Discurso durante a 165ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao Presidente Lula que, em viagem a Teresina-PI, fez campanha eleitoral em favor de sua candidata, e agrediu verbalmente desafetos políticos. (como Líder)

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Críticas ao Presidente Lula que, em viagem a Teresina-PI, fez campanha eleitoral em favor de sua candidata, e agrediu verbalmente desafetos políticos. (como Líder)
Aparteantes
Alvaro Dias, Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 15/10/2010 - Página 47232
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PRONUNCIAMENTO, OCORRENCIA, ESTADO DO PIAUI (PI), OFENSA, ADVERSARIO, POLITICO, ESPECIFICAÇÃO, ORADOR, DESRESPEITO, LEGISLAÇÃO ELEITORAL, UTILIZAÇÃO, ESTADO, FAVORECIMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, CANDIDATO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REPUDIO, FALSIDADE, PROMESSA, CONSTRUÇÃO, RODOVIA, JUSTIFICAÇÃO, IMPOSSIBILIDADE, INICIATIVA, MOTIVO, VETO (VET), MATERIA, ORÇAMENTO, GRAVIDADE, PARALISAÇÃO, OBRAS.
  • COMENTARIO, OPOSIÇÃO, ORADOR, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), COMBATE, ADIÇÃO, MANDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, IMPEDIMENTO, SEMELHANÇA, SITUAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, BOLIVIA.
  • CRITICA, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, ERRO, ALEGAÇÕES, SITUAÇÃO, AEROPORTO, MUNICIPIO, SÃO RAIMUNDO NONATO (PI), ESTADO DO PIAUI (PI).
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, INTERNET, CRITICA, POSIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CONDUTA, VISITA, ESTADO DO PIAUI (PI).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, chegou ontem a Teresina, com duas horas e meia de atraso, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e, pelo visto, permanece ainda lá. A primeira questão que se coloca é se o Presidente foi fazer campanha ou se o Presidente foi no exercício das suas funções de mandatário chefe da Nação brasileira.

            Essa linha tênue que separa o objetivo da viagem que serve apenas para driblar a Justiça Eleitoral não pode mais continuar no Brasil. O Presidente usa a estrutura que o cargo lhe confere, desce em Teresina com alguns Ministros de Estado e Governadores eleitos e segue direto para um palanque, onde vai defender os candidatos da sua preferência.

            A frouxidão nesta legislação precisa de uma atenção melhor. Hoje pela manhã, Sua Excelência participa de uma solenidade com Ministros, onde assina ordens de serviços.

            Mas vamos por partes. Ontem, Sua Excelência, num empolgado discurso em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Piauí, faz agressões ao candidato a Presidente José Serra, ao ex-Presidente Fernando Henrique, ao candidato a Governador do Estado Sílvio Mendes, a mim e ao Senador Mão Santa. Uma verdadeira metralhadora giratória, de onde se esperava, na qualidade de Presidente da República ou cabo eleitoral da sua candidata, mais um pouco de equilíbrio por parte de Sua Excelência. Agradece ao povo do Piauí pela derrota minha e do Mão Santa - é um direito que lhe assiste - e diz que nós prejudicamos muito o Governo dele.

            Aí existem meias verdades. Quero lembrar que fui inclusive condecorado por Sua Excelência, mais de uma vez. Como é que Sua Excelência, o Presidente da República, condecora malfeitores, condecora quem prejudica o Governo? Aliás, ao receber essas condecorações, está escrito nos atos que fiz jus a todas elas pelos relevantes serviços prestados ao País. Daí por que essa empolgação que Sua Excelência demonstra em palanque ao agredir as pessoas tem um viés mais grave.

            Sua Excelência chegou ao Piauí e recebeu, em ato contínuo, o resultado da pesquisa CNT/Sensus, que mostra, Sr. Presidente, que a diferença entre a sua candidata e o ex-Senador Serra diminuiu bastante. Se verificarmos apenas os votos válidos, Dilma tem 52% contra 47% de José Serra.

            Mas o impressionante é que, em todas as regiões do Brasil, Dilma caiu e Serra subiu. Vejamos: Dilma, no Norte e no Centro-Oeste, tinha 48%, caiu para 40%; Serra tinha 38% e passou para 45%. No Nordeste, Dilma tinha 66% e passou para 60%; Serra tinha 24% e passou para 32%. No Sudeste, Dilma tinha 52% e passou para 43%; Serra tinha 36% e passou para 44%. No Sul, Dilma tinha 40,7% e passou para 36,3%; Serra tinha 45,5% e passou para 56%. A margem de erro é de 2,2% para mais ou para menos.

            Aliás, esse é um dos institutos preferidos de Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, o que justifica, Senador Alvaro Dias, o nervosismo e o tom agressivo com que tratou todos lá no Piauí. Aquela soberba da vitória antecipada, da comemoração de primeiro turno, que não aconteceu, vê-se transformada na diminuição galopante da diferença entre Serra e sua candidata.

            Agora, lamento que o Presidente Lula vá ao meu Estado para agredir as pessoas.

            Quero dizer que respeito o resultado das urnas e estou na minha posição de cumprir, em toda a plenitude, o meu mandato, até o último dia. Aliás, entrei no Senado da República na mesma data em que Sua Excelência assumiu a Presidência. E vamos aí, juntos. Vamos para casa, os dois.

            Evidentemente, o impacto que vou sofrer é bem menor do que o do Lula. Ele vai voltar para São Bernardo; vai perder... Aliás, o Presidente Itamar Franco levanta isso de maneira pedagógica. Vai perder os puxa-sacos, os helicópteros, os aviões, as mordomias; vai voltar a ser um cidadão comum. Como a nossa vida de Senador não nos proporciona grandes mordomias, nenhuma alteração de vida, vou voltar à minha casa, vivendo nas mesmas condições em que vivi até agora.

            E me parece que o Presidente Lula, realmente, começou a ser vítima da síndrome do “tá chegando a hora”. Senador Alvaro Dias, o tal do “tá chegando a hora”, quando bate num homem que passa esse tempo todo no poder, deve ser terrível. Deve ser terrível! Aquela sensação de que o capim vai começar a crescer à sua porta; de que aqueles amigos que o cercavam não eram amigos dele, mas da sua caneta; que a fidelidade daquelas pessoas não era à figura do Presidente da República, mas ao cargo que ele exerce; e que elas, de uma maneira muito rápida, passarão a prestar as homenagens ao próximo ocupante do Palácio, seja lá quem for. Aliás, o Senado já tem prova disso. Nós, aqui no Senado, conhecemos muito bem como essas coisas acontecem.

            Mas o Presidente Lula no Piauí subestimou também a inteligência e a paciência dos piauienses. Ele vai lá, mostra um grande amor pelo Piauí e hoje promete assinar, pela quinta vez, ordem de serviço para a construção da BR-020. A BR-020, Senador Geraldo Mesquita, é a única obra começada por Juscelino Kubitschek, há mais de 50 anos, que não foi concluída; é a estrada que liga Fortaleza a Brasília. Neste Governo, ele e o Governador do seu partido, o ex-Governador, anunciaram, pelo menos sete vezes, em sete anos seguidos, o reinício dessas obras. E elas estão, Senador Alvaro Dias, paralisadas.

            Depois anunciou a construção do trecho rodoviário ligando Bertolínia a Eliseu Martins, a BR-135. E aí eu queria não só mostrar à Nação, mas deixar nos Anais da Casa, Senador Alvaro Dias, um fato interessante. O Presidente Lula, há cerca de 40 dias, vetou no Orçamento da União os seguintes recursos para o Piauí - se o Mão Santa aqui estivesse, diria: “Atentai bem!” -: construção da Barragem de Atalaia no Município de Sebastião Barros; sistema de controle das enchentes do rio Poti, em Teresina; construção do trecho rodoviário Bertolínia e Eliseu Martins - é para essa que ele dá ordem de serviço, sem haver recursos no Orçamento -; construção do trecho rodoviário, divisa Piauí/Bahia, São Raimundo Nonato, da BR-020 - é essa famosa que ele também vetou no Orçamento -; construção do trecho Gilbués/Santa Filomena; construção das eclusas da barragem da Boa Esperança; construção do trecho rodoviário Piripiri/Matias Olímpio - BR-222; implantação do perímetro irrigado dos tabuleiros litorâneos do Piauí na sua segunda etapa; implantação do perímetro irrigado no platô Guadalupe na sua segunda etapa.

            Aí vem mais: manutenção da BR-020, manutenção da BR-135, manutenção da BR-316, manutenção da BR-343, manutenção da BR-222, manutenção da BR-230, manutenção da BR-402, manutenção da BR-404, manutenção da BR-407. Construção das eclusas da barragem da Boa Esperança. E por aí afora.

            O Presidente da República vetou todas essas obras e agora vai ao Piauí para assinar uma ordem de serviço fajuta - fajuta! -, eleitoreira e justificar uma ida à capital do meu Estado, com o objetivo de pedir voto para os seus candidatos. Faz isso, assinando ordem de serviço inócua, porque não existem recursos no Orçamento.

            O mais grave, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é que, em frente ao local onde ele fez o comício, há uma obra com recursos do Governo Federal, que está paralisada: a construção do Centro de Convenções. E hoje a manchete de um dos blogs de Teresina, do jornalista Elivaldo Barbosa é: “Governo cancela contrato com a construtora responsável pelo Centro de Convenções”. Deixaram apenas Sua Excelência sair do local, do palanque, para fazer esse anúncio.

            Aliás, gostaria de pedir à Anac que analise a situação real do aeroporto de Floriano, cujas obras foram iniciadas pela construtora de ligações familiares com o ex-Governador e estão paralisadas, prejudicando esse aeroporto, de uma maneira muito grave, a cidade e toda a região.

            Senador Alvaro Dias ouço, com muita atenção, o aparte de V. Exª.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Heráclito Fortes, primeiramente a nossa solidariedade a V. Exª. Subscrevemos o inteiro teor do seu pronunciamento, dizendo, desde já, que começamos a sentir a sua ausência. Eu, que o acompanho, há muitos anos, desde que era Deputado Federal, um grande companheiro de Ulysses Guimarães, aprendi a conhecê-lo ainda mais de perto, aqui no Senado Federal. Além da estima pessoal, há a admiração pelo homem público que é, pela postura que adota, pelo comportamento de seriedade e de intransigência em relação à imagem que devemos construir da instituição que representamos. Mas, nesta hora em que faz uma abordagem sobre promessas, promessas eleitoreiras, é bom dizer que teremos que enfrentar uma situação neste País que é de debater e aprovar uma reforma política. Isso é essencial. Mas estamos aprendendo lições nesta campanha que nos autorizam a dizer que não basta a reforma política, é preciso uma reforma no comportamento. Precisamos mudar comportamento, o povo tem que ser mais respeitado. Um governante não tem o direito de desrespeitar o povo como se desrespeita no Brasil há tantos anos. A mentira tornou-se uma arma poderosa, construtora de elevada popularidade, mas essa popularidade é tênue, é eventual, é passageira. Ocorre que as consequências dela certamente advirão. Infelizmente, quando a sociedade despertar para a realidade e se aperceber de que foi enganada, pode ser tarde. Veja que quando há o despertar as coisas acontecem. No primeiro turno, muitos imaginavam a impossibilidade de vitória de Serra nas eleições, muitos não acreditavam na hipótese do segundo turno. Mas houve um despertar. Repentinamente, a Nação acordou e hoje estamos vivendo uma outra realidade. Certamente, se V. Exª estivesse disputando a sua eleição de Senador agora, certamente o resultado seria diferente, porque houve o despertar. Nós estamos verificando pelas pesquisas que este é o momento da ultrapassagem em alta velocidade. Tudo indica que muitos que aqueles que não acreditavam, apostavam na hipótese de vitória, no primeiro turno, da candidata do Governo, hoje, já estão interpretando o processo eleitoral de outra forma, estão admitindo a hipótese de vitória de José Serra. Portanto, Senador Heráclito Fortes, no próximo ano, nós teremos que encarar essa questão da reforma política aprendendo com as lições desta campanha eleitoral, mas temos que continuar trabalhando também para que ocorra uma mudança radical de comportamento dos nossos governantes.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Agradeço-lhe, Senador. V. Exª tem razão. Aliás, o Piauí, durante todo esse período, foi enganado e, as pessoas, muitas vezes, induzidas a repetir as promessas mentirosas feitas no Estado. Cito, apenas como referência, um episódio em que levaram o nobre Senador paulista Eduardo Suplicy a informar, da tribuna desta Casa - tivemos até um debate acalorado -, a assegurar que havia, no Piauí, na cidade de São Raimundo, um aeroporto internacional, o qual, inclusive, tinha uma linha regular fazendo voos de Petrolina-Teresina-São Raimundo Nonato. Mostramos a ele que não era verdade - eu e o Mão Santa -, mas ele, por questões políticas, não se interessou pelo desmentido.

            E aí veio a campanha eleitoral. A Globo sorteou São Raimundo Nonato, Senador Suplicy - não sei se V. Exª conhece esse episódio - para fazer aquele programa do Jornal Nacional no Ar. E aí, veja o vexame: o avião não pôde descer em São Raimundo Nonato porque o aeroporto não era internacional, o aeroporto não tinha iluminação noturna e o aeroporto não era sequer homologado. Aí foi um vexame, Senador Suplicy. Tiveram que contratar um teco-teco, um monomotor para levar a equipe de produção da Globo a São Raimundo Nonato para fazer o trabalho.

            Quero dizer, Senador Suplicy, que, naqueles dias de campanha, andando pelo sol ardente daquela região, me lembrei muito de V. Exª: um homem que construiu uma imagem de seriedade, de conceito, ter sido levado a cometer esse engano, esse erro com o povo do Piauí e nunca ter pedido desculpas aos piauienses por aquele erro cometido.

            Mas eu quero dizer que o Presidente Lula tem até motivos para dizer que somos inimigos - não do Piauí, mas dele -, porque, na verdade, Senador Alvaro Dias, existe um fato que está embutido e que a história irá esclarecer: o grande ódio que Sua Excelência tem de quem fez oposição a ele nesta Casa foi a famosa derrota da CPMF.

            Isso porque a CPMF, naquele momento, nada mais era do que um teste para colocar, em seguida, a proposta de votação do terceiro mandato. E aquilo o desapontou. E eu fui uma vítima maior do que os senhores que votaram pelo fim da CPMF. Porque eu, naquela época, informado - graças a Deus sou uma pessoa bem informada -, fiz uma denúncia grave de uma campanha feita, Senador Alvaro Dias, pelo Banco do Brasil. Dizia: “Decida pelo três e conte com o banco que é todo seu. O banco da sustentabilidade”. Era uma campanha subliminar que se iniciava exatamente na defesa do terceiro mandato.

            E o fato foi tão grave que eu fui ao Tribunal de Contas, através de uma ação popular. O Banco do Brasil retirou as peças e então perdeu o objeto o processo por mim iniciado. Mas eu rememorei. São várias peças; essa é apenas uma. Está aqui. O Presidente Lula já vai - vai me perdoar -, mas eu quero dizer aos brasileiros que tenho a consciência tranquila de que pelo menos contribuí de maneira modesta para que não se fizesse com a Constituição brasileira o que se fez com a Constituição da Venezuela, o que se fez com a Constituição da Bolívia, o que se fez com a Constituição do Equador e o que se fez, com a ajuda do Brasil, com a Constituição da Bolívia, que deu aquele quiprocó todo e o Sr. Zelaya foi hóspede de luxo da Embaixada brasileira por tanto tempo.

            Nós lutamos pelo fim do terceiro mandato em respeito a uma Constituição, e aí até justifico esse ódio que Sua Excelência tem e o fato de me incluir no rol dos seus marcados para morrer. Mas Sua Excelência, quando vai ao Piauí e agradece aos piauienses pela derrota imposta a mim e ao Mão Santa, não diz o que os seus Ministros fizeram para conseguir a vitória dos seus sindicatos: uso da máquina escancarado, desvio de recursos, programa do Governo a serviço de candidaturas. Esses fatos serão esclarecidos no seu devido tempo.

            Portanto, Sr. Presidente, esses fatos precisam de melhor esclarecimento. Sua Excelência não diz o que usou, o que foi usado e como se procedeu a campanha no Estado, tanto é que o Prefeito de Teresina, recentemente, ao declarar apoio ao candidato Wilson Martins, disse que o fazia porque o Ministro da Articulação Política, Sr. Alexandre Padilha, assumiu com ele um compromisso de liberação de R$110 milhões de recursos em verbas para Teresina.

            Senador Suplicy me parece que pede um aparte. Com o maior prazer.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Heráclito Fortes, pedi para verificar aqui os textos relativos ao noticiário de hoje sobre a presença do Presidente Lula no Piauí. É fato que o Presidente mencionou que Deus escreve certo por linhas tortas ao falar sobre a derrota de dois adversários políticos no Piauí, que, segundo ele, ajudaram a derrubar a CPMF, referindo-se a V. Exª e ao Senador Mão Santa. Porém, eu não encontrei aqui, salvo o fato de V. Exª e o Senador Mão Santa terem sido contrários à prorrogação da CPMF, como também aconteceu com os demais Senadores do PSDB e dos Democratas, palavras que possam ser consideradas ofensivas por parte do Presidente. Ele mencionou que, na avaliação dele, acabar com a CPMF não foi uma boa coisa para o povo pobre. Isso não é uma palavra ofensiva, trata-se de uma opinião. É claro que ela é diferente da de V. Exª, mas ele, ali, avaliou como bom que o povo do Piauí tenha eleito outros Senadores que não aqueles que ajudaram a derrotar a emenda da CPMF. Eu acho que não há, da parte do Presidente Lula, qualquer palavra que possa ser considerada ofensiva de fato. Há, porém, uma reflexão que pode ser feita: é que a ofensa que muitas vezes caracterizou a fala de Senadores que aqui criticaram o Presidente ou seus Ministros, feita de uma maneira bastante pesada, significando ofensas, não ajudou os Senadores a serem bem votados. Isso é algo que pode ser considerado e deve ser objeto de reflexão.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - V. Exª está dizendo que me viu, desta tribuna, ofender algum Ministro do Presidente Lula? Foi isso que entendi?

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - O que observei é que, muitas vezes aqui, ouvi de Senadores da oposição palavras que estiveram próximas da ofensa ao Presidente, e isso não ajudou esses Senadores a serem bem votados.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - V. Exª alguma vez ouviu o Senador Marco Maciel ofender o Presidente da República ou algum Ministro?

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não. O Senador Marco Maciel não utilizou de palavras ofensivas...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Isso derruba a tese de V. Exª.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - ...ao Presidente e aos Ministros. Sou testemunha disso e, inclusive, mencionei esse fato.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Vou responder a V. Exª, mas, em primeiro lugar, quero fazer um registro à sua elegância. O resultado do primeiro turno dessas eleições produziu em V. Exª algo que lhe deixou muito feliz: V. Exª é sorrisos o tempo todo e passou agora a usar, com esmero, um guarda-roupa de quem está esperando uma grande festa.

            Evidentemente que vitória de Presidente não é, porque nós ainda vamos ter segundo turno. Mas que essa eleição do primeiro turno, em algum momento, fez muito bem a V. Exª, isso eu tenho certeza de que fez!

            Em segundo lugar, Senador, eu gostaria de ter cuidado ao lhe responder sobre essa informação que V. Exª recebe agora e transmite ao plenário. Eu tenho medo de que sua fonte tenha sido a mesma que o induziu àquele erro sobre o aeroporto de São Raimundo Nonato. Naquele momento, V. Exª leu uma matéria que recebeu de alguém - de um funcionário de um escritório de representação do Piauí em Brasília -, matéria que levou V. Exª a cometer um erro gravíssimo, a faltar, inclusive, com informações verdadeiras à Casa, o que é lamentável para um homem com a sua biografia.

            Mas eu queria dizer a V. Exª que é muito fácil saber se eu tratei mal, se eu agredi Ministros. Gostaria que V. Exª, por exemplo, perguntasse ao Ministro Márcio Thomaz Bastos, que frequentou a minha casa, ou ao Ministro Nelson Jobim se esse tipo de coisa ocorreu. Eu não vou dar uma relação grande de Ministros não, eu ficaria no Ministro Antonio Palocci - V. Exª tem acesso a ele. Mas vou mais além: pergunte à Ministra Dilma Rousseff se eu a tratei mal alguma vez, se eu a recebi mal alguma vez em minha casa. Pergunte, Senador!

            Pergunte à Ministra, candidata a Presidente que V. Exª apoia. Pergunte se, pelo menos no caso de um deles, divulguei o teor das conversas e dos assuntos tratados na minha casa.

            Portanto, V. Exª, ao insinuar que eu poderia ter, ainda que de longe, agredido a pessoa do Presidente da República e dos seus Ministros, comete uma injustiça. Pergunte à Ministra Dilma Rousseff - tanto pode ser a Dilma das Minas e Energia como a Ministra Dilma da Casa Civil - e pergunte ao próprio Presidente Lula se, naquele período da desestabilização do seu governo por aquele processo disseminado de corrupção em que se falava da governabilidade, se ele não teve, na pessoa do Senador Heráclito Fortes, não um defensor do seu governo, mas um defensor da manutenção das regras do jogo democrático neste País. V. Exª não tem o direito de cometer uma injustiça com um colega.

            Está provado que a causa que fez com que o Presidente da República escolhesse, pessoalmente, os seus cassados, foi, exatamente, a discordância que nós tivemos em respeito à democracia, pela derrubada da CPMF, que era apenas um teste de fundo para, em seguida, se colocar aqui o terceiro mandato. Não adianta tapar o sol com a peneira, meu caro Senador Eduardo Suplicy, esses fatos estão bem claros.

            Estou mostrando aqui a V. Exª aquela propaganda do Banco do Brasil do três. Ora, três ações por dia... Por que não quatro, cinco ou seis? E o fato foi tão escandaloso que a matéria foi retirada do ar, Senador. Daí para frente, concordo, passei a ser visto como inimigo do governo.

            Acho que o governo tem todo o direito de ter suas preferências, de trabalhar pelos seus candidatos, mas não tem o direito de usar os métodos que usou. Por exemplo, era claro para o Brasil inteiro que a preferência do Presidente Lula em São Paulo era eleger o Netinho, que não era do seu partido. Não conseguiu. No entanto, pelo que eu saiba, não colocou uma máquina poderosa de governo para derrotar os outros candidatos. A diferença é essa, Senador Suplicy.

            Agora vou entregar a V. Exª, pelo apreço que lhe tenho, uma matéria publicada hoje num blog: “Lula dissemina agressões e ninguém reclama com ele”. Diz a matéria:

O professor Fernando Henrique Cardoso tinha razão quando dizia que vivemos uma época do culto à ignorância. O Presidente Lula veio ao Piauí e falou mal de meio mundo, atacou os Senadores Heráclito Fortes e Mão Santa, o candidato a Presidente José Serra, o próprio ex-Presidente Fernando Henrique, de quem foi eleitor, e não faltou petardo nem mesmo para o médico Silvio Mendes, candidato tucano ao governo do Estado. Ele disse que os integrantes do PSDB e de outros partidos opositores são gente do mal. [Gente do mal!]. Estranho que ninguém tenha reclamado com o Presidente pelo excesso de agressividade, sobretudo aqueles que, nos últimos dias, têm voltado suas baterias contra alguns políticos locais. Lula pode? A ignorância justifica.

            Pois não, V. Exª tem a palavra.

            O SR. PRESIDENTE (Roberto Cavalcanti. Bloco/PRB - PB) - Senador Heráclito, Senador Heráclito...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Pois não!

            O SR. PRESIDENTE (Roberto Cavalcanti. Bloco/PRB - PB) - Gostaria, depois, que V. Exª fizesse um simulado de quanto tempo mais necessita...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Vou encerrar.

            O SR. PRESIDENTE (Roberto Cavalcanti. Bloco/PRB - PB) - ...porque já lhe foi dado o dobro do tempo, quarenta minutos. Mas, na verdade, terei o maior prazer em assistir a este debate, em me enriquecer com a presença de V. Exª. Só quero ter uma noção de tempo.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Vou encerrar. Eu apenas ia dar o aparte, mas a assessoria do Senador Suplicy recomendou que ele não falasse. Quero parabenizar a eficiência da assessoria do Senador Suplicy e lamentar que os milhões de votos que ele teve por São Paulo, a responsabilidade que ele tem de representar São Paulo nesta Casa seja calada por um burocrata. Mas o Partido de V. Exª tem essa linha de...

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Heráclito...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Pois não!

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Em 2006, tive 8.897.803 votos, quase nove milhões de votos...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Quantos votos agora teve o Aloysio Nunes?

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - ...correspondendo a 48% dos votos ou quase um em cada dois votos no Estado de São Paulo.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Ganhou por 0,5%. Foi uma vitória fantástica!

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Isso ocorreu em 2006. Felizmente, tenho mais quatro anos para aqui estar. Gostaria de dizer que V. Exª, em alguns momentos, utilizou-se de palavras que considerei ofensivas. Não vou dizer a outras pessoas; V. Exª sabe que a seu colega Senador. V. Exª, sim, pediu-me desculpas privadamente. Mas eu gostaria aqui de registrar: procedimentos dessa natureza não ajudam. Acho que V. Exª pode refletir sobre isso. Então, V. Exª tem muito tempo à frente pela vida. Está com boa saúde e vai poder refletir bem sobre os caminhos que, muitas vezes, traçamos juntos. V. Exª foi do Partido ao qual pertenci um dia, o MDB. V. Exª participou das lutas pela democratização. Em muitas ocasiões, agimos conjuntamente, e, mesmo aqui, quando V. Exª era do PFL e, depois, do DEM, muitas vezes agimos em cooperação, sobretudo, por exemplo, quando V. Exª foi Presidente da Comissão de Relações Exteriores. Também o fui de 2003 para 2004. Muitas vezes - tenho memória clara sobre isso -, V. Exª apoiou ações que realizei no interesse maior da nossa Nação, assim como também pude cooperar com V. Exª naquele período e, muitas vezes, na comissão, onde ambos tivemos e temos tido muita dedicação, para não falar das outras, mas especialmente naquela, onde tivemos oportunidade de conviver. Vou lembrar aqui de um episódio: quando fui convidado para realizar uma viagem ao Iraque, em 2008, e depois ao Timor Leste, também em 2008, a convite do Presidente José Ramos Horta, em ambas as ocasiões, V. Exª, como Presidente da Comissão de Relações Exteriores, deu-me todo o apoio, tanto é que pude ali realizar um relato detalhado sobre aquela visita. V. Exª foi muito respeitoso, atencioso. Houve momentos em que divergimos: em relação ao Governador Wellington Dias. V. Exª foi um crítico veemente das suas ações, e aqui procurei obter informações, sim. Solicitei ao seu governo, a ele próprio, à sua assessoria informações, até porque V. Exª aqui fazia afirmações. Solicitei informações para esclarecer; e as li. Às vezes, não pude ter toda a informação, a mais completa possível sobre o Piauí, porque, afinal, sou de São Paulo e não pude estar lá tanto quanto eu gostaria. Gosto muito do Estado do Piauí. Lá, vivi momentos ótimos, e V. Exª sabe das visitas que lá fiz. Espero voltar muitas vezes. Quero transmitir a V. Exª uma coisa pessoal: por vezes, tive uma relação muito construtiva e respeitosa com V. Exª, mesmo que divergindo, como é natural, e gostaria de voltar a ter, nos melhores termos possíveis. V. Exª, ainda há poucos dias - e vou citar: domingo passado - , teve uma atitude respeitosa e construtiva comigo. Permita-me transmiti-la aqui, para dar um exemplo.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Claro!

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª, no debate da Rede Bandeirantes, disse a mim: “Eduardo, sei que a Senadora eleita Marta Suplicy está considerando, como outros...” V. Exª mencionou que há 12 Senadores que gostariam de ter o gabinete do Senador Aloizio Mercadante. Mas, conforme o regulamento...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - A praxe.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - ...previsto, a praxe... Inclusive, observei que está no Regulamento do Senado de 2006 que os Senadores de uma unidade da federação poderão chegar a um entendimento, os que deixam e os que saem. V. Exª, então, muito gentilmente, disse-me: “Nesse caso, havendo uma carta do Senador Aloizio Mercadante e da Senadora eleita Marta Suplicy ao 1º Secretário - que é V. Exª -, isso poderá ser objeto de entendimento, de acordo com as normas do Senado.” Agradeço a V. Exª por esse gesto. Já informei a ambos. Então, acredito que, até a próxima semana, um ofício nessa direção chegará. Dou esse exemplo porque minha vontade e disposição, por mais divergências que eu possa ter em relação ao que V. Exª diz, seja sobre o Presidente Lula, seja sobre o agora Senador eleito Wellington Dias, que foi Governador do seu Estado, minha intenção é de aqui ter uma relação de respeito e de construção, mesmo que, por vezes, divergindo severamente, ou assertivamente, como no caso da CPMF. Eu avaliava que seria bom darmos continuidade à CPMF, mas os Democratas e os peessedebistas preferiram que não. Perdemos. Foi por pouco que não conseguimos os 3/5 que a Constituição prevê. E, obviamente, o Presidente Lula, volta e meia, relembra aquele episódio. Ele costuma dizer: “Olha, passei uma dificuldade grande no Senado, nesses oito anos, e gostaria que a Dilma Rousseff, Presidente - porque acreditamos ela vai ganhar a eleição -, tenha margem de apoio no Senado mais confortável do que a que eu tive”. Ele costuma dizer isso. V. Exª sabe disso, inclusive, no Piauí, ele o disse. Eu tenho aqui, também, as reportagens de três agências diferentes, que falam do dia do Presidente Lula, hoje, no Piauí. Enfim, eu sei que já estamos ambos abusando da paciência do Presidente, Senador Roberto Cavalcanti, então aqui encerro. Mas eu disse exatamente o que eu estava pensando, que não queria abusar do direito de aparte.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - O Senador Roberto Cavalcanti é, acima de tudo, um homem generoso e sabe que, depois de 28 anos de tribuna, meu tempo é curto. Então, ele não vai me cercear um minuto a mais, um minuto a menos. Não é isso, Senador Roberto?

            O SR. PRESIDENTE (Roberto Cavalcanti. Bloco/PRB - PB) - Eu, mais do que nunca, sou grato.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Eu, hoje, estou me sentindo como aquelas baleias que se perdem na corrente marítima, ali em frente a Copacabana, e que sabem que não retornam mais ao mar. Então, ficam fazendo aquele espetáculo para agradar aos banhistas, sabendo que será o último ato de suas vidas, porque dali não retornarão mais ao oceano.

            De forma que eu quero que V. Exª me sinta na mesma situação da baleia. Deixe-me dar meus mergulhos na tribuna desta Casa até o último momento.

            O SR. PRESIDENTE (Roberto Cavalcanti. Bloco/PRB - PB) - Eu discordo, porque há uma suposição de que aquelas baleias perderam a cabeça, perderam o rumo, e V. Exª jamais perderia o rumo.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Eu perdi o rumo das urnas.

            O SR. PRESIDENTE (Roberto Cavalcanti. Bloco/PRB - PB) - Não, não, não!

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Eu perdi.

            Mas, Senador Suplicy, uma coisa que eu não carrego na vida é ódio. V. Exª falou do ex-Governador Wellington Dias. Eu tenho divergências políticas com ele, profundas, pela irresponsabilidade, pela falta de compromisso, pela maneira como induziu o piauiense a enganos, mas eu, pessoalmente, não tenho nada contra ele. Até uma vez eu disse, aqui, o seguinte: se o Senador Wellington Dias, que é um homem muito bem casado, fosse solteiro - tenho três filhas - e uma filha minha simpatizasse com ele, eu jamais faria nada contra, porque os dois, inclusive, teriam algo em comum: gostar de dormir até tarde. Agora, um governo para ele administrar, eu jamais daria, porque é um desastre!

            Eu sei separar bem as coisas. Não tenho ódio. Não daria um governo, não daria uma quitanda. Aliás, ele montou uma factory lá no Piauí e ela quebrou. Quer dizer, não administrou uma factory. Imagine o PT daquela época, em 2002, que combatia o capital, em que o Deputado Nazareno defendia a renda máxima. Ele montou uma factory. Estava lá, descobriram-no com a boca na botija, deu uma confusão danada, mas como, no Brasil, as coisas acabam assim mesmo, não deu em nada, Senador Suplicy.

            Eu quero dizer a V. Exª o seguinte: uma das saudades que eu vou ter deste Senado é a de V. Exª. Agora, eu gostava mais quando V. Exª fazia parte daquele cenário uníssono, de uma voz única do PT, que combatia a corrupção, que combatia agressões à Constituição.

            Esse Suplicy dissidente que eu vejo hoje, às vezes fica rubro de vergonha quando os colegas se envolvem no mensalão, quando os colegas se desviam do caminho que pregou durante tanto tempo e, às vezes, fica triste e cabisbaixo, muitas vezes participando de pronunciamentos emocionados. Eu vejo em V. Exª um dissidente, um dissidente no bom sentido. V. Exª é um homem que crê nas suas teses e defende as suas teses. Eu o admiro muito por esse aspecto.

            Fique certo de que as nossas divergências são bem menores do que os nossos acertos e não se preocupe, porque é muito melhor a nossa posição de duas paralelas que nunca se encontram, mas que estão sempre próximas e se respeitam, do que outras circunstâncias.

            Eu tenho certeza de que a V. Exª o Brasil pode entregar um cofre. A outros do Partido de V. Exª, valham-me Deus e Nossa Senhora! V. Exª sabe muito bem disso. Agora, V. Exª, não. V. Exª é um homem... Por isso, por isso é que não é cotado para ser candidato a vice, a Presidente, e quando quer participar de prévia não deixam. Agora mesmo, poderia ter sido um candidato de consenso ao Governo de São Paulo, mas foi vetado, porque V. Exª tem um outro pensamento. V. Exª consegue carregar dentro de si aquele ideal da construção do Partido dos Trabalhadores. Embora V. Exª não tenha sido um dos fundadores, foi um dos homens que mais...

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Sou fundador do PT.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - V. Exª foi fundador. Perdão, V. Exª foi fundador.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Dez de fevereiro de 1980, no Colégio Sion. Fui fundador do PT.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - V. Exª foi fundador, perdão. V. Exª não participava do PT naquela época em que o Lula se encontrava aqui, no gabinete, às escondidas com o Petrônio Portella. V. Exª é da outra fase. Desculpe-me. Eu preservo tanto a sua biografia, que vou tirar essa parte. V. Exª é da outra etapa do PT, aquela que o PT construiu - V. Exª, o Airton Soares, aqueles que foram expulsos porque votaram a favor da eleição do Tancredo, contra a ditadura, daquele período. Quero retificar. Eu tenho pavor de macular a biografia das pessoas, mas tenho certeza de que, democrata como V. Exª é, em qualquer situação em que eu esteja, terei sempre na sua pessoa um canal aberto ao diálogo. As nossas divergências, a pressão do nosso debate, aqui, começaram quando me senti injustiçado, porque injustiçado era o meu Estado, saindo de V. Exª, uma pessoa acreditada, representante de São Paulo, informações não verdadeiras sobre o meu querido Piauí, quando V. Exª, de boa fé, acreditou nas informações inverdadeiras que me lhe foram repassadas pelo Governador Wellington Dias.

            Agora, imagine, Senador Eduardo Suplicy, V. Exª num avião com pouco combustível, tendo de descer no aeroporto de São Raimundo Nonato. O Brasil não aguentaria a sua perda.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/10/2010 - Página 47232