Pronunciamento de Eduardo Azeredo em 09/12/2010
Discurso durante a 203ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Balanço da atuação parlamentar de S.Exa. no Senado Federal, recém-eleito para uma cadeira da Câmara dos Deputados.
- Autor
- Eduardo Azeredo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MG)
- Nome completo: Eduardo Brandão de Azeredo
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
- Balanço da atuação parlamentar de S.Exa. no Senado Federal, recém-eleito para uma cadeira da Câmara dos Deputados.
- Aparteantes
- Cristovam Buarque, João Tenório, Lúcia Vânia, Marisa Serrano, Mozarildo Cavalcanti, Paulo Paim, Sergio Guerra.
- Publicação
- Publicação no DSF de 10/12/2010 - Página 57959
- Assunto
- Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
- Indexação
-
- PROXIMIDADE, CONCLUSÃO, MANDATO PARLAMENTAR, SENADO, REGISTRO, VITORIA, ELEIÇÃO, DEPUTADO FEDERAL, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), APRESENTAÇÃO, BALANÇO, ATUAÇÃO, BUSCA, JUSTIÇA SOCIAL, CRIAÇÃO, SUBCOMISSÃO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, REITERAÇÃO, COMPROMISSO, AREA, SAUDE, EDUCAÇÃO, CULTURA, SEGURANÇA PUBLICA, MEIO AMBIENTE, TRABALHO, EMPREGO, PREVIDENCIA SOCIAL, TRANSPORTE, METRO, EXPLORAÇÃO, GAS NATURAL, SUBSOLO, POLITICA EXTERNA, DETALHAMENTO, PROPOSIÇÃO, ORIGEM, LEGISLAÇÃO, MATERIA, CONTINUAÇÃO, TRAMITAÇÃO, AGRADECIMENTO, CONFIANÇA, POPULAÇÃO.
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Acir Gurgacz, Srs. Senadores, nos próximos dias concluirei o mandato de Senador da República, mandato este que me foi confiado em 2002, pelos mais de quatro milhões de mineiros e mineiras, a quem acredito ter honrado nesses oito anos de trabalho em defesa de Minas Gerais e do Brasil.
O povo de Minas Gerais, mais uma vez, confiando no meu trabalho, na minha biografia, me concedeu a honra de ser seu representante na Câmara dos Deputados.
Eu quero fazer aqui, em respeito aos meus eleitores, Sr. Presidente, um breve registro da atuação nesse período. Creio que uma das marcas mais importantes tenha sido a busca por uma sociedade mais justa, assim foi que, junto com outros companheiros, em especial o Senador Flávio Arns, inauguramos, no Senado, a Subcomissão de Assuntos Sociais das Pessoas com Deficiência, ainda em 2004.
Por meio dessa subcomissão foi possível debater nesta Casa leis e ações que permitem a acessibilidade e a inclusão dos cidadãos com necessidades especiais. Nesse particular, sempre disse que temos no Brasil uma das legislações mais avançadas do mundo, mas ainda precisamos de ações públicas e particulares, em parcerias efetivas com o terceiro setor, capazes de dar às pessoas com deficiência mais oportunidades de trabalho, lazer e convivência.
A saúde, caros colegas, continuará sendo, na Câmara dos Deputados, uma de minhas lutas mais incansáveis. Desde o início do meu mandato, sou membro da Frente Parlamentar da Saúde, trabalhando entre outras questões pela regulamentação da Emenda 29, que assegura recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços do setor.
Tive a honra de ser relator, nesta Casa, do projeto que instituiu os consórcios de saúde, a exemplo do que fizemos em Minas Gerais, e o Deputado Rafael Guerra, autor da proposta, ocupava, naquela época, a Secretaria de Saúde do Governo que tive a honra de dirigir.
Essa é uma iniciativa criativa, que permite, em esquema de consórcio, que todos os Municípios e Estados prestem serviços de saúde mais eficientes. O sistema de consórcios já hoje alcança o número de 5.100 consórcios no País, consórcios intermunicipais, se expandiu muito para a área do meio ambiente, em especial, para o tratamento do lixo, o tratamento do esgoto, e na própria questão da saúde. É uma busca de multiplicação de recursos, de otimização de recursos.
No que diz respeito ao desenvolvimento social, Sr. Presidente, procuramos atuar ativamente nas comissões, debatendo e buscando soluções para as questões relativas à educação, à cultura, à segurança pública, ao meio ambiente, ao trabalho, ao emprego e à Previdência Social.
Vale lembrar aqui que esses intensos debates deram origem a teses importantes que pude apresentar, entre elas a PEC que aumenta de 25 para 30% os recursos constitucionalmente vinculados à educação e o projeto que institui a carteira de estudante padronizada e de abrangência nacional sem as notórias falsificações.
Sr. Presidente, nobres colegas, nesta tribuna também estive inúmeras vezes, defendendo mais recursos para a infraestrutura e o transporte, como forma de garantir o desenvolvimento econômico pleno de nosso país. O Governo Federal deve adotar soluções rápidas para modificar o estado da verdadeira insuficiência em que se encontram nossas rodovias; essas soluções incluem o uso efetivo dos recursos da Cide, a conclusão dos processos de concessão e a utilização das parcerias público-privadas. O objetivo é que a iniciativa privada possa preencher a lacuna deixada pelo poder público, investindo nas melhorias necessárias.
Tenho dito sempre que o atual governo não faz e nem deixa fazer nesse setor de infraestrutura, um cenário que precisa ser modificado com extrema urgência. Ouvimos com preocupação as declarações do Ministro Mantega de que o PAC terá atrasos. Se já vinha atrasado, agora terá mais atrasos ainda, ou seja, a situação da infraestrutura continuará como está. As estradas que precisam ser duplicadas continuarão sendo estradas perigosas e com acidentes diários.
Por minha iniciativa, Sr. Presidente, o Ministro das Cidades também aqui esteve por várias vezes para debater a questão do transporte público urbano, em especial o transporte sobre trilhos.
Sou, e continuarei sendo, um defensor dos metrôs e trens metropolitanos. Não há solução mais inteligente para as grandes cidades, algumas, lembro, futuras sedes dos jogos da Copa do Mundo de 2014. Belo Horizonte é um exemplo triste da inércia do governo no que diz respeito aos metrôs. Desde que o PT assumiu a Administração Pública Federal, nenhum metro de trilho foi construído na Capital de Minas Gerais no seu sistema de metrô.
E, pior, a estrutura existente para que novas estações fossem instaladas, se deteriorou ao longo dos anos, causando prejuízo ao erário e, sobretudo, aos cidadãos.
Essa, tenho certeza, deverá ser uma frente de trabalho para todos nós para que a situação das pessoas que gastam uma, duas horas no transporte urbano das grandes cidades seja alterada. O metrô é, sem dúvida alguma, quase que a única solução.
Temos insistido em soluções com os ônibus, que, às vezes, são paliativos, melhoram temporariamente, mas não conseguem resolver a questão do transporte urbano.
Audiências públicas para debater a exploração de gás natural especialmente no noroeste de Minas e na bacia do São Francisco foram também aqui realizadas com o objetivo de acelerar a prospecção nessa região, trazendo o desenvolvimento para os Municípios produtores e, com certeza, dando ao País a auto-suficiência na produção de gás.
O subsolo mineiro é capaz de livrar o Brasil da dependência do gás boliviano e, como consequência, das intempéries de um Governo que inclusive já agrediu empresas brasileiras, como é o caso da Petrobras.
Também não poderia deixar de destacar a atuação na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, que presido desde o início de 2009. Essa atuação foi marcada por debates em torno de situação de suma importância para o Brasil, como é caso da adesão da Venezuela ao Mercosul.
Foram cinco audiências públicas com especialistas, diplomatas e atores políticos favoráveis e contrários a essa adesão. Na próxima terça-feira, às 14h30min, com a presença do Presidente Sarney e do Ministro Celso Amorim, haverá o lançamento do livro que registra essa sequencia de audiências públicas.
Pessoalmente, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, assumi posição contrária à adesão da Venezuela ao Mercosul por verificar que sob Hugo Chávez, temos uma permanente ameaça à harmonia no mercado comum.
Todos conhecem, embora nem todos admitam, o viés ditatorial do Presidente venezuelano, que assume uma postura não condizente com as cláusulas democráticas do Mercosul.
Aliás, na condição de Presidente da CRE e como cidadão, sempre adotei posição crítica à aproximação do Brasil com Estados que não primam pela democracia, como é o caso do Irã e da própria Venezuela.
Creio que esta tenha sido a grande falha da política externa brasileira nos últimos anos, somada a uma espécie de duplo comando. Esses são pontos que não gostaria de ver repetidos pela Presidente eleita.
Ainda como Presidente da Comissão de Relações Exteriores, tive oportunidade de liderar missões internacionais importantes, seja por seu cunho econômico, como foram as viagens à China, seja por seu valor essencialmente social, como foi a visita ao Haiti, onde foi possível conhecer o belíssimo trabalho da Missão de Paz da ONU, liderado por soldados do Exército Brasileiro, cuja presença no país caribenho é essencial na garantia da segurança dos haitianos e cujo trabalho tem sido, inclusive, utilizado no combate à violência no Rio de Janeiro. Lá se utiliza o trabalho de soldados brasileiros que foram treinados para desempenhar missão de paz no Haiti.
Em oito anos de trabalho parlamentar, pude apresentar e relatar proposições importantes, que, depois de aprovadas, farão ou fizeram, sem dúvida alguma, diferença na vida das pessoas e na condução do País.
Eu gostaria de destacar algumas delas, que foram sancionadas e são hoje leis:
- a chamada Lei do Air Bag tornou esse equipamento item de série obrigatório para os novos modelos de carros produzidos no Brasil. O projeto, de minha autoria, deu origem à Lei nº 11.910, de 2009, que é a favor da vida e, por sua relevância social, recebeu o Prêmio Mérito Legislador de 2008;
- a já mencionada Lei dos Consórcios de Saúde, da qual fui relator e recebeu o nº 11.107, de 2005;
- a lei que permite a utilização do Fundo de Garantia para compra de lotes urbanos, beneficiando as famílias de menor renda;
- a chamada Minirreforma Eleitoral, de que tive a honra de ser co-relator, ao lado do grande colega Marco Maciel. Admito que não foi a reforma eleitoral desejada, mas as regras que aprovamos aqui, no Congresso, tiveram grande impacto no processo eleitoral deste ano, como foi percebido, por exemplo, por meio do amplo uso da internet por candidatos, eleitores e a própria mídia;
- a lei que instituiu o registro digital do voto, permitindo que as auditorias, por parte de partidos, coligações e candidatos, possam ser feitas digitalmente, evitando fraudes;
- a Lei nº 12.082, de 2009, que deu o nome de Rodovia Guimarães Rosa ao trecho da BR-135, entre as cidades de Curvelo e Januária, em Minas Gerais. Trata-se da região tão bem retratada pelo escritor mineiro em Grande Sertão: Veredas. A proposta foi uma homenagem ao centenário de Guimarães Rosa, que marca a cultura do nosso Estado e do País.
Cito ainda, Sr. Senadores, propostas que ainda não foram aprovadas, mas que pretendo retomar assim que assumir o meu mandato de Deputado Federal:
- o projeto que permite o uso de Fundo de Garantia para o pagamento de parcelas de anuidade escolar do ensino superior do trabalhador e seus dependentes até 21 anos. Aprovada aqui, no Senado, em 2004, essa proposta vai beneficiar milhares de pessoas. Mas, infelizmente, Sr. Presidente, ela está paralisada na Câmara, aguardando, desde então, o parecer da Deputada Maria do Rosário, do PT do Rio Grande do Sul, que vai, agora, pela informação, participar do Governo Federal. Espero que, no Governo Federal, ela não demore seis anos para tomar decisões, como fez em relação a esse projeto do Fundo de Garantia para as faculdades;
- o projeto que aumenta para seis meses a licença-maternidade para mães de prematuros, múltiplos e crianças com má formação ou doença grave. É, também, uma proposta que foi aprovada por nós e aguarda essa aprovação dos Srs. Deputados;
- a proposta de combate aos crimes digitais, que tantas vezes me trouxe a esta tribuna. Trata-se de um texto que construímos democraticamente e que modifica e amplia leis brasileiras, no sentido de modernizá-las e de tipificar treze novos delitos cometidos com o uso das tecnologias da informação.
Esse debate é de suma importância. Os delitos cibernéticos crescem exponencialmente no Brasil e no mundo, e a questão precisa ser tratada com seriedade sem histrionismos, sem redução do debate ao nível do baixar músicas ou de falsa ideia de censura. Já basta. Vamos retomar esse assunto da forma séria como ele merece.
Estamos vendo aí, agora, do ponto de vista internacional, os hackers invadindo os sites da Mastecard e da Visa. No Brasil, hoje, já existe uma utilização em massa de cartões de crédito. Estamos todos vulneráveis aos hackers, que não podem ser punidos porque o Brasil não tem tipificação de crimes cibernéticos.
Nós já fizemos a nossa obrigação aqui no Senado, já aprovamos o projeto, mas ele também permanece pendente de uma decisão da Câmara, com interpretações errôneas e que são, como eu gosto de dizer, de um nível que não compete, que não pode ser aceito, pois se diz que vai se criminalizar a questão de baixar música, quando não existe nada em relação a isso no projeto. E esse assunto já é tratado na Lei de Direitos Autorais.
Já caminho para terminar e gostaria, depois, de ouvir o Senador Mozarildo.
São também propostas minhas a PEC da Educação, que aumenta de 25% para 30% os recursos vinculados para o setor e o projeto que permite a dedução, no Imposto de Renda, dos gastos com medicamentos de uso contínuo, que se encontra tramitando aqui no Senado.
Nesse período de oito anos, tive também a honra de presidir a Executiva Nacional do meu Partido, o PSDB. O Partido, que, por escolha democrática, passou à personagem de oposição, o fez e continuará fazendo de forma responsável, pensando sempre no que é melhor para o Brasil e para os brasileiros.
O PSDB não adotou posturas raivosas, das quais, por vezes, foi vítima. Não militou na expectativa do “quanto pior, melhor”. Pelo contrário, o PSDB sempre ofereceu ao País um trabalho sério, em benefício do desenvolvimento sustentado, real, um caminho de diálogo aberto com os mais diversos atores.
Colegas, para aqueles que aqui continuarão e para os que, como eu, serão Deputados, espero continuar sendo um parceiro atuante e aberto ao diálogo. Assim também pretendo ser para aqueles que ocuparão cargos no Executivo, pois acredito que devemos trabalhar juntos por um país melhor.
Foi assim que, já em Minas Gerais, tivemos sempre em consonância com os Governadores Aécio Neves, para quem tenho a honra de deixar a minha cadeira neste Senado, e Antônio Anastasia, que assume novo mandato em janeiro.
Há muito ainda a ser feito. O País demanda as reformas tributária, da previdência e política, esta talvez a mais importante delas, porque dela se originam as demais. Também demanda urgência o sistema de infraestrutura do País, obras estruturantes, que não podem ficar à mercê de interesses menores.
Por fim, quero ainda, neste registro que faço de alguns dos pontos que pude trabalhar neste período, agradecer a confiança que o povo de Minas Gerais sempre depositou em mim.
Aqui não se trata de uma despedida, porque ainda estarei aqui na semana que vem, presidindo reuniões da Comissão de Relações Exteriores e também estarei nesta própria tribuna, mas quero fazer este registro de que estarei na Câmara, se Deus quiser, ocupando a cadeira que foi de meu pai, Renato Azeredo, por seis mandatos consecutivos. E tendo meu pai como exemplo maior, estou certo de que continuarei honrando meu Estado e seus cidadãos com muito trabalho e com ética no trato da coisa pública.
Sr. Presidente, era isto que eu queria trazer: um registro, um resumo desse período como Senador.
A Srª Marisa Serrano (PSDB - MS) - V. Exª me permite, Senador?
O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG) - Ouço, com muita honra, o Senador Mozarildo e, em seguida, a Senadora Marisa Serrano.
O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Eduardo, quero dizer a V. Exª que, se Minas perde com sua saída do Senado, ganha com a sua presença na Câmara dos Deputados. V. Exª, por onde passa, só abrilhanta a sua atividade política e, portanto, honra o Estado que representa. Quero dar um testemunho, como membro da Comissão de Relações Exteriores, do trabalho de V. Exª, um trabalho seguro, sério, com independência, sem nenhum tipo de paixão. Testemunho, inclusive, a questão do debate com relação ao ingresso da Venezuela no Mercosul. Embora tenha claramente adotado uma posição, como eu, contrária ao ingresso da Venezuela nos termos que estavam lá colocados, sem nenhum tipo de observância aos tratados já estabelecidos, V. Exª soube conduzir com bastante tranquilidade os debates. Também quero dizer que justamente na sua Presidência tivemos oportunidade de criar uma subcomissão na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, inicialmente uma Subcomissão da Amazônia, depois ampliada para Subcomissão Permanente da Amazônia e da Faixa de Fronteira. Entendo que é uma área muito importante da Comissão que V. Exª preside, porque pensar em defesa nacional e mesmo em relações exteriores sem prestar atenção na extensa fronteira territorial que temos, de 17.500 quilômetros, uma fronteira com dez países, que nem sempre têm uma relação tão tranquila com o Brasil... Com certeza, a obra que V. Exª fez na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional já daria para justificar plenamente o seu mandato. Como V. Exª elencou, ele não se limitou apenas a essa parte, mas só ela já o justificaria. Portanto, quero cumprimentá-lo e dizer que fico muito feliz em termos sido colegas esse tempo. Tenho certeza de que dentro em pouco V. Exª voltará para cá ou, quem sabe, para dirigir Minas Gerais. Parabéns!
O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG) - Muito obrigado, Senador Mozarildo. Agradeço a V. Exª a presença, sempre dedicada, lá na Comissão de Relações Exteriores. Realmente, a questão das relações externas cresce de importância cada vez mais no Brasil e deve ser cada vez mais discutida aqui por nós no Senado Federal.
Senadora Marisa Serrano.
A Srª Marisa Serrano (PSDB - MS) - Obrigada, Sr. Senador. Eu gostaria também de seguir as palavras do Senador Mozarildo e dizer que, nestes quatro anos em que estivemos juntos nesta Casa, eu aprendi a conhecê-lo melhor e, principalmente, a ver a sua determinação e a sua dedicação a esta Casa, seja na Comissão de Relações Exteriores, onde V. Exª fez um belíssimo trabalho e está fazendo como Presidente, discutindo as questões maiores da política externa brasileira, às vezes nem sempre no rumo que gostaríamos que tomasse... V. Exª sempre foi uma voz firme em defesa da soberania nacional. Isso é fundamental para nós, para todos aqueles que amamos este País. Quero dizer ainda que, como companheiros no Mercosul, tivemos a oportunidade de trabalhar pela integração latino-americana, que nos é tão cara, principalmente quando se trata de fazer com que países irmãos troquem experiências e compactuem naquilo que é possível pactuar para crescermos juntos, com diretrizes melhores no Cone Sul. Quero dizer a V. Exª que esta Casa não terá o mesmo brilho sem a presença de V. Exª aqui conosco. Nós vamos sentir muito a sua falta. E eu espero que o tapete verde, o tapete azul não sejam empecilhos para nós continuarmos sempre juntos trabalhando por aquilo em que nós acreditamos para um País melhor.
O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG) - Muito obrigado, Senadora Marisa. O Senador Sérgio Guerra e eu estaremos sempre presentes aqui também, tomando um cafezinho, voltando lá da Câmara para cá.
Sr. Senador Cristovam Buarque, por favor.
O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Meu caro Eduardo Azeredo, deixe-me chamá-lo assim.
O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG) - É claro, é um amigo de longa data.
O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Eu quero dizer que, nestes últimos dias, a gente tem tido sessões deste tipo aqui. E o que está me deixando preocupado é que eu estou vendo que são os melhores que estão saindo. Não quero dizer que haja algum que eu preferisse que saísse, de jeito nenhum. Mas, no seu caso, especialmente, toca-me a sua mudança de Casa, daqui para a Câmara, pela nossa convivência desde o tempo em que fomos Governadores simultaneamente, apesar de partidos diferentes, mais do que diferentes, que se opunham nacionalmente. Fizemos campanhas juntos no entorno de Brasília, campanha pela sua reeleição em Minas Gerais, e a minha aqui. E, nestes oito anos, tivemos uma convivência que, eu diria, vai além do coleguismo e que, eu posso dizer, foi uma relação fraterna. Por isso, eu lamento muito, pessoalmente, não o ter aqui conosco, embora creia que o seu trabalho na Câmara Federal vai ser igualmente produtivo para o Brasil. Lamento também que, mesmo estando na Câmara, deixe de dar a contribuição que este Senado precisa tanto e que vai precisar tanto, eu acho, no próximo ano, porque o senhor representou aqui um trabalho que eu resumiria, pelo menos, numa palavra, que é “qualidade”: qualidade nos discursos, nas reflexões; qualidade nas posições. Obviamente posso dar a palavra “coerência”, que foi uma característica sua todo este tempo. Posso dar a palavra “coragem” nos momentos certos. Posso usar a palavra “respeito”. Mesmo quando se tratava do Governo, o senhor sendo Oposição, nunca deixou de tratar com respeito, mesmo quando fazia as críticas que considerasse corretas. Então, por todas essas qualidades, nós vamos sentir sua falta. Mas o Brasil não vai sentir, porque o senhor vai estar na Câmara, que é o espaço igualmente positivo para desenvolver o trabalho legislativo em prol do Brasil, e o senhor continuará a fazê-lo. E concluo, dizendo: parabéns a gente costuma dar quando a pessoa ganha a eleição; eu creio que parabéns a gente deve dar quando a pessoa termina o mandato. E o senhor, além de merecer parabéns por ter ganho a eleição para a Câmara dos Deputados, merece aqui especialmente os parabéns pela conclusão de um mandato que certamente orgulhou Minas Gerais. Parabéns para o senhor! Parabéns para Minas Gerais!
O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG) - Obrigado, Senador Cristovam. Seu testemunho é importante. Estivemos juntos na época de Governadores. Aqui estamos juntos na Comissão de Relações Exteriores, assim como estou junto com a Senadora Marisa no Mercosul. Ainda temos uma última reunião no Mercosul. Então, vou ter que viajar mais uma vez, Senador Sérgio Guerra. Vou ter que viajar mais uma vez ainda.
Senador Cristovam, agradeço-lhe as suas palavras. Realmente, nós temos que conseguir aprovar aquela questão ligada à representação de brasileiros no exterior, que é um ponto também da maior importância. Refiro-me àquela PEC que teve uma primeira votação e que trata da representação.
Senadora Lúcia Vânia.
Ouço, depois, o Senador nosso Presidente, Sérgio Guerra.
A Srª Lúcia Vânia (PSDB - GO) - Senador Azeredo, lamentando a sua saída aqui do Senado, acho que o nosso Partido, o PSDB, acaba perdendo um grande nome nesta Casa. V. Exª foi sempre brilhante em tudo o que se propôs a fazer aqui. Eu tenho uma admiração muito grande pelo trabalho que V. Exª desenvolveu aqui em relação à pessoa portadora de deficiência, com tenacidade e com persistência, conseguindo grandes avanços nessa área. V. Exª também, como Presidente da Comissão de Relações Exteriores, pôde conduzir aquela Comissão com muita sobriedade, com muita responsabilidade, honrando o seu Estado, Minas Gerais, e honrando especialmente o nosso País e o nosso Partido, o PSDB. Portanto, eu quero dizer a V. Exª que estes momentos, os momentos que desfrutamos juntos aqui, durante estes anos, serão marcados nas nossas vidas como momentos de alegria e de satisfação, de conhecer uma pessoa sensível, uma pessoa humana, que, acima de tudo, guarda consigo uma lealdade muito grande. Portanto, eu desejo a V. Exª que tenha muito sucesso na Câmara dos Deputados e que leve para lá essa sua sabedoria, essa sua tenacidade, que vai, sem dúvida nenhuma, engrandecer o Congresso Nacional. Muito obrigada.
O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG) - Obrigado, Senadora Lúcia Vânia. Essa convivência com a senhora foi realmente muito boa aqui nessas questões da Comissão de Assuntos Sociais, no dia a dia do nosso Partido. Eu lhe desejo muito sucesso aqui, no novo mandato que se inicia agora.
Como eu disse antes, eu vou entregar a minha cadeira para Aécio Neves. Então, eu acho que, como Senador, vou ficar bem substituído.
Senador Sérgio Guerra.
O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Senador Eduardo, eu estava brincando aqui com a Senadora Marisa Serrano, dizendo que não apenas o Senado vai perder um grande Senador e um grande companheiro, nem o PSDB também do Senado, mas o mundo. Nos próximos meses, o senhor não será encontrado por aí. Vai ter que ficar um pouco mais entre nós. Mas o fato real é o seguinte: eu conheci o Senador Azeredo antes. Foi, eu diria, entre todos os nossos companheiros, insuperável na sua cordialidade. Extremamente cordial. É impossível alguém ser mais conciliador do que o Senador Azeredo. Impossível ser mais companheiro do que ele. Em todas as ações que desenvolveu, não ficou na superfície, sempre foi ao conteúdo e se aprofundou. Fez um excelente mandato, com a marca da discrição, da moderação, que é a sua marca, que este Senado reconhece, elogia com grande entusiasmo. Foi sempre um fator de unidade, um fator de convergência, um fator de agregação do Senado, de afirmação do Senado no seu jeito cordial de ser, mas nunca foi capaz de produzir concessões, não concessões comprometedoras; sempre alianças, entendimentos, negociações no sentido mais positivo e mais parlamentar e republicano da palavra. Um grande Senador, como foi um grande Governador e um grande amigo. Num dado momento, V. Exª precisou da solidariedade deste Senado. Teve de todos. Ninguém teve aqui a coragem de deixar de reconhecer o seu valor, a sua integridade, a sua honestidade, o seu espírito público.
E começa o mandato como terminou: com o apoio de todos e com o orgulho do dever cumprido. É um excelente pai de família, um excelente companheiro. Eu diria que o Senador Eduardo Azeredo, seguramente, foi das melhores amizades que consolidei no Senado e que espero perpetuar pela vida inteira. V. Exª orgulha o PSDB e vai continuar orgulhando, porque estamos agora em um outro caminho; como disse aqui a Marisa, em um outro tapete. Mas não serão os tapetes que nos vão dividir. Pelo contrário; vamos trabalhar juntos com os Senadores, com o PSDB, com o Congresso, para ele ficar maior e melhor. E um Congresso maior e melhor passa sempre pela sua participação política. Então, um grande abraço como amigo, como companheiro que vai estar, daqui a alguns dias, seguramente, sentado ao seu lado lá numa cadeira de Deputado Federal.
O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG) - Muito obrigado, Senador Sérgio Guerra, nosso Presidente do PSDB, um Presidente habilidoso, um Presidente que se impôs ao nosso Partido, ao País como um todo.
Uma das questões que me dá realmente mais entusiasmo de ir para a Câmara é ter a sua companhia lá, sem nenhum exagero. Acho que estaremos juntos lá na Câmara, com os colegas meus de Minas Gerais. São Deputados com os quais trabalhei na época de Governador, e alguns outros são novatos. Mas o fato é que essa é uma outra trincheira da luta política e partidária, a Câmara dos Deputados, que eu nunca ocupei. De maneira que lhe agradeço as suas palavras, o seu incentivo, a sua amizade permanente aqui no Senado Federal.
Senador João Tenório, muito obrigado pelo seu aparte também, já de antemão.
O Sr. João Tenório (PSDB - AL) - Senador Eduardo, ninguém pode ser mais mineiro do que V. Exª.
O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG) - Eu me orgulho muito disso. É ótimo!
O Sr. João Tenório (PSDB - AL) - E o importante é que V. Exª usa sua mineirice na intenção do bem, de juntar, de conciliar, de convencer, de “seduzir” no bom sentido. Isso foi muito importante em nosso Partido, como diz nosso Presidente. V. Exª sempre teve uma posição de conciliação e de cuidado nas relações, colocando o algodãozinho entre os copos de cristal para evitar que coisas viessem a deteriorar as relações no Partido. V. Exª teve um trabalho magnífico. Mas algo sobretudo se destaca: V. Exª foi Presidente da Comissão de Relações Exteriores em um momento crítico. Foi um momento crítico, porque tivemos um reboliço, digamos assim, nas relações brasileiras com alguns países, sobretudo nas nossas vizinhanças, quando realmente se estressaram muito essas relações. V. Exª administrou algumas sessões em que, de fato, o estresse estava muito presente e o fez com o brilhantismo e a mineirice que caracterizam sua personalidade e marcam, de maneira absolutamente visível, seu DNA. Tive o imenso prazer e a imensa satisfação de me tornar seu amigo e seu profundo admirador. Estamos aqui todos acompanhando a palavra do Presidente, dizendo como foi bom tê-lo conosco aqui neste período e desejando sucesso a V. Exª, o que - tenho certeza - acontecerá nos próximos passos que dará na vida política e como ser humano maravilhoso que realmente é. Muito obrigado.
O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG) - Obrigado Senador, João Tenório, ainda recentemente, pudemos ter uma convivência mais próxima na missão que fizemos à China, e nessa missão pudemos conversar muito sobre os rumos do Brasil. E aqui elenquei alguns dos projetos que pude apresentar, que pude relatar ou que pude defender. Acredito que nós temos muito ainda por avançar no Brasil. É inegável que o País avança, desde o início do Plano Real, em especial, mas tem muito por fazer, e nisso é importante a atuação de todos nós. V. Exª também continue participando da vida política e partidária para que nós tenhamos horizontes cada vez melhores.
Muito obrigado pela sua amizade permanente aqui no Senado Federal.
Senador Paulo Paim.
O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Eduardo Azeredo, sou o único Parlamentar do PT no plenário, mas sei que falo pela Bancada. O respeito por V. Exª é muito grande. V. Exª é daqueles Parlamentares que faz o seu papel no campo da oposição com uma diplomacia impecável. V. Exª faz a crítica firme, clara, dura e respeitosa. E isso é bom. Não entendo uma democracia sem uma oposição forte, firme e que tenha o trato que V. Exª tem com a atividade política. V. Exª relatou diversos projetos de minha autoria, em ampla maioria deu parecer favorável, mas, mesmo quando não podia, por suas convicções, dar o parecer favorável, nos chamava e explicava: Paim, darei o parecer a esse projeto devido a isso e àquilo. E eu normalmente concordei com V. Exª. V. Exª tinha razão; o outro projeto era mais amplo e significava mais para os trabalhadores. Enfim, eu só quero agradecer. Sei que V. Exª, ao longo desses oito anos, passou aqui por momentos difíceis, como todos nós passamos - em circunstâncias diferentes, mas passamos -, e eu tive a alegria de ficar sempre ao seu lado, e não me arrependo. V. Exª o sabe, porque conversamos muito. Também quero, a exemplo dos outros Senadores, dizer que tenho orgulho de dizer que me considero seu amigo. V. Exª é meu amigo. Um abraço a V. Exª e a toda a sua família. Sei que fará um excelente mandato também como Deputado Federal, com a mesma convicção e com a mesma firmeza com que atuou aqui como Senador da República. Meus eternos respeitos. Um abraço.
O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG) - Obrigado, Senador Paim. Eu é que agradeço por tê-lo como amigo aqui realmente e por falar aqui em nome do PT.
Procurei sempre ter, realmente, essa relação de respeito com o seu Partido, com o próprio Presidente da República. Não acredito que posições extremadas possam levar ao sucesso. A vivência que tive como Governador, como Prefeito, me fez aprender muito; e aprendi exatamente que este é o caminho: nós podemos e devemos divergir, quando necessário, mas mantendo sempre os caminhos do diálogo abertos. E V. Exª sempre teve realmente uma participação fundamental nessas questões sociais, em especial junto à defesa das pessoas com deficiência, como sempre tivemos juntos aqui. Quero dizer que pretendo e quero continuar lutando da mesma maneira.
E faço questão de continuar com a sua amizade. V. Exª lembrou aqui momentos difíceis da minha vida, em que V. Exª realmente esteve a meu lado. Muito obrigado.
Quero aqui agradecer mais uma vez, então, a oportunidade, Sr. Presidente, de poder aqui fazer um registro. Repito que não se trata de uma despedida; trata-se de um registro das atividades como Senador, já que ainda estarei por aqui e, no ano que vem, estarei na Câmara dos Deputados.
Muito obrigado, Senador Gurgacz.
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