Discurso durante a 196ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro dos 20 anos de existência oficial do Sindicato da Habitação do Estado do Ceará, associação patronal com representação em todo o Estado. Registro de pesar pelo desaparecimento do escritor cearense Moacir Costa Lopes.

Autor
Patrícia Saboya (PDT - Partido Democrático Trabalhista/CE)
Nome completo: Patrícia Lúcia Saboya Ferreira Gomes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro dos 20 anos de existência oficial do Sindicato da Habitação do Estado do Ceará, associação patronal com representação em todo o Estado. Registro de pesar pelo desaparecimento do escritor cearense Moacir Costa Lopes.
Publicação
Publicação no DSF de 02/12/2010 - Página 54919
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, SINDICATO, ENTIDADE PATRONAL, HABITAÇÃO, ESTADO DO CEARA (CE), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO, POLITICA HABITACIONAL, RESPONSABILIDADE SOLIDARIA.
  • HOMENAGEM POSTUMA, ESCRITOR, ESTADO DO CEARA (CE), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, LITERATURA BRASILEIRA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª. PATRÍCIA SABOYA (Bloco PDT - CE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como primeiro assunto, desejo aqui registrar os vinte anos de existência oficial do Secovi, o Sindicato da Habitação do Estado do Ceará. Associação patronal com representação em todo Estado do Ceará, o Secovi cearense foi fundado em 7 de dezembro de 1989 e registrado no Cadastro Nacional de Entidades Sindicais do Ministério do Trabalho em 3 de dezembro de 1990. Desde sua criação tem participação decisiva no desenvolvimento da moradia no Ceará.

            Sua direção é composta por um Presidente e 13 Vice-Presidentes, dentre estes seis representando cada segmento do Mercado Imobiliário. Todos têm suas funções delimitadas pelo Estatuto Social da Entidade. Exercem esse papel com um sentido de missão exposto no próprio estatuto: representar a categoria a fim de assegurar as melhores condições para gerar resultados positivos e desenvolver a sociedade.

            É dentro dessa visão que o Secovi tem liderado a categoria representada superando suas expectativas através da prestação de serviços de qualidade. Representa empresas de compra, venda, locação e administração de imóveis próprios ou de terceiros, condomínios e flats, incorporadoras de imóveis, loteadoras, colonizadoras, urbanizadoras, edifícios em condomínios residenciais e comerciais, além de Shopping Center.

            A qualidade dos serviços prestados pelo Secovi reflete o respeito e o compromisso perante os representados; são valores que fundamentam a existência da Entidade, onde cada colaborador está consciente de que suas atitudes são decisivas para construir, preservar a imagem e a credibilidade. Nesse mesmo sentido, o Secovi tem mostrado sua responsabilidade social, em um programa denominado Amigos do Secovi, que se expressa em projetos de benfeitoria voltados principalmente a crianças e adolescentes. Ao mesmo tempo em que registro o 20º aniversário da entidade, manifesto meu desejo de que prossiga nesse trabalho, em especial no que já faz por nossas crianças.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como segundo assunto e com extremo pesar, cumpro o doloroso dever de registrar o desaparecimento do grande escritor cearense Moacir C. Lopes, ocorrido a 21 de novembro. Ele tinha 83 anos e deixou uma obra de vulto. Moacir Costa Lopes nasceu em 11 de junho de 1927, em Quixadá, Ceará. Perdeu o pai aos 2 anos de idade e a mãe aos 11. Fez seus estudos em Quixadá, Baturité, Fortaleza, e posteriormente no Rio de Janeiro. A partir daí dedicou-se inteiramente à literatura, criando seu próprio método de criação literária, do que resultou seu livro de ensaios, o didático Guia prático de criação literária, editado em 2001, pela Quartet Editora. Desde criança, leitor compulsivo de Literatura de Cordel e de folhetins literários que chegavam a Quixadá.

            Aluno da Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará a partir de dezembro de 1942, em plena Segunda Guerra Mundial viajou para a Base Naval de Natal e de lá para Recife, onde embarcou no encouraçado São Paulo. Nesse e em outros navios da Marinha brasileira participou de missões de comboios e patrulhamentos navais, especializando-se em tática anti-submarina e radar. Viajou assim por toda a costa do Brasil e de outros países, como Uruguai, Paraguai, Argentina, Trinidad-Tobago, República Dominicana, Cuba, e Estados Unidos. Subiu o rio Amazonas, o rio Paraguai, o rio Mississipi, e conheceu muitas ilhas, duas das quais, o Atol das Rocas e a Ilha das Trindade, o inspirarão no tema de dois de seus futuros romances.

            Enquanto embarcado, escrevia poesias diariamente. Leu em viagem as primeiras obras de ficção, começando pelos clássicos franceses, depois russos, portugueses, ingleses, e por fim os brasileiros antigos e contemporâneos, além de estudos críticos, filosofia, e antropologia e obras de cultura geral. Em todos os navios em que servia criava uma biblioteca com doações de livros pelos colegas.

            Começou a escrever, em 1949, a bordo do contratorpedeiro Baependi, onde trabalhou na secretaria como datilógrafo, o romance Maria de cada Porto, com o qual estreou na literatura, já em dezembro de 1959. Residindo no Rio de Janeiro desde 1944, passa a colaborar no jornal Humaitá, da Associação dos Marinheiros, com poemas e crônicas. O jornal foi embargado em 1949, e definitivamente fechado em 1964. Mesmo sendo os marinheiros proibidos de estudar, por ordem do então Ministro da Marinha, cursou música no Liceu de Artes e Ofícios, por pretender ser também violinista, e fez o curso completo de Inglês, no Westminster English Course, e a extensão de outros cursos de humanidades. Deu baixa da Marinha de Guerra em novembro de 1950, por conclusão do tempo de serviço.

            Com o romance Maria de cada Porto (1959), obtendo os prêmios “Coelho Neto”, da Academia Brasileira de Letras, e “Fábio Prado”, da União Brasileira de Escritores, São Paulo. Escreveu depois Chão de mínimos amantes (1961), Cais, saudade em pedra (1962), A ostra e o vento (1964), Belona, latitude noite (1968), todos eles com grande repercussão no Brasil e no exterior, além de traduções na Tchecoslováquia, na Rússia, na Bulgária, na Itália, radioteatralizações na Polônia e em Portugal.

            Foi colaborador da Enciclopédia Delta Larousse, sob a direção de Antônio Houaiss. Passou então a dar aulas na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e na Faculdade Hélio Alonso, nas áreas de Comunicação Social, Jornalismo, Relações Públicas. Em 1969, funda a Editora Cátedra, com a escritora Eduarda Zandron, editora pela qual publicaram cerca de mil autores nacionais, a maioria estreantes.

            Casou-se com a também escritora Eduarda Zandron, nascendo-lhes os filhos Fábio Martins Lopes, em 1968, e Saulo Martins Lopes, em 1973. Seu filho Fábio aos dez anos publicou o livro de poesia.

            Com o romance A Ostra e o Vento, Moacir C. Lopes despertou grande interesse em vários cineastas brasileiros e estrangeiros. O livro foi adaptado para o Cinema, em 1997, sob o mesmo título, com roteiro e direção de Walter Lima Jr. Lopes lançou ainda, em 2000, o romance O Almirante Negro (Revolta da Chibata - A Vingança), além da sétima edição brasileira de A Ostra e o Vento. Em 2001, além da oitava edição brasileira, saiu a sua edição italiana, L’ostrica e il vento, em tradução de Gian Luigi De Rosa, Salerno, Itália. Saiu em 2003, seu nono romance, Onde repousam os Náufragos. Lançou em 2006 As fêmeas da Ilha da Trindade, e, já em 2007, A Ressurreição de Antônio Conselheiro e a de seus 12 Apóstolos, além da reedição de outras obras suas então esgotadas.

            Como se vê, Srªs Srs. Senadores, Moacir C. Lopes deixa uma obra notável sob todos os aspectos. Sua morte representa uma grande perda para o Ceará e para a literatura brasileira.

            Era o que tinha a dizer.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/12/2010 - Página 54919