Discurso durante a 184ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do centenário de nascimento da escritora Rachel de Queiroz.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do centenário de nascimento da escritora Rachel de Queiroz.
Publicação
Publicação no DSF de 18/11/2010 - Página 50816
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, ESCRITOR, JORNALISTA, ESTADO DO CEARA (CE), PIONEIRO, MULHER, INGRESSO, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL), REGISTRO, PUBLICAÇÃO, OBRA LITERARIA, ATENÇÃO, PROBLEMA, NATUREZA SOCIAL, NATUREZA ECONOMICA, REGIÃO NORDESTE, ESPECIFICAÇÃO, EFEITO, SECA, LEITURA, ORADOR, TRECHO, CRITICA, LITERATURA, ELOGIO, LIVRO, CONTRIBUIÇÃO, LITERATURA BRASILEIRA.

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            O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, se entre nós estivesse, Rachel de Queiroz iria completar cem anos no dia 17 de novembro de 2010. A escritora cearense, tão brilhante quanto precoce, publicou O quinze, seu primeiro romance, no ano de 1930, quando ainda não havia completado 20 anos de idade.

            Uma década depois, a jornalista - primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras, em 1977 - lançaria o livro João Miguel, ao qual se seguiram obras como Caminho de pedras (1937), As três Marias (1939), Dora, Doralina (1975) e Memorial de Maria Moura (1993). Rachel de Queiroz também se destacou como escritora de peças teatrais e de literatura infantil.

            Logo após o lançamento de O quinze, a autora foi morar no Rio de Janeiro, decisão que não lhe impediu de manter estreitos laços com o sua terra natal, para onde viajava regularmente, para passar longas temporadas na fazenda “Não me deixes”, em Quixadá, sertão cearense.

            A fecunda obra de Rachel de Queiroz encontra seu núcleo duro na problemática socioeconômica nordestina, em que se desenrolam os dramas humanos. No seu universo ficcional estão retratados a seca, o fanatismo religioso e o mundo do cangaço.

            Em respeitosa crítica ao livro As três Marias, Mário de Andrade sublinhou que

            Entre todos quantos, bons e ruins, se filiam a Machado de Assis, se nenhum alcançou a perfeição expressional de Raquel de Queiroz, nenhum também, todos ensimesmados com o Mestre, soube acrescentar à corrente o que mais lhe faltava: o perdão (...). Ela não evita a solidariedade humana (...). Não se excetua no mundo pela ironia, não se ressalva da inarredável estupidez humana pelo humour, pela impiedade, pela superioridade que não se mistura. Ama e lastima. Sofre e vinga. Não raro a lágrima tomba das suas frases agoniadas, feito o pingo de orvalho fecundador.

            Srªs e Srs. Senadores, não me parece exagerado afirmar que se a literatura é o espelho da alma do povo, a literatura brasileira encontra em Rachel de Queiroz uma de suas mais fulgurantes e admiráveis representantes.

            No centésimo ano de seu nascimento, tudo o que podemos desejar é que o pioneirismo de Rachel de Queiroz inspire a mulher contemporânea, que deve buscar nas suas mais luminares concidadãs, do passado e do presente, o bom exemplo para sua formação intelectual e humana, e também para sua ação no mundo.

            Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/11/2010 - Página 50816