Discurso durante a 167ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre nota do jornalista Josias de Souza referente à candidata Dilma Rousseff. Questionamento sobre o financiamento de revista da CUT pelo Banco do Brasil e pela Petrobras. Registro de que o PSDB e o Democratas protocolaram pedidos de investigação contra o Sr. Valter Cardeal. Crítica ao aumento do IOF, determinado ontem pelo Ministro Guido Mantega. (como Líder)

Autor
Antonio Carlos Júnior (DEM - Democratas/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Comentários sobre nota do jornalista Josias de Souza referente à candidata Dilma Rousseff. Questionamento sobre o financiamento de revista da CUT pelo Banco do Brasil e pela Petrobras. Registro de que o PSDB e o Democratas protocolaram pedidos de investigação contra o Sr. Valter Cardeal. Crítica ao aumento do IOF, determinado ontem pelo Ministro Guido Mantega. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 20/10/2010 - Página 47952
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, CRITICA, CONTRADIÇÃO, DILMA ROUSSEFF, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CAMPANHA ELEITORAL, REFERENCIA, DISCRIMINAÇÃO, ABORTO, DESCONHECIMENTO, OCORRENCIA, TRAFICO DE INFLUENCIA, SECRETARIO EXECUTIVO, CASA CIVIL.
  • QUESTIONAMENTO, INICIATIVA, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), BANCO DO BRASIL, FINANCIAMENTO, PERIODICO, CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES (CUT), INEFICACIA, DECISÃO, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), SUSPENSÃO, CIRCULAÇÃO, CRITICA, PUBLICAÇÃO, UTILIZAÇÃO, RECURSOS, EMPRESA ESTATAL, REALIZAÇÃO, CAMPANHA, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • REGISTRO, INICIATIVA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), DEMOCRATAS (DEM), SOLICITAÇÃO, PROCURADORIA GERAL DA REPUBLICA, INVESTIGAÇÃO, CIDADÃO, LIGAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, IRREGULARIDADE, TRAFICO DE INFLUENCIA.
  • CRITICA, INEFICACIA, DECISÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), AUMENTO, ALIQUOTA, IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CREDITO CAMBIO SEGURO E SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS A TITULOS E VALORES MOBILIARIOS (IOF), TENTATIVA, IMPEDIMENTO, ENTRADA, MOEDA ESTRANGEIRA, MOTIVO, SUPERIORIDADE, TAXAS, JUROS, BRASIL, DEFESA, REALIZAÇÃO, AJUSTE FISCAL, EXPECTATIVA, ELEIÇÃO, JOSE SERRA, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EFETIVAÇÃO, PROPOSTA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ANTONIO CARLOS JÚNIOR (DEM - BA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria, Sr. Presidente, Senador Pedro Simon, de fazer comentário sobre algumas notas que saíram na imprensa hoje. Uma delas me chama bastante a atenção, a do jornalista Josias de Souza em relação à candidata Dilma Rousseff: “Dilma não lida bem com as contradições da ex-Dilma”. Então, ele diz que a candidata

Dilma Rousseff foi reapresentada na noite passada, no Jornal Nacional, a uma velha conhecida: a ex-Dilma Rousseff. São duas personagens muito distintas. A nova Dilma, candidata ao Planalto pelo PT, não sabe como lidar com as contradições da ex-Dilma.

Recordou-se à candidata que sua alter ego defendera a descriminalização do aborto. A neo-Dilma se absteve de prover uma explicação sobre a mudança de opinião.

Ofereceu-se a ela uma segunda oportunidade. A carta-rendição aos evangélicos não é um “recuo”, uma “contradição”?

A nova Dilma refugou a oferta: “Não vejo contradição”. Disse: “Não se pode prender as 3,5 milhões de mulheres. O aborto é caso de saúde pública, não de polícia”.

Nenhuma palavra sobre a descriminalização de que falava a ex-Dilma. A nova Dilma é contra a modificação da lei. Às favas com os vídeos que expõem o contrário.

O maior problema da candidata é que suas contradições foram demarcadas com zelo. Revelaram-se também no Erenicegate.

A ex-Dilma se autoproclamava supergerente. Desde a Casa Civil, coordenava todo o governo Lula. Nada parecia fugir-lhe do campo de visão.

Súbito, descobriu-se que Erenice Guerra, sua ex-braço direito, empregara parentes e facilitara o tráfico de influência. Tudo sob o nariz da ex-Dilma.

Instada a comentar o malfeito pela enésima vez, a nova Dilma revelou-se uma gestora ordinária, comum.

“Ninguém controla o governo inteiro. O que tem que ter é a garantia de que, havendo o malfeito, você investiga e pune”.

Para sair das cordas, citou o rival tucano José Serra e a Erenice dele, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto. O tucanato, disse ela, esquiva-se de investigar.

Antes que soasse o gongo da entrevista, foi à bancada o nome de Ciro Gomes (PSB-CE). Um aliado que, meses atrás, dissera: “O Serra é mais preparado”.

A ex-Dilma, dona de temperamento mercurial, talvez desancasse Ciro. A neo-Dilma, mais compreensiva, admitiu-o na coordenação de sua campanha.

A dúvida que remanesce é a seguinte: se as urnas sorrirem para a pupila de Lula, quem governará o País, a Dilma ou a ex-Dilma?”

            Então, eu gostaria de registrar esse artigo brilhante do jornalista Josias de Souza.

            Além do mais, tenho alguns outros comentários a fazer:

            “Banco do Brasil e Petrobras financiam revista da CUT pró-Dilma.” O TSE vetou a circulação dessa revista, custeada por duas empresas estatais. Olhem o uso das empresas estatais para fins indevidos! Eu já fiz esse comentário na semana passada e amanhã voltarei ao assunto.

            Ouvido, o Banco do Brasil manifestou-se assim: “Os critérios para veiculação de anúncios estão ancorados no relacionamento com os públicos da revista”. Ótima, a desculpa.

            E a Petrobras: “A veiculação de anúncios na Revista do Brasil possibilita à companhia divulgar suas ações para um público formador de opinião dos principais sindicatos de todo o País”.

            Vejam a desculpa esfarrapada e cínica que deram as assessorias das duas empresas estatais.

            Agora, ambas as empresas esquivaram-se de informar quanto injetaram na revista.

            A decisão da Justiça Eleitoral resultou inócua. Responsável pela revista, Paulo Salvador informou que todos os exemplares já foram distribuídos, ou seja, a medida de suspensão nada valeu.

            A revista publica uma foto da pupila de Lula: “A vez de Dilma: o País está bem perto de seguir mudando para melhor”.

            É o dinheiro das estatais usado para campanha eleitoral. É isso que nós queremos evitar, Srªs e Srs. Senadores.

            Num instante em que viceja nas manchetes a polêmica do aborto, a reportagem principal traz declarações de um religioso enaltecendo Lula e dizendo que Dilma é sua candidata.

            Então, Srªs e Srs. Senadores, realmente, financiar uma revista ligada à CUT, fazendo propaganda de candidato com o dinheiro da Petrobras e do Banco do Brasil é um absurdo. Isso nós temos que coibir. É essa privatização que o PT quer fazer, a privatização para os seus interesses. Eles estatizam para privatizarem dentro do seu grupo. Essa é a política que usa o PT e é exatamente o que nós precisamos combater.

            Além da Srª Erenice, temos também as investigações contra o Sr. Valter Cardeal. O PSDB e o Democratas já protocolaram na Procuradoria-Geral da República novos pedidos de investigação. Por quê? Tráfico de influência novamente. O Sr. Valter Cardeal é ligadíssimo à Ministra Dilma Rousseff, e fazendo tráfico de influência. Também tem uma denúncia de uma fraude de garantia de financiamento bancário com um banco alemão. Então, são pontos que mereceriam a nossa observação.

            Para finalizar, um comentário econômico: o Ministro Guido Mantega determinou, ontem, o aumento das alíquotas do IOF para as aplicações de renda fixa de estrangeiros, também tributando operações de derivativos nas bolsas de mercadorias e futuros.

            É mais uma medida inócua, não resolverá o problema da entrada de dólares. Nossa taxa de juros é elevada e, portanto, a arbitragem continua, mesmo com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras. É absolutamente inócuo. A taxa de juros nossa depende, basicamente, de que façamos ajuste fiscal, porque ela tem um componente fiscal inserido desde o passado, ou seja, o nosso passado fiscal realmente impôs uma taxa de juros elevada e, mesmo nos períodos mais tranqüilos, quando a política monetária pôde baixar a taxa de juros, o componente fiscal permaneceu. Então, enquanto não fizermos um ajuste fiscal, que me parece longe do pensamento deste atual Governo e, se sua candidata for eleita, também do próximo. Espero que sendo - como espero que seja - vitorioso o candidato José Serra, as coisas pelo lado fiscal andem melhor e, portanto, a possibilidade de um ajuste fiscal severo, e aí a taxa de juros com certeza cairá. A partir da queda da taxa de juros pela melhoria da situação fiscal, poderemos ter, definitivamente, uma taxa de câmbio mais adequada e sem a influência da arbitragem que é feita com aplicações. Arbitragem, no mercado financeiro, é exatamente aplicar em dois mercados, simultaneamente, para aproveitar distorções entre um e outro, é exatamente determinar o ganho sem risco. Então, é o que o estrangeiro faz: ele toma dinheiro lá no exterior a uma taxa mais baixa e vem aplicar aqui a uma taxa bem mais alta.

            Ora, mesmo com o imposto, a nossa taxa favorece as aplicações. Então, é inócuo. Para que a taxa caia, é preciso um ajuste fiscal. Mas isso não está nos planos do atual Governo.

            Espero que o próximo governo seja responsável com a política econômica do País e possa, então, fazer um ajuste fiscal que nos permitiria baixar a taxa de juros e, aí, sim evitar essa enxurrada excessiva de dólares que acaba prejudicando, em parte, a economia brasileira.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/10/2010 - Página 47952