Discurso durante a 177ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Crítica à prática da corrupção na política brasileira, principalmente durante o Governo Lula.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Crítica à prática da corrupção na política brasileira, principalmente durante o Governo Lula.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 09/11/2010 - Página 49079
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REPUDIO, CORRUPÇÃO, GOVERNO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, DECLARAÇÃO, OFENSA, ATUAÇÃO, OPOSIÇÃO, LEITURA, TRECHO, COMENTARIO, RESULTADO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, REALIZAÇÃO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), FRUSTRAÇÃO, POPULAÇÃO, POLITICA NACIONAL, FALTA, PRESTIGIO, CONGRESSO NACIONAL, ELOGIO, MANDATO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • CRITICA, CORRUPÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), COMENTARIO, GESTÃO, ORADOR, GOVERNADOR, DIGNIDADE, ETICA, VIDA PUBLICA, ESFORÇO, ATENDIMENTO, INTERESSE, POPULAÇÃO.
  • CONGRATULAÇÕES, DILMA ROUSSEFF, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, EXPECTATIVA, EXTINÇÃO, CORRUPÇÃO, LEITURA, TRECHO, MUSICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador João Faustino, que preside esta sessão de segunda-feira, Parlamentares presentes na Casa, brasileiras e brasileiros que nos assistem aqui, no plenário do Senado da República, e que nos acompanham pelo fabuloso sistema de comunicação deste Congresso.

            João Faustino, eu atentamente estava ouvindo. E, realmente, Shakespeare disse que - está ouvindo, Mozarildo? - não tem nem bem, nem mal; o que vale é a interpretação. Tivemos umas eleições. Olha, o Rui Barbosa está ali, está ouvindo, Paulo Paim? Hoje, além de ser o jurista, o Senador, o jornalista, o conferencista em Buenos Aires, em Haia, ele é um profeta, como Deus, na Bíblia, que anunciava que viria o salvador do mundo, o Filho de Deus. Ele é um profeta. Olha, atentai bem. Aqui, passando e vendo, Rui Barbosa profetizou:

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.

            Paulo Paim, chegou! Rui Barbosa profetizou e chegou. Nunca antes, como diz o nosso Presidente Luiz Inácio, nunca dantes - ele plagiando Camões - houve tanta corrupção neste País. Nunca antes, Luiz Inácio, ou nunca dantes - para os que sabem que há o dantes do poeta Camões. Mozarildo Cavalcanti...

            E aqui nós aprendemos com um dos líderes que fizeram renascer esta democracia, quando disse que “a corrupção é o cupim que mais corrói a democracia”: Ulysses Guimarães.

            Paulo Paim, aquele mar de lama que Afonso Arinos, daqui desta tribuna, bradou: “Será mentira a viúva? Será mentira o órfão? Será mentira o mar de lama?” E o bondoso Getúlio Vargas, com sua dignidade, reconheceu e saiu da vida.

            Mas eu quero dizer que chegou, Rui Barbosa. E Getúlio, homem de vergonha, preferiu a honra, mas reconheceu que estava rodeado do que hoje Luiz Inácio chama de “aloprados”. E um desses aloprados, que o Rio Grande de Sul, de tanta bravura - ouvi o discurso de V. Exª, ouvi sobre a bravura, sobre a história da Farroupilha, dos Lanceiros Negros, de Bento Gonçalves, de Alberto Pasqualini, de Getúlio, de João Goulart, de Brizola, de Pedro Simon, do Paim, do Zambiasi... Mas houve um gaúcho que foi lá no Piauí e fez a mais vergonhosa corrupção da história deste Brasil: o tal de Alexandre Padilha. A destruição foi tão grande que ele usou o instrumento da corrupção, João Faustino, e destruiu sua própria família. A ignorância é audaciosa. Ele não ouviu, Mozarildo, o que Rui disse: “A Pátria é a família amplificada”. Deus mandou o seu Filho e o colocou numa família. Ele destruiu, ele enlouqueceu, ensandeceu-se. São assim as coisas. Mas nunca vi - eu sei, eu estudo - tamanha corrupção. Não existe.

            Ô Mozarildo, V. Exª que representa a firmeza maçônica nesta Casa, quero dizer o que aprendi - João Faustino, que é um homem de Deus, que vai homenagear amanhã Dom Eugênio Sales, pelos noventa anos: nós acreditamos em Deus, que Deus é amor, que Deus une, mas, no Piauí, o dinheiro venceu Deus. E a Igreja Católica previu isso, porque ela disse que não se pode servir a Deus e ao dinheiro. Há uma mensagem agora da Campanha da Fraternidade.

            Eu sempre procurei servir a Deus, ao Filho de Deus. Quando veio ao mundo, Ele disse: “Eu não vim ao mundo para ser servido, mas, sim, para servir”. Mas essa gente serve o deus.

            Ô Mozarildo, o dinheiro é coisa do cão, mas que é forte é forte. O Piauí sabe e nós sabemos o que é política. Há cidades em que as lideranças políticas não se encontram, nunca se encontraram. Nós temos uma cidade grandiosa, Piripiri, onde os líderes de lá há 30 anos se digladiam; um está de um lado, e o outro, do outro. Deus nunca conseguiu uni-los. Nós temos outra cidade, lá na praia, em que os prefeitos estão disputando na Justiça agora o mandato, o que ganhou e o que perdeu. São de dois lados, está na Justiça, vai ser decidido. Aliás, a Justiça deveria prender os dois. Pois o dinheiro do cão juntou essa gente. Mulheres que se digladiavam. A gente viu de tudo. Quatro o dinheiro uniu. Nunca dantes! Nunca antes! Você sabe o que é isso. Eles não se uniram por Deus, pelo amor, mas se uniram pelo dinheiro, pela sem-vergonhice.

            O que o Rui Barbosa disse... Mas isso foi lá. Nunca vi! E eu sei História, estudo. Mas nunca vi um escândalo desses. Você conhece. O dinheiro! Deus não uniu. Desmoralizaram até Deus. Como é que pode? O amor que Deus prega, a família! Eles nunca se uniram, nunca se respeitaram. Tem gente que está na Justiça agorinha, um derrubando o outro. E se uniram. Está na Justiça, o caso de Luís Correia, dois líderes. Pode ser julgado. Um derrubando o outro, mas o dinheiro uniu.

            Então, foi essa corrupção. Para isso, é necessária uma reflexão. Não há bem nem mal - Shakespeare -, o que vale é a interpretação.

            Portanto, quero dar a minha contribuição para a candidata eleita. Ela foi eleita, e nós somos democratas nas regras do jogo e queremos aperfeiçoar. Ela não teve culpa da corrupção. Não votei nela. Votei e confesso, é muito bom e todo mundo está homenageando o sol que nasce, mas eu quero dizer que perdi, com muito orgulho, ao lado de um homem de bem, José Serra, em quem acredito, pela sua história, pela sua luta, por seu passado. E no Piauí também perdi, do lado de um homem de bem, honrado, honesto, ex-Prefeito de Teresina.

            Por isso, Mozarildo, nunca recebi dinheiro de político nenhum, também nunca dei dinheiro a ninguém. Nunca recebi nenhum, também nunca dei e nunca fiz nenhum título, Paulo Paim.

            Então, quero apenas dizer o seguinte: a contribuição, a mulher gaúcha...

            Aliás, no Rio Grande do Sul, tudo é grandeza. Não podia ser tudo. Houve aquele caso da instituição, que foi um verdadeiro descalabro moral. Mas aquela era de Santa Catarina, a que lutou lá com os Lanceiros Negros: Anita Garibaldi, que vai ser até...

            Mas quero dizer o seguinte: essa daí é a Presidente de todos nós. Ganhou mesmo. E nós, como brasileiros, desejamos que ela seja feliz, que seja forte, e quero dar a minha contribuição, Paulo Paim, diante de você, que é o melhor quadro do Partido dos Trabalhadores. V. Exª é o melhor quadro. Como já tivemos tanto Presidente professor, Presidente operário, e agora vai ser uma mulher, tomara que dê um negro na próxima. Aí eu estarei vibrando com Paulo Paim, não é? Não aconteceu nos Estados Unidos?

            O que eu queria dizer é o seguinte, a minha contribuição... Ela não teve culpa. Não sei. Ganhou as eleições. Eu quero que Deus a abençoe e que lhe dê coragem. É mulher, e a mulher tem suas grandezas. Nós que somos bíblicos vimos que os homens todos falharam: Anás, Caifás, Pilatos, os apóstolos. Todos os homens se acovardaram, e a mulher, não. A mulher de Pilatos; a Verônica, enxugando o rosto de Jesus; as três Marias, na hora da dor... As outras foram buscar lá no sepulcro. E quem deu o sepulcro foi um Senador, José de Arimateia. Que sejamos nós um José de Arimateia na política, que teve sensibilidade.

            Mas quero dizer que acredito, porque mulher é mais brava.

            Na crucificação de Cristo, o maior drama, todos os homens falharam; e as mulheres, firmes. Mas quero dizer o seguinte: nossa Presidente vai ganhar, como nunca antes, um País de corrupção. Nunca antes! Nunca antes!

            Pergunta-se por que entrei na política. Hoje, sou tido até como otário no Piauí: “Mão Santa é abestado. Governou duas vezes o Piauí, foi Prefeito, foi tudo, Secretário de Saúde, não roubou e não tem dinheiro.” É! Ouviu, João Faustino? Otário. Sou otário.

            É aquilo de Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”

            É o que eu disse: “Mão Santa é otário. Não roubou.” Paim, não sei, que não se chegue a isso. Ganhei este apelido agora: “Otário. Não roubou.”

            Dilma, quero dar a contribuição. Realizado, 68, casado, uma família linda. Por isto, sou do lado de Deus: Ele fez Adalgisa para mim. Temos 41 anos de casados e vamos fazer 42. Estou com Deus e nunca vou fazer oposição a Deus, porque Ele fez Adalgiza para mim. Tenho quatro filhos lindos, extraordinários, melhores do que eu, oito netos e realizado.

            Tombamos como tombou aqui Rui Barbosa e como tombou Joaquim Nabuco! Aquele que defendeu os negros aqui! Ele tombou, pela mesma coisa da época, os poderosos. O Gilberto Freyre, que desmascarou a elite, sei que é lá do Nordeste. E o seu Paulo Brossard tombou depois. Então, todo esse time dos tombados de vergonha, dos Ruis Barbosas. É!

            Antes ter perdido com os candidatos do que ter ganho com a quadrilha do Piauí, comandada pelo gaúcho Alexandre Padilha. Antes...

            Ó Deus, eu vos agradeço não ter caído na corrupção!

            E queria dizer o seguinte, Dilma: Dilma, eu vejo história. O Presidente Fernando Henrique Cardoso para mim é um estadista. Nunca votei nele. Eu era do PMDB, votei no Quércia, todo mundo sabe, e no segundo mandato, não é, votei, na última vez, em Luiz Inácio, no primeiro mandato dele. Votei no Ciro, na reeleição, porque era do Nordeste ali, e votei nele.

            Mas eu vi o estadista. O maior brasileiro vivo hoje é Fernando Henrique Cardoso. E talvez a santa também, que o Brasil tem que canonizar, essa D. Ruth Cardoso. Nós não temos uma santa... Agora é que deu um Frei Galvão. O Peru tem cinco santos! Eu fui lá. Tem santo branco, santo preto... É, o Peru. Então, está aí essa Ruth Cardoso.

            Eu os conheci depois, não votei neles não. Mas o homem era um estadista. E vou dizer por quê. Não são esses programas que eles fizeram não. Esses menininhos do PSDB foram fracos mesmo, foram incompetentes, incapazes. Ele é um grande homem. Eu nunca fui nem do partido dele. Eu estou fazendo porque faço história, sei história e sou o pai da Pátria até 2 de fevereiro. Nunca votei nele

            Mas isso aqui era uma zorra, Paulo Paim. Eu governei o Piauí. Esse negócio de dívida, todo mundo devia. Ô Mozarildo, tinha um tal de ARO, Antecipação de Receita Orçamentária. Todo prefeito que perdia ia ao banco e tirava. No Ceará tinha um BIC. Rapaz, perdia lá era dinheiro. Aí, as dívidas ninguém sabia. Isso era uma molecagem. Isso era um horror. Não era bom pagar não. Eu fui um dos que paguei a dívida do Piauí, não vou dizer. Mas se não tivesse aquilo não tinha estabilidade, não tinha moral, essa responsabilidade fiscal. Estou fazendo história. É isso, o partido foi muito fraco. O melhor mesmo de todos é o Fernando Henrique Cardoso.

            Já está batendo aqui o telefone, na certa é aplaudindo, já vou desligar (o Sr. Senador apresenta o toque de seu celular: “Queremos Mão Santa de novo”.). Olha, é Deus. O Brasil todo vai ouvir o que o Piauí canta. Vou desligar, Sr. Presidente, mas é Deus que escreve certo por linha torta.

            Mas o Fernando Henrique é isso. Olha, aqui era uma zorra. Ninguém sabia quanto devia. Esse Malan merece uma estátua. Ô homem sério, ô homem honrado. Nunca mais vi. Estou fazendo história. Ô Faustino, como V. Exª sabe, tenho essa liberdade.

            Mas ele deu um conselho, passar a faixa para o operário. Mas ele deu um conselho, eu vi. Ó, de novo, o cara quer botar aqui ( o Sr. Senador apresenta novamente o toque do seu celular) O Brasil vê agora. Vou desligar aqui, foi Deus. Pelo telefone, acho que é o Roberto Brother, é um engenheiro danado, na certa ele já cutucou.

            Mas o seguinte, aí o Fernando Henrique Cardoso deu um conselho, eu vi: Luiz Inácio, cada presidente tem a sua missão histórica. O Pedro I fez a Independência; o Pedro II essa unidade do Brasil grandão - graças ao Piauí, à Batalha do Jenipapo, que ia se dividir em dois, Maranhão ligado a Portugal, e nós... E aí vai indo cada um com sua missão.

            No tempo moderno nós vimos, o Tancredo se imolou, o Sarney teve paciência, redemocratizou. Maior zorra era essa moeda, a inflação, fui prefeito, era 100% ao mês. Esse Itamar, Fernando Henrique... Mas o Fernando Henrique disse o seguinte: “Luiz Inácio, olhe a violência”. E a violência está aí, e ele não cuidou. Então quero, inspirado pelos grandes presidentes, todos foram grandiosos, cada um deu a sua participação, quero dizer à minha Presidenta - porque ela é de todos, eu não votei nela, mas não abro mão da democracia, e a democracia diz, não quero o pior pelo melhor, eu quero que ela esteja bem, seja feliz e construa a pátria para os nossos filhos -: a corrupção, é a corrupção que Vossa Excelência, Srª Presidente, tem que enfrentar. Olha o que Ulysses, que está encantado no fundo do mar, disse: “É o cupim que corrói a democracia”.

            Mas está aqui a Folha de S.Paulo, porque eu quero presentear isso, isso é que é Oposição decente, não é aquela raivosa, não. Ô, Paim, ninguém aqui nunca... Eu sou é sorridente. Onde tiver tristeza, leve alegria; onde tiver discórdia, a união; o desespero, a esperança, e o ódio, o amor. Nós sempre trouxemos amor ao povo. A democracia, raivosa, raivosa?

            Ô, Paim, eu tenho centenas de e-mails querendo saber as riquezas do filho do Luiz Inácio. Eu nunca li nenhum aqui porque eu respeito a família, a sagrada família, o que o Rui Barbosa disse. Nunca ter raiva não, sair daqui como Senador raivoso, não, Luiz Inácio, isso não; como Senador que cumpriu a sua missão, igual ao Rui Barbosa aí, com coragem, com firmeza, ele foi perseguido, ele passou mais tempo. E nunca dissemos nada.

            Aqui, a gente vota quase tudo, tudo que o Presidente quer. Quantas e quantas vezes eu fui buscado por gente do PT para dar quorum? Para permanecer a reeleição...., para realizar? Agora, chamar de raivoso, não. Nós temos é amor, o amor constrói para a eternidade. Quem me conhece...

            O próprio apelido que ganhei na minha profissão não é com raiva que se ganha, mas se ganha com estudo, com competência, com dedicação e amor - não é não, Mozarildo? Você, que é médico... -, nas madrugadas, operando de graça, fazendo parto de graça, atendendo em uma Santa Casa de Misericórdia! Então nós não aceitamos.

            Então eu quero dar a grande contribuição, não é com raiva não, é com amor ao Brasil, amor à decência, amor à lei de Deus, que diz: “Não roubar”.

            Está aqui, na Folha de S.Paulo. Atentai bem, minha Presidente Dilma Rousseff:

Onde há Corrupção?

Percepção de práticas de corrupção é maior nas instituições políticas.

Percentual de entrevistados responderam que há corrupção, pelo que se sabe ou ouviu dizer de uma lista de 20 instituições”. [Atentai bem] No Congresso, 92%.

            Não sou eu e nem Senador raivoso, não. É Senador do amor. Agora o amor tem que ter coragem. O amor tem que ter fidelidade. Esse meu amor me dá uma fidelidade à democracia que foi construída para o povo, gritando liberdade, igualdade e fraternidade. Isso não é raiva, não; isso é amor à democracia.

            Defira isso, Senador João Faustino.

            Então, 92% dos brasileiros dizem que tem corrupção no Congresso.

            O mensalão esteve aí, todo mundo sabe. O próprio Luiz Inácio chegou a dizer que tinha trezentos picaretas.

            Partidos políticos: 92%;

            Presidência e Ministérios: 88%;.

            É o povo.

            Governos Estaduais: 87%;

            Assembléias Legislativas: 86%.

            Está aqui, bota aqui, é a Folha de S.Paulo. Não é Senador raivoso; é Senador do amor.

            Eu amo o próximo, amo a minha mulher, meus filhos, meus amigos, a pátria, a democracia... Isso não é raiva; é amor ao que é certo.

            Então está aqui. Prefeituras... E até Polícia Civil. Você já assistiu, Mozarildo, o Tropa de Elite 2? Pois vá. Já foi, Paim? Vá. Já foi, João Faustino? Vá. Está aí como retrato da corrupção na Polícia, no Governo e tudo. Muito real. O filme do Luiz Inácio quase ninguém assistiu. Mas o Tropa de Elite está aí. Vá. Ô filme real.

            Então é o seguinte... E quero lhe dizer o que é corrupção. Eles dizem aqui no trabalho. Olha a gravidade:

Não obstante, para a maioria da população entrevistada, o ordenamento estatístico, canônico das opiniões sobre a corrupção resulta ser o seguinte: trata-se de algo que ocorre no setor público, no governo (43%), (...)

Isso é o trabalho.

(...) é identificado com falta de ética (21%), com o roubo de bens, de dinheiro (19%), com a comissão de atos ilícitos, 4%; crimes fiscais e relacionamento com impostos, 3%; extorsão e suborno para aquisição de favores pessoais, 2%.

            Está aqui. Quarenta e três por cento dos entrevistados citaram o Governo e o Poder Público.

            Então, está aqui. Um trabalho bem completo.

            Vi Marisa Serrano, João Faustino, Níura falando da educação, mas... Nós, que somos médicos - eu e o Mozarildo... O médico dá valor à etiologia, à origem das coisas. Minha Presidenta Dilma Rousseff, a origem é aqui. Nós, médicos, não damos valor à convulsão, à febre, à dor. Damos à causa. Isso se chama etiologia. Minha Presidenta eleita - eu não votei, mas agora... Sou da democracia. Então, a democracia tem que se curvar à força do povo. Agora, uma verdade: Nunca minta!

            Ó, Luiz Inácio, esse negócio de dizer que você tem 80%... Você não tem nada disso! Ninguém é otário, não! Lá, no Piauí, me chamam de otário porque não roubei. Agora, sei as coisas. Você não tem nada disso. Você apenas seguiu o que o Hitler fez, o que o Goebbels fez. Ele dizia que uma mentira repetida se torna verdade.

            Quarenta e quatro milhões de brasileiros votaram contra o Presidente da República e contra Dilma. Então, é isso! Você tem o outro. É majoritário? É. É o maior Líder? É. Tem mais votos do que eu? Tem, por enquanto. Daqui a quatro anos nós podemos nos encontrar e eu poderei até vencê-lo, quando a verdade surgir. É mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade.

            Isso não quer dizer nada! Nós perdemos aqui. O Rui perdeu, o Tancredo Neves... Hoje eu recebi do Dornelles: “O Fernando Henrique perdeu a eleição para São Paulo e foi o Presidente da República”.

            Então, V. Exª não tem esse negócio. Eu não tenho o mínimo medo de enfrentá-lo nas urnas, o mínimo... Pode até ele ganhar! V. Exª tem o seguinte: tire os 44 milhões e V. Exª teve os 56%. Essa... No mais, está procedendo igual ao Hitler, Joseph Goebbels: “Uma mentira repetida se torna verdade”.

            Ele é o maior? É, hoje! Eu desejo que a Presidenta combata a corrupção do mesmo jeito.

            Viu, Faustino? Não precisa essa tribuna, não! Paulo Paim, no dia 02 de fevereiro, eu sou povo. Mas quero ser o povo, e não o povo enganado; não o povo ludibriado; não o povo incapaz; não o povo omisso; não o povo com preguiça. Quero ser o bravo povo! Aquele que saiu às ruas e gritou liberdade, igualdade e fraternidade, e tirou o poder dos absolutistas, desses que querem ser o absoluto, L'État c'est moi, o totalitário.

            No dia 02 de fevereiro, eu sou povo, mas um povo de vergonha, um povo de dignidade, um povo que acredita em Deus, um povo que acredita no estudo e no trabalho; o estudo que leva à sabedoria e vale mais do que ouro e prata. Esse é o povo que eu quero ser. E esse é o povo, como o meu candidato diz, que está no nosso Hino: “Verás que um filho teu não foge à luta”. Para lutar pela democracia, cujo dono....De novo? Rapaz, de novo. São os caras. Deixa eu desligar aqui, de novo, senão vai tocar o hino do Mão Santa.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Eu me inscrevo aí para um aparte.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Um aparte a Mozarildo, que simboliza o nascer da democracia aqui; o nascer da independência, o nascer da República, essa força maçônica que é povo. Eu quero ser esse povo de vergonha, como Gonçalves Ledo, o próprio Rui, V. Exª. Eu tenho um amigo médico, meu compadre, Valdir Aragão Oliveira, que agora é maçom; pegou seus livros todos. Ele é meu amigo de fé, meu irmão camarada.

            Mas, V. Exª, eu quero que contribua com esse pronunciamento.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Mão Santa, até antes de V. Exª assumir a tribuna, comentamos ali, em particular, e V. Exª começou o pronunciamento de V. Exª justamente mencionando Rui Barbosa. Eu quero só dizer que, primeiro, assim como V. Exª diz que no Maranhão o chamam de otário por estar tanto tempo na política e não ser milionário, não ser rico, eu também ouço isso. Muito gente diz: “Como é que pode você ter tido dois mandatos de Deputado Federal, estar no segundo de Senador, e não ter dinheiro para fazer certas coisas que a gente vê fazer?” E eu quero só dizer a V. Exª que se, no Maranhão, aconteceu aí o que V. Exª citou...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - No Piauí.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Aliás, no Piauí, se a corrupção uniu opostos até então, em Roraima, isso não só aconteceu - a união de opostos históricos -, como ocorreu algo pior; olhe a manchete que é de um jornal de Roraima, o Monte Roraima, mas transcrevendo matéria da Folha de S.Paulo: “Roraima é campeã da compra de votos”. No primeiro turno, Senador Mão Santa, a Polícia Federal, no Brasil todo, apreendeu R$4 milhões; só em Roraima, foram R$2,5 milhões. No menor Estado da Federação, Senador Mão Santa, no menos populoso, a Polícia Federal apreendeu... E imaginem que foi o que ela pôde apreender, porque, na verdade, a Polícia Federal tinha um contingente ínfimo, comparado com a guerra de sujeira que foi feita pelo Governador do Estado e, portanto, pelo seu secretariado. Li essa matéria aqui hoje, e li outra matéria em que uma indígena denuncia compra de votos nas comunidades indígenas de Roraima. E é bom frisar que Roraima é o terceiro Estado em população indígena. E mais: o presidente do comitê de combate à corrupção eleitoral falou que o pleito foi marcado pela compra de votos. Olha, foi uma coisa - como disse V. Exª repetindo o Presidente - “nunca antes” vista na história de Roraima. Foi uma corrupção deslavada, descarada e até - digo assim - às vistas de todo o mundo. Eu fiz este registro hoje, e estou aproveitando agora o aparte a V. Exª para dizer uma coisa, até aproveitando a frase de Rui Barbosa: “de tanto ver triunfarem as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem - aí, quer dizer, o homem de bem - chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. Rui Barbosa disse isso há 96 anos, mais de nove décadas, portanto. Isso em 1914. Portanto, quero conclamar pessoas como V. Exª e outros tantos que não conseguiram ser reeleitos que não desanimem, que não desistam do bom combate, porque é isto o que os maus querem: que os bons desistam, que os bons cruzem os braços, que os bons se calem, porque terão o terreno fértil para continuar prosperando e agigantando o poder nas mãos deles. Portanto, quero parabenizar V. Exª, porque, quando alguém chama V. Exª de otário porque é honesto, é um elogio. E é isto que nós queremos realmente: o bem do povo. Devemos insistir. Pode demorar, uma geração, duas gerações, mas nós estamos avançando. E avançaremos na medida em que persistirmos. V. Exª citou a Maçonaria. Eu tenho dito na tribuna que essa tarefa de mudar a mente da sociedade não é uma tarefa que tem que ser feita só pela família ou pelas escolas, tem que ser feita pelas religiões, pelas instituições como o Rotary, o Lyons, a Maçonaria e tantas outras. Tem que ser uma coisa contínua. Não adianta, por exemplo, o Tribunal Superior Eleitoral colocar na época da eleição aquelas inserções magníficas alertando para não vender o voto. Tinha que ser uma coisa permanente. Em ano não eleitoral, principalmente. Tinha que haver a volta para as escolas de matérias como a Organização Social e Política; Moral e Cívica. Isso precisa ser feito. É um trabalho sociológico. Não pode ser uma coisa em um estalar de dedos. Não se pode exigir de um pobre coitado que está passando fome que ele não venda o voto. Ora, conheço gente rica que vende o voto e ainda vende o voto dos outros por tabela. Então, é um trabalho de conscientização. Eu quero dizer que V. Exª está de parabéns por ter enfrentado lá os poderosos. Como disse V. Exª, os poderosos eram antagônicos até então e se uniram, com certeza não em benefício de coisas para o bem do povo. Então, não se sinta derrotado. Pelo contrário: vamos continuar combatendo o bom combate.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Não, pelo contrário. Cristão que sou, eu posso dizer aqui, terminando, que não aceito terem dito que a oposição é raivosa. Eu não aceito isso de Sua Excelência o Presidente. Se assim o fosse, eu teria lido mais de cem e-mails que recebi, querendo indagações sobre a riqueza do filho dele. Eu nunca fiz isso, em respeito não ao Presidente, mas em respeito à família, ao amor e tal. Isso cabe ao Ministério Público investigar e a Polícia Federal deve ter coragem nessas coisas. Eu, não; eu tive a coragem aqui de manter a democracia neste País. Quando todas as instituições foram corrompidas, nós ficamos aqui oferecendo ao povo essa democracia, para que o povo fosse soberano.

            Então, Francisco disse - e esse é o meu nome - que onde tiver ódio, que eu procure sempre levar amor; discórdia, a união; desespero, a esperança; o erro, a verdade.

            Então eu queria dizer aqui que eu posso dizer, como o Apóstolo Paulo. Nós só somos cristãos, João Faustino, porque o Apóstolo Paulo viveu e viveu muito. O Cristo viveu muito pouco, não escreveu. Nós só sabemos quem é Cristo mesmo pelo Apóstolo Paulo. Os melhores escritos da Bíblia. Ele, com muito sofrimento, com muita coragem, dominou aquele mundo todo dos Césares, e então eu posso dizer que a luta que ele teve... nós somos cristãos pela luta dele, que viveu muito. Ele terminou e disse: terminei minha carreira, preguei e guardei minha fé, combati o bom combate.

            E eu digo mais: nós estamos combatendo o bom combate.

            João Faustino, não vou deixar a política porque seria deixar a luta. Deixar a luta é a vida. Eu aprendi lá do meu Nordeste a Canção dos Tamoios:

Não chores, meu filho;

Não chores, que a vida

É luta renhida:

Viver é lutar.

A vida é combate,

Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos

Só pode exaltar.

            E o piauiense, sempre é forte e bravo. Esse é o povo que eu represento.


Modelo1 7/17/249:58



Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/11/2010 - Página 49079