Discurso durante a 191ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a violência registrada, nos últimos dias, na cidade do Rio de Janeiro, parabenizando tanto o governador Sérgio Cabral pela determinação de manter o funcionamento das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nos morros cariocas, quanto o Ministro Nelson Jobim pelo apoio das Forças Armadas, por determinação do Presidente Lula, àquele Estado.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), GOVERNO ESTADUAL. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Preocupação com a violência registrada, nos últimos dias, na cidade do Rio de Janeiro, parabenizando tanto o governador Sérgio Cabral pela determinação de manter o funcionamento das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nos morros cariocas, quanto o Ministro Nelson Jobim pelo apoio das Forças Armadas, por determinação do Presidente Lula, àquele Estado.
Publicação
Publicação no DSF de 26/11/2010 - Página 52951
Assunto
Outros > ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), GOVERNO ESTADUAL. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, GOVERNO FEDERAL, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA DEFESA, GOVERNADOR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), OPERAÇÃO, COMBATE, TRAFICANTE, DROGA, FAVELA, ELOGIO, TRABALHO, POLICIA, PACIFICAÇÃO, DETALHAMENTO, FUNCIONAMENTO, PROJETO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, LOCAL, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, REDUÇÃO, TRAFICO, ENTORPECENTE, REGISTRO, RECONHECIMENTO, RESPEITO, POPULAÇÃO, RELEVANCIA, DETERMINAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ENCAMINHAMENTO, APOIO, FORÇAS ARMADAS, APRESENTAÇÃO, ORADOR, SOLIDARIEDADE, GOVERNO ESTADUAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, venho a esta tribuna, como todo o Brasil, boquiaberto com o que está acontecendo no Rio de Janeiro.

            Claro que todos nós estamos nos acostumando com a violência, com os desmandos, com os exageros que acontecem hoje, não apenas nas grandes cidades, mas praticamente em todas as regiões pelo Brasil e pelo mundo. Mas no Rio de Janeiro é um desafio muito importante.

            O Governador do Estado teve realmente um desafio muito importante nas favelas do Rio de Janeiro. A Polícia pacificadora é algo que vai além do que se possa imaginar da profundidade do seu resultado.

            Lembro quando o Governador e o Presidente da República inauguraram - e eu desta tribuna analisei como sendo qualquer coisa de emocionante - o trabalho do Governador, da Prefeitura do Rio e do Presidente da República, dos três órgãos, nos morros e favelas do Rio de Janeiro.

            Aquele pronunciamento do Lula dizendo que ia mudar as favelas, que as favelas haveriam de se transformar em algo muito diferente, aquelas promessas do elevador vertical, aquelas promessas de construção de escolas integradas, de pavimentação, de levar o básico do necessário às favelas, começou a andar, começou a aparecer. Mas o mais importante foi exatamente a ação da polícia, ação inovadora e realmente positiva.

            Normalmente, nas favelas do Rio de Janeiro, aliás, nos grandes bairros das grandes cidades, a polícia é o inimigo. A polícia, de certa forma, é quase que o bandido. Muitas vezes a população protege o homem da droga, o homem da violência, que é o que distribui favores, que distribui dinheiro.

            Polícia pacificadora. Em vez de vir, ficar dois dias e ir para outro bairro, praticamente não tendo afinidade, não tendo intimidade, não tendo conhecimento nenhum da região... Muitas vezes, inclusive, o que é levado, em nível de necessidade da favela, é levado pela própria polícia, onde ela é vista com respeito. Realmente, ninguém estava acostumado a isso, que teve seu efeito.

            Então, de repente, a análise que se faz de uma determinada favela - e muitas estão nessa situação - é completamente diferente da que se fazia até então. A polícia entra, fica, fiscaliza, identifica-se, é conhecida e é respeitada. E o Governo do Estado vai levando na questão da escola, na questão da saúde, na questão do lazer, na questão do saneamento básico. E o resultado apareceu.

            As grandes manchetes, as grandes notícias eram exatamente nesse sentido, mas está mudando. O que este Governador conseguiu que, pela primeira vez, as coisas estão funcionando? O crime está diminuindo, as mortes estão desaparecendo; o tráfico do crack não desapareceu, mas está diminuindo. E agora se está vendo uma consequência: isso atingiu o tráfico organizado, atingiu os interesses, ainda que indecentes, daqueles empresários do mal que atuavam. Seus negócios estão caindo, eles estão quase quebrando.

            E o que aconteceu? Eles resolveram baixar para a cidade. A polícia pacificadora subiu para as favelas? Está lá nas favelas, está entrosada nas favelas? Então, as gangues, o tráfico, a quadrilha baixou para a cidade. Estão atuando na cidade. Há quase que uma guerra civil no Rio de Janeiro. Uma coisa que é fácil de fazer e cuja repercussão é enorme, que é queimar ônibus, queimar carro, está acontecendo dez, vinte, trinta vezes, uma atrás da outra.

            O desafio é impressionantemente, terrivelmente claro. As gangues estão pedindo que a polícia pare com a polícia participativa, com a polícia pacificadora. Que pare, que encerre esse tipo de trabalho e volte a ser como era antes.

            Dá para entender o que está acontecendo? O crime organizado lança chamas, bota fogo no Rio de Janeiro, deixa a cidade em pé de guerra e diz para o Governador: “O senhor pare com essa tal polícia pacificadora, saia com essa polícia das favelas, devolva-a para o centro, para a cidade, para os bairros, para a cidade normal e devolva a favela para nós”.

            Meus cumprimentos, Governador! A sua resposta só poderia ter sido a que V. Exª deu: a Polícia Pacificadora vai continuar. O trabalho do Governo do Rio de Janeiro fundamentado nessa bandeira sensacional vai continuar.

            Li, hoje, nos jornais, que a futura Presidente da República disse que já está determinando à sua gente que olhe para essa terra.

            Antes de vir à tribuna, procurei dar um telefonema e tive a felicidade de encontrar e falar com o Ministro da Defesa, Nelson Jobim. S. Exª disse que está em contato permanente com o Rio de Janeiro e com seu Governador e, por determinação do Presidente Lula e de S. Exª, ele está inteiramente à disposição para fazer o controle que for necessário e a ação que for necessária do Governo Federal - Marinha, Exército e Aeronáutica - nessa operação.

            Meus cumprimentos ao Ministro, que já deve ter conversado com o Governador. Acho que vai ser muito bom tomarmos conhecimento, amanhã, de uma operação entre Marinha, Exército e Aeronáutica, Governo Federal e Governo do Estado. Mantém os órgãos da Polícia Pacificadora, amplia, como quer o Governador, corretamente, para outras regiões, para outras favelas, para outros morros, e o Governo vai manter, vai garantir, vai bancar o que for necessário na cidade.

            O Governador não vai precisar determinar que a Polícia Pacificadora saia da favela e vá para a cidade para acalmar os incêndios nos carros da cidade, e devolva a favela para as gangues organizadas.

            Manter, manter e ampliar o que existe hoje, e o Governo Federal lhe dando a garantia, a absoluta garantia de que não vai faltar numa hora como esta, num momento como este.

            A luta entre a polícia e o crime organizado é muito cruel, é muito injusta. De um lado, vemos, nas operações, o encontro, de armas na mão, dos bandidos, com um material muito mais moderno, muito mais avançado do que o das Forças Armadas. É tecnologia de primeira.

            Agora, há três dias, lá no Rio apareceu uma fábrica, uma fábrica de crack, minifábrica, mas a organização total e completa nesse sentido.

            Lamentavelmente, a ética, a moral, a seriedade, o relacionamento, o entendimento, o entrosamento no sentido de combater o crime e apurar todos os desvios não são fáceis no Brasil. São, digamos assim, alguns dos males do nosso País.

            Por isso, esta operação que tem levado manchete de respeito no Rio de Janeiro, não só ao nosso querido Governador Cabral e à sua equipe, mas à própria polícia, que, nesse trabalho dos órgãos da Polícia Participativa e Pacificadora, tem tido respeito, admiração e alegria da sociedade. Seria uma pena, Presidente Lula, seria uma pena, Presidente Dilma, se, de repente, mediante a arrogância ridícula, grosseira, brutal dos gângsteres donos do comércio criminoso do tráfico e da droga, que fizeram o desafio ao Governo - “saiam da favela, que nós paramos de incendiar o Rio” -, seria o máximo se a polícia saísse do bairro, da vila, da favela.

            Agradeço e felicito o Ministro Jobim pela sua competência, pela sua atuação e felicito o Governo Lula pelo apoio que está dando e tenho certeza de que dará ainda mais.

            Que esse desafio dos gângsteres tenha uma resposta positiva, uma resposta realmente à altura do que eles merecem. Se isso for conseguido, se essa luta endoidecida dos drogados, dos gângsteres no centro do Rio for acalmada e eles tiverem que recuar, e se o Governador conseguir levar adiante o seu trabalho nos montes, nos morros do Rio de Janeiro, vai ser uma grande vitória, uma grande vitória.

            Quando estamos em vésperas, há um mês e pouco de mudar o Presidente da República e os governos de todos Estados e quando essa questão da segurança é tida talvez como a mais grave de todo o Brasil de hoje, uma boa maneira de o Lula encerrar o seu Governo, uma boa maneira de a Presidente Dilma assumir o seu Governo é prestigiarem o Governador do Rio de Janeiro, é prestigiarem esse trabalho e, junto com esse trabalho, dar força para que ele possa se espalhar pelo Brasil inteiro.

            Minha solidariedade ao meu querido Governador do Rio. Meu abraço fraterno.

            Sinceramente, o Rio não está só nesta questão, porque ela realmente é fruto de um trabalho altamente positivo que o Governo fez de uma maneira concreta, que, talvez, como nunca tenha conseguido chegar lá. O morro está recebendo. Hoje quem fala no morro é a polícia, com respeito, com credibilidade. E, se Deus quiser, isso vai se consolidar.

            Com a palavra o Senhor Presidente, Sr. Presidente.

            Tenho certeza de que o estudo que o Ministro Jobim levará a Sua Excelência e os diálogos de S. Exª o Governador do Rio de Janeiro serão bem sucedidos, se Deus quiser!

            Obrigado, Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/11/2010 - Página 52951