Discurso durante a 184ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Esclarecimentos que põem fim às especulações em torno da eventual fusão do Democratas ao PMDB. Defesa da criação de um movimento de revitalização do Democratas e preparação do partido para as eleições municipais de 2012.

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Esclarecimentos que põem fim às especulações em torno da eventual fusão do Democratas ao PMDB. Defesa da criação de um movimento de revitalização do Democratas e preparação do partido para as eleições municipais de 2012.
Aparteantes
Antonio Carlos Júnior.
Publicação
Publicação no DSF de 18/11/2010 - Página 50904
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • REGISTRO, REUNIÃO, PARTIDO POLITICO, DEMOCRATAS (DEM), ESCLARECIMENTOS, ESPECULAÇÃO, FUSÃO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), OPOSIÇÃO, MEMBROS, EXTINÇÃO, LEGENDA, DEFESA, ORADOR, AUTONOMIA, CONTINUAÇÃO, COMPROMISSO, ELEITOR, INDEPENDENCIA, INTERESSE, PROCESSO ELEITORAL, ORIGEM, REDEMOCRATIZAÇÃO, NECESSIDADE, CONSOLIDAÇÃO, REPRESENTAÇÃO, ANUNCIO, DISPUTA, ELEIÇÃO MUNICIPAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Serys Slhessarenko, Srªs e Srs. Senadores, o que me traz à tribuna no dia de hoje é para falar do meu Partido, o Democratas.

            Tivemos uma reunião no dia de ontem e, definitivamente, acabou-se a especulação de que eventualmente o Partido poderia ser fundido ao PMDB.

            A democracia é o único regime que permite aos vencidos entoar suas convicções com a mesma força e dignidade dos vencedores. Aliás, a vitalidade deste sistema político reside, justamente, na garantia de espaço e de liberdade à oposição. Perder uma eleição não representa vergonha ou humilhação; significa, ao contrário, tombar gloriosamente diante da manifestação da maioria, semeando o orgulho de lutar com a altivez no campo majestoso do embate das ideias.

            Enganam-se aqueles que julgam que o último pleito abalou as estruturas políticas dos democratas. Saímos da eleição menores em termos numéricos, mas nunca no tamanho dos nossos compromissos com o Brasil e, muito menos, na fé que devotamos à democracia e aos princípios de nosso Partido.

            Falar em fusão ou incorporação de nossa legenda a qualquer outra agremiação é o mesmo que manchar a trajetória de nossos mais destacados líderes, apagando, com as brumas da covardia, o legado de quem empunha ou empunhou a flâmula da ética nas relações políticas deste País. Não podemos nos esquecer de nossas origens.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nossa legenda não se formou como folhas que o vento leva ao sabor das conveniências eleitorais, mas, sim, como raiz firme no processo de redemocratização do Brasil. Não podemos nos esquecer de quem somos e muito menos do nosso papel na recente história desta Nação.

            Temos que olhar para o interior de nosso corpo partidário. Lá estão os verdadeiros democratas: militantes e simpatizantes que não precisam de cargos ou benesses do Estado. Eles estão ali porque acreditam no sentido moral de nossas propostas, no valor de nossas ideias e na justiça de nossas lutas.

            Faço uma saudação especial ao nosso correligionário Adário Carneiro, que acabou de vencer, no dia 7 de novembro, uma eleição suplementar no Município de Ribeirão Cascalheira, com aproximadamente oito mil habitantes, na região leste de Mato Grosso. Adário nunca pensou na extinção do DEM, jamais imaginou essa possibilidade, porque ele adquiriu nossas teses como fonte de sobrevivência política, como modo de lutar por sua comunidade.

            Esses abnegados militantes, Senadora Serys, formados na dureza das adversidades cotidianas, sem pompa ou circunstância, representam trincheiras avançadas de nosso programa e da memória cultural de nossos embates. Eles são a infantaria do nosso exército político, Senador Júnior, chegam na frente e enfrentam a carga viril de nossos oponentes.

            Em respeito a esses homens e mulheres, que ainda mal assimilaram a mudança de nomenclatura de PFL para Democratas, devemos criar um movimento de revitalização de nossa legenda, levantando com destemor nossas bandeiras e reafirmando nossas lutas. Temos que deixar claro que não somos legenda satélite de qualquer outro partido; também aspiramos ao poder e possuímos, sim, vocação para governar.

            Nos últimos anos temos perfilado com o PSDB e outras siglas de oposição, como o PPS, em busca de um país mais justo socialmente e mais equilibrado economicamente. Mas isso não representa a anulação ou a renúncia de nossos ideais; pelo contrário, reafirma nossa oposição aos desmandos, à corrupção e ao aparelhamento do Estado como instância partidária. Nossas posições nos fortalecem moralmente e recrudescem nosso espírito democrático.

            Não, o DEM não está a um passo do seu desaparecimento. A única moléstia capaz de vitimar um partido político é a covardia. E desse mal não padecemos. Temos coragem e hombridade para encarar as adversidades e subtrair delas lições para o futuro.

            E o nosso futuro está bem aí. Devemos nos reaglutinar nas eleições municipais de 2012, voltando nossos interesses políticos para a disputa ideológica que se travará nas cidades: rua por rua, esquina por esquina, eleitor por eleitor. Daí, do pleito para vereadores e prefeitos, vamos extrair a seiva democrática para o nosso soerguimento, pois quem é forte na base consegue sobrepujar o poder dominante.

            Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores...

            Concedo um aparte ao nobre Senador Antonio Carlos Júnior.

            O Sr. Antonio Carlos Júnior (DEM - BA) - Senador Jayme Campos, é importante o pronunciamento que V. Exª faz em relação à situação do nosso Partido. É exatamente o que V. Exª acabou de falar: o nosso Partido teve alguns reveses, mas ele vai se fortalecer, a sua estrutura não foi abalada, e nós vamos juntos reposicionar o Partido para que ele volte a competir e a enfrentar as lutas que teremos pela frente. Portanto, foi importantíssimo o pronunciamento de V. Exª hoje, nessa linha, buscando fortalecer o nosso Partido. Mesmo com os reveses que teve, houve vitórias importantes também, como a do Senador Raimundo Colombo, a da Senadora Rosalba, com a reeleição do Senador José Agripino, do Senador Demóstenes. Então, nós tivemos vitórias também. O importante é que o Partido se uniu para buscar a sua reestruturação e o seu planejamento para os próximos embates. Nas próximas eleições, nós estaremos, com certeza, mais fortes.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Muito obrigado, Senador Antonio Carlos.

            Na verdade, acho que nosso Partido tem uma história, sobretudo na redemocratização do País. Então, por que pensar em fusão, ou coisa parecida, com outros partidos? Eu acho que seria muito ruim, sobretudo para um Estado democrático de direito, um Partido com uma história, com uma trajetória como o PFL - hoje DEM -, pensar em fusão ou coisa parecida.

            Eu, particularmente, defendi, na reunião de ontem do meu Partido, que mais do que revitalizar o DEM, temos de nos preparar para as eleições de 2012, elegendo um grande número de prefeitos e vereadores e criando um projeto para 2014. Qualquer cidadão tem que viver de perspectivas e de esperança. É isso que vamos fazer, doravante, como manda o comando do Democratas. Como Secretário Nacional que sou, tenho a obrigação de dizer aos meu correligionários de Mato Grosso e de todo o Brasil que jamais poderemos pensar em fusão ou em incorporação do Democratas em qualquer parte do território nacional.

            Tenho orgulho de minha filiação partidária. Não admito qualquer alusão à extinção do DEM, porque estamos falando de um patrimônio inegociável de expectativas e de sonhos, de gente comum que depositou seu voto de confiança em nossa legenda e não tem como se defender das raposas que usurpam de nossa história, atrás apenas de seus próprios interesses. 

            Pronunciar qualquer oração que beira à falência política de nossa sigla é uma ato de traição, um deboche contra aqueles que tombaram defendendo nosso programa.

            O que nos resta agora, Srª Presidente, é apenas o direito à luta, o dever de sustentar nossas convicções com dignidade, sentindo no coração a honra de pertencer a um partido que contribuiu com a nação e que não faz concessões à imoralidade ou à corrupção. Aqueles que assim procederam foram sumariamente excluídos de nosso convívio partidário.

            Os democratas atravessam as tempestades de velas abertas, sem medo das trovoadas.

            Portanto, não posso acreditar que em um Partido como o nosso se cogitou, pelo menos através da imprensa, essa possibilidade, na medida em que somos hoje ainda vários Senadores, elegemos dois Senadores da República, dois governadores. No Mato Grosso, particularmente, V. Exª, Senadora Serys, conhece a nossa agremiação partidária. Acabamos de eleger, numa eleição suplementar, mais um prefeito.

            No dia 5 vai haver novas eleições em alguns Municípios de Mato Grosso. Com certeza, vamos eleger mais alguns prefeitos. E, nesse caso, particularmente, eu acredito que ainda temos muito o que fazer, sobretudo contribuindo com a nossa democracia, lutando por boas políticas públicas deste País, principalmente o caso da educação, da saúde, da segurança, da geração de emprego e renda. Enfim, temos de construir um projeto para 2012 e 2014.

            Srª Presidente, eu agradeço a oportunidade e digo aos meus correligionários, aos democratas de todo este imenso País, sobretudo do meu querido Estado de Mato Grosso, que o nosso Partido está sólido como um concreto na busca efetiva da prosperidade, sobretudo de um Brasil que seja justo para todos nós brasileiros.

            Muito obrigado. 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/11/2010 - Página 50904