Discurso durante a 195ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino.

Autor
Roberto Cavalcanti (PRB - REPUBLICANOS/PB)
Nome completo: Roberto Cavalcanti Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.:
  • Comemoração do Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino.
Publicação
Publicação no DSF de 01/12/2010 - Página 54391
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, SOLIDARIEDADE, POVO, PAIS ESTRANGEIRO, PALESTINA, REGISTRO, HISTORIA, GUERRA, REGIÃO, COMENTARIO, SUPERIORIDADE, NUMERO, REFUGIADO, CONCLAMAÇÃO, URGENCIA, RESOLUÇÃO, CONFLITO, REITERAÇÃO, POSIÇÃO, BRASIL, DEFESA, PAZ, SIMULTANEIDADE, EXISTENCIA, DIVERSIDADE, ESTADO, PAISES ARABES, JUDAISMO, ESFORÇO, GOVERNO BRASILEIRO, APOIO, DIALOGO, GOVERNO ESTRANGEIRO, ISRAEL, ESPECIFICAÇÃO, VISITA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APROVAÇÃO, SENADO, PROJETO DE LEI, AUTORIZAÇÃO, DOAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, RECONSTRUÇÃO, AREA.
  • LEITURA, TRECHO, DISCURSO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), NECESSIDADE, ACORDO, GOVERNO ESTRANGEIRO, PALESTINA, ISRAEL.
  • REGISTRO, RELATORIO, CONSELHO ECONOMICO SOCIAL, INFORMAÇÃO, APROPRIAÇÃO, PERCENTAGEM, TERRAS, CULTIVO, REGIÃO, PAIS ESTRANGEIRO, PALESTINA, RETENÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, IMPOSTOS, ALFANDEGA, IDENTIFICAÇÃO, MOTIVO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO ECONOMICA.
  • SOLICITAÇÃO, PRIORIDADE, POLITICA EXTERNA, DILMA ROUSSEFF, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APOIO, PAZ, ORIENTE MEDIO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (PRB - PB. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há pouco mais de sessenta anos, o mundo testemunhou a brutal expulsão de mais de 800 mil palestinos de suas cidades e vilarejos e a matança covarde e injustificada de civis inocentes.

            Hoje, estima-se que sejam 4,5 milhões o número de palestinos refugiados, a maioria deles vivendo em condições subumanas, difíceis de acreditar que ainda existam em pleno século XXI.

            Não restam dúvidas, Senhoras e Senhores, que a dramática situação em que se encontram os palestinos constitui uma das chagas mais profundas da humanidade nos dias de hoje, chaga essa que precisamos urgentemente extirpar.

            Não é outro, senão esse, o motivo de realizarmos esta Sessão Solene destinada a prestar solidariedade ao povo palestino, somando nossas vozes às milhares de outras que, simultaneamente, realizam este mesmo gesto, no Brasil e no mundo.

            Em recente discurso pronunciado na Assembleia Geral da ONU, o Presidente Barack Obama fez questão de deixar clara a necessidade de restabelecermos logo a paz na região.

            Disse o Presidente Obama naquela ocasião:

Após milhares de anos, árabes e judeus não são estrangeiros numa terra estrangeira (...). Se um acordo não for alcançado (...) a Terra Santa permanecerá como um símbolo de nossas diferenças, ao invés de nossa humanidade comum.

            Somos um país pacífico.

            Temos, é bem verdade, inúmeros problemas de violência pontual, seja em áreas indígenas - como o ocorrido na Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima - seja em áreas urbanas, como os recentes acontecimentos no Rio de Janeiro, que nos deixaram, ao mesmo tempo, estarrecidos e preocupados.

            Contudo, não é da índole do brasileiro o sectarismo de qualquer natureza.

            Por esse motivo, historicamente, apoiamos a coexistência pacífica entre um futuro Estado Palestino e o Estado de Israel.

            Temos profundos laços de amizade com ambos os povos - árabes e judeus - e desejamos, ardentemente, que todos vivam em paz, em harmonia, para que possamos construir um mundo melhor, baseado nos laços da cooperação e da amizade.

            O Estado brasileiro tem empreendido diversos esforços diplomáticos em apoio à causa palestina, sobretudo durante os dois mandatos do Presidente Lula. 

            No ano passado, por exemplo, foram recebidos em Brasília, em curto intervalo de tempo, numa visita histórica, o Primeiro-Ministro de Israel, Shimon Perez e o Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

            No início deste ano, em visita ao Oriente Médio, o Presidente Lula visitou o mausoléu de Yasser Arafat, e se disse disposto a conversar com todas as partes envolvidas no conflito, em busca da paz.

            Na ocasião, foi inaugurada a “Rua Brasil”, em Ramallah, gesto que guarda profundo significado simbólico.

            Também o Senado deu sua contribuição.

            Aprovamos a Lei n.º 12.292/2010, que autorizou o Governo Federal a doar R$ 25 milhões para a reconstrução de Gaza.

            Realmente, essa é uma contribuição mais do que necessária, embora pequena, porque a situação em Gaza é realmente crítica e necessita da ajuda de todos.

            Enfim, Senhoras e Senhores, resta claro que estamos fazendo a nossa parte, seguindo as diretrizes emanadas na Constituição Federal, que coloca como princípios basilares de nossas relações internacionais a autodeterminação dos povos, a não-intervenção, a solução pacífica dos conflitos e a defesa da paz.

            O gesto que hoje adotamos neste Plenário, esta Sessão Solene, é uma manifestação inequívoca de que também o Senado do Brasil empresta seu total repúdio à situação em que se encontra o povo palestino - um verdadeiro crime de lesa-humanidade.

            Quero citar aqui apenas alguns exemplos do que ali acontece, Sr. Presidente, fatos que nos deixam envergonhados, como seres humanos:

            Durante a Guerra Fria, o “muro da vergonha” dividia Berlim ao meio - muitos, no Ocidente, protestavam....; hoje, um outro muro da vergonha, de 790 quilômetros de extensão, e oito metros de altura, além de 700 check-points, fixos ou móveis, dificultam o acesso da população palestina ao trabalho, à saúde, à diversão - à liberdade, enfim.... O isolamento exclui os palestinos da globalização e esconde do mundo os efeitos da ocupação israelense na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

            É uma situação humilhante, Senhoras e Senhores que, inclusive, já foi declarada ilegal pela Corte Internacional de Justiça.

            O número de refugiados passa de 5 milhões.

            É a maior população de expatriados do mundo. De cada três refugiados do planeta, um é palestino.

            A maioria da população palestina vive em condições de pobreza.

            Em 2007, um relatório do Conselho Econômico e Social da ONU revelou que pelo menos 15% de todas as terras cultiváveis da Cisjordânia, principalmente as mais férteis, foram tomadas com a construção do muro erguido por Israel sob o argumento de proteger o país de atentados.

            E apontou ainda que a grave situação financeira dos palestinos também se deve aos US$ 60 milhões de impostos alfandegários retidos por Israel.

            Esses são apenas alguns exemplos da triste situação do povo palestino, que clama por um fim a esses longos anos de martírio!

            Contudo, como político, sou um otimista.

            Creio no poder do diálogo e do entendimento para resolver os problemas humanos.

            Abomino qualquer forma de violência e de discriminação.

            Assim como fomos capazes de derrubar o muro de Berlim e pôr fim ao horrendo regime do apartheid, na África do Sul, haveremos também de ser capazes de lograr a paz no Oriente Médio.

            Para que isso aconteça precisamos, sobretudo, ter fé e desarmar nossas mentes e nossos corações.

            Faço, portanto, aqui desta tribuna, um apelo veemente a todos os governantes mundiais, a todos os homens de boa vontade, para que unamos nossos esforços nesta causa.

            Apelo à Presidente eleita, Dilma Rousseff, para que coloque, como uma das prioridades da política externa do seu governo, a paz no Oriente Médio, berço da civilização e centro das três maiores religiões do mundo: o cristianismo, o islamismo e o judaísmo.

            Cada vida que se perde nesse conflito, é um tesouro que se vai!

            Que árabes e judeus possam, enfim, viver pacifica e harmonicamente, lado a lado, ombro a ombro, trabalhando juntos em prol de um mundo melhor, como, aliás, o fazem aqui, no nosso amado Brasil.

            Encerro este pronunciamento lembrando o inesquecível Mahatma Gandhi: “Não existe um caminho para a paz; a paz é o caminho!”

            Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/12/2010 - Página 54391