Discurso durante a 174ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Agradecimentos ao povo gaúcho pelos votos que reelegeram S.Exa. Senador, com destaque para os registros de que teria sido o candidato ao Senado mais votado no Estado e ainda se tornado o homem público com mais votos recebidos na história do Rio Grande do Sul.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Agradecimentos ao povo gaúcho pelos votos que reelegeram S.Exa. Senador, com destaque para os registros de que teria sido o candidato ao Senado mais votado no Estado e ainda se tornado o homem público com mais votos recebidos na história do Rio Grande do Sul.
Publicação
Publicação no DCN2 de 04/11/2010 - Página 48733
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, REELEIÇÃO, ORADOR, RECEBIMENTO, SUPERIORIDADE, VOTO, AGRADECIMENTO, ELEITOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), RECONHECIMENTO, ESFORÇO, APRESENTAÇÃO, DIVERSIDADE, PROPOSIÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, ESTATUTO, IDOSO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, IGUALDADE, RAÇA, VALORIZAÇÃO, SALARIO MINIMO, AUMENTO, APOSENTADORIA, PENSÃO, EXTINÇÃO, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA, REITERAÇÃO, COMPROMISSO, DEFESA, INTERESSE, SOCIEDADE, CIDADANIA, CUMPRIMENTO, DILMA ROUSSEFF, CANDIDATO ELEITO, CONFIANÇA, COMPETENCIA, PREVISÃO, QUALIDADE, GOVERNO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Eduardo Suplicy, Senador Marco Maciel, Senadores e Senadoras, é sobre esse tema que uso a tribuna neste momento.

           Vou deixar para, na sexta-feira, falar da importância da vitória da primeira mulher eleita Presidenta da República do nosso País e também do Governador eleito no Estado do Rio Grande do Sul, Senador Tarso Genro.

           Sr. Presidente, Senhoras e Senhores, no Rio Grande do Sul, os votos válidos foram 6.285.648, aproximadamente seis milhões e duzentos mil votos.

           Quero hoje aqui agradecer ao povo gaúcho e dizer que, com a graça de Deus, eu tive o apoio do povo rio-grandense, recebendo 3.895.822 votos, aproximadamente quatro milhões de votos num universo de pouco mais de seis milhões.

           Essa votação, para alegria nossa - e registro esse momento - fez com que a gente se tornasse o homem público com mais votos recebidos na história do Rio Grande.

           Retorno a esta Casa com a alma e o coração mais do que abertos para prosseguir nesse segundo mandato. Recebi 62% dos votos do povo rio-grandense. De cada 100, somente 38 não votaram neste Senador.

           Senador Suplicy, as pesquisas chegaram a me colocar em terceiro lugar. No final, as urnas me colocaram em primeiro lugar, com 500 mil votos na frente da Senadora que vem em segundo lugar.

           Por isso que digo que o tempo, e somente o tempo, é o senhor da verdade e da justiça. Estou muito alegre. Claro que estou. Neste momento, posso dizer: não há céu estrelado e nem sementes germinando na terra que transborde o roteiro de alegria e felicidade que sinto de saber, de ver e sentir que a minha querida gente meridional reconheceu as lutas e o trabalho realizado pelo nosso mandato nesses oito anos.

           Claro que eu sabia que havia uma forte corrente de águas densas, profundas e contaminadas que se opunha à nossa navegação. Mas a nossa embarcação foi construída com a mais pura cepa do povo gaúcho e do povo brasileiro, por mãos que conhecem os caminhos e os tesouros de um novo amanhã.

           Não há mistério quando nos deitamos apenas com o som do silêncio e quando nos acordamos antes do sol raiar. Não há mistério! O que existe é uma prática simples e de muito respeito: olhar nos olhos e ouvir os anseios, desejos e necessidades daqueles que nunca foram tratados como signatários, como sujeitos, como heróis da história. O nosso povo é herói da história.

           Assim, eu escolhi qual o horizonte a seguir e qual a fonte a me banhar.

           Quando cheguei ao Senado, em 2003, disse que eu tinha como missão pautar aqui uma agenda voltada para o social, e foi assim que, com o apoio de todos, trabalhei e lapidei a pedra da sabedoria com os instrumentos do respeito, da coragem, da rebeldia, mas, também, eu diria, principalmente, do diálogo.

           Apresentei mais de mil propostas aqui, no Congresso Nacional, com o objetivo de levar dignidade e justiça aos brasileiros. Umas já são realidades, já são leis, beneficiam a vida de milhões de pessoas, como o Estatuto do Idoso, quase trinta milhões; da Igualdade Social e Racial, eu diria, mais de cem milhões; a valorização do salário mínimo, mais de 30 milhões; o aumento para os aposentados e pensionistas, ultrapassando a faixa dos 26 milhões.

           Sr. Presidente, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, espero que a Câmara aprove ainda este ano; o fim do fator, eu espero que a Câmara aprove; aqui já aprovamos.

           Mas, senhores, retorno, sim, a esta Casa com a alma e o coração abertos, pois é assim que me sinto.

           Cruzei meu velho Rio Grande, meu velho Rio Grande de São Pedro, cortei caminhos e estradas ao toque de clarins e ao bater dos bombos legueros...

           Escutem... Olhem lá no garrão brasileiro. São os gaúchos de “barbas-tostadas” montados em “cavalos de pelo carvão”. Lá vêm eles.

           São os lanceiros negros galopeando nas pradarias em seus corcéis garbosos, faceiros. É o fogo de chão que está aceso há mais de centro e setenta e cinco anos. Mas isso não é guerra não. É romaria cívica, é romaria da cidadania.

           É o amor ao torrão natal. É a água da fonte serena, que mata a sede de quem dela precisa. É o respeito aos imigrantes que vieram de longe.

           É o respeito aos avós, aos pais, aos tios, aos filhos. É a bênção da mãe, já falecida. Lembro-me de quando ela me disse: “Vai, meu filho, cruza os horizontes, segue a tua sina e não olha para trás”.

           E foi assim que eu me dei conta, depois de namorar as estrelas na imensidão do meu pampa e navegar em direção ao arrebol do entardecer, que há, com certeza, muito mais sul em minha pele negra.

           Há cheiro de terra molhada e perfume, Sr. Presidente, dos florais da Serra. Há o vento do nosso querido litoral assoviando algum recado ao toque do minuano.

           Há fogão campeiro. E há bailado dos fandangos da Fronteira. Há, sim, um “pode entrar amigo velho” da Santa Maria da Boca do Monte.

           Há um pouco do meu querido Guaíba, do Jacuí, dos Sinos, do Gravataí, do Taquari em nossas vertentes... Ah! Meus olhos d’água que não se cansam de verter.

           Escutem... Ouçam... É o rufar dos tambores nas esquinas, ruas e alamedas cadenciando a voz do coração e da alma.

           Eu me encontrei nessa jornada, cruzando o Rio Grande, nos quilombos, e escutei o silêncio dos meus ancestrais. Eu encontrei a minha gente e chorei com eles, bailei com eles. Eu diria: chorei o que tinha para chorar, mas foram muito mais sorrisos e alegria do que lágrimas.

           E foi então que me encontrei, lá em Caxias, na casa cinza onde passei a minha infância. Eu me lembrei das noites das longas conversas, da grande mesa da varanda, dos conselhos do seu Ignácio e da dona Itália, meu pai e minha mãe, dos irmãos, que eram dez, dos banhos de açude, dos cavalos de taquara, onde a gente se postava como um guerreiro a enfrentar os inimigos, dos jogos de bolita ou do futebol.

           Soltei pandorgas naquelas ruas e naqueles campos e elas desenharam estórias no céu. Cantei, sim, com os pássaros o sonho de ser livre e aqui estou cumprindo a minha sina.

           Com certeza, vou deixar no meu testamento todas essas infinitas lembranças e recordações, de ontem e de hoje.

           Ah! Sim. Ah! Sim, vai bater a saudade. A saudade é um rio de águas calmas e cristalinas que se guarda lá no cantinho do peito. E se a elas for preciso procurar, será sempre com a alegria... de sonhar, sonhar e de pelear por aquilo que acredito.

           Sr. Presidente, como foram largos os meus dias de andejo! Como foram largos aqueles meus dias pra sonhar! Por isso, peço ao universo e ao senhor lá do céu que também sejam imensos os dias que temos pela frente.

           Que em 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, até 2018 se faça aqui o bom debate, se faça aqui, neste Plenário e neste Congresso, o bom combate de homens e mulheres que querem o melhor para todo o nosso povo, para toda a nossa gente.

           Que Deus ilumine minha querida amiga, ex-Ministra Dilma Rousseff, que faça um grande mandato, que o Presidente Lula, na sua sabedoria, ao indicar seu nome e que recebeu o apoio de todo o povo brasileiro, mais uma vez acertou. Tenho certeza de que acertou.

           Presidenta Dilma, você há de fazer um grande governo, um grande governo para o bem de todo o povo brasileiro. Nós aqui estaremos na trincheira do bem, sempre na busca da construção daquilo que for melhor para todo o povo brasileiro.

           Termino somente dizendo, meu amigo Senador Suplicy, dialoguei com V. Exª em momentos em que a ex-Ministra e nossa colega Senadora Marina estava para decidir quem apoiar e V. Exª estabeleceu também diálogo com ela.

           Respeito muito a Marina e sei que V. Exª também a respeita. É uma Grande líder, uma grande mulher. E que bom a gente olhar para o horizonte e ver mulheres guerreiras despontando e apontando caminhos para toda nossa gente. A Marina sempre vai lembrar para nós a luta em defesa do meio ambiente, que é a luta em defesa da vida.

           Senador, eu só quero terminar agradecendo não somente ao povo gaúcho. Quero agradecer a todo o povo brasileiro, porque eu sei e vocês sabem, em todos os 27 Estados, que houve uma corrente muito forte em direção ao Rio Grande, pedindo que os gaúchos e gaúchas votassem no Senador Paulo Paim.

           Por isso hoje é dia de agradecer, de dizer obrigado, obrigado, obrigado a todo o povo brasileiro, em especial ao povo gaúcho, porque aqui nós vamos continuar o nosso trabalho com a mesma coerência, com a mesma rebeldia, com a mesma coragem de alguém que, com certeza, senhores e senhoras, têm compromisso com todo o nosso povo e com toda a nossa gente.

           Obrigado, obrigado, obrigado, obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 04/11/2010 - Página 48733