Fala da Presidência durante a 186ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem aos grupos vítimas de discriminação e preconceito, o povo negro e demais grupos de minorias.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM. DIREITOS HUMANOS.:
  • Homenagem aos grupos vítimas de discriminação e preconceito, o povo negro e demais grupos de minorias.
Publicação
Publicação no DSF de 20/11/2010 - Página 51159
Assunto
Outros > HOMENAGEM. DIREITOS HUMANOS.
Indexação
  • HOMENAGEM, GRUPO, VITIMA, DISCRIMINAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, NEGRO, INDIO, COMUNIDADE, JUDAISMO, RELIGIÃO, CULTURA AFRO-BRASILEIRA, HOMOSSEXUAL, IMPORTANCIA, DIA NACIONAL, ZUMBI, VULTO HISTORICO, LIDER, LUTA, ESCRAVATURA, INCENTIVO, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO SEXUAL, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, COMEMORAÇÃO, SANÇÃO PRESIDENCIAL, ESTATUTO, IGUALDADE RACIAL, AGRADECIMENTO, REPRESENTANTE, GRUPO ETNICO, PRESENÇA, SENADO.
  • REPUDIO, GRUPO, REGIÃO SUL, NAZISMO, PERSEGUIÇÃO, DIVERSIDADE, CIDADÃO, ESPECIFICAÇÃO, ORADOR, REITERAÇÃO, CONTINUAÇÃO, COMPROMISSO, MANDATO PARLAMENTAR, SAUDAÇÃO, POPULAÇÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).

           O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Mozarildo Cavalcanti, a sua saudação é uma demonstração de que V. Exª é um daqueles homens que lutam contra todo tipo de preconceito.

           Deixem-me dizer para vocês, antes de encerrar, que esta sessão, mesmo sendo numa sexta-feira, teve um brilho especial. Estiveram aqui e conversaram conosco o Senador Magno Malta, a Senadora Ideli Salvatti, a Senadora Fátima Cleide, o Senador Geraldo Mesquita Júnior, o Senador Cristovam Buarque, o Senador Valdir Raupp, o Senador Mozarildo Cavalcanti, este que vos fala aqui e, também, o Senador Adelmir Santana.

           Antes de encerrar a sessão, eu gostaria de manifestar-me rapidamente. Tenho um pronunciamento de 32 páginas. Se eu ler as 32, vocês vão chorar e dizer: Bah! Mas vai ler as 32 a esta hora?

           Já é uma hora da tarde. Não vou ler, mas só vou comentar com vocês que aqui falo da importância deste dia, falo da importância do 20 de novembro, falo da importância do nosso grande líder, Zumbi dos Palmares, que foi assassinado em 20 de novembro de 1685. Mas eu aqui também falo para vocês e para o Brasil, pela TV Senado, que eu não gostaria de que esta sessão só cuidasse da questão do negro ou mesmo do dito atentado, que não é um atentado, ou do que tentaram fazer com este Senador. Mas, sim, como aquela sessão que fez uma homenagem a todos os lutadores, a todos aqueles que foram discriminados e a todos aqueles que não aceitam a intolerância.

           Registro aqui, na minha pequena fala, a minha homenagem também aos indígenas. Milhões foram assassinados, e até hoje que ninguém me diga que os índios não são discriminados.

           Deixo a minha homenagem aos negros e negras deste País que sofrem o preconceito que sabemos que ainda existe e que nós combatemos. Por isso, tivemos que aprovar, e o nosso Presidente Lula sanciona agora, o Estatuto da Igualdade, que contempla, em um artigo específico, o combate às religiões de matriz africana. A minha homenagem não só aos índios e aos negros, mas também à comunidade judaica. Todos sabemos que esses grupos neonazistas agridem, atiram, matam, esfolam, torturam, em pleno século XXI, companheiros judeus.

           E registro aqui também a minha homenagem, na visão de um Brasil de todos, também aos palestinos. A minha homenagem à comunidade cigana, que com brilhantismo ímpar, a senhora aqui representou e emocionou, tenho certeza, o Brasil. E também a minha homenagem àqueles que têm a sua orientação sexual e que são discriminados, são espancados e, repito aqui, são também assassinados. Foram milhares assassinados por aqueles que usam a arma da intolerância.

            Eu queira que, nesta manhã de sexta-feira, o Brasil entendesse que, quando falamos da data de Zumbi dos Palmares - meu amigo Delegado Müller, dirigente da entidade dos delegados, meu amigo Deputado Federal que fez um trabalho brilhante lá na Constituinte, onde estivemos juntos -, quando a gente lembra o 20 de novembro, não pensasse nesta data somente em relação à discriminação do negro. Eu queria que o 20 de novembro, data de Zumbi, pela simbologia heróica desse personagem, fosse a data simbólica de combate a todo tipo de preconceito. Quando falo em feriado nacional, quando eu falo na semana da consciência, tenho esse objetivo. Zumbi é a referência, mas que seja um dia de nós refletirmos sobre o que está acontecendo hoje nas escolas, por exemplo: a agressão aos professores, a agressão de aluno contra aluno. Esta Casa está fazendo diversas audiências sobre o assunto e ainda não achamos o caminho, mas isso fez com que eu apresentasse dois projetos nesse sentido. Olhem a discriminação contra os professores!

            Que este fosse o dia de uma grande reflexão, meus amigos, sobre a questão das drogas que invadem todos os lares, matam as nossas crianças e destroem as famílias. Que fosse um dia de reflexão sobre o combate à miséria e à pobreza. Como ainda pode haver grupos que querem matar meninos e meninas de rua, moradores de rua, em pleno século XXI, repito, quando podemos contestar? Mesmo os Estados Unidos da América elegeram um negro para Presidente da República! A Bolívia, aqui ao lado, elegeu um índio para Presidente!

            E nós aqui no Brasil, com sucesso, é inegável o sucesso, elegemos e reelegemos um nordestino para Presidente da República, um operário, chamado Luiz Inácio Lula da Silva! E esse mesmo nordestino teve a ousadia de indicar, e o povo acatou e elegeu, pela primeira vez, uma mulher Presidente da República, que se chama Dilma Rousseff! (Palmas.)

            Eu chego a dizer que, apesar de tudo, a nossa geração é uma geração vencedora, meu amigo Müller. Nós enfrentamos e derrubamos a ditadura. Nós escrevemos uma nova Constituição. Nós, como eu dizia, no Estado democrático de direito, elegemos um Presidente que veio da classe operária. Nós, agora, elegemos uma mulher, e nós podemos apontar caminhos. E permito que eu dê esse exemplo de caminhos da fraternidade, da solidariedade, da igualdade e da construção de um mundo melhor para todos.

            Quero aqui, sim, fazer uma homenagem ao meu Rio Grande. O Rio Grande do Sul, digam o que digam... O Rio Grande do Sul, permita que eu diga... O Rio Grande do Sul, como eu havia dito antes, elegeu o primeiro Deputado negro, elegeu o primeiro Governador negro, elegeu e reelegeu, com o dobro de votos - em 6 milhões e 200 votos válidos, nós fizemos quase 4 milhões -, numa demonstração de que o Rio Grande do Sul não aceita a intolerância. O Rio Grande do Sul combate, sim, os preconceitos. O Rio Grande do Sul e o Brasil não aceitam, e por isso elegeram Lula, e por isso elegeram Lula.

            Nós estamos vivendo um grande momento!

            Esses grupos são minoritários, mas minoritários mesmo. Para mim, 99,9% do povo brasileiro não aceita grupos que agem da forma como aqui foi mostrado. Há um outro vídeo que o delegado ia mostrar e que, por problema de tempo, não mostrou, onde eles elegeram alguns alvos no mundo. E aí há pessoas do mundo todo, e nós estamos incluídos entre esses que eles elegeram. Não nos intimidam! Não nos assustam! Podem ter certeza de que o nosso mandato durante estes oito anos e durante toda a minha vida sempre vai ser em defesa daqueles que são discriminados. (Palmas.) Podem ter certeza absoluta! Não estou preocupado com segurança. Estou preocupado, sim, no sentido de que nós todos temos que caminhar juntos na construção de um mundo melhor para todos.

            Enfim, meus amigos, vocês que foram muito tolerantes, chegaram aqui às nove horas da manhã - meu amigo Müller e meu amigo Delegado César, que se deslocaram lá do Rio Grande, inclusive ficaram no sindicato à noite, porque não havia tempo legal para eu processar aqui no Senado, para conseguir as passagens e hotel, voluntariamente, gasto zero para o Senado, mas estão aqui, como outros convidados, porque hoje é um dia muito, muito importante para todos nós. Tomara, tomara, como aqui foi dito, que a gente faça de todos os dias da nossa vida uma profissão de fé no combate a todo tipo de preconceito!

            Muito obrigado a todos vocês! Como é bom saber que, no mundo, existem pessoas iguais a vocês! (Palmas.)

            Por uma questão protocolar, tenho que encaminhar ainda as seguintes questões.

            Encerrada essa parte da sessão, a Presidência determina a publicação do expediente que se encontra sobre a mesa. E peço também que meu pronunciamento de 32 páginas seja publicado. Eu não quis judiar de vocês, porque é judiar o termo, mas ele fica à disposição de todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/11/2010 - Página 51159