Discurso durante a 191ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do centenário da Associação Psicanalítica Internacional.

Autor
Acir Gurgacz (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RO)
Nome completo: Acir Marcos Gurgacz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do centenário da Associação Psicanalítica Internacional.
Publicação
Publicação no DSF de 26/11/2010 - Página 52884
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SENADO, HOMENAGEM, CENTENARIO, ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL, PSICANALISE, ELOGIO, COMPETENCIA, MEDICO, CIENTISTA, FUNDADOR, IMPORTANCIA, TEORIA, QUEBRA, PARADIGMA, DESCOBERTA, ORIGEM, PROBLEMA, SAUDE MENTAL, RELEVANCIA, ENTIDADE, DIFUSÃO, CONHECIMENTO, APRESENTAÇÃO, DADOS, EXPANSÃO, MUNDO.
  • CONGRATULAÇÕES, FEDERAÇÃO NACIONAL, PSICANALISE, ELOGIO, ATUAÇÃO, BRASIL, DIVULGAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, CONHECIMENTO, PUBLICAÇÃO, PERIODICO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ACIR GURGACZ (PDT - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Boa tarde, Sr. Presidente, Exmº Senador Mão Santa; primeira signatária da presente sessão, Exmª Senadora Marisa Serrano; Presidente da Federação Brasileira de Psicanálise, Dr. Leonardo Francischelli; ex-presidente do Instituto da Associação Psicanalítica Internacional, Dr. Cláudio Eizirik; senhoras e senhores presentes, inicialmente, quero cumprimentar a Senadora Marisa Serrano e os demais colegas que firmaram o requerimento para que o tempo destinado aos oradores no Período do Expediente nesta Sessão Deliberativa seja dedicado a comemorar o centenário da Associação Psicanalítica Internacional.

            A homenagem, Sr. Presidente, é das mais justas e das mais oportunas. Afinal, decorridos 110 anos desde que Sigmund Freud publicou “A Interpretação dos Sonhos” e 100 anos desde que o mesmo Freud criou a Associação Psicanalítica Internacional, a comunidade científica já não tem qualquer dúvida de que a psicanálise significou uma revolução na maneira como o ser humano vê a si mesmo. E o fez com tal impacto, com tal capacidade de abalar os preconceitos dominantes da sociedade, que pode ser considerada uma das grandes conquistas do século XX e, consequentemente, de toda a história da humanidade.

            Há pouco mais de um século, ao analisar os distúrbios nervosos de seus pacientes, os neurologistas só davam importância, praticamente, aos fatores químicos, físicos e anatômicos. Os fatores psíquicos eram menosprezados como coisa que caberia muito mais nos campos da filosofia ou da religião.

            Foi preciso que Freud, com sua notável intuição, com seu aguçado poder de síntese, com sua invejável capacidade de sistematização, nos alertasse para as motivações inconscientes de nossos atos e, mais que isso, desenvolvesse uma teoria e uma nova disciplina científica para buscar entendê-las e estudá-las.

            A investigação dos processos mentais nunca mais seria a mesma.

            Nas décadas seguintes, o próprio Freud e figuras importantes como Carl Gustav Jung, Klein, Winnicott e Lacan, entre outros, cuidariam de consolidar a psicanálise como um instrumento fundamental no exame de nossas emoções... Quanto aos discípulos, muitas vezes divergindo do mestre, é verdade - como foi o caso de Jung -, mas jamais questionando o fato por ele apontado: o fato, hoje incontestável, de que nossos pensamentos, nossas palavras e nossas ações não são comandados, unicamente, pelos padrões do consciente e do subconsciente; o fato de que eles são influenciados, e muito, por uma série de outros estímulos, não percebidos no nível da consciência...

            Em todo esse trabalho de afirmação da psicanálise, Sr. Presidente - um trabalho que envolve o desenvolvimento de uma ciência de investigação da mente, a elaboração de um sistema teórico sobre a vivência e o comportamento dos seres humanos, e a consolidação de um método de tratamento psicoterapêutico -, tem sido fundamental o papel desempenhado pela Associação Psicanalítica Internacional.

            A Associação que foi criada, como aqui já se afirmou, pelo próprio Freud, com o objetivo de congregar as sociedades psicanalíticas que começavam a se espalhar pelo mundo, normatizar a formação de profissionais e evitar que a nova área de conhecimento fosse alvo de aventureiros que a pudessem desvirtuar.

            A tais objetivos, a Associação Psicanalítica Internacional tem se mantido fiel, ao longo dos últimos 100 anos.

            Coordenando todo o movimento psicanalítico mundial, congregando 70 sociedades nacionais situadas em 33 países e com mais de 12 mil profissionais associados, organizando a cada dois anos congressos e pré-congressos internacionais, organizando ainda conferências regionais que reúnem analistas de países vizinhos, editando regularmente o Jornal Internacional de Psicanálise, dando aval à publicação regular do boletim Newsletter, promovendo a troca de experiências e o fluxo contínuo de informações entre profissionais das mais diversas regiões e dos mais diversos países, a entidade se coloca como referência máxima da psicanálise na escola global.

            Por tudo isso, Sr. Presidente, renovo minha convicção de que as homenagens aqui prestadas à Associação Psicanalítica Internacional, neste ano em que ela completa um século de existência, são extremamente justas e merecidas.

            Mas eu não poderia celebrar a atuação dessa entidade, sem destacar também o belíssimo trabalho que vem sendo desenvolvido pela Federação Brasileira de Psicanálise, a Febrapsi. Fundada em 1967 - e já tendo completado, portanto, mais de 40 anos de atuação -, a Febrapsi articula as ações de doze sociedades de psicanálise, dois grupos de estudos e dez núcleos de psicanálise existentes no Brasil.

            E desenvolve, em nível nacional, aquelas ações que a Associação Psicanalítica Internacional desenvolve em nível mundial. Realiza, a cada dois anos, congressos brasileiros de psicanálise e produz regularmente a Revista Brasileira de Psicanálise, publicando, ainda, o Febrapsi Notícias, com atualidade do setor, o Roster da Febrapsi com a lista de todos os psicanalistas nela cadastrados.

            Por fim, é justo que eu destaque ainda o “trabalho de formiguinha” executado nas sociedades regionais, nos grupos de estudos e nos núcleos de psicanálise. É na base, afinal, que surgem as experiências mais interessantes e se trocam as mais ricas informações. E são essas experiências e informações que, transmitidas às entidades de maior abrangência geográfica, acabam contribuindo enormemente para o desenvolvimento da psicanálise.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao longo destes cento e poucos anos, a psicanálise já incomodou muita gente... Deve confortar, porém, a seus profissionais o fato de que ela incomodou, quase que exclusivamente, as forças obscurantistas. Incomodou, por exemplo, os nazistas que nela enxergavam uma manobra judaica para atrapalhar seus planos hegemônicos. Incomodou os comunistas ortodoxos, que teimavam em vê-la como manifestação de individualismo pequeno-burguês.

            Quanto às forças da razão, as forças sinceramente empenhadas no crescimento do ser humano, essas, tenho certeza, continuarão a entendê-la como um poderosíssimo instrumento científico e terapêutico.

            Nesse sentido, o trabalho desenvolvido por nossos psicanalistas - que faço questão de cumprimentar com muito respeito e muita admiração -, pelas sociedades, pelos grupos de estudo, pelos núcleos de Psicanálise, pela Federação Brasileira de Psicanálise e muito especialmente pela Associação Psicanalítica Internacional, que hoje homenageamos pelo transcurso de seu centenário, continuará a ser decisivo.

            Era o que eu tinha para dizer.

            Obrigado.

            Parabéns a todos. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/11/2010 - Página 52884