Pronunciamento de Mão Santa em 04/11/2010
Discurso durante a 175ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Assertiva de que a oposição efetuada por S.Exa. ao Governo Lula não foi raivosa. Reflexão acerca do pleito eleitoral no Piauí, em que S. Exa. e o Senador Heráclito Fortes teriam sido vitimados pela corrupção. Homenagem a José Serra e comentários a pronunciamento feito pelo candidato, após o reconhecimento da derrota eleitoral.
- Autor
- Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
- Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
ELEIÇÕES.:
- Assertiva de que a oposição efetuada por S.Exa. ao Governo Lula não foi raivosa. Reflexão acerca do pleito eleitoral no Piauí, em que S. Exa. e o Senador Heráclito Fortes teriam sido vitimados pela corrupção. Homenagem a José Serra e comentários a pronunciamento feito pelo candidato, após o reconhecimento da derrota eleitoral.
- Aparteantes
- Heráclito Fortes, Níura Demarchi.
- Publicação
- Publicação no DSF de 05/11/2010 - Página 48865
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. ELEIÇÕES.
- Indexação
-
- DISCORDANCIA, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, ATUAÇÃO, BANCADA, OPOSIÇÃO, CRITICA, OFENSA, REPUTAÇÃO, ORADOR, HERACLITO FORTES, SENADOR, INSUCESSO, CAMPANHA ELEITORAL, MOTIVO, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL, INTERFERENCIA, ELEIÇÕES, AUTORITARISMO, CONTROLE, JUDICIARIO, POLICIA FEDERAL, REITERAÇÃO, IMPORTANCIA, DENUNCIA.
- HOMENAGEM, ESFORÇO, JOSE SERRA, EX GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CAMPANHA ELEITORAL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, LEITURA, TRECHO, DISCURSO, AGRADECIMENTO, VOTO, ELEITOR.
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Gilvam Borges, que preside esta sessão de 4 de novembro, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros que nos assistem no plenário do Senado e pelo sistema de comunicação do Senado.
Senador Gilvam Borges, é muito comum se prestar homenagem ao sol que nasce, em qualquer batalha. E política é como a guerra. Quem disse isto, João Durval, foi Winston Churchill: política é como uma guerra. A diferença é que, na guerra, a gente só morre uma vez; na política, várias vezes.
Winston Churchill, o grande líder militar, que participou como jornalista na Primeira Guerra Mundial, e como comandante e chefe da Segunda Guerra Mundial, que uniu todos os países democráticos contra o absolutismo de Hitler, de Mussolini e dos camicases do Japão.
Então, eu queria dizer aqui que é uma guerra, né? E a guerra foi quase a Terceira Guerra Mundial neste País. E é comum se prestar uma homenagem ao sol nascente, aos vitoriosos. No entanto, entendo que o país deve fazer uma reflexão; e o Presidente da República. Até o meu último dia aqui, eu tentarei ensinar ao Presidente da República. Essa é a missão de um Senador, daí eles serem pais da Pátria.
Então, ele diz que houve uma oposição raivosa. A ignorância é audaciosa. Esta Oposição nunca foi raivosa. Eu daria só, João Durval, um quadro, que vale por dez mil palavras. Esta Oposição foi igual.
Níura, bela mulher brasileira, que encanta as liberdades democráticas, que trouxe a beleza, a inteligência e a feminilidade para esta Casa. Níura, atentai bem! Dizer que a Oposição é raivosa? Esse Presidente... Esta Oposição, no mensalão, nós deixamos de cassá-lo. No mensalão. Comprovado. A Justiça carimbou, e ele chamou de 40 aloprados, e nós, numa benignidade, respeitando a maioria do povo que tinha votado em Luiz Inácio - até eu votei em 1994 -, nós não trouxemos o pedido de impeachment. É, o mensalão existiu. Quarenta aloprados foram carimbados corruptos, chamados de aloprados pelo Luiz Inácio. Isso é uma Oposição raivosa?
E outro quadro: não diga mais besteira, Luiz Inácio. V. Exª, quando disse “é melhor fazer uma hora de esteira que ler uma página de livro”, falou uma besteira muito grande para a mocidade estudiosa do meu País. Olha, um Presidente dizer que “é melhor fazer uma hora de esteira que ler uma página de um livro” foi uma besteira incomensurável. Não existe! O exemplo que arrasta...
Mas eu daria um exemplo mais forte, pois eu sou do Piauí. Piauí, terra querida, filha do Sol e do Equador. Pertencem-te os nossos sonhos, as nossas vidas. Na luta pelo filho, é o primeiro que chega.
Quero dizer só um quadro: esta Oposição, Luiz Inácio, não foi raivosa. Não bastasse V. Exª ter feito a maior máquina de corrupção para tirar desta Casa eu e Heráclito Fortes, designando um Ministro que lá viveu e destruiu a sua própria família, largando a sua família, para viver com uma mulher piauiense jovem... E a corrupção...
Mas daria só um exemplo, ô, Níura, para que Luiz Inácio não tenha... E foi lá e nos agrediu e disse que era uma vingança de Deus ter tirado eu e o Heráclito.
Eu não conheço esse Deus vingador. O meu Deus não é o Deus dele. O meu Deus é o Deus do amor. Deus é amor. Amor é vida, Níura.
E disse, na praça. Nunca vi humilhar os vencidos, quando os vencidos foram vencidos pela maior corrupção que este Governo comandou. Todo o Estado sabe. Desmoralizou não a nós, que tivemos... Até as 48 horas antes, nós ganhávamos a eleição, em todas as pesquisas, mais de 300 feitas por eles mesmo. E esse esquema... Mas eu diria que não foi raivosa.
Entrevistado, eu disse - o povo indignado: eu rezo o Pai Nosso e perdoo a ignorância, que é audaciosa.
Mas, não bastasse, eu diria só um quadro para dizer que não é raivosa: Luiz Inácio, eu tenho centenas de e-mails do povo brasileiro querendo explicações do seu filho, da riqueza que seu filho fez, um garoto prodígio que ganhava menos de um salário mínimo e é o maior milionário hoje deste País, dono de todas as telefônicas.
Ô, Roberto Durval, isso nunca foi atingido, não com medo do poder do Presidente. Deus evitou ter medo. Presidente, em respeito à família; ao Deus, que quando mandou seu filho para resolver os problemas, botou numa família sagrada; ao Rui Barbosa, que está ali e disse - atentai bem: “a Pátria é a família amplificada”.
Eu não vi raiva. Ninguém viu nós dissecarmos o que o Brasil todo quer saber. Isso se chama decência da Oposição, respeito da Oposição, preparo da Oposição. Agora, ela foi brava! Ela não se entregou à corrupção que nos tentaram... Fiel à Rui Barbosa! Rui Barbosa...
Neuto De Conto, ele, em período como este, de Oposição, ele passou 32 anos nesta Casa, ele foi mais tempo Oposição e tentado a continuar num regime militar, os primeiros da República. O primeiro militar, Deodoro Floriano; e o terceiro, ele disse: “tô fora” E vieram lhe oferecer o Ministério da Fazenda, e ele disse: “não troco a trouxa de minhas convicções por um ministério”.
E foi isso o que nós fizemos: nós não trocamos nosso ideal de servir não ao Presidente, à democracia, ao Brasil e à Pátria. Se este País teve eleições; se este País teve alternância de poder, o único que não cedeu foi o Senado da República. Todos cederam, quase todos pela corrupção. Até a juventude brava de que eu participei nos idos de 60: “vem, vamos embora, esperar não é saber, quem sabe faz a hora”, que cantávamos, de Vandré, ela foi corrompida. E nós reagimos pela Pátria, pela democracia, pelo povo. Mas o povo bravo e heróico, que foi à rua, gritou liberdade, igualdade, fraternidade.
Então, eu pediria e diria o seguinte. Eu queria fazer uma homenagem àquele que tombou, como nós tombamos e como tombou o apóstolo Paulo, esse herói que terminou a sua vida de luta, e nós somos cristãos só porque o apóstolo Paulo foi e pregou e escreveu a vida de Cristo. Está na Bíblia. Roberto Durval, ele disse, no final de sua existência, que foi longa: terminei minha carreira, preguei, guardei minha fé e combati o bom combate. Nós combatemos o bom combate.
O apóstolo Paulo, perseguido, apedrejado, arrastado no fim, mas ele teve sua missão de trazer até hoje Cristo. Por isso que nós somos cristãos...
(Interrupção do som.)
O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, a Mesa consulta V. Exª sobre a sua necessidade de tempo. V. Exª pode se manifestar dizendo da sua necessidade.
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Fora do microfone.) - Eu queria - estou falando em Cristo - ter a inspiração de Cristo. Em um minuto, Cristo fez um dos discursos mais bonitos, que é o Pai-Nosso.
O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - V. Exª tem dez minutos. O pai-nosso de V. Exª é bem diferente.
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Agradeço e dou nota dez para V. Exª, que preside, com muito espírito democrático. É lá do Amapá, único Estado que não conheço. Mas está escrito no livro de Deus: os últimos serão os primeiros. Quero ir lá no seu aniversário, cumprimentá-lo pela sua brilhante vitória.
Então, quero dizer que desejo prestar uma homenagem àquele que tombou, ao candidato heroico José Serra. Não foi mole, não! Eu combati. Olha, ele saiu muito maior do que entrou. Ele foi como o Apóstolo Paulo; terminou a carreira, pegou e guardou a fé e combateu o bom combate. Não foi mole, não.
Nunca antes ou dantes - como disse o poeta Camões, Luiz Inácio - houve tanta corrupção. Eu vou dar só um quadro, Luiz Inácio. Um quadro vale por dez palavras.
Atentai bem! Em nenhum período da ditadura militar - aprenda, pessoal da imprensa! Aprenda! -, em nenhum instante da ditadura militar, houve uma força mais forte no Parlamento do que agora. Ditadura de quê? Aquilo foi “ditamole”. Os homens eram bons. Os homens eram honrados. Os homens eram honestos. Atire uma pedra em Figueiredo, em Geisel e em Castelo Branco, que conheci. Não conheci Costa e Silva nem Médici. Mas os três que conheci eram homens do Exército, filhos do povo.
Ditadura é agora! Submisso à Justiça, à Polícia Federal. A corrupção pairando.
E foi por isso, Luiz Inácio, que Rui Barbosa disse - Níura, que representa a beleza, a inteligência e a decência da mulher brasileira:
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos do maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.
Profeta Rui Barbosa.
Chegou o momento. É este Governo do PT. É este Governo de Luiz Inácio. É esta Pátria em que vivemos. É o Rui.
Nunca antes se viu tanta corrupção. Níura, Heráclito, sabem como é que se diz lá no Piauí? “Esse Mão Santa é otário. Não tinha dinheiro. É otário. Foi Governador, foi tudo, não roubou, é otário”. É! Está aqui Rui Barbosa.
Aprenda, gente da imprensa! Não se venda, não. É feio. A imprensa vale pela verdade que diz. Cristo falava: “De verdade em verdade eu vos digo: Eu sou a Verdade, o Caminho e a Vida”. É a verdade que a imprensa tem buscado.
Só se serve... A Igreja Católica - e “católico” é “universal”, vem do grego. Só se serve, João Durval, a Deus e ao dinheiro. Eu, Níura, servi a Deus, aos mandamentos de Deus. Essa gente só serviu ao dinheiro. Eu nunca vi tanta corrupção.
Rui Barbosa, chegou o dia, o dia do Governo de Luiz Inácio.
Mas homenageio José Serra. Rui Barbosa tombou também e aqui está sendo homenageado. Eu aqui, o Pai da Pátria. Rui Barbosa tombou também porque queria um regime continuado dos militares. Ele tombou.
Na nossa Teresina, Rui Barbosa ganhou. Atentai bem, Níura!
Eram 22 horas e 40 minutos - quero que fique nos Anais esse ensinamento de José Serra - quando um séquito de tucanos ingressou no prédio escoltando José Serra. Estavam presentes os mesmos que o apoiaram no final do pleito: o Governador Alberto Goldman, o Prefeito paulistano Gilberto Kassab (DEM), o Governador eleito Geraldo Alckmin, o Senador tucano Aloysio Ferreira. Chamou a atenção a ausência do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, extraordinário estadista, pai do renascer da grandeza da economia no Brasil.
Saudando brasileiros de todos os cantos do território, ele afirmou ter recebido com respeito e humildade o recado dos brasileiros nas urnas. Cumprimentou Dilma pela vitória e desejou que ela faça bem ao País. Começou a ler um discurso escrito à mão. Ô homem de vergonha!
Estou com a satisfação do cumprimento da missão. Votei no melhor. Votei para que fosse hasteada neste País não a bandeira vermelha, mas esta bandeira verde e amarela da ordem e progresso.
Ele disse - que fique na história, por isso repito, pois muitos brasileiros não ouviram: “Quis o povo o outro caminho. Mas sou muito grato aos 43 milhões que me escolheram”.
Luiz Inácio, atentai bem, a mentira tem pernas curtas! É mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade. Vossa Excelência tem maioria? Tem. Mas não tem essa, essa que o Hitler diz, essa de que o Goebbels falava: uma mentira repetida se torna verdade. Vossa Excelência tem uma maioria muito pálida; 43 milhões votaram contra o Lula e contra a Dilma. Que ele tem, tem, mas eu busco a verdade. Não me venha ninguém com mentira aqui. Que ele é o maior líder, é. Mas aquela do Goebbels e do Hitler eu não deixarei impor aqui.
“Mas sou muito grato aos 43 milhões que me escolheram”. Essa é a verdade. É verdade, não se pode fugir à verdade; é canalhice, é Goebbels, é hitleriano. E esta Casa é para combater isso. O Rui Barbosa combateu a mentira.
Prossigo:
A todos que colocaram um adesivo e carregaram uma bandeira com Serra 45. Agradeço também aos milhões que lutaram na Internet em defesa de um Brasil mais democrático. Vou carregar comigo cada olhar recebido. Cada mensagem, inclusive no Twitter. Foram sete meses de peregrinação. O problema é como despender essa energia acumulada nos próximos meses.
Brincou, se referindo ao fato de estar agora sem ocupar qualquer cargo político.
Serra lembrou ainda que foi apoiado por 10 dos 27 governadores brasileiros, entre eles Geraldo Alckmin, saudado com uma salva de palmas pelos militantes presentes no Joelma.
A maior vitória desta campanha não foi mérito meu, mas de vocês. Pode parecer estranho para um candidato que não ganhou eleição, mas vim aqui para falar de esperança. Vocês alcançaram uma vitória estratégica, cavaram uma grande trincheira, consolidaram um campo político de defesa da liberdade e da democracia no Brasil. É um até breve, não um adeus. E me despeço com uma frase [que beleza!]: Brasil, verás que um filho teu não foge à luta.
Concluiu Serra.
E as mesmas palavras - eu e Heráclito estamos aqui - quero dar ao bravo candidato que tivemos em Teresina. Edison Lobão está aqui, nosso vizinho, lá do Gonçalves Dias. E eu sou homem de luta. Meu pai era maranhense. Eu aprendi: “Não chores meu filho, a vida é luta renhida, viver é lutar, a vida é um combate que os fracos abate, e os fortes e os bravos exalta”. Nós somos essa gente do Piauí, forte e brava. E o candidato do Piauí também, reunindo as qualidades de virtude, homem honrado, homem honesto, homem que apenas disputou na época errada, e como Rui Barbosa prevê: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar- da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.
Olha, Gilvam, V. Exª é um homem lá do Amapá, que eu quero conhecer e a sua luta, mas quis Edison Lobão, o melhor do time de lá, graças a Deus que tenha, V. Exª tem que ser o Richelieu da nossa... Aprendi com Petrônio a não agredir os fatos, os fatos estão aí.
Mas V. Exª, que sabe a Bíblia mais do que eu, foi seminarista, outro dia foi homenageado na minha cidade pela Rádio Globo/Igaraçu, eu ouvi o seguinte de um jornalista de vergonha: V. Exª. Mas eu quero dizer a Igreja Católica, católica quer dizer universal, vem do grego, Católica Apostólica Romana....
(Interrupção do som.)
O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, V. Exª se dá por satisfeito ou tem necessidade de mais algum tempo?
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Fora do Microfone.) - Um minuto.
(Interrupção do som.)
O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - V. Exª dispõe de um minuto. Em seguida, antes que se retire desta Casa, compareça à mesa e sente-se à minha direita.
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Mas atentai bem, não se pode servir a Deus e ao dinheiro. Olha, no Piauí, foi tão imoral que o dinheiro foi mais forte que Deus.
Pessoas que há trinta anos são inimigas, que amaldiçoam suas famílias, cidades grandes, mulher atacando mulher, até homem, homem com homem, estão na Justiça disputando o mandato, e o dinheiro uniu. Pessoas que o amor e Deus não uniram, o dinheiro uniu. É o dinheiro.
Então, eu só queria dizer isso e agradecer a Deus por poder aqui, eu que sou Francisco...
O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Mão Santa...
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Com a palavra o Senador Heráclito Fortes.
O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Tenho certeza de que o Senador Gilvam vai permitir mais alguns minutinhos para o Senador Mão Santa. V. Exª está tocando num ponto - eu não sei no resto do Brasil como foi...
(Interrupção do som.)
O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - No Piauí foi uma questão... (Fora do microfone.) Os fatos foram escandalosos. O que se fez no tal do ProJovem, V. Exª sabe muito bem. Quando se fez uma denúncia de 30 milhões distribuídos em ano eleitoral, o executor do ProJovem, um Deputado Estadual, ainda teve o desplante de ir à televisão dizer publicamente, não em desafio a mim ou a V. Exª, mas à Justiça: “Eles estão enganados. Não foram 30 milhões não, foram 70 milhões”. É preciso que se diga, Senador Lobão, de onde veio esse dinheiro e para onde foi esse dinheiro. Daí por que a ação movida pelo Deputado Roncalli Paulo, em que pede o esclarecimento desses gastos, é altamente pertinente. As ações tomadas não são pós-eleitorais não; elas são pré-eleitorais. Elas foram tomadas, pelo menos as que eu tive o dever de tomar, eu fiz ainda no esquentar da campanha. Eu nunca vi, Senador Lobão, nada igual ao que aconteceu no Piauí, e o que o Senador Mão Santa diz aí é um fato. Nós tivemos Municípios em que quatro alas se juntaram em torno da mesma candidatura. É muito fácil, você vê exatamente o que une um candidato que não tem carisma, que não tinha sequer....
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - O candidato a Prefeito de Teresina foi uma porcaria. A Adalgisa teve 150 mil votos e ele teve quatro mil. Porque se fosse bom de voto... Esse candidato que tomou da gente foi candidato a Prefeito de Teresina e foi uma porcaria de voto.
O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Pois é. Vamos esperar a Justiça. Estou absolutamente tranquilo nesse processo e vou, no momento oportuno, fazer uso da palavra exatamente para prestar esclarecimentos ao Piauí e ao Brasil sobre fatos escandalosos que aconteceram no Estado, com a participação tácita do Ministro Alexandre Padilha, confessada inclusive pelo Prefeito da capital, que deixou, no segundo turno, de apoiar um candidato nosso, que era o Sílvio Mendes, porque o Ministro o chamou a Brasília e colocou à disposição R$106 milhões de obras para a capital. E o Prefeito, logicamente, por amor a Teresina, teve que abrir mão de um compromisso. Não condeno o Prefeito Elmano não. Acho que ele mudou de posição, segundo declarações suas mesmo, por amor a Teresina. Agora, é preciso saber se, dentro da legitimidade, da legalidade de um processo eleitoral, isso não é crime. Isso é que é preciso que a Justiça....
O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, Heráclito, mas vamos discordar. No fim de oito anos, eu vou. Amor leva à fidelidade. É a vergonha, não é a traição. Desculpe-me. Foram oito anos de boa convivência, você de um partido, eu de outro, mas, nesses termos, amor não leva à sem-vergonhice e à traição. Amor leva ao cumprimento da palavra, à vergonha.
O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Não, estou apenas registrando o fato de o Prefeito ter declarado...
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Não, é só para tirar o amor a Teresina.
O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Pois é, foi o Prefeito...
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - É amor ao dinheiro, aos negócios.
(Interrupção do som.)
O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Eu solicito aos Senadores que, por gentileza, concluam esse aparte prolongado, para que o Senador Mão Santa se sinta à vontade para comparecer à mesa.
O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Eu estou apenas transmitindo aqui declarações do Prefeito; não estou entrando no juízo de valor. Eu estou apenas dizendo que o Prefeito declarou que não podia cumprir porque, por amor a Teresina, estava deixando de honrar um compromisso anteriormente assumido para apoiar a candidatura patrocinada pelo Sr. Alexandre Padilha. É o registro que quero fazer e perguntar se, dentro do processo eleitoral, é legal, é lícito e que providências a Justiça Eleitoral vai tomar. A Justiça Eleitoral tem todos os dados, tem todos os elementos para isso. Muito obrigado, Senador.
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Eu agradeço a V. Exª, que representa... E eu vou dizer: eu preferi perdermos juntos do que ter ganhado com essas quadrilhas que invadiram o Piauí.
Agora, eu não posso negar a palavra à beleza, à inteligência, à mulher brasileira. Já ouviram a música de Benito Di Paula, “mulher brasileira”?
A Srª Níura Demarchi (PSDB - SC) - Obrigada, Senador Mão Santa, pela oportunidade do aparte. É a primeira vez que vou aparteá-lo. Pedi essa palavra porque o senhor também citou meu nome algumas vezes e, nesse momento político que passo na minha vida, uma mulher catarinense de vida pública ainda muito curta - são apenas catorze anos em que lido na vida pública - quero dizer a V. Exª da minha alegria de poder ouvi-lo todas as vezes que pude estar aqui, prestando atenção na grande doutrina que é Mão Santa para o País. O senhor representa o lado da paz, o lado da força brasileira. O senhor representa, no Parlamento nacional, neste Senado Federal, a voz da democracia brasileira, e, nesses segundos que o Presidente nos concede para finalizar, eu não poderia deixar de dizer, como mulher catarinense, que, acima do meu respeito a V. Exª, da minha admiração por sua inteligência, por sua contribuição, ouso dizer que o senhor representa aqui, no Senado Federal, as palavras muito bem ditas também por V. Exª no que trata do grande jurista brasileiro, pai, patrono desta Casa, Rui Barbosa, que amanhã estará de aniversário de nascimento. O senhor, na minha opinião, representa essa figura emblemática, uma figura do divisor de águas, uma figura política que se presta ao grande serviço nacional. O senhor é aquele que defende os grandes princípios brasileiros: anticorrupção, a favor da verdade, a favor da democracia...
(Interrupção do som.)
A Srª Níura Demarchi (PSDB - SC) - Eu não poderia deixar de me manifestar sobre isso, de me espelhar na altura de sua inteligência, dos seus princípios no tempo que aqui estive e dizer do quanto aprendi com a sua determinação e sua garra em defesa da nossa Nação e da nossa Pátria, de um Brasil verde e amarelo, que é exatamente o que nós precisamos. O senhor está dando exatamente o novo tom do Legislativo que se aproxima, do Congresso Nacional que se aproxima e também dos Senadores que aqui estão e que vão permanecer e, provavelmente, dos novos Senadores que aqui estarão a partir de fevereiro do ano que vem. Quero parabenizar V. Exª por tudo que aprendi, pela sua doutrina e pela altura do seu talento e da sua disponibilidade ao nosso País. Muito obrigada.
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Agradeço a presença de V. Exª neste pronunciamento. Então, terminou...
O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa...
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - ...com a beleza que aprendi a contemplar.
O SR. PRESIDENTE (Gilvam Borges. PMDB - AP) - Senador Mão Santa, apelo a V. Exª que, com o silêncio, possa comparecer à mesa. Já estou ansioso, aguardando V. Exª, para que se sente à minha direita.
O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Só fazendo as palavras finais, em gratidão a essa mulher, pois ela simboliza aqui a mulher de Pilatos, que contestou; a Verônica, que enxugou o rosto de Cristo; as mulheres que estavam no ato da crucificação; as três mulheres que o visitaram no sepulcro, dado por um Senador, o sepulcro de Cristo, por José Arimateia. Eu quero ser esse Senador de sensibilidade. E essa mulher, representando todas as mulheres que disseram: “Ele não está aqui.” Cumpriu-se a profecia e ele está sentado à direita de Deus Pai. E cumpriu-se a profecia de Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” - Rui Barbosa.
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