Discurso durante a 186ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem aos grupos vítimas de discriminação e preconceito, o povo negro e demais grupos de minorias.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem aos grupos vítimas de discriminação e preconceito, o povo negro e demais grupos de minorias.
Publicação
Publicação no DSF de 20/11/2010 - Página 51158
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, GRUPO, VITIMA, DISCRIMINAÇÃO, COMENTARIO, IDEOLOGIA, MAÇONARIA, RESPEITO, LIBERDADE, IGUALDADE, CONTRIBUIÇÃO, LUTA, ABOLIÇÃO, ESCRAVATURA, DEFESA, INDIO, PROCLAMAÇÃO, REPUBLICA, REGISTRO, ORADOR, IMPORTANCIA, REALIZAÇÃO, SESSÃO, SENADO, DEBATE, INCLUSÃO SOCIAL, MINORIA.

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           O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão e da qual foi o mentor, quero cumprimentar V. Exª e todas as minorias aqui representadas; inclusive, cumprimentei ainda agora uma senhora que representa os aposentados, que é uma outra minoria discriminada.

           Mas quero dizer aqui, Senador Paim, cumprimentando todos os presentes, que eu aprendi, no curso e na profissão de Medicina, a não discriminar. Não pode haver médico que atenda a pessoa de forma A ou B, dependendo de que posição social ela tenha, ou que cor da pele ela tenha. Então, aprendi isso no curso de Medicina e no exercício da Medicina. Isso realmente contribuiu muito para a minha situação espiritual até.

           Depois, ingressei numa instituição que tem justamente por preceitos a liberdade, a igualdade e a fraternidade, que é a Maçonaria. E, lá, a gente aprende muito que todos nós somos iguais e temos que tratar todos de maneira igual. Todos somos irmãos; portanto, temos de tratar todos de maneira fraternal. E todos temos direito à liberdade; portanto, temos de respeitar a liberdade de cada pensamento, de cada movimento, de cada posição social ou étnica, enfim.

           E a Maçonaria foi justamente a instituição que mais lutou, tanto pela abolição da escravatura quanto pela defesa dos índios, àquela época do Império e, depois, da República recém-proclamada, que também foi uma grande obra de maçons.

           Portanto, quero dizer aqui que fico muito feliz por ter tido oportunidade de falar, mas, ao mesmo tempo, triste por não ter assistido a toda a sessão. Mas vou assistir à reprise, com certeza. Tive que levar minha esposa a uma consulta de controle pós-operatório, por isso fui privado de estar aqui desde o início.

           Mas quero deixar este registro e dizer que é muito importante. De modo geral, o brasileiro diz que, no Brasil, não há preconceitos, há uma coisa assim meio espalhada de que não há preconceitos. Não há preconceitos, digamos, tão abertos, mas existem os preconceitos velados, que, às vezes, são piores do que aqueles que se explicitam.

           Então, é realmente importante que a gente faça sessões como esta, para relembrar a todos os brasileiros de que é preciso, sim, olhar todos e todas de maneira igual, procurar dar a condição àqueles que têm dificuldades.

           Ouvi aqui o pronunciamento do representante dos índios, dos negros, e entendo que precisamos fazer - não gosto muito desta expressão - um resgate histórico. Eu gosto mais de olhar para a frente. Quero pensar assim: o que podemos fazer daqui para a frente para que coisas erradas que aconteceram no passado não aconteçam mais? E como é que a gente pode colaborar para trabalharmos juntos? Independentemente de ideologia política, de credo, como é que a gente pode trabalhar para fazer do Brasil um país realmente bom?

           Um dia desses, li um artigo que até me emocionou. O resumo era o seguinte: gostamos muito de nos comparar, ou melhor, olhar os Estados Unidos como exemplo de país a ser seguido. Mas eu digo mesmo: acho que os Estados Unidos devem ter inveja do Brasil, porque, se compararmos as condições que tivemos e as condições que eles tiveram, vamos ver que nós somos um país onde o sentimento humano é muito maior do que lá. Quem é que pode negar que o preconceito nos Estados Unidos, tanto contra os índios, quanto contra os negros, é muito pior do que no Brasil, e numa nação que se diz a maior democracia do mundo?

           Então, eu quero dizer que eu tenho muita fé de que nós, fazendo atos como estes e outras ações mais afirmativas, podemos realmente fazer com este seja um País igual, e um País de todos.

           Como ela lembrou muito bem, este é um slogan do atual Governo: “O Brasil é um País de todos”. E eu pergunto sempre, às vezes aqui criticando: mas quais são os “todos”? Quem são esses “todos”? São todos os amigos, são todos os companheiros, ou somos todos nós brasileiros? Essa realmente é uma pergunta que tem que ser feita.

           Acho que vamos viver um novo momento na nossa República, pela primeira vez vamos ser presididos por uma mulher. Eu quero dizer que acredito muito nas mulheres pela sensibilidade, pela capacidade de saber, justamente pelo dom maternal que têm, de entender as coisas que às vezes os homens não entendem. Eu gosto tanto das mulheres que sou casado há 42 anos com a mesma mulher, e namorei com ela oito anos antes de nos casarmos. Portanto, tenho muita honra de dizer que tenho uma boa mãe - tenho ainda, porque está viva -, tenho uma boa esposa, boas filhas e boas netas.

           Portanto, eu espero que a Presidente Dilma possa realmente fazer jus a essa característica feminina e possa fazer este País ser melhor, mais justo e mais igual.

           Muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/11/2010 - Página 51158