Discurso durante a 180ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o resultado das eleições gerais deste ano, destacando a eleição de uma mulher para a presidência da República e o fato de o Presidente Lula ter feito seu sucessor. Lamento pelas manifestações preconceituosas contra os nordestinos, veiculadas pela internet, apontando-os como responsáveis pela eleição de Dilma Rousseff.

Autor
Roberto Cavalcanti (PRB - REPUBLICANOS/PB)
Nome completo: Roberto Cavalcanti Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre o resultado das eleições gerais deste ano, destacando a eleição de uma mulher para a presidência da República e o fato de o Presidente Lula ter feito seu sucessor. Lamento pelas manifestações preconceituosas contra os nordestinos, veiculadas pela internet, apontando-os como responsáveis pela eleição de Dilma Rousseff.
Publicação
Publicação no DSF de 11/11/2010 - Página 50046
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, RESULTADO, ELEIÇÃO, IMPORTANCIA, VITORIA, FEMINISMO, DILMA ROUSSEFF, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, POPULARIDADE, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, GARANTIA, SUCESSÃO, COMPROVAÇÃO, APROVAÇÃO, CRITICA, CONDUTA, BANCADA, OPOSIÇÃO, MANIPULAÇÃO, INFORMAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, DIFAMAÇÃO, CALUNIA, CANDIDATO, GOVERNO, ELOGIO, ELEITOR, CRESCIMENTO, CONSCIENTIZAÇÃO.
  • ELOGIO, MANDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROMOÇÃO, INCLUSÃO SOCIAL, COMBATE, MISERIA, FOME, CONSOLIDAÇÃO, ECONOMIA, EFETIVAÇÃO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, EXPECTATIVA, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, CONTINUAÇÃO, PROCESSO.
  • REPUDIO, CONDUTA, ADVOGADO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DIVULGAÇÃO, MENSAGEM (MSG), INTERNET, DISCRIMINAÇÃO, POPULAÇÃO, REGIÃO NORDESTE, INCITAMENTO, VIOLENCIA, AGRESSÃO, ELEITOR, DILMA ROUSSEFF, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no início desta reta final da 53ª Legislatura, gostaria de fazer algumas breves considerações sobre o importante e significativo resultado das eleições deste ano, a sexta vez, desde a redemocratização, em que os cidadãos brasileiros foram chamados às urnas para escolher o supremo mandatário do País pelos próximos quatro anos.

            As eleições deste ano, Sr. Presidente, foram em vários aspectos históricas. Destaco dois que me parecem especialmente importantes. Primeiro, o fato de que elegemos uma mulher para ocupar a Presidência da República. Isso é notável e tem grande significado para o Brasil. Segundo, o fato de que há muito um Presidente não fazia seu sucessor.

            Esse sucesso do Presidente Lula em eleger aquela que cuidadosamente escolheu para sucedê-lo - enfrentando, até inicialmente certa dose de ceticismo e de resistência -, é, por sua vez, um sinal inequívoco de outro sucesso, muito mais importante e significativo: o de seus oito anos de governo durante os quais o País, reconhecidamente, avançou em diversas frentes, consolidando posições, avançando em outras e abrindo novas perspectivas para os anos que virão.

            Não há dúvida, Srªs e Srs. Senadores, de que a eleição de Dilma Rousseff representa, em grande parte, não apenas o reconhecimento dos méritos pessoais que a ex-Ministra demonstrou possuir ao longo de sua vida pública e da campanha desse ano, mas também um juízo claro dos cidadãos brasileiros sobre o Governo Lula e seu desejo de continuidade.

            Dilma Rousseff representa a esperança de que os caminhos da prosperidade, da inclusão e da justiça social, abertos pelo Governo Lula, continuem a ser trilhados nos próximos anos.

            Tenho certeza, Sr. Presidente, de que essa esperança não será vã e o povo brasileiro não ficará decepcionado com a escolha manifestada em 31 de outubro passado.

            Eu gostaria aqui de ressaltar a maturidade demonstrada por nossos eleitores, que não se deixaram influenciar pelas campanhas difamatórias, pelas calúnias com que a Oposição, antecipando o desespero, a derrota a que foi enfim submetida, tentou atropelar a corrida eleitoral na sua reta final.

            Felizmente, Sr. Presidente, os cidadãos brasileiros estão cada vez mais conscientes, cada vez menos ingênuos, de modo que é cada vez mais difícil que a mentira e a calúnia prevaleçam sobre a verdade.

            Nosso eleitorado também foi especialmente lúcido quando não se deixou levar pela falácia, tão repetida pela campanha do candidato derrotado José Serra, de que a continuidade é deletéria para a democracia e de que a alternância, ao contrário, é salutar.

            Ora, Srªs e Srs. Senadores, mesmo que isso fosse verdade, o que não me parece acima de toda a dúvida, é impossível deixar de considerar a flagrante hipocrisia que está por trás de tudo isto.

            O mesmo partido que há décadas governa o Estado de São Paulo, o mais poderoso do País, vem denunciar a mesma continuidade que defende lá e de que se beneficia.

            Felizmente o nosso eleitorado não é bobo.

            Por outro lado, Sr. Presidente, se é reconfortante reconhecer o nível de maturidade que vamos pouco a pouco conquistando, é lamentavelmente triste perceber como ainda persistem entre nós preconceitos irracionais e perigosos, como os que manifestou a advogada paulista que divulgou mensagens virulentas pela Internet, conclamando a violência contra nós nordestinos, atribuindo a eles e a nós a responsabilidade pela eleição de Dilma Rousseff.

            Na verdade é até digno de piedade a maneira como essa advogada expõe publicamente sua ignorância, sua limitação, sua irracionalidade, mas o fato é que se fosse verdadeira a afirmação de que os nordestinos foram os responsáveis pela eleição de Dilma isso seria até motivo de orgulho; no entanto, é falsa a atribuição: descontados os votos nordestinos para ambos os candidatos, Dilma Rousseff ainda ganharia a eleição com vantagem.

            Portanto, não foram só os nordestinos que elegeram Dilma. Brasileiros de todos as regiões reconheceram nela a melhor opção para o País neste momento.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não há como negar que atravessamos, neste momento, uma fase de prosperidade, de confiança, de esperança no futuro, uma fase como há muito não vivíamos. E os méritos disso têm de ser atribuídos ao Presidente Lula, que soube com, grande habilidade e sensibilidade, conduzir o Brasil nesses últimos oito anos, aumentando a inclusão, combatendo a pobreza, a fome, a miséria, ao mesmo tempo em que consolidava a estabilidade econômica, conquistada há quinze anos e lançava as bases de um novo salto de desenvolvimento que, tenho certeza, assistiremos acontecer no Governo Dilma. Não é por acaso que Lula termina seus mandatos com uma popularidade invejável e raríssima, quando se trata de políticos. 

            Quero encerrar, Sr. Presidente, exprimindo a minha certeza de que a Presidente Dilma Rousseff está à altura do desafio que lhe foi confiado pelo povo brasileiro, o desafio de continuar a excelente obra do Governo Lula e levá-la adiante e ainda mais longe.

            Passados os combates e os enfrentamentos próprios do jogo político durante a campanha, faço votos de que as forças sociais e políticas possam convergir de modo que Dilma Rousseff, eleita Presidente de todos nós, possa governar efetivamente com o apoio de todos. 

            Ao Presidente Lula, quero aqui deixar meu sincero agradecimento, que creio ecoar o de todos os brasileiros, e minhas congratulações pela grande sabedoria política que demonstrou na eleição de sua sucessora. 

            À Presidente Dilma Rousseff, deixo meus votos de sucesso, ao mesmo tempo em que me apresento como colaborador incansável em tudo que estiver ao meu alcance.

            Por fim, Srªs e Srs. Senadores, creio que devemos agradecer ao povo brasileiro e congratular-nos também com ele, que não só demonstrou sabedoria e maturidade, como, mais uma vez, deu ao mundo um belo e eloquente exemplo de democracia.

            Sr. Presidente, faço este pronunciamento referente ainda às eleições passadas, porque, em missão do Senado Federal, eu me encontrava fora do País e não tive a oportunidade, desde o dia 22 de outubro próximo passado, de estar aqui presente. Então, faço essas referências e agradeço pela tolerância do tempo e pelo respeito democrático de V. Exª, porque sei que, quanto a muito do que falei, efetivamente, V. Exª pode ter opinião divergente, mas V. Exª é um democrata e soube presidir com galhardia esta sessão e este meu pronunciamento.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/11/2010 - Página 50046