Discurso durante a 197ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à atuação do Governo Federal nas áreas de segurança pública e de educação.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. HOMENAGEM.:
  • Críticas à atuação do Governo Federal nas áreas de segurança pública e de educação.
Publicação
Publicação no DSF de 03/12/2010 - Página 55833
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. HOMENAGEM.
Indexação
  • GRAVIDADE, HISTORIA, CRESCIMENTO, VIOLENCIA, BRASIL, SITUAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PARCERIA, FORÇAS ARMADAS, REPUDIO, ANTECIPAÇÃO, COMEMORAÇÃO, MOTIVO, NECESSIDADE, CONTINUAÇÃO, COMBATE, CRIME ORGANIZADO, PROTESTO, DEMORA, APROVAÇÃO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, PISO SALARIAL, POLICIAL, COBRANÇA, PROVIDENCIA, MICHEL TEMER, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS.
  • NECESSIDADE, MELHORIA, SALARIO, POLICIAL, PROFESSOR.
  • AGRADECIMENTO, ENTIDADE, CONCESSÃO, ORADOR, PREMIO, DENOMINAÇÃO, LEONEL BRIZOLA, EX GOVERNADOR, RECONHECIMENTO, TRABALHO, DEFESA, EDUCAÇÃO, APRENDIZAGEM.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUSENCIA, RECEBIMENTO, BRASIL, PREMIO, AMBITO INTERNACIONAL, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, APOIO, PROJETO DE LEI, ALFREDO COTAIT, SENADOR, CRIAÇÃO, INCENTIVO, PESQUISA, CIENCIA E TECNOLOGIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Alfredo Cotait, que preside esta sessão de 2 de dezembro, quinta-feira, parlamentares presentes, brasileiros e brasileiras aqui no plenário e que nos acompanham pelo Sistema de Comunicação do Senado da República, Senador Mozarildo, nunca antes se mentiu tanto neste País. E sou da geração, Alfredo Cotait, que Olavo Bilac dizia: “Criança, não verás nenhum País como este!” Mas nunca antes se mentiu tanto, embora a mentira, como diz a sabedoria popular, tenha pernas curtas e, como é dito nos Provérbios do Livro de Deus, é mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade.

            Este é o País Brasil. Nunca antes se mentiu tanto!

            Aliás, nós ouvimos e aprendemos isso quando o mundo entrou em guerra. Hitler era orientado pelo seu ministro, o comunicador Goebbels, a conquistar o mundo, a ser popular. Goebbels disse: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Isso foi o que se fez aqui, todo mundo: mentira, mentira, mentira.

            A violência é velha. Dizem até que já com os dois irmãos, Caim e Abel, começou a violência. E num desses plenários, lá na Roma antiga, um grande senador chegou a dizer: “Pares cum paribus facilime congregantur” - Cícero. Está vendo, Mozarildo? Pancada atrai pancada, violência atrai violência. Mas, isso está aí no Brasil.

            Ô Alfredo Cotait, nunca antes houve tanta violência neste País. E esta é a grande herança maldita que o Luiz Inácio deixa para a mulher, nossa Presidente, Dilma Rousseff. Neste País nunca houve tanta violência. A culpa disso é que nunca antes se mentiu tanto. A violência está aí; não era assim. Rio de Janeiro: ninguém mais gosta dele do que eu e o conhece como eu.

            Alfredo Cotait, você é lá de São Paulo - grandioso. Eu sou menino da Praça Mauá, do Rio de Janeiro. Do Piauí, acabei estudando lá. A Praça Mauá é o centro, o centro da vida dos anos 50, 60, 70, o porto, o hospital em que eu me formei, em que eu trabalhava, onde me especializei, a cinco quadras. Sacadura Cabral, nº 178, Hotel Barão de Tefé, Hospital do Servidor do Estado. Naquele tempo, a medicina do Rio era bem superior à medicina de São Paulo. Anos 60, anos 70, não havia violência, não. Eu sou garoto da Praça Mauá, do Rio de Janeiro. O centro da vida, dos prazer; onde os marinheiros encontravam as belas mulheres.

            Alfredo Cotait, no começo dos anos 60, 70, eu fiz residência ali. Eu saia a pé do Hospital do Servidor do Estado e andava cinco ou seis quadras, a qualquer hora, para pegar um ônibus da linha Praça Mauá/Jardins de Alá. Jardins de Alá, entre Ipanema e Leblon. Eu tinha uma tia viúva que tinha um apartamento no Leblon, Cupertino Durão, ao lado do Cine Leblon. E chegava de madrugada, de noite. Para pegar um só ônibus, eu pegava o Jardim - médico residente, nos fins dos anos 60, começo dos anos 70 - até Jardins de Alá. Eu andava cerca de oito quadras desse Jardins de Alá, de madrugada, de noite, à tarde. Não tinha isso, não! Isso é coisa de Luiz Inácio, essa violência.

            Todo ano eu voltava para me reciclar. Passava um mês, já casado. O Rio de Janeiro tinha malandro. Que bicho bacana! Ficava cantando, sambando. Não tinha violência. Isso foi outro dia, nos anos 70. Eu ia e todo ano voltava.

            Olha, quando a gente arrumava namorada, ia lá para a rua do Ouvidor tomar chocolate até noite adentro. E agora o Rio de Janeiro? Não era assim, não.

            Getúlio Vargas, tanto no período de exceção como quando ele foi Presidente, ele saía do Catete - para quem conhece o Rio - a pé. Presidente da República - isso foi em 1954, não foi noutro século, noutro mundo, não. E a mania dele era o cinema. Então, como ele gostava de filmes, ele saía sozinho do Catete e ia andando até a Cinelândia para assistir aos filmes no cinema.

            E, recente, vi Petrônio Portella - morreu há 30 anos, fez-se uma sessão em memória aqui - do Piauí, Presidente. Há 30 anos. Isso foi coisa de agora, essa é a herança maldita que a nossa Presidente ganhou. Há 30 anos, Petrônio Portella era Ministro da Justiça. Fui buscá-lo na minha cidade. Carro do amigo, quando vi, ele gritou: “Mão Santa, Mão Santa, para, para! Dispensa eles, (aquelas patrulhas de moto, de proteção) não quero isso no meu Piauí”. Autoridade, Ministro e andava só. E o pior, andei com ele nas calçadas de Copacabana, o Ministro, sozinho, e a gente andando. Isso, há 30 anos - lembrou-se aqui, agorinha, os 30 anos de morte de Petrônio Portella. Trinta anos não é muita coisa, não - o incêndio foi agora.

            Agora, a mentira, o ridículo, essa fantasia que todos estão fazendo aí, que ganhamos a guerra... O Rio, Alfredo Cotait... Olha lá! Alfredo Cotait, eu sou Oficial da Reserva, sei como funcionam as coisas. Eu fiz o CPOR. Eu tenho noção exata do que é hierarquia, do que é disciplina, do que são Forças Armadas e do que são Forças Auxiliares. Isso que estão fazendo aí é mentir para o povo do Brasil. Olhai o tamanho do Brasil!

            Então, esta violência nunca antes na história do mundo e do Brasil, fruto de Luiz Inácio, desse Governo... Nunca foi assim, não. Eu sou garoto da Praça Mauá.

            Alfredo Cotait, Morro do Alemão! Aquilo é o terraço da Aeronáutica do Brasil, de Santos Dumont, de Brigadeiro Eduardo Gomes, das forças da Aeronáutica. O Galeão era o aeroporto da Aeronáutica. Depois o outro ficou pequeno, o Santos Dumont, e foi-se incorporando uma aviação nacional e internacional, Cotait! Ali é o terraço do Morro do Alemão. É o terraço! A história da nossa Aeronáutica, o nosso Santos Dumont, o nosso Brigadeiro Eduardo Gomes olhando para o Morro. É o terraço da Embraer, de todos os aviões. É o terraço! O Morro... Não podia...

            A Marinha, bem ali próxima do Santos Dumont, é o terraço, olhando para o Morro. E o Exército está aí, inclusive eu que sou Oficial da Reserva do Exército.

            Olha! E eu digo isso, alertando, dando minha contribuição à Dilma. Talvez ela não tenha sido nem bandeirante, mas eu fui Oficial da Reserva. Ridículo! Se todas as forças do grandioso Brasil, todas, todas porque teve o antes - atentai bem! - não planejassem, não tomassem um morro, o terraço da Aeronáutica, o terraço da Marinha... Todas as forças militares do País planejadas - eu sei como faz isso, eu sou Oficial da Reserva, fiz o CPOR. Mas no terraço - aquilo é um terraço. O Morro do Alemão é da Aeronáutica, de toda a história. O Galeão era o aeroporto deles. Depois, eles ampliaram, e o outro... - vendo o que todos nós sabíamos: que ali era um ponto nevrálgico. E deixou-se, e deixou-se, e deixou-se. Incrível! Se todo este Paisão, toda a Aeronáutica... Porque ali é o terraço da Aeronáutica. Eu sou garoto da Praça Mauá.

            Então, se a Marinha não tomasse um morro, que País é este? Mobilizada, e deixou-se isso e que se festejasse isso!

            Aí, vejam a mídia. Quem paga a mídia são os banqueiros, e os banqueiros, nunca antes, estiveram tão bem. Oh, Alfredo Cotait, nunca antes, no mundo, os banqueiros estiveram tão bem. Faliu lá um banco na Inglaterra, o Primeiro Ministro caiu. O Barack Obama está perturbado. Eu vi na Espanha falir o Santander. Aqui, é lucro. Os bancos se ajeitam, e os bancos pagam a mídia, e a mídia os torna heróis.

            O Brasil todo, as Forças Armadas, aquilo... O morro é o terraço da Aeronáutica; é o terraço da Marinha brasileira. Um morro, e resolveu o problema do Brasil: da Ilha do Marajó, que eu vejo o Senador Mario Couto dizer, do Pará; do meu Piauí, a violência; do Pernambuco, do Brasil todo! Os heróis. Um morro! Tomamos um morro! A Aeronáutica... E estava bem planejado - eu sou da Reserva. Eles planejaram isso, não houve falha e, se não fosse isso, a extensão, a história militar, a história dos que arriaram a bandeira... Quantos Presidentes militares nós tivemos? Um morro. Tomaram um morro.

            Alfredo Cotait, nós somos do Rio de Janeiro. Quantos morros tem aquele Rio de Janeiro? Um, o terraço da Aeronáutica; ali era um terraço. Não se sabe como chegou a tanto, porque era um terraço. A gente chega no Galeão, e ali é o Complexo do Alemão, da Marinha - a Marinha do lado.

            Atentai bem, o General diz que foi planejado e foi um ataque exitoso. Vibramos, mas também, se a gente não tomasse um morro, todo o País mobilizado, além das Forças Auxiliares: Polícia Federal etc. O Estado! Um morro? Quantos morros tem o Rio de Janeiro? E o meu Nordeste? E a violência?

            Lá na minha cidade, que eu nem conheço mais, pois quando chego lá está tudo de muro alto. Os ricos botam uns fios elétricos, e os pobres e meio pobres, cacos de vidro. Tudo com medo!

            Então, essa é mais uma mentira! Nunca! Essa violência é coisa de agora. Eu sou garoto da Praça Mauá, do Rio de Janeiro, durante toda a minha vida, e não havia essas coisas.

            Comemorar como? Agora, eu sou médico. O Alfredo Cotait é um homem de visão empresarial: em pouco tempo tem mostrado a sua sabedoria. Hoje mesmo vou citar. Mas, atentai bem, o médico vai buscar a etiologia, a causa. Nunca impressiona o médico a febre, a convulsão, mas a causa. Como é que este País pode ter segurança? E o Luiz Inácio mesmo disse que nunca estudou, que não gosta, que ler uma página de livro dá uma canseira, que é melhor uma hora de esteira. Foi ele quem disse, estou apenas repetindo. Acho uma besteira o que ele disse, mas, que disse, disse.

            O Norberto Bobbio já nos ensinou. O Norberto Bobbio é aceito no mundo. Eu não lia Norberto Bobbio, mas este País teve um estadista, o Fernando Henrique Cardoso que, de tanto falar em Norberto Bobbio, me fez lê-lo. E é mesmo, a gente aprende, tem de ser humilde. A primeira pessoa que ouvi falar dele foi Fernando Henrique e pensei: quem é esse? E comecei a ler. Norberto Bobbio é o maior teórico da democracia, aceito no mundo! Todo mundo aceita.

            O Fernando Henrique o citava e eu já o estou citando. Norberto Bobbio por quê? Porque ele era professor de Direito lá na Itália - a Itália do Renascimento, a Itália do Parlamento, onde Cícero dizia: “Pares cum paribus facillime congregantur“, violência só atrai violência. O Cícero, quando falava, o orador, o Senador romano, dizia: “O Senado e o povo de Roma”. Eu posso dizer: O Senado e o povo do Brasil, porque eu represento a dignidade, a vergonha e a decência deste País.

            Atentai bem! Aí, é aceito. Os italianos, sabidos - do Renascimento, do Senado -, têm uma boa coisa: eles têm cinco Senadores que não são eleitos não; é por mérito, são escolhidos, permanecem. Grande contribuição. Norberto Bobbio morreu há um ano e pouco, e ele disse nos seus livros: o mínimo que um governo tem que oferecer ao seu povo é segurança à vida, à liberdade e à propriedade.

            Eu faço esta pergunta: foi oferecida segurança à vida no nosso País, à liberdade e às propriedades? É o mínimo, é o mínimo.

            Então, nós estamos aí comemorando. Tomaram um morro, um! Todas as forças militares: a Aeronáutica - morro é o terraço da Aeronáutica, à frente o Brigadeiro Eduardo Gomes, sua história, seus discípulos - ao lado da Marinha e do Exército. E o General, sábio, disse que não podem ficar, porque se torna promíscua ali... O Exército não é para isso. Planejaram, fizeram, tomaram.

            Mas eu quero lhe dizer que me envergonha quando nós aqui, neste Congresso, enganamos o povo que representamos. Por este Congresso passou - eu presidi cinco sessões de noite, no lugar do Presidente Sarney, para a aprovarmos - uma medida, que era do Renan, que é Líder do Governo, inteligente e com sensibilidade. Eu peguei, aproveitei uma noite e fiz cinco sessões. Melhoraria o salário para a Polícia Militar, por volta de R$3.500. Essa era a lei do Renan. Foi aprovada aqui. Mandamos para lá, e lá tem uma PEC nº 300. Aí, o engano; aí, a mentira. Nunca se mentiu tanto. E os soldadinhos: “Não, nós vamos... A (PEC) 300 significa igualar todo o Brasil aos policiais daqui do Distrito Federal, aqui de Brasília”. E eu dizia para os militares: “Olhem, peguem logo essa do Renan, e exijam...”, porque R$3.500 lá para o meu mundo, o Nordeste e o Norte, já seria um avanço, porque eles ganham R$1.000, R$1.100.

            Agora, esta é a verdade: dizer que aquela farra, aquela fanfarrice, aquele drama acabou com a violência no País, onde um soldado ganha R$1.000 ou R$1.100, é mentira. Nunca se mentiu tanto neste País!

         O Mário Couto ontem disse: em Belém, R$1.100. Nem a do Renan, nem a PEC. Enrolaram. Então, eu advirto aqui o Vice-Presidente da República, Michel Temer. Este País tem “antes”. Esse “nunca antes...” é ignorância demais. Aliás, todos os Vices-Presidentes foram grandiosos. Acredito que o Michel Temer o será.

         Começou logo quando começou a República, com Deodoro: o Floriano era mais forte que ele, o Marechal de Ferro. E por aí foi: Aureliano Chaves, de João Figueiredo. Que Vice-Presidente! Marco Maciel, que beleza, Senador! Agora, o nosso heroico José Alencar, que homem! Então, que o Michel Temer dê essa contribuição e esse presente de Natal à herdeira dessa herança maldita que Luiz Inácio deixa para Dilma: a violência.

            E fica enganando aí, e os soldadinhos... Vocês acham que eles vão dar segurança por R$1.100? Isso é o que eles ganham, minha gente! Está todo mundo enganando todo mundo, todo mundo mentindo para todo mundo.

            Então, Michel Temer seria grandioso se ele começasse a botar para votar o que ele prometeu a todos aqui: essa PEC do Renan, a PEC nº 300... A do Renan seria como foi, na época da escravatura, a Lei do Ventre Livre. Era um avanço. Mas do jeito que está, R$1.100? Não dá, minha gente, não vai haver segurança!

            A verdade não está no Luiz Inácio. Quer que eu diga uma verdade, Alfredo Cotait? Eu fui ali ver um filme e o camelô gritou logo: “você não quer cinco por R$2?”. Eu: “quero não. “Você não quer dez por R$3?” Oferecendo assim e ninguém quer. Todo mundo está atrás e tem que ir e eu oriento: vão assistir o filme Tropa de Elite 2. O filme Tropa de Elite 2. As filas... Eu fui e vi.

            Você assistiu, Alfredo Cotait, ao filme Tropa de Elite 2? Aquilo é a verdade. Daí o povo estar procurando nas filas, mas ninguém compra o filme do Luiz Inácio. É mentira, e você busca a verdade. Essa é a verdade.

            Olha como o soldado vai... Quer que eu lhe diga outra vergonha deste País? Eu vim falar da educação, mas a violência é maior. Estão mentindo sobre a violência. Educação: nunca antes tiveram tanta vergonha nesta democracia. E não é um só, não. Aqui, a democracia é o tripé: o povo dividiu, acabou com o absolutismo, há os três poderes. Não tem mais L’État c’est moi. Luiz Inácio não foi quem... Há os três poderes.

            E o Judiciário? Eu perguntaria, Alfredo Cotait, se seria justo um da área da Justiça ganhar R$50 ou R$60 mil reais, ou Deus sabe quanto, e o soldadinho R$1 mil ou R$1,100 mil? Seria justo? Deus fez os da Justiça com 50 ou 60 estômagos e o soldadinho e a mulher do soldado com um? É justo? Deus não quis isso. Essa é a diferença.

            E as minhas professoras, lindas professoras... Sou casado com uma; todo dia eu durmo com uma, a Adalgisa. Olha, é a maior vergonha deste País! Eu vi isso neste Congresso. Sempre se dedicaram aqui: Pedro Calmon, que tem um livro; João Calmon; o nosso Darcy Ribeiro; e, agora, o Cristovam Buarque. O Cristovam Buarque chegou a dizer que ia mudar a Bandeira de “Ordem e Progresso” e botar “Educação é Progresso”. Ele fez uma lei que passou aqui - todo mundo votou - para que o piso do salário de uma professora fosse R$960.

            Olha, vai, vai... Dá um trabalho! Fazer uma lei é - eu sou médico e fiz muitos partos - muito mais complicado do que nascer uma criança. Você tem o fórceps, tem a cesárea e vai ligeiro. Para a lei, tem comissão, economia, Constituição e Justiça, não sei o quê, plenário...

            Novecentos e sessenta reais! Eu vi, exultante, o Cristovam. Nós ajudamos.

            A vergonha! Ó Poder Judiciário, crie vergonha! É... A democracia é para um frear o outro, um olhar o outro. Apareceu uma liminar - na certa, recebeu dinheiro de prefeito -, e o fato é que tem professoras do Brasil ganhando menos que isso, ganhando R$400, R$500.

            Então, aquilo que foi lei o Presidente sancionou. Estou sendo verdadeiro. O Luiz Inácio sancionou, e a Justiça... Liminar é a indústria que mais progrediu neste País, todo mundo sabe. Apareceu uma liminar dizendo que isso não pode, as professorinhas, quem quiser pagá-las R$500, R$600, está valendo no Brasil. E a lei foi feita aqui.

            Eu não acredito em País sem educação. Eu não acredito, Alfredo Cotait. Deus me preparou, eu era prefeitinho de Parnaíba e fui convidado para ir à Alemanha. Tinha uma fábrica lá em Parnaíba, no Piauí, a Merck Darmstadt, a Merck. E aí eu fui, foi ótimo. Eles tinham uma fábrica, convidaram-me, eu era prefeito. Não sei e não sabia alemão, é complicado. Botaram lá um professor Basedow, que era diretor, para ser meu intérprete e orientador. Então, eu fui. Interessante que a Merck tinha uma fábrica no Piauí. Tirava do jaborandi a pilocarpina, que dilata a pupila. E eu estava lá na Merck, de Darmstadt, na Alemanha. E o professor Basedow e tudo... Olha, rapaz, foi muito bom. Mordomia, empresa multinacional, maior laboratório. Aí eu andava - e ele era diretor químico da Merck, tinha conhecido a América Latina, falava um pouco de espanhol - e eu notava que, em todo lugar que ele chegava, ele dizia: “professor Basedow”. Eu ali, prefeitinho lá do Piauí - está ouvindo Alfredo Cotait?. O trânsito estava ruim e ele: “professor Basedow”. Rapaz, vinha um guarda de trânsito e... Queria um lugar naquele restaurante em Frankfurt, que a gente fica rodando, pensa que está bêbado, mas é ele que roda: “professor Basedow”, a melhor mesa. Teatro: “professor Basedow”, o melhor lugar.

            Aí eu peguei e disse: Dr. Basedow - ele era químico, industrial, Diretor da Merck e estava recepcionando um prefeito -, mas o senhor não é químico, industrial, Diretor da Merck, poderosa, cheia de dinheiro, que está pagando tudo? “É, sou.” Mas em todo lugar é professor Basedow, professor Basedow - está ouvindo Alfredo Cotait? - e as coisas são facilitadas. Portanto, professor Basedow, que diabo é isso? Ele disse: “É, eu sou um professor. Mas também sou Diretor da Química, uma empresa muito forte, muito...” A Merck Darmstadt, a Merck de medicamentos, tem livro de Medicina, o Manual Merck. Ele disse: “Acontece que eu sou diretor, mas, antes disso, eu fui professor da Universidade de Heidelberg. Você conhece?”. Eu falei: “Não conheço”. Ele respondeu: “É a universidade mais antiga. Você quer ir lá?”. Eu disse: “Quero”. Ele me convidou: “Então, vamos amanhã. Eu fiz concurso na área de química, fui o primeiro professor por dez anos, depois veio a Merck. Fiz concurso, entrei e hoje sou diretor. Mas, na Alemanha, o título de maior respeito, o título mais honroso é o de professor. Então, para eu conservar o título - sou diretor da Merck, empresário de uma multinacional, rico -, eu me obrigo a, uma vez por semana, dar uma aula de química para poder ser chamado de professor”.

            Aí eu fui a Heidelberg e fiquei impressionado. A Alemanha é toda nova porque, depois de ser bombardeada duas vezes, soergueu, tem prédios novos e tal. Mas Heidelberg é cidade antiga, colonial, com aqueles telhados, castelo... Aí ele disse assim: “Esta foi a primeira universidade da Alemanha. O mundo duas vezes guerreou a Alemanha, mas respeitaram a universidade e não soltaram uma bomba. Aqui estudou Albert Einstein”.

            Por isso, eles são grandes. Aqui, nós soltamos uma bomba, acabamos com as professorinhas, não garantimos o piso salarial delas de R$960,00. Isso é uma vergonha!

            Então, eu venho aqui - sou otimista - por dois motivos. E estou orgulhoso, pois, como Senador, convidaram a mim. Prêmio Leonel Brizola 2010 de Educação: “Conferimos a Mão Santa...” Coloca bem grande aí como se fosse para o Líder do Partido dos Trabalhadores, bem grande. Leonel Brizola já é a sua grandeza. Foi ele que pensou essas escolas de tempo integral, com alimentação e esporte. E aí está:

Mão Santa - Senador

O Prêmio Leonel Brizola de Educação - 2010, reconhecendo seu trabalho em prol da educação e incentivando o futuro com um aprendizado de qualidade, uma homenagem especial da Organização Mundial de Estados, Municípios e Províncias.

            Assina o Presidente da Omemp, Ramon Marcos, Organização Mundial de Estados, Municípios e Províncias. Apoio: Américas, Acquasome, Muito mais você.

            E o seguinte o convite, em que eles relatam os 50 melhores:

Prêmio Leonel Brizola, Francisco de Assis de Moraes Souza - Mão Santa,

Prezado Senador,

A Organização Mundial de Estados, Municípios e Províncias tem a grata satisfação de convidá-lo para receber homenagem especial por ter defendido a educação durante seu mandato, inclusive citando em seus discursos grandes mestre da literatura mundial. Com o Prêmio Leonel Brizola de Educação, pelo seu trabalho em defesa da educação no Brasil e seus princípios. Os municípios conforme os resultados no IDEB 2009 (Índice de Desenvolvimento de Educação Básica). Será entregue às 50 instituições (...).

[V. Exª é convidado.] Leonel Brizola - o patrono do Prêmio - era reconhecido como um homem corajoso, idealista e batalhador pelo cumprimento de seus ideais em prol da educação dos menos favorecidos, razão porque foi escolhido - meritoriamente - a emprestar o seu nome.

Apenas como referência, uma das mais significativas realizações de Brizola para educação foi a criação dos CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública) - [O Fernando Collor criou o Caic - é uma seqüência] - instituições que propiciavam às crianças e aos jovens atividades sócio-educacionais em horário integral, com ensino de boa qualidade, incluindo ainda alimentação, assistência médico-odontológica, lazer, atividades culturais e higiene básica.

O Jornal Américas - circulação nacional (100 mil exemplares) - publicará um caderno especial [sobre essa festividade]..

            O evento foi realizado ontem.

            Então, eu agradeço. Realmente, fazemos isso com crença. Eu tenho minhas crenças. Eu acredito em Deus; acredito no amor, que consolida a maior das instituições, a família; acredito na educação, que nos leva à sabedoria, como diz o Livro de Deus, vale mais do que ouro e prata; e acredito no trabalho. Essas são as minhas crenças.

            Quanto ao trabalho, o próprio Deus disse: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. O Apóstolo Paulo, sendo o mais forte, disse: ”Quem não trabalha não merece ganhar”. E Rui Barbosa, nosso patrono, sobre o trabalho afirmou: “A primazia tem que ser dada ao trabalho e ao trabalhador. Ele vem antes e faz a riqueza”.

            Falamos sobre a violência, sobre a educação. Eu queria falar sobre a realidade da educação. Culmina com isto aqui. Atentai bem! Esta é a verdadeira. Nobel! Olha a manchete do jornal O Estado de S.Paulo. Essa é a verdade, Luis Inácio. A verdade verdadeira, o resto é mentira. 

            Nobel: Argentina 5 x 0 Brasil.

            O Nobel foi um grande empresário rico, que deixou a sua fortuna para que se premiassem aqueles que desenvolviam a educação, a cultura e a ciência no mundo. Então, é 5 x 0. Nós perdemos, nós não temos um.

            Com essas professoras ganhando menos de R$900,00, garantidas por liminares que enxovalham a democracia, isso é uma vergonha. E mais, tem que se ver, o Santo Agostinho disse: “Olha o lado bom das coisas”. O lado bom das coisas é que quis Deus que Alfredo Cotait estivesse na Presidência. Ele é elogiado neste artigo que chama a atenção do Brasil: 5 x 0. E nós sabíamos disso. Bem ali, no Chile, temos Gabriela Mistral, Prêmio Nobel, Pablo Neruda; na Colômbia, Gabriel Garcia Marquez, com o livro Memoria de Mis Putas Tristes, Cem Anos de Solidão, Viver para Contar, literatura, ciência; no Peru, o que perdeu para o Fujimori...

            E, assim, o Alfredo Cotait, com sensibilidade, visão e buscando a verdade, instituiu dois prêmios para o Brasil começar a disputar com verdade a educação, a cultura, a ciência e a tecnologia. Então, queremos render homenagem ao nosso Senador que preside esta sessão agora.

            E o Prêmio Cesar Lattes... Quando eu estudava, admirava, pelo menos, o físico, o cientista. O Prêmio Cesar Lattes. E era o maior físico. Ele e Linus Pauling. Ele tinha competitividade. E o nosso Santos Dumont para estimular isso.

            Então, eu sei que a verdade é dura, mas V. Exª, Alfredo Cotait, despertou o Brasil para uma verdadeira busca da educação, da cultura, da ciência e da tecnologia. Meus parabéns!


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