Discurso durante a 172ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do ex-Presidente da República Argentina, Sr. Néstor Carlos Kirchner.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do ex-Presidente da República Argentina, Sr. Néstor Carlos Kirchner.
Publicação
Publicação no DSF de 28/10/2010 - Página 48276
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, COMPETENCIA, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, RECUPERAÇÃO, ECONOMIA, PAIS, DEFESA, AMPLIAÇÃO, INTEGRAÇÃO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), MANIFESTAÇÃO, VOTO DE PESAR, FAMILIA.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Serys Slhessarenko, gostaria de convidá-la a assinar o requerimento também. As Senadoras e os Senadores presentes que também desejarem assinar esse requerimento poderão fazê-lo. O requerimento é de minha iniciativa e de iniciativa do nosso Líder, Senador Aloizio Mercadante, e está posto nos seguintes termos:

Requeiro, nos termos do art. 218 do Regimento Interno, seja inserido em Ata voto de pesar pelo recente falecimento do ex-Presidente da República Argentina Sr. Néstor Carlos Kirchner. Requeiro, ainda, que tal voto seja comunicado à atual Presidente da República Argentina, Srª Cristina Fernández de Kirchner.

JUSTIFICAÇÃO

Nascido e criado na Província de Santa Cruz, no sul da Patagônia, Néstor Carlos Kirchner começou sua vida política fazendo oposição estudantil ao regime militar do General Juan Carlos Onganía, na década de 60. Desde então, dedicou suas energias à luta pela justiça social e pelos direitos humanos.

Poucos pensavam, entretanto, que um político oriundo dessa longínqua e despovoada província tivesse alguma chance de galgar os mais altos cargos da república, num país acostumado historicamente à hegemonia política de Buenos Aires. Nesse sentido, sua eleição a Presidente da República Argentina, em fevereiro de 2003, representou um sopro de renovação no cenário político argentino, que dava, à época, inquietantes mostras de fragilização e de perda de legitimidade.

Porém, não se tratou apenas de renovação regional e política. Néstor Kirchner iniciou um processo de renovação econômica e social que mudaria a Argentina. Tendo assumido na pior crise econômica e institucional da história Argentina, também conseguiu, com decisões duras e até polêmicas, iniciar uma recuperação que livraria a Argentina das marcas de uma recessão que parecia não findar.

Néstor Kirchner também teve o discernimento de entender que o melhor caminho estratégico para a Argentina era o da integração regional, não o das relações supostamente privilegiadas com potências mundiais. Foi, dessa forma, um grande defensor do Mercosul e da construção da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), da qual era, com inteira justiça, Secretário-Geral.

Para o Brasil, Néstor Kirchner foi um amigo. Defendia a Argentina, porém sem perder de vista o horizonte maior da integração entre nossos povos.

Íntegro e corajoso, Néstor Kirchner só podia se sentir ameaçado, talvez, pela morte. Contudo, perguntava Borges, o grande escritor argentino: ‘De que outra forma se pode ameaçar que não seja pela morte? O interessante, o original seria ser ameaçado pela imortalidade’.

Pois bem, em 27 de outubro de 2010, ao sair da vida e entrar para a história, essa ameaça se cumpriu para esse grande argentino e latino-americano chamado Néstor Kirchner.

            À Srª Cristina Fernández de Kirchner, Presidente da República Argentina e esposa de Néstor Kirchner, aos seus familiares e ao povo argentino, nossos calorosos e sinceros sentimentos de pesar!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/10/2010 - Página 48276