receba, em nome do Piauí, o nosso pesar. Vou oficializar o documento.

            Mas, Cristovam Buarque, aqui estamos. Cristovam, atentai bem! Quantos anos V. Exª tem?

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF. Fora do microfone.) - Sessenta e seis.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Sessenta e seis. Eu tenho sessenta e sete. Nós acreditamos em muitas coisas, em muitos valores, no estudo, que leva à sabedoria, nas virtudes.

            E eu quero dizer o seguinte. Eu posso dizer aqui, Cristovam, algo que disse aquele que foi o maior líder cristão da história da humanidade, sem o qual nós não teríamos nem conhecido Cristo. Cristo viveu pouco, Cristo não escreveu, e ele foi um soldado, lutou, foi um bravo. Ele pregou muito, ele discursou muito, ele escreveu, está na Bíblia: é o Apóstolo Paulo. Então, Cristovam, o Apóstolo Paulo, que também teve uma longa vida, é um bem aventurado de Deus. No fim da sua vida, ele, que pregou, que escreveu, que falou, que propagou a vida de Cristo... Por isto é que nós somos cristãos: porque ele foi o maior propagador, sem ele não seríamos cristãos. Ele sofreu muito, jogaram pedra nele, prenderam-no, crucificaram-no de cabeça para baixo. No fim, ele disse: percorri minha carreira, preguei e guardei a minha fé, combati o bom combate. Eu posso dizer as palavras do Apóstolo Paulo para Parnaíba, para o Piauí e para o Brasil: percorri minha careira, preguei e guardei minha fé, combati o bom combate.

            E quero dizer o que entendo, e entendo bem: eu sou povo, e a democracia é do povo. Eu entendo as coisas. Foi o povo que criou a democracia. Então, foi o povo, insatisfeito com o governo... A história do mundo sempre teve absolutismo: rei aqui; no oriente, chamava-se faraó.

            E tinha um que dizia: L’état c’est moi, o Estado sou eu, eu faço o que quero. E aquilo era muito bom para o rei, para a mulher do rei, para os filhos do rei e para os puxa-sacos do rei, que viviam no palácio. O povo sofria, o povo era esquecido, abandonado e desprezado.

            Mas o povo resistiu, foi às ruas e gritou: liberdade, igualdade, fraternidade. Esse grito é que fez caírem os reis todos do mundo. Então, foi o povo que a construiu, ela é criação do povo. E um homem do povo, que chegou à Presidência por esse regime, definiu essa democracia como o governo do povo, pelo povo, para o povo: Abraham Lincoln. Ele libertou os escravos, esteve numa guerra, e disse: este país não pode ser meio livre e meio escravo. Então, é essa a democracia a que nós somos fiéis.

            Eu sei da força que representamos, mas a gente tem essa convicção. Eu fui Senador do Piauí, do Brasil, mas fiel à democracia, fiel ao povo, que é o pai e o dono. Como quiseram me comprar! Se eu quisesse, eu seria o homem mais rico do Piauí. Como fui tentado! Mas os nossos valores...Ô Cristovam, nossos valores são outros, nos quais acredito e creio.

            Eu aprendi, na própria Igreja católica, o seguinte: não se pode servir a dois senhores, não se pode servir ao dinheiro e a Deus. Eu sempre servi a Deus, a Deus.

            O Filho de Deus veio ao mundo e disse: vim não para ser servido e sim para servir. Então, foi aí, no exercício da nossa profissão, que servimos. E aqui estamos. Digo que combati o bom combate: pela democracia.

            Quero dizer, Senador Cristovam Buarque... Não sei onde V. Exª estava, mas eu nasci em 1942, quando este país vivia a ditadura de Vargas. Era um homem bondoso, um sábio, ditador bom. Mas lemos um livro que expressa que, mesmo ele sendo bom, a ditadura não é boa: está em Memórias do Cárcere, um dos melhores livros da literatura que reflete isso.

            Depois, tivemos outra ditadura militar e, nessa, quero dizer... Augusto Botelho, não sei onde o Cristovam estava, mas, em 1972, em plena ditadura, Elias Ximenes do Prado, um líder cujo filho V. Exª conheceu... Não é, Cristovam Buarque? Conquistamos a prefeitura de Parnaíba, a maior cidade, nós a tomamos da ditadura, antes de Ulysses - Ulysses foi em 1974. Em 1972 escrevemos uma das mais belas páginas da democracia: tomamos a prefeitura da cidade de Parnaíba do partido da ditadura - em 1972; Ulysses foi em 1974, o anticandidato.

            Então, é longa e sinuosa a nossa coerência.

            E queremos dizer que sei das coisas. Realmente, é estranho, Cristovam Buarque. Pesquisas: nós sabemos que elas são verdadeiras, porque elas são o casamento da estatística com a matemática, nós acreditamos nelas. Eu devo ter ganho em trezentas pesquisas no Piauí, até na véspera. Eu não fiz, não paguei, não tenho nem dinheiro para pagar uma pesquisa, mas aí, de repente, uma chapa... E o Nordeste está aí... A chapa que nos tirou é mais rica do que 90% das cidades do Piauí. O candidato a Senador, o substituto e o outro, se juntar o dinheiro, eles têm mais do que 90%. Além de o governo ter despachado para lá - não o conheço, conheço-o de nome - um secretário institucional, Alexandre Padilha. De tanto ele ir lá, tanto ir lá, parece que ele se embeiçou por uma bela piauiense e destruiu a própria família - para você ver como é o negócio! E corrupção inimaginável em convênios, dinheiro entrando fora de época... Eu nunca vi!

            Ô Cristovam, olha para cá, quem está falando foi um homem que, em 1972, combateu... Eu li o Elio Gaspari, nós lemos Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos, sei o que é ditadura, mas nós vivemos hoje numa pior. Atentai bem! Os militares, em 1972... Nós disputamos e tomamos do partido deles a prefeitura da maior cidade, de Parnaíba, Elias Ximenes, eu.

            Hoje, olhem, despacharam esse gaúcho para lá, e ele até se embeiçou com uma piauiense que, com todo o respeito, deve ser uma bela piauiense, e destruiu a própria família. Eu sou daqueles de Deus que, quando mandou o Filho dele colocou-o numa família: Jesus, Maria e José. Rui Barbosa disse que a pátria é a família amplificada. O homem destruiu a sua própria família para nos destruir. Aliás, ele deve estar em boas mãos. Deve ser uma bela guria para o sujeito ficar tresloucado. O seu maior patrimônio, Augusto Botelho, é a família, a sagrada família.

            Sim, mas foi corrupção de convênio e dinheiro. Olhem, atentai bem: o Ministério Público não existe mais. Hoje, ele é subserviente e a Polícia Federal também. Quem está dizendo... E eu vou dizer uma cena não é por mim não, é pelo Brasil. Como Nabuco aqui dizia, como Castro Alves: “Oh, Deus, até quando?”

            Então, quero dizer que não é isso não. Eu estou feliz. Olhem, eu sou tão feliz! Cristovam, nós já fomos muitas coisas. Eu sou mais velho do que você. Muitas e muitas coisas para chegar aqui. Mas uma coisa que eu quero é sair bem das coisas e nisso eu já fui muito... Vocês também já foram. Você passou por faculdade e universidade. Quis sair bem, não é isso? No Governo, sair bem. Você, Augusto, na Medicina, na Santa Casa, no Rotary. Sair bem. E eu saio... Hoje, muitos já reconheceram o atestado... Então, é sair bem. Eu sinto o povo agradecido pela nossa contribuição. Eu vi gente chorar no Brasil. Então, saí bem, não há motivo.

            Mas, são dados. A pesquisa não é verdadeira? Trezentas, na véspera, você está na frente folgadamente. Essa Polícia Federal não funciona, não. Eu estou denunciando. Não estou precisando dela, não. Eu sou médico cirurgião, profissional, aposentado, ex-governador, tenho aposentadoria, tenho uma vida, mas eu estou denunciando pela Pátria. Não é por mim, não. Eu estou feliz. Nós já conversamos, não é, Augusto?

            Olha, como é que, na véspera da eleição, você está folgado, sete pontos, dez... e puff! Isso não é democracia, Cristovam. V. Exª tem a sua missão, eu estou satisfeito. V. Exª é a pureza, é a decência. Isto aqui continuará grandioso. Homens como V. Exª, como eu, como Rui Barbosa, todos nós temos que passar. O Paulo Brossard também não se reelegeu. Você sabe que Gilberto Freyre - Gilberto Freyre! - enfrentou isso. Joaquim Nabuco! Então, nós estamos nesse time. Eu estou no time de Joaquim Nabuco, eu estou no time de Gilberto Freyre - V. Exª conhece, é de Pernambuco -, eu estou no time do Paulo Brossard, que foi destroçado.

            Então, quero dizer só o seguinte: só a chapa que nos ganhou tem mais dinheiro do que 90% das cidades do Piauí. Eu nunca vi! Olha, se comprou, foram os dois lados. Eu nunca vi!

            Piripiri, a cidade do maior humorista, tem dois políticos que são chefes, todo mundo conhece. Nem Deus, que prega amor, uniu-os. Nunca! Nunca! Nunca! E os dois estavam com a chapa. Quer dizer, o amor de Deus não os une, mas o dinheiro do cão os uniu. Você entendeu como é o negócio?

            Isso não é democracia, isso é plutocracia. Estou errado, professor?

            Quase todas as cidades, coisa que Deus nunca uniu...

            Você sabe como é a política interiorana? Você governou somente aqui, mas tem noção de Pernambuco, daquelas rixas. Deus não os unia por amor, mas o dinheiro os uniu. Os dois lados estavam juntos. Você entendeu como é feio? Foi o dinheiro.

            Só quero dizer que isso não é democracia, isso é plutocracia. É só um recado. E denunciaram este governo, que não pensa, que é irresponsável, que não sabe... O primeiro ato de insensatez foi tirar Cristovam Buarque, e se seguiram...

            Vou contar só um quadro para que fique aqui. A imprensa não dá publicidade, a imprensa, eu conheço, é vendida. Cristovam Buarque, em Teresina, eu peguei um avião e fui votar na minha cidade. Olha, Cristovam Buarque, tinha um colégio, eu entrei e fui ver uma quadra que eu tinha feito. Olha a música do Geraldo Vandré, Pra não dizer que não falei das flores, que diz:

Há soldados armados

Amados ou não

Quase todos perdidos

De armas na mão

Nos quartéis lhes ensinam

Uma antiga lição:

De morrer pela pátria

E viver sem razão...

            Tudo muito bem. Eu sou oficial da reserva, eu fiz o CPOR, mas eu entrei na minha cidade, dos meus avós, em que eu nasci, em que Adalgisa nasceu, quatro filhos, em que eu só saí para estudar; e, depois, porque me elegeram Governador do Estado, fui para Teresina; me elegeram Senador, vim para cá. Olha, fuzil com baioneta: quatro! Está ouvindo, Heráclito? Isso é o que quero lhe contar - o Heráclito vai entrando. Eu entrando para ver uns votos, Heráclito, fuzil com baioneta... Nem com o Beira-Mar eu vi isso. Eu nunca... Fui tudo, fui Governador, fui autoridade, nunca agredi ninguém. Ganhei eleição, perdi eleição. Olha, com fuzil, com baioneta para cima de mim. Quatro! Nem com o Beira-Mar eu vi isso.

            Então, está aqui, isso está voltando. Este é o País que eu quero que se evite. Eu sei que tem mártir, sofrimento, o Heráclito foi um deles...

            Mas, Heráclito, eu não sei o que você sofreu. Olha, está ouvindo, Heráclito? Apontaram fuzil com baioneta, eu visitando. E não apontaram, não! Percorreram assim, porque eu tinha que sair. Meia hora, está entendendo? Armada.

            Este é o País que se espera se este Governo continuar.

            Então, eu estou muito satisfeito, porque Deus me deu esse quadro para eu contar. Esse fui eu, na minha cidade. Aí, quando a Adalgisa disse: “eu vou filmar”, eles... Quer dizer, tudo escolado, está ouvindo? O coronel que mandou. “Vou filmar.” Aí ele disse: “É, mas como ele é querido!”, porque o pessoal... Olha, você entendeu? Mas eram quatro. Você já teve essa cena, ô Cristovam? Na ditadura, você já teve? Armados de baioneta, de fuzil. Cada passo que eu dava, atrás... Está ouvindo, Botelho? Na minha cidade! E eu ficava a imaginar, ô Zezinho, este País com essa gente. Eu, oficial da reserva, médico, cirurgião, de lá, Prefeito, Deputado, Secretário de Saúde, Governador, Senador da República. O que será deste País com essa gente?

            É isso, Cristovam. Isso que eu estou dando. Aqui, eu me lembrei do Geraldo Vandré. Eles, os federais, essa corrupção e isso. Mas combatemos o bom combate, e este País teve a oportunidade, a reflexão, de um segundo turno.

            O Rui Barbosa, na sua experiência, na sua história, disse que só tem um caminho e uma salvação: é a lei e a Justiça. Ele era homem da lei. E está certo. Eu acho e entendo que a Justiça é uma instituição divina quando Deus deu as leis para Moisés; entendo que é uma instituição divina quando o filho de Cristo disse: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de Justiça, porque eles serão fartos”, “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!”; e quando Aristóteles disse: “Que a coroa da Justiça brilhe mais do que a do rei, mais alta do que os santos”; e quando Montaigne disse que a justiça é o pão de que mais a humanidade necessita. E Rui disse, inspirado nisso: “Só há um caminho, uma salvação, a lei e a justiça”.

            Quero dizer agora: para este País, só há uma maneira, acabar com essa onda - nem é uma onda, é um tsunami vermelho - da mentira, da corrupção e da incompetência. Focalize aqui! Pela onda verde-amarela do nosso Brasil.

            O Cristovam quis mudar os dizeres da Bandeira para “educação é progresso”. Mas está aí esta filosofia positivista dos homens que construíram esta Pátria: Ordem e Progresso.

            Temos, ô Zezinho, que é o povo - atentai bem! -, que sair dessa onda desgraçada vermelha, insegura, intranquila dos aloprados, que assaltam, roubam, compram e tomam mandatos.

            Isso não é democracia, é plutocracia. Atentai bem!

            E devemos andar agora, brasileiras e brasileiros, na onda verde-amarela. Salve o Brasil! Só tem um caminho, uma salvação: a eleição de José Serra, porque ele é o melhor, é o mais digno, é o mais preparado, é o mais sofrido, é entendedor.

            Olha, Heráclito, na minha cidade, com baioneta e tudo, eu não podia dar um passado. Então, é isso o que quero aqui. Por isso mesmo, disseram: “Temos que tirar. Não aguentamos mais o Mão Santa!”. Mas, Heráclito, vou para as asperezas das ruas, de onde vim. Sou povo. Foi o povo que gritou: “Liberdade, igualdade e fraternidade”.

            Agradeço aos que lutaram conosco, os bravos. Também não foi em vão. Nós, combatidos, ajudamos este País a ter oportunidade de reflexão no Piauí, porque nosso candidato é o melhor. É o melhor. E a democracia só será salva quando escolhermos o melhor: Sílvio Mendes, o médico; e José Serra, o estadista.

            Só tem um caminho, uma salvação; se não, bye-bye Brasil verde-amarelo! Bye-bye, Brasil da ordem e progresso! Chegará, porque já está entrando, o Brasil de Cuba, o Brasil de José Dirceu, dos aloprados e companhia, do Chávez e dos outros.

            O Bezerra pede um aparte; depois, o Senador do Piauí, Heráclito Fortes, e Cristovam Buarque.

            Senador Bezerra, é um prazer!

            O Sr. José Bezerra (DEM - RN) - Senador Mão Santa, o Brasil todo acompanhou, durante esses oito anos, sua atuação nesta Casa. Esse pequeno tropeço que o senhor sofreu no Piauí, tenho certeza, só quem sabe são os nordestinos que fizeram oposição a este Governo, que quer ser totalitário, é quem mora naquele Nordeste. Quem sabe o que V. Exª e o Senador Heráclito Fortes sofreram é quem mora naquela região, onde há distribuição farta de dinheiro e de favores, para coibir o eleitor de votar nos melhores, como em V. Exª e no Senador Heráclito Fortes, que tiveram atuação marcante nesta Casa, dignificando não só o Piauí, mas o Brasil como um todo. O Piauí sentirá, com certeza, sua falta, bem como a do Senador Heráclito Fortes e, em breve, irá se recompor desse grande equívoco, com certeza, cometido pelo povo do Piauí. Eram essas as minhas palavras, Senador.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Agradecemos. Esse bravo Senador traz para cá a possibilidade. Estão aí os bravos do Rio Grande do Norte. Os bravos não se renderam.

            O exemplo é a nossa esperança na campanha que começamos. A onda agora é verde-amarela, a onda é salve o Brasil, a onda é José Serra para Presidente e Sílvio Mendes para Governador do Piauí.

            Com a palavra, o bravo Senador Heráclito Fortes.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Mão Santa, tenho sido recomendado, por minha assessoria jurídica, a aguardar para me pronunciar sobre o pleito do Piauí na semana que vem. E estou atendendo. Enquanto isso, Senador Cristovam, tenho recebido uma robusta quantidade de documentos. É evidente que está longe de mim a ideia de reversão de quadros. Resultado de urna, nós respeitamos, mas é preciso que a Nação brasileira atente para o que ocorreu no Nordeste e, de maneira muito especial, no Piauí. V. Exª, equivocadamente, disse, em determinado momento, que tivemos um concorrente ao Senado que teve voto de duas alas. Mas houve Município em que ele teve voto nas quatro alas! É algo estranho! Municípios que são antagônicos, cujas lideranças políticas não se frequentam e, de repente, tivemos esse fenômeno. Os fatos são graves e, por si só, estão sendo demonstrados, porque a verdade sempre prevalece sobre a mentira. Hoje, Senador Mão Santa, já temos o primeiro indício. O Prefeito de Teresina, que é homem de bem, homem equilibrado, diz o seguinte:

O apoio do PTB a Wilson Martins foi em troca de obras para a capital. Acordo político, encabeçado pelo candidato ao governo do Piauí, Wilson Martins, ficara evidente na manhã dessa quinta-feira, dia 7, após declarações do Prefeito de Teresina, Elmano Ferrer, na Rádio Teresina FM. O petebista afirmou que o apoio de seu partido ao blocão de Wilson Martins ocorreu em troca de verbas para a capital. Segundo sua declaração, durante entrevista, o apoio é uma forma de garantir a liberação de recursos para diversas obras em Teresina que possuem projetos no Ministério das Cidades, orçadas em R$106 milhões.

Aí, declarações dele aspeadas.

Temos articulação com Brasília. Nós tivemos a oportunidade de, durante o

aniversário de Teresina, homenagear Alexandre Padilha, Ministro das Relações Institucionais, e, em decorrência disso, nós estamos com vários projetos no Ministério das Cidades. Não sabíamos como apoiar Dilma, em âmbito nacional e local. Daí considerarmos o apoio ao Wilson Martins e cultivamos um bom relacionamento que, em decorrência disso, temos vários projetos em tramitação no Ministério das Cidades.

[Elmano Ferrer prosseguiu durante a entrevista]

Nós temos um projeto que já está aprovado em todas as fases, que é o

projeto de drenagem aqui da Zona Leste. Um grande projeto de quase 50 milhões. Esse aqui, da Zona Leste, é em torno de 33 milhões; o da Vila da Paz é de 43 milhões; Alto da Ressurreição e Frei Damião receberão urbanização e saneamento de programa de habitação que já estão aprovados.

O Prefeito da capital relatou ainda em entrevista que o acordo foi feito numa

sexta feira, na residência do Senador João Vicente Claudino. Para Elmano, a garantia da reconstrução das obras em troca de apoio político é justificada por serem obras importantes. “Faz parte desse processo, política eleitoral, que, do ponto de vista político, vemos algumas reações de várias naturezas, mas é o pragmatismo do ponto de vista administrativo e considerando essas obras de infraestrutura que nós temos a fazer, completou o prefeito da capital.

Senador Mão Santa, aqui está a prova de como enfrentamos a máquina no primeiro turno e de como o candidato Sílvio Mendes vai enfrentar a máquina no segundo turno. Nada mais explícito. O Sr. Padilha ligou-se ao Piauí por laços familiares - nada contra isso -, e, desde o primeiro momento, passou a ter a eleição do Piauí como prioridade. E chamou ao Palácio do Planalto vários prefeitos e várias lideranças - vamos mostrar isso com muita tranquilidade - e prometeu apoio em troca de votos para o seu candidato preferencial ao Senado. Isso está bem claro. Se é corrupção eleitoral, se é uso da máquina pública, cabe ao Ministério Público julgar ou não. Mas que é um ato vergonhoso, é! E nós vamos, na semana que vem, Senador Mão Santa, fazer aqui, de maneira muito tranquila, mas muito fundamentada e documentada, um pronunciamento, mostrando escândalos em vários Municípios, como em Sebastião Leal, onde - é voz pequena - uma votação para Deputado custou R$250 mil. É um absurdo! Eu vou contar para V. Exª só uma questão interessante. Eu fui procurado pelo Prefeito de Bom Jesus, um médico - tinha ele numa conta de uma pessoa coerente, séria -, que me procurou e disse: “Olha, eu não tenho a menor condição de votar no Sr. Wellington Dias para Senador. Ele desmoralizou minha administração e aqui deu todos os cargos para o PT. Portanto, eu vou votar no senhor para Senador e vou votar no candidato do meu partido, Ciro Nogueira”. Eu agradeci. Uns quinze dias depois... Aliás, nesse mesmo dia, fui procurado pelo presidente da APPM, Sr. Macedo, conhecido como Macedão, que estava lá nessa feira em Bom Jesus, e disse-me a mesma coisa e marcou uma reunião para dias depois. Queria ter uma segunda conversa comigo. Qual foi minha surpresa? A reunião do Macedão nunca aconteceu. E o Prefeito, um mês depois, procurou-me - isso eu tenho até como provar, a conversa está registrada -, com uma conversa totalmente diferente da do Prefeito de Bom Jesus. Há detalhes vergonhosos no texto da conversa. Mas a verdade é que ele, por pressão do então candidato a Deputado Federal Osmar Júnior, do PCdoB, foi proibido de votar em mim para Senador. E aí se esqueceu de tudo que havia dito com relação ao então Senador Wellington Dias e passou, em torno dessa pressão, a votar no Sr. Wellington Dias. Paralelamente a isso, há uma questão que precisa ser investigada: uma obra de saneamento na cidade, feita pela empresa JS, no valor de R$4 milhões. O contrato foi cancelado “amigavelmente”, a empresa saiu e esse contrato foi substituído por um novo contrato de R$19 milhões. É preciso ser investigado. São fatos dessa natureza, Senador Botelho... Isso é apenas uma pequena pitada do que aconteceu no Piauí. Eu espero que o Ministério Público apure, para evitar no futuro repetição de fatos. O mal já está feito, não vamos... Agora, as pressões, as coações que V. Exª recebeu, eu as recebi também. Cheguei na cidade de Floriano, na véspera da eleição, e fui parado na porta do hotel por um promotor de Justiça Eleitoral de nome Charles Chan, que me abordou na porta do hotel e disse-me que o meu carro estava com a pintura acima da medição autorizada pela lei, faltando dois dias para a eleição. E aí me leva, numa pantomima danada. Daqui a pouco estou cercado pela Polícia Federal. Fotografei o fato. A Polícia Federal - e aí quero fazer justiça - sentiu que estava sendo usada pelo Promotor, que queria aparecer, e saiu do processo. Eu mandei fotografar. Ele me disse: “O senhor está me expondo”. Eu disse: “Quem está sendo exposto aqui sou eu, porque, daqui a pouco, isso vai estar nos jornais de Teresina”. Não deu outra. Aí lá vou eu para o cartório eleitoral. O Sr. Charles Chan, numa eficiência danada, com a cara de ressaca da festa, disse que acompanhou o comício do Governador - isso são os moradores lá de Floriano que dizem, não o conheço, foi a primeira vez que o vi. Eu ponderei que havia carretas com a propaganda do candidato a Governador paradas num posto de gasolina. Ele não quis saber. E aí fez uma pantomima. Pegou mais uns três ou quatro carros que estavam por ali e levou. Outro carro meu foi abordado também pela Polícia Federal na estrada de Picos para Fronteiras. Então, há casos curiosos. Eu fazia o abastecimento num posto de gasolina na cidade, e a Polícia Federal foi lá examinar as minhas notas. Só que, no mesmo posto, abasteciam as contas de campanha do candidato a Governador, candidato à reeleição, da mulher do candidato e de mais uns seis candidatos. Eles só quiseram saber das minhas contas. São esses fatos que me intrigam, fora a perseguição de carro de Polícia. O que V. Exª está dizendo é apenas uma amostra do que, na realidade, aconteceu no Piauí. Há outros fatos mais graves, mas esses, atendendo à minha assessoria jurídica, eu vou deixar para falar na segunda-feira. Mas quero fazer isso, Senador Cristovam, de maneira pedagógica para que, no futuro, fatos dessa natureza não ocorram. Lamento a situação de V. Exª aqui no Distrito Federal. V. Exª não tem para onde correr: de um lado, a mulher do ex-Governador e, do outro, o Sr. Agnelo, um dos responsáveis pelos maiores escândalos que já se praticou no Ministério do Esporte. Eu tenho a impressão de que V. Exª não está neste palanque. V. Exª deve estar equidistante desta campanha, porque V. Exª é um homem que se cerca de boas companhias. Para mim será uma grande decepção saber que V. Exª está no palanque de quem praticou invasão de residência, de quem usou a máquina do Ministério do Esporte para ajudar o seu partido da maneira mais escancarada, mais descarada possível. Eu lamento o destino de Brasília. Brasília não merece isso, Senador Cristovam. Brasília merece coisa melhor. Muito obrigado.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Agradeço a participação de Heráclito Fortes, este bravo Senador que enriquece a história política do nosso Piauí.

            Com a palavra o professor e Senador Cristovam Buarque.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Mão Santa, eu não vou poder, obviamente, entrar nos detalhes do Piauí, nem vou querer discutir a candidatura nacional aqui. Eu quero abordar um item da sua fala e, depois, responder ao amigo Heráclito, que vai nos fazer muita falta aqui. Antes, eu quero dizer que ganhar ou perder a eleição é uma questão aritmética. Nada mais além do que o número de votos. Eu digo isso com muita tranquilidade de quem perdeu duas. Uma, que sabia que ia perder do começo ao fim; outra, que tudo indicava que ia ganhar, do começo até o finalzinho, e, em vez de ganhar, perdi. Então, eu já passei por isso duas vezes. E eu as tratei como uma questão aritmética: votos. E o importante - e aí o senhor não é derrotado, o senhor é vitorioso - é se a gente sai maior ou menor da eleição e do cargo que ocupava. Eu não tenho a menor dúvida de que, no caso do Senado, todo o Brasil sabe que o senhor sai muito maior. E olhe que o senhor não entrou pequeno. O senhor entrou ex-Prefeito, ex-Governador, não era um novato; era uma pessoa que já tinha uma história. Mas, nesses oito anos, todo o Brasil sabe que o senhor se transformou num dos símbolos até desta Casa, pela ênfase com que o senhor fala, pela maneira enfática, pela presença constante, pelo número de discursos, pela sinceridade, ao mesmo tempo pela simpatia como o senhor trata a nós, os colegas, e como o público lhe vê. Então, lamento sinceramente que não ter o senhor aqui nos próximos anos, até porque dessa vez, em vez de perder, eu ganhei, mas podia ter perdido - e estava com o discurso pronto caso perdesse, porque as pesquisas me indicavam estar bem, mas na outra, em 1998, indicava que estava ótimo. A boca de urna disse que eu tinha ganho. Ela não disse que eu ia ganhar, disse que eu tinha ganho - a pesquisa do Ibope. A Globo ia me levar para o Fantástico. Eu estava saindo já de casa para o Fantástico, como Governador eleito, quando eu vi uma pessoa fazendo as contas e eu perguntei: “Como anda aí?” Ele me disse: “Está na frente”. Mas eu vi que a tendência podia ser a derrota. Foi a minha salvação, porque eu disse: “Não vou mais para televisão nenhuma até terminar isso”. O seu tempo aqui é um tempo vitorioso. E essa é que é a parte importante. Essa não é aritmética; essa é vida. A gente tem que sair vitorioso na vida, não na aritmética dos votos necessariamente. Obviamente a gente prefere ser vitorioso também nos votos, porque os votos lhe dariam mais oito anos que poderiam enriquecer ainda mais sua biografia. Ou não é? Às vezes a gente ganha uma eleição e o cargo destrói a biografia do que você era antes. Então, quero dizer que não tenho dúvida de que o senhor não tem nada a reclamar do ponto de vista da sua postura, da sua posição e da sua biografia apenas porque aritmeticamente teve menos votos. Minha solidariedade de quem já perdeu duas das cinco eleições que disputou e a tranquilidade com que o senhor deve enfrentar perfeitamente isso. E a nostalgia e a saudade de muitos de nós que vamos deixar de ter aqui um dos senadores mais presentes e um dos senadores que mais tinha um estilo. Essa é uma coisa importante: o senhor é um senador que tem o seu estilo. Muitos aqui até parecem, mas não temos estilo. O senhor tem um estilo, e esse estilo foi reconhecido no Brasil inteiro. Se o povo do Piauí, o eleitor, preferiu aritmeticamente dar menos votos ao senhor do que a outros, acho que isso é de menos importância para a sua biografia, para a sua vida. E esse é que é o determinante. Eu gostaria de responder ao Senador Heráclito, mas não queria diminuir a minha fala em relação ao senhor. De qualquer maneira, Senador Heráclito, a única coisa que posso dizer é o seguinte: eu não fico indiferente no processo eleitoral. Eu escolho um lado. E aqui eu não tenho dúvida de que já escolhi o lado e vou fazer campanha. Eu acho que será uma tragédia para o Distrito Federal se o Agnelo Queiroz não for eleito. Quanto ao passado, primeiro, ele já se explicou muito; segundo, eu quero pensar a partir do dia 1º de janeiro em diante. Aí sim. Se, a partir de 1º de janeiro, alguma coisa acontecer no governo que não seja de acordo com aquilo que a gente está prometendo, não tenha dúvida, Senador Heráclito, eu vou dizer, gritar e ainda telefono para o senhor para dizer que o senhor alertou.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - O Heráclito parece que quer falar.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Espero que haja correção de rota e de rumo na vida pública do Agnelo e que esse telefonema de V. Exª não seja necessário. Agora, se for se basear no comportamento dele como Ministro do Esporte, V. Exª, com certeza, vai me telefonar bem antes do que espero, e eu não gostaria porque Brasília não merece.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Agradecemos aos dois. Professor Cristovam, a eleição de V. Exª me dá uma garantia de que este Senado continuará a sua grandeza.

            Resta-me agora agradecer a Deus por ter combatido o bom combate; à minha família - Cristovam, família é uma coisa importante -; à minha mulher, esposa Adalgisa; a meu filho, Francisco Júnior; à Gracinha; à Cassandra; e até à caçula Daniela, que estava numa residência; aos amigos; ao povo do Piauí. E quero dizer que os votos todos foram tão importantes que vamos continuar nessa luta.

            O primeiro versinho que aprendi foi da Canção do Tamoio:

Não chore, meu filho;

Não chores, que a vida

É luta renhida:

Viver é lutar.

A vida é um combate,

Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos,

Só pode exaltar.

            Eu queria dizer, então, que agradeço ao povo os votos conscientes, limpos, do povo do Piauí. Eles me estimulam a continuar a luta.

            E hoje, com a mesma convicção de Rui Barbosa, que disse “este País só tem um caminho e uma salvação, é a lei e a justiça”, eu, Senador da República, digo: atentai bem, brasileiras e brasileiros, só tem uma salvação este País - enterrarmos esta onda vermelha, cheia de mentiras, corrupção e incompetência e lançarmos no País a nova onda, essa onda que garantiu esses anos todos, de 1500 e 2010, essa onda verde e amarela, a onda Brasil. E digo, com toda a convicção, que só tem um caminho e uma salvação: essa onda verde e amarela, cores do Brasil, enterrando a onda vermelha no Brasil. E por coincidência, ô Cristovam, a bandeira do Piauí também é verde e amarela. Só tem esta salvação para este País: é utilizar uma democracia que nos possibilita a alternância de Poder, a eleição de José Serra, que é o melhor para o Brasil, e a eleição de Sílvio Mendes, o melhor para o Piauí, terra querida, filha do sol do Equador.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/10/2010 - Página 46640