Discurso durante a 196ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações acerca da crise de segurança pública no Rio de Janeiro e dos motivos que a causaram, com destaque para a responsabilidade do governo federal. (como Líder)

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Considerações acerca da crise de segurança pública no Rio de Janeiro e dos motivos que a causaram, com destaque para a responsabilidade do governo federal. (como Líder)
Aparteantes
Jayme Campos.
Publicação
Publicação no DSF de 02/12/2010 - Página 54896
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • COMPARAÇÃO, HISTORIA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), GRAVIDADE, VIOLENCIA, ATUALIDADE, IMPUTAÇÃO, RESPONSABILIDADE, GOVERNO FEDERAL, CRITICA, MANIPULAÇÃO, IMPRENSA.
  • COBRANÇA, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, QUALIDADE, CANDIDATO ELEITO, VOTAÇÃO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, PISO SALARIAL, POLICIAL, ANTERIORIDADE, POSSE, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente José Sarney, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui, no plenário, e que nos acompanham pelo Sistema de Comunicação do Senado, o País todo viveu o problema da violência, que não é de hoje, e também não se resolveu hoje. Já no Parlamento italiano, se lermos os discursos de Cícero, Mário Couto, está lá escrito: pares cum paribus facilime congregantur. Isso quer dizer que pancada atrai pancada, violência atrai violência.

            Nós temos vivido a influência da mídia, e aí aparecem os deuses. Mas, eu quero dizer que, na minha profissão - ali está o Augusto Botelho, que é um médico -, nós damos valor à origem das coisas. A violência - toda mídia coroa o que aconteceu no Rio de Janeiro, mas eu quero advertir que o Rio todos nós conhecemos. Eu, particularmente, estudei no Rio de Janeiro e fiz residência, Mozarildo, no Hospital do Servidor do Estado - Augusto Botelho, que também andou pela Sacadura Cabral.

            Quero dizer que a violência é coisa nossa, nossa, nossa. A violência é a cara do Governo Luiz Inácio, que se acaba. É coisa nossa. Não era assim. Nós somos, Mozarildo, garotos da Praça Mauá, dos anos 60. Estudamos ali, vivemos ali.

            Ali está o Dornelles.

            A violência é coisa, é obra de Luiz Inácio. É esta a herança maldita. E isso não era assim, não. Não venha com coisa, não. Eu sou garoto da Praça Mauá. Ouvindo, Dornelles? Da Praça Mauá, dos anos 60. Não tinha nada disso, não.

            No Rio de Janeiro, nos agradava a presença, Sarney, de malandro. Presidente Sarney ali, do seu hotel, na Praça do Flamengo. Como é o nome do hotel, Sarney? O seu, tradicional? Do hotel, ali na Praça do Flamengo. Hotel Glória. Glória a Deus. Esse era o Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro, eu sou garoto da Praça Mauá. Violência? É obra, a grande obra que Luiz Inácio deixou. Não era assim, não. Não tinha nada disso, não. Nós vivemos no Rio. Foi a herança maldita que a Dilma recebeu.

            Está aí o filme Tropa de Elite 2 - a realidade, ô Dornelles; V. Exª assistiu Tropa de Elite 2? Assistiu. A violência é a grande obra de Luiz Inácio. É a herança maldita que a pobre Presidente vai receber. Não era assim, não. Eu sou garoto do Rio. O Rio tinha malandros, a gente gostava. Não tinha essa conversa, não. Ninguém mais do que eu...

            Olha, Dornelles, eu pegava ali, na Praça Mauá - eu tinha uma tia no Leblon. Eu ficava no Jardim de Alá para pegar só um ônibus. Andava, do Hospital do Servidor, nos anos 60, 70, a pé até a Praça Mauá para pegar o ônibus. E, de lá, saltava no Jardim de Alá. Andava sete ou oito quadras para ir lá para Cupertino Durão, ao lado do Cine Leblon. A vida toda. Tinha isso, não. Isso foi a grande obra, Patrícia, do Luiz Inácio: a violência. A grande herança maldita, que nós temos de ajudar Dilma.

            Agora, isso aí não foi a causa, não! Ô José Agripino, o Rio Janeiro, nós conhecemos. Somos garotos da Praça Mauá. Ninguém mais do que eu gosta do Rio de Janeiro. Fazia todo o ano reciclagem em cirurgia. Não tinha isso, não. Agora, nesses últimos anos, a gente saltava no Galeão e já passava e sabia ali, ali era o Complexo do Alemão. Então, o que houve? Foi uma vitória, e tinha de ter. Olha que aquilo ali é no terraço da Aeronáutica. É no terraço da Marinha; e o Exército está ali. Então, foi uma guerra contra um núcleo do crime. No Brasil, no grandioso Brasil da mentira plantada por Luiz Inácio. Um morrinho, ô Dornelles. O Rio, você conhece. Aquilo ali nós conhecemos. Fui médico lá. Pegou? Não resolveu nada. A Aeronáutica é ali, é o terraço. O Morro do Alemão é o terraço da Aeronáutica, é o terraço da Marinha, e o Exército estava lá. Então, se nossas gloriosas Forças Armadas não conseguissem tomar um morro, era desgraça muita.

         Aí vem a mídia... A verdade é Tropa de Elite 2. Está aí o filme de Luiz Inácio. Ô José Agripino, estão vendendo o filme de Luiz Inácio assim: 12 por R$1,00, e ninguém quer. Os camelôs estão vendendo 12 por R$1,00. Filas para o Tropa de Elite 2, porque é a verdade. É aquilo ali. Não se resolveu nada, nada.

         Ô Augusto Botelho, é no terraço da Aeronáutica. Todo o Exército e toda a Marinha tomaram o Morro. Olhem a extensão do Brasil, olhem a violência no meu Piauí. Hoje, o Mário Couto dissertou sobre a violência lá na Ilha do Marajó, lá no Pará. Não houve nada, não. E isto aqui, José Agripino, tem sido uma farsa.

            Eu conheço, eu sei.

            Olhem aqui, fui a Cuba. Lá eles têm o dinheiro deles, não é, José Agripino? Vamos chamar de cubano. Dólar só para turistas, não é verdade, José Agripino? Eles têm um dinheiro. É pouco, mas é o seguinte: comparei o dinheiro deles. Eu sei que o governo paga água, paga luz; o Che Guevara deu as casas dos ricos. Mas, José Agripino, sabe quantos cubanos ganha um médico - o dinheiro deles? Seiscentos, quinhentos. Um soldado lá ganha 900 - é quem ganha mais. Um engenheiro deve ganhar igual a um médico - 500 ou 600. Um soldado de Cuba é o que ganha mais. Por que não se aprende aqui?

            Isso tudo, Augusto Botelho, é uma farsa. E, pior ainda, é quando o Presidente da Câmara vai ser o Vice-Presidente da República.

            Sem o dinheiro, sem essa PEC 300, enganaram os soldadinhos. A verdade está no Tropa de Elite 2. Hoje, o general do glorioso Exército... Ô Dornelles, eu sou oficial da reserva, o Luiz Inácio não é, não. Hoje, sabe o que disse um oficial do Exército? “Não, a Dilma não tem culpa. Não sei nem se ela fez bandeirante”.

            Eu sou oficial da reserva, eu fiz CPOR. Sabe o que o general disse? Ô Dornelles, sabe o que o general disse? “Não, o Exército não pode ficar ali, não, há promiscuidade. Vão se corromper os militares do Exército, da Aeronáutica”.

            Tem que ser ligeiro. Foi uma manobra planejada por dois anos, da Aeronáutica, da Marinha e do Exército. Planejada. Meditada. Nossos parabéns. São forças formadas para guerra. Tomaram. Levaram dois anos. Tudo foi certinho, foi planejado. Como, Dornelles, eu faço uma cirurgia: tem que planejar antes, o pré-operatório, saber aonde vai. Eles planejaram e foi aquele êxito. Um morro. Um morro. Olha o mapa do Brasil. Olha a extensão territorial. Que resolver o problema! O Ministro da Defesa aparece, o Governador, e o povo assistindo. Resolver o quê? Um morro.

            Ô Rio, quantos morros? Quantas favelas? Quantas coisas?

            Acabou nada, ali foi uma tomada. O que tem de acabar, Presidente, é a sem-vergonhice do Congresso. Cadê a PEC 300, que dá um dinheirinho, pouco, para os militares?! Enganaram os bichinhos tudinho...

            No Piauí, ganha R$ 1.000,00 um soldado; no Pará também. Quanto ganha? - e eu faço uma pergunta ao povo brasileiro, ao Dornelles, que é do Rio, ao Cabral... Mocinha, a verdade está no Elite 2. Vá assistir ao Elite 2, brasileiro. Quanto ganha um soldado? Dornelles, quanto ganha um homem da Justiça, um Ministro do Supremo Tribunal? O Sr. Jobim, com as suas aposentadorias? Quanto ganha um soldado? Deus colocou essa gente com cem estômagos e o soldadinho só com um? Eles ganham R$ 1.000,00 no meu Piauí, no Pará. Agorinha, o Mário Couto me disse que ganham R$ 1.100,00.

            Então, é isso.

            Agora, é mais grave quando o Presidente da Câmara, que está em cima dessa PEC que foi aprovada aqui, que é justa e é correta, pelo menos a que passou aqui, que fiz cinco sessões para ser aprovada, a do Renan Calheiros, que é a do Governo, a 45, que dá um salário de R$ 3.500,00... Para o Nordeste é uma coisa, porque a PEC 300 quer igualar todos a Brasília, porque eles ganham bem mais. Eu mesmo disse que estava enganando a eles, aos soldados brasileiros, que tinha de ser assim: era aprovada a do Renan, que o Renan é do Governo, e fiz votar aqui cinco sessões noturnas para se aprovar, porque era um avanço, como um avanço foi a Lei Sexagenária, a Lei do Ventre Livre para depois vir a Áurea.

            O SR. PRESIDENTE (Augusto Botelho. S/Partido - RR) - Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Diga.

            O SR. PRESIDENTE (Augusto Botelho. S/Partido - RR) - Gostaria de pedir licença a V. Exª para prorrogar a sessão por mais uma hora.

            Continue.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Aí ficaram: “Não, a 300”, e nem a 300, nem a do Renan, e os pobres ganham R$1.100,00.

            Cuba, Cuba, Cuba... Eu não sou, não gostei não, aquilo tudo é um farsa. É uma miséria total. Se você levar uma caixa de caneta Bic, você conquista todas as menininhas de Cuba, tal é a pobreza. É... Mas o soldado ganha mais do que o médico, mais do que o dentista, mais do que o juiz. Lá há segurança. É R$1.100,00 que ganha hoje o soldado do Brasil. E o General sábio, correto do Exército que eu sou, Oficial da Reserva, disse: “Não, nós temos que sair logo, porque vai se promiscuir o puro ainda das Forças Armadas, do Exército, da Aeronáutica ali, naquele” e veio e tal.

            Então, tem que se ver e tem que se saber a coisa.

            Ô Francisco Dornelles, V. Exª que está aí, eu te digo o seguinte. V. Exª já leu um livro de Robert Greene 48 Leis do Poder ? Se não leu, ainda está em tempo de ler. Mas é o seguinte, tem o mais novo, a 50ª Lei, que é 50Cent - o autor foi ver como um bandido prosperou e foi um artista, escrevendo as leis desse povo que vende drogas, como eles vivem, como eles funcionam e como eles trabalham. É a 50ª Lei. Não era não. Era porque o apelido do homem era 50Cent. Depois de estudar os poderosos, ele foi ver como conseguiu sobreviver, liderar e ser herói no meio dos bandidos. E é isso aí.

            Então, a primeira coisa para que isso funcione, ô Augusto Botelho, é o Presidente da Câmara, que vai ser o Vice-Presidente da República, a primeira fidelidade que ele dá à nossa Presidenta, que é mulher, gente boa, mas, talvez, ela não tenha sido nem bandeirante, não sabe a hierarquia, a disciplina das forças militares. Então, vê que não pode ficar. Ele tira e tem a coragem de começar a ser Vice-Presidente da República e se inspire na história dos Vice-Presidentes do Brasil: Floriano Peixoto, Aureliano Chaves, Marco Maciel, esse herói que tem aí.

            Seja heroico, Michel Temer, tenha dignidade e entre como homem de palavra, porque, aprovado aqui, nós fomos todos lá. V. Exª deu a palavra de que votava essa PEC. E ela fica aí, enganando os soldados.

            Onde vai acabar essa violência? Acaba na mídia, porque quem paga a mídia são os banqueiros. Os banqueiros estão bem. Se Luiz Inácio foi o pai dos pobres com esse negócio de Bolsa Família, ele foi a mãe dos banqueiros. Estão todos os banqueiros bem. Qual foi o banqueiro que faliu? Estão resolvendo aí. É só dando pulo, não se prende ninguém. E o povo, eu não vi.

            Eu vi, na Inglaterra: o Primeiro-Ministro falou; já derrubaram o Ministro. Barack Obama está aperreado. Eu estava na Espanha, o Santander, fechando agência, mas aqui estava ganhando lucro. Então, ele tem sido a mãe dos banqueiros, e os banqueiros pagam a mídia. Você pode ver o banco. Aí mete isso aí que, então, não tem nada.

            O nosso glorioso Exército de Caxias, a Marinha de Tamandaré e a Aeronáutica de Eduardo Gomes tomaram um morrinho no terraço dele, no terraço. Quem conhece o Rio, vê. Aquilo devia ter sido...

            E vou dizer aqui: olhe, nunca votei em Fernando Henrique Cardoso, não, mas ele é um estadista. Eu vi a última entrevista dele. Luiz Inácio, ninguém pode resolver tudo! O grande problema... E assim é mesmo. Quem estuda...

            Dom João VI abriu os portos. Ele disse: “Nunca antes...” Foi ele daqui a pouco. O Dom Pedro I deu a independência, o Dom Pedro II garantiu a unidade. E vieram aí fazendo as coisas. Todos eles deram sua contribuição. Teve o antes, o antes!

            Nós vivemos essa democracia porque teve o antes, um marechal duro, duro: o Marechal de Ferro perseguiu o Rui Barbosa porque o Rui Barbosa não aceitou o terceiro militar Presidente da República - Deodoro, Floriano e um militar. Ô Flexa, aí chamaram o Rui. “Tô fora!” “Rapaz, mas nós te damos o Ministério da Fazenda, a chave do cofre”. Ele disse: “Não troco a trouxa de minhas convicções por um ministério”.

            Hoje, só se fala em ministério, partido atrás de ministério, de boquinha, de emprego. E saiu! Aí este País criou vergonha, com o sacrifício de Rui. Ele foi perseguido, foi para a Argentina, foi para a Inglaterra e viu a beleza da democracia, mesmo monárquica, mas com regime bicameral. Por isso, nós temos regime bicameral. E viu o filhote, os Estados Unidos, democracia presidencialista, mas bicameral. Isso a gente não sabe nem por que tem. É isso. Então, isso foi feito, o antes.

            E nós queremos dizer aqui que cada um teve a sua participação. Esse Presidente Sarney, ninguém teve mais tolerância e paciência na transição democrática do que ele. Então, cada um... Até o Collor, em poucos dias, disse: “Isso aqui é uma porcaria, só se anda em carroça, não tem carro. E deu sua contribuição”. Todos deram.

            O monstro que era a inflação! Se o pai foi o Fernando Henrique, o Itamar, não tinha DNA, ninguém sabe. Mas que era horrível a inflação, era. E ao Luiz Inácio o Fernando Henrique disse: “Cuide da violência! A violência está aí”. Está aí o monstro que explodiu, e não vão enganar ninguém não.

            Olha a nossa História do Brasil, a história das três Forças Armadas para tomar um monte. Olha a festa. Olha aí. E a violência no Pará, no Piauí, no Maranhão, se contaminou. E essa é herança maldita.

            E eu quero dar minha contribuição à Dilma. Eu sei que ela não tem culpa, ela tem virtudes de mulher: mulher é mais firme, mais corajosa, mais digna e mais decente do que nós, homens.

            Assim, no grande drama da humanidade, à condição de Cristo, todos os homens falharam, Flexa: Anás, Caifás, Pilatos, amigos deles, Pedro. Nenhum. E as mulheres, a mulher de Pilatos, a Verônica, enxugando, as três Marias... A elas, eu acredito. Mas a pobre, nossa Presidente, eu quero ajudar. Ela não fez serviço militar. Eu fiz. Eu sou oficial da reserva. Eu fiz CPOR. Governei. Fui Prefeito de uma cidade, a gente era Diretor do Tiro de guerra. Eu fui Governador do Estado. Então, era comandante-em-chefe das Forças Armadas. Ouviu, Jayme Campos, e a nossa Dilma não foi. E ela disse que quer que fique, mas... Mas falta-lhe isso. E queremos dar essa contribuição. Um general, certamente ele disse: “Não, nós não podemos, não é para isso”. Porque toma... Vão ficar nesse ambiente, nessa promiscuidade, nós vamos contaminar as nossas Forças.

            Então, o que nós temos ver é isso. Ô Jayme Campos, é urgente! E eu tenho pena, eu gosto do Michel Temer. Eu votei nele contra o Jobim. Eu trabalhei por São Paulo, em Recife, para o PMDB. Sem o meu trabalho, ele não teria sido Presidente do PMDB. Ele sabe disso, o PMDB sabe. Eu fui a São Paulo, eu fui a Minas, eu fui ao Rio e fui ao Nordeste. Mas a ficar aí, ele assumir a Presidência e deixar a PEC 300, não resolve. É mil e cem. Eu fui Governador. V. Exª foi Governador do Estado. Enfrentamos... Mil e cem, ô Jayme Campos, é certo? Os Deputados todos estão querendo aumento, já estão falando. E o soldadinho ganhar mil e cem. Isso vai resolver o quê? O Exército glorioso do qual sou oficial da reserva remunerada - conheço a hierarquia - junto com a Aeronáutica, com a Marinha, tomou o morro. Está longe de ser verdade que avançou a violência. 

            Está aí a etiologia e a causa e uma das causas são esses salários indecentes e imorais dos soldados brasileiros.

            Então é mais feio ainda, Jayme Campos, que o nosso Presidente... Eu digo: Eu gosto do Michel, ele é um homem bom e puro, mas ele deve refletir. É como o cara diz, quem está no Maracanã: Ó, perdeu o gol, não sabe jogar! Eu estou aqui vendo e assistindo e aconselhando a que ele assista. Não vá, Michel, assumir. É uma traição antecipada à mulher que vai... Não dá, quando é que nós vamos ter segurança? Onde? O do Pará, antes de vir aqui... Ô Flexa, confirme, eu perguntei: Merece confiança? Não é o Mário Couto? Quanto ganham no Pará? Ganham R$1.100, R$1.100 no Pará! Vão manter a ordem, que está na Bandeira, “Ordem e Progresso”, no Pará, ganhando R$1.100?!

            Ô Jayme Campos, V. Exª que representa o que há de melhor no seu Partido, o DEM, que é um grandioso partido, não pela história, mas pela sua presença, pois governou, foi prefeito três vezes e governador de Estado, com a palavra.

            O Sr. Jayme Campos (DEM - MT) - Um aparte. Primeiro, eu gostaria de cumprimentar V. Exª, pois, como sempre, é pertinente sua fala aqui neste plenário. Quando V. Exª fala da PEC 300, já era esperado que o Governo Federal, após as eleições, não fosse aprovar essa PEC, esse projeto de emenda constitucional. E quando V. Exª fala da má remuneração das policias militares deste Brasil, é verdade. Uma das poucas polícias que ganham bem é a do Distrito Federal, que é paga com recursos do próprio Poder Executivo Federal. A nossa preocupação maior é a de que o policial mal remunerado, com certeza, não faça um serviço que é de sua responsabilidade, e um serviço eficiente, competente e, acima de tudo, ético. Lamentavelmente, estamos acompanhando, no Rio de Janeiro, essa verdadeira tragédia. Deve-se lamentar, em pleno século 21, a marginalidade tomando conta do Rio de Janeiro e de outros Estados da Federação. Portanto, espero que o Governo Federal tome algumas providências. Posso falar em relação a Mato Grosso com muito conhecimento de causa, tendo em vista que além de ter sido Governador, sou atualmente Senador, e fui prefeito, por vários mandatos, da segunda maior cidade do Estado. Mato Grosso tem de divisas com a Bolívia 983 quilômetros, sendo 750 de divisas secas e 233 de região alagada. Mas o efetivo que hoje está ali, que se chama Gefron, tem apenas 97 homens mal aparelhados, mal equipados e, sobretudo, mal remunerados. Aprovar a PEC 300 seria um momento ímpar de fazermos justiça com os nossos policiais, porque teríamos dado um piso salarial para os demais Estados da Federação. E esse policial bem remunerado, com certeza, cumpriria a sua missão de fazer a verdadeira segurança pública que nós sonhamos e desejamos. Portanto, quando V. Exª cobra do Governo Federal algumas providências, sobretudo que a Câmara aprove essa PEC 300, é mais do que justo. Aqui no Senado não tenho dúvida alguma que será aprovada, tendo em vista que é de real necessidade para o bom cumprimento da missão que os policiais deste País têm diante do aumento alarmante do índice da marginalidade, do narcotráfico que, decerto, está acontecendo no nosso Brasil. Quero cumprimentar V. Exª, que já foi governador, prefeito da sua Parnaíba, que é um brilhante e operoso Senador da República e tem demonstrado isso ao longo desses quase oito anos. É um homem independente e, acima de tudo, trabalha com as suas convicções, com os seus ideais, fala a verdade. Quero lhe cumprimentar e espero que o Governo Federal, a Presidente Dilma, que já disse que a PEC 300 tem que ir para a lata do lixo, ou seja, ser colocada na gaveta na Câmara, possa ter um mínimo de sensibilidade, principalmente nesse momento que estamos vivenciando, e possa, com certeza, orientar as suas bancadas, que é maioria absoluta, para que coloque em votação. Assim, poderemos bem remunerar os nossos policiais deste imenso Brasil. Parabéns, Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Agradeço e incorporo.

            Chega aqui o nosso grande Senador do Piauí, João Vicente Claudino. Enfrentamos greve de polícia. Quero dizer que, na história do Brasil, quem enfrentou melhor, quem se saiu melhor - está aí o João Vicente Claudino, que infelizmente não nos entendemos, não votamos juntos - em greve de oficiais de polícia fui eu. Está aí o João Vicente, que não é do meu Partido. Quem melhor se saiu enfrentando... porque fui oficial da reserva, eu entendo, e fui só...

            Mas quero lhe dizer que naquele tempo um coronel ganhava quase 150 vezes o que ganhava um soldado. Quero dizer que, de imediato, Flexa Ribeiro, determinei que todo soldado e cabo do Piauí tivesse uma casa, ganhasse. De imediato, recebi todas elas. Até chamei as “adalgizinhas” no palácio e orientei um curso profissionalizante e um empréstimo para que elas fossem empresárias e ajudassem na receita familiar. Disse que a mulher tinha que trabalhar. Naquele tempo era a mulher do Bill Clinton, que é hoje a Ministra das Relações Exteriores, Hillary Clinton. Ela trabalhava, a minha trabalhava, as deles tinham que trabalhar. Eu sei. E melhorou.

            E fui bailar com elas. Fizemos um centro social. Então, tem que se ver o salário. Tanto foi assim que o povo me fez Senador. Então, esse salário aí está vil. Está começando, e aí é que eu vou dizer: é herança maldita. O Michel Temer pode dar este presente de Natal a nossa Presidente Dilma: colocar para votar a matéria e ver que não é...

            Não é justo um homem da Justiça ganhar 50 vezes mais do que... Ele não tem 50 estômagos, e o soldado só um! Deus não fez isso! Flexa, sejamos justos.

            Eu não vou citar aqui a Suíça, a Suécia, a Noruega, a Inglaterra. Bem aí, na Argentina, não tem isso. Agora eu vi o Sarney procurando o Garibaldi. Ele está em Buenos Aires. Por que ele está em Buenos Aires? Porque lá ele dança tango com mulher dele às 4 ou 5 horas da manhã, anda de trem e não há nada disso. Bem aí no Uruguai não tem isso. Nós queremos até instalar o palácio... Montevidéu.

            Violência é coisa nossa. O pai e a mãe da violência foi o Presidente Luiz Inácio. Não era assim! Eu vivi o Rio de Janeiro. Sou garoto da Praça Mauá. Poucos brasileiros foram ao Rio como eu. Fiz a minha formação, médico-cirurgião, e todo os anos eu ia lá, como Augusto Botelho.

            Não era assim! Não tinha essa coisa. Tinha malandro, que era bacana, agradável. Isso aqui é coisa nossa, é a herança maldita que estão deixando para a nossa Presidente Dilma. Mas o nosso Michel Temer pode dar de Natal a ela combater a violência, fazendo aprovar, ainda neste tempo, nem que no Congresso votemos nas férias, que não tenha Natal. Mas seria dar de presente de Natal ao Brasil um salário justo e digno aos nossos policiais.

            Era o que tinha a dizer.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/12/2010 - Página 54896