Discurso durante a 174ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao Senador Romeu Tuma, falecido no último dia 26 de outubro, e registro da missa realizada em sua homenagem no Senado Federal.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Senador Romeu Tuma, falecido no último dia 26 de outubro, e registro da missa realizada em sua homenagem no Senado Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 04/11/2010 - Página 48775
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ROMEU TUMA, SENADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COMENTARIO, BIOGRAFIA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, VALORIZAÇÃO, FAMILIA, CONTRIBUIÇÃO, RESTAURAÇÃO, DEMOCRACIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Magno Malta, que assume a Presidência, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado.

            Magno Malta, quis Deus V. Exª estar presidindo a sessão e quis Deus e o povo de Deus, lá do seu Estado, que V. Exª voltasse ao Senado da República.

            Quero dizer que, hoje, Magno Malta, eu assisti, ao meio-dia, a uma missa de sétimo dia, aqui, no Senado da República, do Senador Romeu Tuma, na qual estavam alguns Senadores presentes, o pessoal do seu gabinete e funcionários.

            Eu refletia no momento da missa, Magno Malta. Somos todos cristãos. V. Exª é evangélico, e eu sou da Igreja Católica Apostólica Romana. Mas entendo, e entendemos bem, como está no próprio Livro de Deus, Magno Malta, que sobre os céus há tempo determinado para cada coisa: há tempo de nascer e de morrer, de chorar, de sorrir, de juntar, de espalhar. E, sem dúvida nenhuma, Lutero viveu seu tempo. Ele quis purificar os cristãos e colocou na sua catedral 96 erros. Então, aquele foi o tempo de espalhar. E melhorou. A verdade sempre é boa. O próprio Cristo, quando falava, dizia: “Em verdade, em verdade, eu vos digo”. Tuminha, meu querido amigo!

            Então, em nome do Senado, o padre pediu que eu lesse as preces da nossa região, mas entendo que, agora, é o tempo de unir, Magno Malta. Nós somos todos cristãos e Cristo mesmo disse: “Só se chega ao Pai através de mim. Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Então, agora, vamos acabar com isso. A época de Lutero foi salutar, mas agora é a época de juntar, está ouvindo Magno Malta? Todos nós somos cristãos. Então, nós viemos e entendemos assim.

            Quero dizer que, Tuminha, eu revivia e revivia os anos que o povo do Piauí e Deus me permitiram passar no Senado. A brevidade da vida.

            O Magno Malta é um profundo conhecedor da Bíblia - sabe mais do que eu - e, hoje mesmo, nós conversamos sobre ela. Eu aprendi muito. Aprendi sobre o final de Pedro, o final de Paulo, o final de Estevão, e discutimos sobre o fim da vida.

            Quero dizer, Magno Malta, que ela é cheia de encantamentos, de caminhos, mas a parte que mais admiro, Magno Malta - ô Tuminha, na Bíblia, leia essa parte -, é Eclesiastes. Ele diz, o autor: “Sou Coélet. Eu sou filho de Salomão e neto de Davi. Ninguém tem mais sabedoria do que eu. Meu pai, Salomão, me deu os ensinamentos. Meu avô, Davi, preceptores. Então, acho que ninguém entende mais da vida do que eu, com toda a firmeza”. E ele disse: “Tudo é vaidade, é querer pegar o vento com a mão. Eu quero afirmar que tive todo o poder, tive mais gado do que estrelas no céu, terras que a minha vista não alcançava”. Ele chegou e disse, Tuminha: “Ouro, prata, mulheres, mais de mil”. Era comum isso. Eu só tenho a Adalgisinha e acho que ela é melhor que as mil mulheres dele, como Romeu Tuma só tinha a Zilda Dirane Tuma. E um dos fatos que me convenceram aqui: eu vi o amor, o amor que é o cimento da família.

            Além desse exemplo que o Romeu Tuma deu, de ser o xerife do Brasil, o Apollon Cassidy, porque líamos revistas em quadrinhos... Apollon Cassidy era o xerife padrão. Tom Mix, Roy Rogers, esse povo todo ele simbolizava na coragem, na firmeza do direito. Além desse Romeu Tuma, eu quero dar o testemunho: ele tinha firmeza, mas o coração dele parecia o de um frade franciscano. E quis Deus, ô Magno Malta... Magno Malta, preste atenção: Deus fez ele nascer no dia de São Francisco. Olhe os desígnios de Deus! Romeu Tuma nasceu no dia de São Francisco.

            Nós sabemos que aquele Francisco, lá da Itália, andava com uma bandeira: “Paz e bem”. E o nosso xerife, o nosso soldado não irradiava terror. Ele irradiava firmeza, não era dureza, não era atrocidade, não era tormento, não era tortura. Ele tinha o coração de acordo com Deus, que o fez repetir o 04 de outubro: a bondade, a caridade e a pureza de São Francisco. Ele era um delegado, vamos dizer, franciscano, e Deus o conhecia.

            Conhecedor dessa história, o Brasil tem de fazer justiça. Esse negócio de o Luiz Inácio dizer “nunca antes”... Teve o antes, o antes de bravura, de todos que fizeram isto aqui, esta Pátria grandiosa.

            Jefferson Praia, atentai bem: Tancredo se imolou pela democracia - Tancredo, de Minas.

            O destino colocou a paciência no Presidente Sarney, mas o Presidente Sarney, por maior que fosse a sua paciência... Até Cristo precisou de alguém para ajudá-lo na crucificação. Ele tombou, o Cristo, três vezes, não foi Magno? Aí, apareceu um cirineu. Então, o cirineu do Presidente Sarney, na página mais bela da redemocratização deste País, foi Romeu Tuma.

            Mais de 12 mil greves, incendiadas e inspiradas pelo Presidente Lula, foram pacificadas e respeitadas, estendendo as mãos firmes do amor de São Francisco. Foi Romeu Tuma quem deu paz a essa transição. Luiz Inácio instigava, fomentava. A paz e a firmeza foram do cirineu de Sarney, que foi Romeu Tuma. Essa foi a história, daí ele ter nascido em 04 de outubro. Paz e bem! Esse é o respeito.

         Aqui tenho cenas... Esse negócio de família é coisa boa. Deus, quando quis melhorar o mundo, mandou o filho Dele. Deus fez várias tentativas, Jefferson Praia, não é isso, Magno Malta? Mas, aí, ele mandou o Seu filho: “Vá lá e conserte esse mundo”. Então, é família, e Deus o colocou em uma família, a Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Aí está o conceito disso.

            Rui Barbosa está ali, Jefferson Praia, porque ele disse: “A Pátria é a família amplificada”. E Romeu Tuma deu, a cada instante, esse grande ensinamento à Pátria: o amor e a família.

            Olha, eu vi muitas coisas se passarem aqui, e muitas, pesarosas.

            Eu vi, e nós choramos, nestes longos quase oito anos nesta Casa, as mortes de Ramez Tebet, de Jonas Pinheiro, de Antonio Carlos Magalhães, de Jefferson Péres - e aí está seu substituto -, de Gilberto Mestrinho, do Amazonas, e de Alberto Silva, do meu Piauí. Recentemente, saiu um belo livro sobre Alberto Silva, escrito pelo jornalista e seu fiel discípulo Tomaz Teixeira.

            Hoje, aqui, lamento, mostrando a saudade, como diz o poeta. Lúcia Vânia, diz o poeta: “A saudade é o amor que fica”. Então, falo da saudade de todos eles. E disso Romeu Tuma nos faz lembrar.

            No seu livro, Coélet disse: “Tudo é vaidade”. Eu estou dizendo: o bom mesmo é comer bem, beber bem e fazer o bem. Eu vi, além das atividades profissionais de Romeu Tuma, ele chorar e cantar o amor. Convidei-o até para passar as Bodas de Ouro na minha casa, nas praias do Delta do Piauí, da Parnaíba, com a amada dele. Ouvi ele dizer para Zilda, ele cantar, aqui, aquela música do Roberto Carlos que dizia “a normalista de azul e branco”, não sei mais o quê. Há essa música. Eu o ouvi cantarolar, fazendo reviver isso, declarando-se e - atentai bem! - dando exemplo de amor. Eu acho que isso foi muito forte, e isso ele ensinou à sua família.

            Ô cena bonita! Eu via o Tuminha entrar por ali. Está ali o Tuminha. Esta foi a cena mais bonita que vi ao longo dos anos: pai e filho se beijarem. Eles se beijavam. Era o amor, o beijo do amor filial, do amor paternal. Aquele quadro me ensinou. Sempre admirei a família. A minha família também é muito boa: minha mulher e meus filhos. Tenho um filho homem e três filhas mulheres. Mas aquela cena aumentou meu respeito e minha dedicação à família, minha crença na família. Ele me fez isso, Tuminha.

            É o seguinte: Deus faz o que é certo. Lembro-me da grandeza dele. Um dia, fiz um pronunciamento em que o único aparte foi de Jefferson Péres. Eu citava o livro Mein Kampf, Minha Luta, de Hitler. Deu uma confusão! Todo o Brasil sabe disso. E o livro é história. A ignorância é audaciosa. Isso é história. Jefferson Péres foi o único que me aparteou. O partido trabalhista nazista de Hitler era partido trabalhador até no nome. E a confusão formou-se. E dei o livro. Olha: que Corregedor decente! Isso nós não vamos contar. Era um homem fino, decente, correto. Quiseram virar o mundo, e ele não permitiu. Dei o livro. Era essa força moral. Tenho essa gratidão.

            Este Senado, Magno Malta, já vai começar mais fraco, porque jamais vai haver aqui um Corregedor com essa envergadura moral, essa firmeza e a grandeza que se faziam respeitar nesta Casa. Então, esse já é um dos problemas, Magno Malta. V. Exª sentiu isso quando com ele contou como Vice-Presidente de uma das CPIs mais belas, que tentou apagar a maior nódoa da sociedade, da humanidade: a pedofilia. V. Exª também obteve êxito.

            Então, quero dizer o seguinte: tudo é vaidade. Atentai bem, Tuminha! Coélet diz algo importante: “Você vai ver o que digo aqui. Já vi muitas coisas. Sabedoria é importante, é uma coisa boa, mas tenho visto gente que, no fim, perde a sabedoria. Tudo é vaidade, até a sabedoria”. É o que disse ele. “Você vai ver que é verdade o que estou dizendo aqui”, disse Coélet, o pregador, em Eclesiásticos. Não numa festa, não numa boda, não num carnaval, mas, quando você perde um amigo, no velório de um amigo seu, reflita sobre minhas palavras. Você vai ver que a verdade é que tudo é vaidade.

            Aqui, está a homenagem que hoje faço. O padre que celebrava a missa me permitiu ler, em nome do Senado, as preces. Quero dizer do nascimento dele. Romeu Tuma nasceu no dia de São Francisco, em 1931, em São Paulo. Ele era filho de Zike Tuma e América Trabulsi Tuma. Sua cônjuge era Zilda Dirane Tuma, mulher amada, mulher amante, mulher querida, mulher mãe, normalista ímpar. E, com muita emoção - tínhamos isto em comum -, digo que também conheci minha Adalgisa de azul e branco, saindo de uma escola normal. Antes de ela receber o diploma, ela dava à luz meu primogênito, Francisco Júnior.

            Quando ele dizia aquilo, declarava-se, a luta, o namoro, os primeiros anos de casado, as dificuldades que vi aqui, a constituição da família.

            Quero conviver ainda com Romeu Tuma Júnior, com Rogério, com Ronaldo e com Robson e dizer aos seus filhos - ele só tem filho homem - que os senhores têm de agradecer a Deus. “Árvore boa dá bons frutos”, está escrito no Livro de Deus. E o amor é o cimento da mais importante instituição: a família. Essa é a homenagem que quero fazer aqui. Quero dizer aos seus filhos que termino com o que diz a Bíblia: “Árvore boa dá bons frutos”. Vocês todos são bons frutos e haverão de continuar aquele exemplo.

            Foram-se esses Senadores e, por último, Romeu Tuma, que nos deixa o exemplo de que o bem vence o mal. Ainda vale a pena termos firmeza, acreditarmos no bem. Quis Deus - esses foram desígnios de Deus - que ele nascesse no dia de São Francisco. Ele foi um delegado franciscano. Ele podia declamar aquilo que Francisco declamou: “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz”. Pacificou doze mil greves estimuladas e motivadas pelo nosso atual Presidente. Ninguém o excedeu em busca da paz. Paz e bem! E ninguém mais do que ele respeitou o lema “Ordem e Progresso”.

            Ó Deus, receba-o! Sem dúvida, se for verdade o que está no Livro, Magno Malta, se existe céu, hoje há o santo Romeu Tuma.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/11/2010 - Página 48775