Discurso durante a 182ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações acerca da importância da Democracia para a humanidade. Críticas ao governo federal pelo veto aposto a matérias de interesse dos aposentados e pensionistas. Registro dos problemas de segurança pública existentes no País, apelando ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, para que coloque em pauta, para votação, proposição que equipara os vencimentos de policiais militares e bombeiros de todo o país aos do Distrito Federal.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
LEGISLATIVO. POLITICA SALARIAL. POLITICA EXTERNA.:
  • Considerações acerca da importância da Democracia para a humanidade. Críticas ao governo federal pelo veto aposto a matérias de interesse dos aposentados e pensionistas. Registro dos problemas de segurança pública existentes no País, apelando ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, para que coloque em pauta, para votação, proposição que equipara os vencimentos de policiais militares e bombeiros de todo o país aos do Distrito Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 13/11/2010 - Página 50468
Assunto
Outros > LEGISLATIVO. POLITICA SALARIAL. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • ANALISE, HISTORIA, DESENVOLVIMENTO POLITICO, IMPORTANCIA, DEMOCRACIA.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, SENADO, POLITICA, VALORIZAÇÃO, SALARIO MINIMO, CRESCIMENTO, MERCADO INTERNO, DERRUBADA, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF).
  • AVALIAÇÃO, MAIORIA, BANCADA, CANDIDATO ELEITO, CONGRESSO NACIONAL, APOIO, GOVERNO FEDERAL, AMPLIAÇÃO, PODER, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, OPOSIÇÃO.
  • COBRANÇA, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, CANDIDATO ELEITO, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMPROMISSO, VOTAÇÃO, PISO SALARIAL, POLICIAL.
  • COMENTARIO, EXPERIENCIA, ORADOR, QUALIDADE, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), IMPORTANCIA, VALORIZAÇÃO, SALARIO, EMPREGO, RENDA.
  • COBRANÇA, BRASIL, EFETIVAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, PARLAMENTO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Serys Slhessarenko, Srªs e Srs. Parlamentares na Casa, brasileiros e brasileiras que nos assistem pelo fabuloso sistema de comunicação do Congresso Nacional, entendo ser a democracia a grande construção da história da humanidade. Sempre tivemos governo, com várias formalidades. Predominou na história do mundo o absolutismo. Aqui, como somos derivados da cultura europeia, havia reis. No Oriente, de onde V. Exª é recém-chegada - com muito brilho, representou este Congresso -, chamavam faraós, mas, no fim, era o mesmo.

            Leomar Quintanilha, chegou um deles, sintetizando toda a história, e disse l’Étate c’est moi, “o Estado sou eu”. Era de encantadora inteligência. O mundo viu quando ele tirou o Palácio de Paris do Louvre, que, hoje, talvez, seja o museu mais importante do mundo, e o levou para Versalhes, que é aquele encantamento. Vieram Luiz XIV, Luiz XV, Luiz XVI, que foram caindo. E o povo? O povo estava esquecido, desprezado, abandonado. Eis a verdade: o povo estava ferido. Aquilo era bom, Leomar Quintanilha, para quem estava no palácio do rei, para a rainha, para os filhos do rei, para os puxa-saco do rei. O povo sofria, desprezado, Mozarildo. Então, o bravo povo foi às ruas e gritou “Liberdade, Igualdade, Fraternidade!”. Foram cem anos para esse gripo chegar ao nosso Brasil. Foram cem anos! Somos retardatários politicamente.

            A história se repete, mas temos de avançar. Há uma diferença de apenas oito anos do descobrimento dos Estados Unidos da América para o nosso descobrimento, mas levamos cem anos para acabar com o absolutismo. E se instalou a democracia. A democracia do povo é muito complicada. Na Grécia, disseram que houve um grande líder.

            Leomar Quintanilha, V. Exª foi extraordinário Secretário de Educação, sacrificou até sua eleição política pelo desejo de aperfeiçoar a educação no Estado de Tocantins.

            É fantástico o que Péricles fez na área da educação na Grécia, antes de Cristo, cinco séculos. A democracia era direta: eles se reuniam na praça, na Ágora, e todo mundo falava. Já pensou? Mas Atenas era pequena, tinha trinta mil habitantes. Mesmo assim, havia muita confusão, professor de Direito Internacional Acilino Ribeiro. Mas ele conseguiu fazer uma constituição direta, com o povo. Era muita confusão, mas ele foi um herói. O século de Péricles, na área da educação, é brilhante. Daí a Grécia ser a luz do mundo civilizado. E se melhorou esse processo na Itália, e a democracia passou a ser representativa. E não podia continuar daquele jeito, com trinta mil pessoas numa praça. Já pensou a confusão que dava? De madrugada, os bêbados queriam falar, todo mundo falava. Naquele tempo, já existiam cerveja e vinho, isso é velho. Eles não respeitavam muito as mulheres.

            Serys, V. Exª nasceu na época certa, em que reconhecemos as mulheres.

            Aí o mundo passou a contar com a democracia representativa. Senador Leomar Quintanilha, um dos senhores, talvez o mais brilhante de sua época, dizia: “O Senado e o povo de Roma”. Atentai bem! Tem de se aprender! A ignorância é audaciosa. Então, dizia-se: “o Senado e o povo de Roma”. Pelos dias que passei aqui, Serys, posso dizer: o Senado e o povo do Brasil. Falei pelo povo do Brasil, com decência, com dignidade e com coragem. Não houve subserviência, não houve corrupção que me encantasse. Essa é nossa firmeza. Não servi ao Presidente Luiz Inácio - até votei nele, em 1994 -, mas servi à democracia, servi ao Brasil, servi ao Estado. Disso tenho consciência, e o Brasil sabe disso.

            Então, aqui mesmo, houve o líder maior da América, Simón Bolívar, que aprendera, na Europa, esse nascer da República. Ele, aqui chegando, depois de ter estudado na Espanha, saiu derrubando reis. Está ouvindo, Serys? Aqui, na América do Sul, deu um grande ensinamento. Ele nasceu na Venezuela, nós o conhecemos. Então, muito impressionou na Colômbia, em Bogotá. V. Exª, que conhece a história, que tem credencial, sabe disso. Eu andava lá e vi um busto na casa em que ele morou em Bogotá. E li o que ali estava escrito: “Abdicaria a todos os títulos que tive”. Ele foi militar: soldado, capitão, major, coronel, general, comandante-em-chefe dos exércitos. Ele foi presidente, ele foi ditador, ele foi El Libertador, porque saiu libertando tudo por aí.

            Há algo interessante, e temos de entender o que aconteceu. D. João VI disse: “Filho, coloque a coroa na cabeça, antes que algum aventureiro a tome”. O aventureiro era Simón Bolívar. Ele ia adentrar aqui e ia derrubar, como derrubou, os reis. Ele sonhou com a identidade regional e geográfica da América do Sul, deste grande território, desta imensidão. Ele foi o primeiro que sonhou a América do Sul.

            Nossa cultura é derivada da Europa. O Brasil foi descoberto pelos portugueses, que são nossa maior influência até politicamente. Nascida a República, Rui Barbosa, que está ali, foi perseguido. Ele passou 32 anos nesta Casa, mas ajudou a fazer nascer a República. Rui Barbosa foi o primeiro Ministro da Fazenda e foi perseguido pelo militar chamado Marechal de Ferro. Hoje, falam daqueles militares que foram duros no período revolucionário. Floriano Peixoto foi duro, e Rui Barbosa teve de fugir daqui. Passou pela Argentina e acabou na Inglaterra, onde esteve por dois anos. E lá ele viveu e viu o primeiro país que funcionava democraticamente. É um país monárquico, mas com regime bicameral. Ouviu, Serys? Ele viu nascer lá o filhote da Inglaterra, os Estados Unidos, um país também democrático, bicameral, presidencialista.

            Daí sermos isto, essa é nossa história. Rui Barbosa, depois, impôs-se e voltou depois de dois anos. A Bahia o reconduziu ao Senado, onde ele influenciou muito nossa Constituição e nossa história. Daí sermos este País democrático, representativo, bicameral.

            A SRª PRESIDENTE (Serys Slhessarenko. Bloco/PT - MT. Fazendo soar a campainha.) - Senador, peço-lhe somente um instante, por favor. Minhas desculpas, porque V. Exª está na tribuna.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Pois não. Quero lhe dizer o seguinte: V. Exª veio mais encantadora. Veio da China? Lá há mulheres tão elegantes assim? V. Exª chegou da China?

            A SRª PRESIDENTE (Serys Slhessarenko. Bloco/PT - MT) - Cheguei da China. Fui ao encontro em que se tratou das mudanças climáticas.

            Pedi autorização ao Senador que ocupa a tribuna para saudar os estudantes do curso de Geografia da nossa Universidade Federal de Mato Grosso. Muito nos honra tê-los e tê-las aqui conosco. Saúdo ainda os profissionais da educação, que também estão aqui, mas, especialmente, nossos alunos do curso de Geografia.

            Fui professora da nossa Universidade Federal de Mato Grosso por 26 anos. Inclusive, lecionei disciplinas, por vários semestres, no curso de Geografia.

            Os senhores e as senhoras nos honram muito. Fico muito feliz, como Senadora da República pelo Estado de Mato Grosso, como mulher mato-grossense, de poder saudá-los e saudá-las aqui, na tribuna do nosso plenário do Senado da República. Muito obrigada. Permaneçam conosco! É uma honra para nós tê-los e tê-las aqui.

            Obrigada, Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Estou perplexo, porque pensei que V. Exª tinha 25 anos de idade, não de professora. Serys saiu mais jovem - aqui se rejuvenesce -, saiu mais elegante, mais jovem e mais sábia.

            Serys, estamos neste regime democrático, que se vai aperfeiçoando. Está ouvindo, Mozarildo?

            É difícil a democracia. Na França, onde a democracia nasceu, rolaram cabeças. Eles fizeram a guilhotina. Aqui, com nosso jeitinho brasileiro, houve dois períodos de exceção, e à frente de um deles estava um homem bondoso, um estadista, um homem extremamente trabalhador: Getúlio Vargas. Sabe por que ele chegou ao poder? Eu ainda tenho esses dias para ensinar ao Luiz Inácio. Getúlio chegou ao poder porque disputou as eleições em 1930, e diz a história e ele próprio, ô Mozarildo, que foi uma corrupção tremenda! É o que diz a história. A prova eram aquelas eleições a bico de pena, do coronel. O Presidente Washington Luís usou a máquina em favor do candidato de São Paulo, Júlio Prestes, e Getúlio, o bom gaúcho, corajoso, partiu de lá com o Exército e tomou o governo. Foi a Revolução de 30. Mas ele fez isso, Serys, não porque era o machão do Rio Grande do Sul, mas porque já tinha havido o Movimento dos Tenentes, com Carlos Prestes. A Coluna Prestes, Mozarildo, saiu do Rio Grande do Sul e chegou ao Piauí, quis tomar Teresina. Ela já denunciava a corrupção no governo. Então, Getúlio abraçou-se aos tenentes.

            Quero dizer que a corrupção aumentou e se banalizou. Contra a corrupção, já nem há reação. E o desencanto é tão grande, que este é um momento para reflexão, Serys. Um terço dos brasileiros deixaram de votar. Ou foi abstenção, professor Acilino Ribeiro, ou votaram em branco, ou deram voto nulo. É muito um terço! Olhe uma reflexão para ser feita! Isso significa descrença. O povo está dizendo: não acredito, não participo disso por causa da corrupção. Foi um terço de abstenção. Isso é fato.

            Ninguém pode dizer que não houve grandes conquistas no Governo. A valorização do salário mínimo foi a maior conquista deste Governo. Rui Barbosa disse: a primazia é do trabalho e do trabalhador, que vem antes, que faz a riqueza. Mas o Presidente da República conseguiu isso, o Governo conseguiu isso, o Brasil conseguiu isso com influência nossa também, pois lutamos desde o início. Vocês se lembram de que botamos R$10,00 acima do valor, de que foi vetado no começo e de que, desde ali, Paim nos liderou. Todos nós participamos disso. O Presidente sancionou o projeto, e o salário aumentou de US$70 para US$300.

            Serys, isso foi o que aumentou o mercado interno. A grande massa passou a ter mais dinheiro, a comprar mais, a consumir mais. O comércio começou a girar, a gerar ICMS, o mercado e as indústrias cresceram, e essa foi a força.

            Outra força gigante, extraordinária, que tem que ser entendida e que nós entendemos e fizemos com a consciência. Nós enterramos aquele imposto nojento, imoral e indecente, a CPMF, que era desviado, prova-se que era desviado e ninguém mais do que eu sabe disso, porque eu sou médico há 44 anos, eu conheço a saúde, fiz a saúde e sei como funciona. Era desviado para os aloprados que tem, para os corruptos que tem, para o desperdício que tem, para a imoralidade que tem. Mas esse dinheiro, Serys, saiu da mão de uns poucos aproveitadores - não são todos - e caiu na mão do povo trabalhador. Eu que fazia cheque, você, todo mundo que emitia um cheque, aquele dinheiro ficou com a gente. Então, saiu da mão de aloprados para ficar na mão do trabalhador, da trabalhadora, da mãe de família, da dona de casa, de quem trabalhava..

            Então, esse dinheiro é que constituiu, somado ao salário mínimo, o mercado interno, gerando a grande dinâmica. Então, é isso que nós queremos dizer. Nós votamos com a consciência, não foi como quem dava um salto no escuro e no desconhecido. Está ouvindo, Mozarildo? V. Exª não estava no dia aqui, mas mandou seu voto moral daqueles que resistiram, estava lá enfrentando o heroico Estado de Roraima, o seu grande comandante. Nem sempre está no governo o grande comandante. O grande comandante, todo mundo sabe, da Índia foi Gandhi, e ele nunca assumiu o governo. Você não está lá no governo, mas você é o comandante moral, ético, decente e de coragem lá do Monte Caburaí, que até isso mudou.

            Os horizontes do Brasil, V. Exª mudou também, aqui nesta Casa, mostrando que Roraima existe, que tem gente firme, que tem coragem, que combate. É o pequenino Estado que está sempre se agigantando com suas ideias, não só na profissão médica, mas na Ordem Maçônica, secular, e como Parlamentar.

            Então, o que estamos querendo dizer é que o Brasil evoluiu. Passou pela ditadura Vargas, um homem trabalhador, pelo período militar, que nós conhecemos e não foi bom. Vargas era bom, mas a ditadura... Está, aí, o Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos. Basta lê-lo para ver que ela não era boa, mesmo ele sendo bom. Getúlio era um homem bom e trabalhador. E a militar está aí: homens honrados.

            Conheci Castello Branco pessoalmente; conheci João Baptista Figueiredo, meu amigo. Tomei porre com ele: eu aqui, duas vezes. In vino veritas: aí a gente vê que um homem é decente, que um homem é correto e digno. Ele não era político, ele era militar. Se dissessem: “Vá para o Iraque”, ele iria, não é? Assim como para qualquer lugar: “Vá para o Haiti”.

            O Geisel, que teve uma coragem hiper-histórica, um dos homens mais honrados da história do Brasil, que também conheci pessoalmente, disse: “Figueiredo...” Tirando um da linha dura: Sílvio Frota, de Sobral. Enfrentou o Ministro a Guerra, enfrentou e tirou o João Baptista Figueiredo, que era novinho. Eu fiz o CPOR. A Serys não entende, mas há uma hierarquia, que é a disciplina. Há três tipos de generais: de Brigada, de Divisão e de Exército. Ele era do tipo inferior. Ele o promoveu e disse: “Vá, João Figueiredo. Faça a abertura política.” E ele fez. Ele não era político. Ele era um militar, um dos melhores militares.

            O Geisel o chamou porque as melhores vidas, no Exército, são de Carlos Prestes - em nota, em currículo, o que influencia, está ouvindo, Serys? - e de João Baptista Figueiredo. Agora, ele não era político. Agora, que ele era honrado, era. Eu o conheci pessoalmente. A gente conhece as coisas. Eu cheguei a conviver com ele.

            Mas os militares tiveram inteligência, Serys. Primeiro, eles entenderam que havia alternância de poder. Eles fizeram a alternância de poder. A democracia não tem divisão? Funcionou: o Judiciário, isso aqui funcionou. Atentai bem, nossa digna Presidenta Dilma Rousseff. Eu não votei nela, não, mas ela é minha Presidente. Ela será Presidente e quero que ela seja feliz, forte e brava. Eles são tão fortes, ô Serys, que não sabem.

            Ô Dilma, V. Exª tem um Congresso mais forte do que os militares. Quem disse isso, aqui, foi o Senador João Faustino, o novo Senador, que é suplente. Eu não convivi com ele, mas é um homem sério, competente, que viveu, aqui, como Deputado. Ele disse que nunca antes - como diz o Lula, imitando o “nunca dantes” do nosso Camões - o Congresso foi tão forte para o Governo. Ele disse que, hoje, a Presidenta, o PT, a coligação, como eles chamam, a base tem mais do que no período militar. Atentai bem para vocês verem o poder que essa gente tem.

            Democracia é bom, porque tem oposição. Vocês tiveram democracia porque nós fomos fortes e bravos aqui na oposição.

            Diz o João Faustino, que foi Deputado na época - está ouvindo, Mozarildo? -, que, hoje, este Governo está muito mais ameaçador, mais forte, mais poderoso que a ditadura militar.

            Eles metem o pau nos militares, mas eles são decentes. Eu não vi nenhum roubar e nem eles dizem. Assim estava, aí, classificado. Os militares são do Exército, o Exército é o povo e são filhos de brasileiro e brasileira. Eu sou oficial da reserva, eu fiz o CPOR. Eu digo isso com causa.

            Então, este regime está perigoso. Nunca antes houve uma força parlamentar... A Câmara nem se fala, quase todo mundo... Todo mundo.

            Então eu, nessa hora, falo. Eu gosto, eu sou amigo pessoal do Michel Temer. Aliás, ele só foi presidente do PMDB porque eu o ajudei muito. Ele não ia nem ser candidato. Eu fui a São Paulo levantá-lo, fui ao Rio, fui a Minas. Eu era do PMDB. Ele estava ameaçado pelo esquema que iria botar o Ministro das Relações Exteriores, Jobim. E eu o levantei em São Paulo; com Garotinho, lá no Rio de Janeiro; em Minas; no Piauí; no Nordeste. Eu o admiro tanto porque votou e é um homem de bem.

            Mas, Presidente Michel Temer, isso é o destino.

            O País é rico em vice-presidentes. O próprio Floriano Peixoto foi vice do Deodoro e foi muito mais forte que o Deodoro politicamente. Nós vimos o do João Batista Figueiredo, o Aureliano Chaves: que cultura, que decência, que grandeza! Minas nunca foi tão grande. Itamar, Presidente Sarney - estou fazendo história -, Marco Maciel, essa figura de virtude, esse excelso... Então, Michel Temer, V. Exª entrou nesse quadro.

            Mas a melhor coisa, Michel, é sair bem das coisas. Saia bem aí da Câmara Federal antes de assumir a Vice-Presidência da República e, eventualmente, a Presidência. Não desejo, de maneira nenhuma, que a nossa Presidente...

            Mas V. Exª não pode faltar. A melhor coisa, Michel, eu quero-lhe ensinar, é sair bem das coisas. V. Exª não está saindo bem da Câmara. V. Exª cumpriu quando disse que mandava votar e votou depois. Retardou, mas nós lutamos muito.

            A maior desgraça que existe, aqui, é o assalto que nós fizemos ao dinheiro dos aposentados do Brasil. Isso não é justo, não é correto e eu culpo a Pátria. A Pátria somos todos nós - eu sou e o Governo...

            Nós enterramos, aqui, o fator previdenciário, que tira dos aposentados 40% dos seus ganhos. Os aposentados estão sofridos, e sofreram mais quando o Governo, que foi a mãe dos banqueiros, fez uma lavagem cerebral, dizendo que empréstimo era bom, com a campanha do empréstimo consignado, com altos juros. Então, os aposentados, hoje, perdem 40% pelo fator previdenciário e 40% para o banqueiro. Estão, aí, em calamidade, e nós os defendemos.

            O Presidente Michel cumpriu. Demorou, mas nós pressionamos. Não foi só o Paim, não. Eu, o Mário Couto, o Congresso, o Senado, e tudo, e fomos, e brigamos lá. Fomos aplaudidos; os velhinhos, aqui, fizeram vigília; nós entrávamos pela madrugada. Compareci, com o Paim, e tenho os diplomas dessas sociedades de aposentados, como amigo delas, lutador delas. E fomos a outros lugares, e o Michel, finalmente, votou. Ele demorou, mas votou.

            O Presidente Luiz Inácio aproveitou-se da mídia, do povo e da mentira. Escreveu uma página muita feia. No dia em que Brasil ia disputar o primeiro jogo da Copa, Leomar Quintanilha, ele vetou o sonho, vetou o direto, vetou a conquista, vetou o trabalho, vetou o dinheiro que a Pátria deve aos aposentados. Ah, a esperteza! Quando o Brasil comprava a bandeira verde e amarela para o primeiro jogo da Copa, quando o Brasil distraía-se - a mídia o levava a isso, tudo numa combinação -, ele vetou a maior conquista, a maior campanha, a maior justiça: a justiça social. Enterrou não um sonho, não o dinheiro. Enterrou a vida, e muitos morreram por isso: não têm mais dinheiro para comprar o remédio, perderam a sua autoridade moral diante da família, porque muitos aposentados, avós, comprometeram aquela aposentadoria para pagar a faculdade do filho...

            O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. PTB - RR) - Senador Mão Santa, permita-me interromper um pouquinho o seu pronunciamento para fazer o registro da presença, aqui nas nossas galerias, dos alunos e alunas do Centro de Ensino Médio e Fundamental de Santa Maria, no Distrito Federal.

            É uma honra, para nós, tê-los aqui.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Os nossos aplausos.

            Então, Bilac, que é o patrono, disse: “Crianças, não verás nenhum país como este”. Nós não podemos dizer, isto e sim: “Não verás um país com tanta corrupção como este”. Daí Ulysses Guimarães ter nos advertido que a corrupção é o cupim que corrói a democracia, que está corroída.

            Então, queremos dizer que foi vetado. Não teve culpa. Mas, Michel Temer, tenha outro compromisso. Saia bem. Seja um grande vice-presidente, como os outros. Seu currículo...

            A violência está aí. Foi por isso que Cícero, Senador Leomar Quintanilha, lá no parlamento de Roma, disse: “Pares cum paribus facillime congregantur”. Violência atrai violência. Olha a violência!

            Michel Temer vá assistir ao filme Tropa de Elite 2. É muito real. É muito verdadeiro: a corrupção das polícias, as milícias, a corrupção delas na política, com governadores e tudo. Está aí. O filme do Luiz Inácio ninguém o assiste. Estão vendendo a dúzia, por um real, e ninguém quer. Olha, eu passei lá e o “cara” disse: “Leve aí. Você não quer levar para dar de brinde”. “A dúzia”. “Quanto é?” “Um real”. Ninguém quer. Isso é que mede. Já para assistir ao Tropa de Elite, eu entrei foi na fila, porque é a violência.

            Marcos, grande funcionário público, atentai bem! Olha, Norberto Nobbio, um estudioso como Acilino Ribeiro, no senado, lá da Itália, eles dão cinco vagas por mérito, para a pessoa que tem história. Eu acho que aqui deveria ter isso. Ex-Presidentes da República não deveriam suar a camisa, como o Sarney, o Itamar, o Collor; deviam ser convidados, eles têm experiência, - essa é a sugestão minha. Premiava até o Luiz Inácio porque ele já é quase ex-Presidente, quase terminou o mandato. Mas Norberto Bobbio diz - e ele é o mais sábio dos teóricos, eu comecei a ler Bobbio quando vi o estadista, o homem mais culto, o homem mais preparado deste País, Fernando Henrique Cardoso citá-lo -: a inveja e a mágoa corrompe os corações. Eu não tenho nada com ele, porque nem votei nele. Então, ele falava muito em Norberto Bobbio, e eu comecei a lê-lo. Norberto Bobbio também diz que o mínimo que um povo tem de exigir de seu governo é segurança à vida, à liberdade e à propriedade.

            Brasileiras e brasileiros, os senhores sentem segurança à vida, à liberdade, à propriedade? Assistam ao Tropa de Elite 2. Assistam-no. Aquilo é real. É o nosso Rio de Janeiro, o coração, a capital histórica, a corrupção da polícia.

            Então, Michel Temer - atentai bem -: saia bem. V. Exª ganhou a presidência do PMDB porque eu o apoiei, dei-lhe coragem e força. Olha, mais aquela PEC, não pode! Você vê a corrupção; os soldados são corruptos. Tem Estado que paga menos de R$1.000,00.

            O SR. PRESIDENTE (Mozarildo Cavalcanti. PTB - RR) - Senador Mão Santa, V. Exª me permite que eu interrompa mais uma vez o seu pronunciamento? Vejo que V. Exª está com sorte, porque já é o segundo grupo de alunos que comparece às galerias para assistir à nossa sessão.

            Portanto, quero anunciar a presença das alunas e dos alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Almirante Tamandaré, de Valparaíso, cidade do Estado de Goiás. Sejam bem-vindos.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Pois é, Tamandaré. A Marinha nos ensinou. O Barroso disse que o Brasil espera que cada um cumpra o seu dever. Esses são os patronos da nossa Força Armada.

            Mas o que queremos dizer é o seguinte: que a PEC nº 300 está lá. É uma PEC que melhora o salário dos policiais. Do jeito que está... Está aí, o filme Tropa de Elite 2. Michel Temer, pegue sua linda esposa e vá ao cinema assistir ao Tropa de Elite 2! Vá! É verdade. Aquilo tudo é verdade, daí as filas. É a nossa história. É real.

            Então, os policiais se corrompem, criam milícias piores que a dos bandidos, dos traficantes, porque eles foram treinados pela Pátria, têm armas, foram mantidos, têm as coisas. E é muito pior. Está aí este Brasil. E não é mais só o Rio de Janeiro, não! É no interiorzinho. O crime tomou conta.

            Quero lhe dizer que estudei no Rio de Janeiro. Senador Leomar Quintanilha, como era bom a gente passear de noite, pegar uma garota, brasileira mesmo, ou carioca - elas são interessantes -, e ir para a Confeitaria Colombo. Era um chocolate que elas tomavam, as meninas. A gente saia de mãos dadas e ia para a Cinelândia, para o cinema, às 22 horas, às 23 horas. A gente andava por ali, nos anos 60, tudo a pé, a sós, de mãos dadas.

            Luiz Inácio, dê uma volta com a sua Marisa a sós. Getúlio Vargas conta, no seu diário, que saia a pé, Mozarildo, do Palácio das Laranjeiras, ele gostava de cinema - quem conhece, sabe que fica a umas dez quadras -, com o ajudante de ordens. Foi outro dia que o Getúlio Vargas saía. E agora? E essa é a violência. Então, a violência, tem que acabar com isso na história do mundo, mas com uma política bem remunerada.

            Leomar Quintanilha, Cuba, eu não gosto. Não gosto do Fidel. Sei a história, porque sei mesmo, sei tudo. Antes de eu ir lá, eu já sabia da história. Mozarildo, o dinheiro deles - você já foi a Cuba? Pois é, o dinheiro deles, vamos chamar de “cubano”, é um dinheiro só para eles lá. Então, eles ganham de 300, 600 a 700 cubanos. É a variação. Quer dizer, o maior ganha o dobro. Aqui, o maior... Quanto ganha o pessoal da Justiça? Que justiça é essa? E a professorinha? Esse pessoal da Justiça tem cem estômagos e a professorinha só tem meio estômago? Isso não é coisa de Deus. Não foi assim. Mas em Cuba isso é certo: do maior para o menor dá duas vezes e pouco. Mas sabe quem está na maior escala? Nos 700 do dinheiro de lá, que chamo “cubano” aqui para entender? Está certo que o governo de lá dá luz, dá água, dá casa... Os policiais, eram os policiais. Então, vamos copiar o que é bom. Mas do jeito que está, eles ganhando estes R$1.000,00 - e tem Estado que paga -, e eles não têm casa... E falo com autoridade que tenho.

            Um dia, o Maranhão, que é Governador, enfrentou uma greve que eu já havia enfrentado - e fui eu que me saí melhor em todas as greves de polícias da história do Brasil; fui eu, da história. Não foi dessas greves que houve em meu governo, não. Da história! Está aí o Acilino Ribeiro, que é professor e que vivia lá. Eu estava comemorando o centenário de Teresina e houve uma greve. Aí, fui. Sozinho. Estava a televisão e tudo. Cheguei lá, tomei o microfone de uma líder sindical e os botei para tocarem o Hino Nacional. Entendeu? Milhares; e eu, sozinho. Não fui com o comandante, com polícia, não. A autoridade é moral. Sozinho! Aí, tomei o microfone e disse: “Vamos cantar, eu sou o comandante em chefe. Eu aceito isso não como uma greve, mas como um apelo por melhores salários”. Era justo, porque um coronel ganhava 150 vezes mais que um soldado. E eu cortei, cortei os salários altos do Piauí. Tinha malandro que ganhava US$27 mil, e eu cortei. Dei para os pequenos: para a professorinha, para os soldados. E o Maranhão, que governa hoje a Paraíba, me telefonou. Aí, as mulheres quiseram falar na hora da confusão, e era muito soldado em greve. Eu, que entendo de psicologia, disse: “Olha, as ‘adalgizinhas’, eu as recebo amanhã. Agora vou inaugurar um conjunto habitacional”, porque elas são emotivas. Eu queria... E eles se recolheram e voltaram. Eu disse: “Eu sou o comandante em chefe. Vocês só têm duas atitudes: me obedecer, e aí são soldados, ou então são bandoleiros e vão prender aqui o comandante em chefe do Estado”. Eles se calaram. Nenhum governante na história do Brasil, nenhum, Luiz Roberto - eu estou aqui por isso -, teve essa condição moral: sozinho! Nessas greves, vocês sabem que matam e morrem, não é, Mozarildo? Sozinho! Fui só! Deus me poupou de ter medo. Atentai bem, malandros aí do Governo! Tenho não!

            Nem de Deus eu tenho medo. Eu tenho é amor a Deus, é gratidão a Deus. Meu Pai, Deus? Meu sócio, Deus? Não. E fui sozinho. E aí, quando eu vi o lado emocional, disse: “As ‘adalgisinhas’, eu recebo amanhã, no Palácio”. Oito horas da manhã, quando cheguei, era mulher de cabo, de soldado, e confusão. Eu disse: “Entra, entra tudinho, eu mandei”. Rapaz, entraram. Entraram no meu gabinete, e não tinha mais cadeira, não tinha mais nada. Eu sentei e disse: “E aí? É, realmente, eu entendo aquilo como um apelo, não foi como uma greve”, porque era uma injustiça o salário: um coronel ganhava 150 vezes mais do que um soldado. Aí comecei a conversar, viu, Mozarildo? “Você, o que faz?” “Nada.” “Você o que faz?” “Nada.” “Nada.” Eu disse: “Está certo que o governo tem culpa, mas vocês também têm, porque a mulher não é para não fazer nada. Aí está a mulher do homem mais poderoso do mundo, que é o Bill Clinton, e a Hillary Clinton ganha mais do que ele. Aí está a Dona Adalgisa, que sempre trabalhou. Como é que vocês não fazem nada? Chama o Secretário de Trabalho! Olha, vamos dar curso profissionalizante” - tinha um banco do Estado, do povo - “e vamos dar um empréstimo. Vocês vão terminar o curso. O que você é?”. “Doceira.” “Costureira.” Arrumei curso para todas. “Vocês vão ser empresárias. Está aqui o capital e, no fim, os seus maridos, quando se aposentarem, vão trabalhar para vocês”. Aí, voltei e chamei o Secretário de Trabalho. Casa, não tinham. “Todo soldado e cabo vai ter uma casa.” Não tinham casa. Como é que pode?

            Eu só peço a Deus o seguinte, Mozarildo... Você me lançou para Vice, agora. Ó Deus, eu quero pegar esse Luiz Inácio daqui a quatro anos, um de frente para o outro. Eu, representando o Nordeste, de vergonha, de sabedoria, porque acredita em Deus e no estudo; ele, representando o Nordeste da malandragem. Nós! Hem, Mozarildo! Eu já convoco você para dizer isso lá. Eu peço só a Deus isto: daqui a quatro anos, eu e ele, aqui, na democracia, no pacto. É isso só o que eu quero em minha vida política. Daqui a quatro anos. Entendeu? Eu represento o Nordeste de vergonha, de trabalho, de humilhação; o outro, da malandragem, da enganação. É isso o que eu quero, só. É isso!

            Mas quero lhe dizer o seguinte: nós estamos aqui para dizer: Ô Michel Temer, saia bem! Bote para votar essa PEC. Sem isso não vai ter paz, não! Sem isso você está sendo inimigo número um da Presidenta. Não vai ter paz! Ô soldados, façam greve de novo! Vocês não fizeram comigo e eu não enfrentei? Façam! Isso é uma indignidade! Um desembargador não tem 150 estômagos e um soldado meio estômago. É! Façam! Façam! Não pode. As conquistas são assim. Já houve muita paciência. Está lá na Câmara. É, Seu Michel Temer, o traidor número um, se ele não botar para votar isso, da Ministra, da Presidenta. Ela não vai segurar este País. Então, soldadinhos, façam as greves que eu estarei lá. Não é para pedir para acabar, não. É para aumentar! Eu termino o meu mandato e eu vou ser povo, mas povo de vergonha, povo de coragem, povo de decência, povo de dignidade. Não é povo que se vende, não é povo que se engana. É povo que foi à rua e gritou “liberdade, igualdade e fraternidade”, com cujo grito caíram os reis. Entendeu, Mozarildo?

            Como é que pode essa PEC aí? Isso é uma indignidade, uma elite dois. Brasileiras e brasileiros, eu não estou ganhando cachê. Assistam. É verdade. Recebe o prêmio Nobel aí. O Brasil nunca ganhou um prêmio Nobel. Que ganhe nas artes! Aquilo é verdade, é a milícia dominando. A corrupção está no governo, está íntima.

            Ô Michel Temer, bote isso para votar, aprove isso, ou então V. Exª é o inimigo número um da Presidenta da República. Vai entregar um país em polvorosa. Esses militares não podem... Eu os conheço. É gente boa, mas tudo tem limite. Ficar nessa embromação aí, depois que foi aprovado aqui... De que adianta esta Casa, Mozarildo? Se nós aprovamos, discutimos, lutamos... Seu Renan Calheiros, foi ele. Eu estava presidindo. Eu botei para votar aqui por cinco sessões, à noite, e jogamos para lá. Tem a medida do Renan, sábia. Eu que botei. Eu sou esperto, Luiz Inácio. Fiz cinco sessões de noite para mandar para a Câmara, a do Renan Calheiros. Não é a 300. É uma anterior. A 300 iguala aos de Brasília, mas eu vi com muita sabedoria. As coisas não são assim. Nós tivemos a Lei do Ventre Livre, a dos Sexagenários, para ter a Lei Áurea. Então, era uma avanço. A dele dá um valor de R$3.500,00 para o Nordeste. É muito, é bom. Já era um avanço. Foi Seu Renan, o líder maior do Governo, mais inteligente, mais competente e mais bravo. Ele, ali, e eu, aqui, no lugar do Presidente Sarney. Este Senado foi grandioso, principalmente nos momentos em que eu o presidi. E com aquiescência. Fiz cinco reuniões aqui, cinco, a noite toda, combinado, de acordo, e ela foi aprovada, discutida.

            O que vale isso, Leomar? Foi irresponsável? A lei do Renan não é ainda a 300, mas seria a do Ventre Livre, a dos Sexagenários, seria um avanço. Nada. E dizer que “não, tem a 300”, e ficar por dois anos enganando os policiais do meu Brasil? Não. Coloque para votar e vamos amparar. Então, esse é um pedido.

            A democracia está vencendo no mundo. Leomar Quintanilha, atentai bem! Está aí o Parlamento Europeu, acabaram as guerras, unificaram a moeda, cresceu a Europa. E está aqui o Parlasul. E acorda este Parlamento... Atentai bem! Tem uma cláusula... Então, Simon Bolívar já imaginava um Parlamento na América do Sul. O Presidente Sarney e Alfosin, nas suas bravuras de estadistas, talvez os únicos que possam se igualar a Simon Bolívar, os dois viram isso. Foi! A Argentina e o Brasil viviam em eterna briga. A Guerra dos Farroupilhas foi por isso, porque o imposto aqui era grande demais, a turma ia comprar gado na Argentina e no Uruguai. Aí os gaúchos fizeram a guerra, Bento Gonçalves e os lanceiros negros. Então, a Argentina e o Brasil, até outro dia, até o santo Alfonsín, que foi para o céu, e o homem heróico, que está aqui na terra, o Sarney...

            Olha, Mozarildo, isso era uma polvorosa, nós tínhamos medo de ir lá e eles, de vir aqui. Era guerra, era uns matando os outros, era assassínio, era ódio entre irmãos, vizinhos. Quem acabou com isso foi a visão de paz, de tolerância, de Sarney e Alfonsín, o seu Mercosul e tal. E a Europa, que nos colonizou, deu o ensino, depois que a democracia ganhou do totalitarismo de Hitler, de Mussolini, dos kamikazes japoneses, liderada por Winston Churchill. Essa é a história. E eles fizeram o Parlamento Europeu. Eu fui antes e depois. Olha, hoje, a Europa é uma só, crescendo, a moeda é única. Você anda como andamos entre os Estados aqui. Há respeito, a fraternidade melhorou.

            Há um Parlamento aqui criado. Ele não está indo para a frente, Mozarildo, sabe por quê? Porque o Brasil, o país do fato consumado, tem uma resolução, que acaba agora em dezembro... Acaba agora, porque isso aqui está como um bico. Ou acumula... E o Senador vai lá um dia e falta dez. Quando quer tomar um banho em Punta Del Este, vai, leva a mulher, faz compras... E o Brasil perdendo a sua história, retardatário, assim como levou 100 anos para derrubarmos o rei. A Argentina já está lá, com os seus parlamentares eleitos. Uruguai, Paraguai, entra agora a Venezuela, os outros já estão se aproximando, o Chile e a Bolívia, e nós estamos como um bico, malandros. Vai aqui, vai ali, toma um banho em Punta Del Este, toma um vinho, que é bom, e volta. E nada. Os problemas estão aí: em Itaipu, de fronteira, de tóxico, de educação, os formados. Então, termina... E assim a evolução. E aquilo que nasceu, a semente sonhada por Simon Bolívar, que disse que foi tudo, general, marechal, mas não trocaria pelo título de ser bom cidadão. Eu também, eu já fui um bocado de coisa, mas de uma coisa eu não abdico, é ser bom cidadão, é ser povo de vergonha, povo de coragem, povo de conquista.

            Então, isso aqui acaba agora. Nós temos que refletir. E que o Brasil, na sabedoria desta Casa, do nosso Presidente do Congresso, veja uma forma de valorizarmos a nossa delegação até fazermos uma eleição direta, como prega o Parlamento Europeu, como prega o Parlamento do Sul, e então possamos dar essa contribuição, esse avanço à democracia.

            Então, essas são as nossas palavras de contribuição nesta sexta-feira, que é semente nossa. Mozarildo, este Senado da República - está ali o Zezinho, a prova da verdade, do trabalho, da dignidade, da pureza do povo do Brasil, homem trabalhador - nunca funcionou às segundas e sextas-feiras. Essa foi uma iniciativa de Arthur Virgílio, bravo, Efraim Morais, Antero Paes de Barros e minha, os quatro primeiros. Eles me chamavam, como hoje V. Exª tocou o telefone, para estarmos aqui e viabilizarmos esta sessão. E, como eu tenho um pouquinho mais de idade, eles me colocavam na Presidência. Talvez isso tenha feito com que eu tenha sido o brasileiro que mais presidiu este Senado. É porque o Regimento diz que tem... Depois, veio Paim, veio Heloísa Helena, vieram outros, e hoje nós estamos sob a Presidência de Mozarildo Cavalcanti.

            E eu quero dizer aqui, Mozarildo, que V. Exª, homem de muita luta na Medicina, exemplo de amor à sua terra natal, poderia estar em qualquer lugar do mundo, mas - o exemplo do exercício da Medicina, da liderança amazônica, da política - tem que substituir todos nós aqui na grandeza desta Casa, do Senado da República. E, principalmente, advertir esta Casa de que a resolução termina agora em dezembro, e que se encontre uma forma que engrandeça a democracia, o Brasil e o Parlasul.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/11/2010 - Página 50468