Discurso durante a 200ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Histórico dos 40 anos de vida pública de S.Exa., dedicados ao Estado de Pernambuco e ao País. Dissertação sobre a transição democrática que ensejou a criação do PFL, atual Democratas.

Autor
Marco Maciel (DEM - Democratas/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. ESTADO DEMOCRATICO. REFORMA POLITICA.:
  • Histórico dos 40 anos de vida pública de S.Exa., dedicados ao Estado de Pernambuco e ao País. Dissertação sobre a transição democrática que ensejou a criação do PFL, atual Democratas.
Aparteantes
Adelmir Santana, Antonio Carlos Júnior, Antonio Carlos Valadares, Augusto Botelho, Cristovam Buarque, Delcídio do Amaral, Demóstenes Torres, Garibaldi Alves Filho, Heráclito Fortes, Jarbas Vasconcelos, Jayme Campos, José Agripino, João Tenório, Marcelo Crivella, Mão Santa, Pedro Simon, Renato Casagrande, Roberto Cavalcanti, Rosalba Ciarlini, Sergio Guerra, Valter Pereira.
Publicação
Publicação no DSF de 08/12/2010 - Página 57160
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. ESTADO DEMOCRATICO. REFORMA POLITICA.
Indexação
  • REGISTRO, HISTORIA, VIDA PUBLICA, ORADOR, ATUAÇÃO, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, CAMARA DOS DEPUTADOS, GOVERNO ESTADUAL, SENADO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), GABINETE CIVIL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, AGRADECIMENTO, POVO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ELEIÇÃO, DIVERSIDADE, MANDATO.
  • COMENTARIO, PROCESSO, REDEMOCRATIZAÇÃO, EMPENHO, ESTABELECIMENTO, JUSTIÇA SOCIAL, CONSOLIDAÇÃO, CIDADANIA, REGISTRO, HISTORIA, FRENTE LIBERAL, LEITURA, TRECHO, MANIFESTO, CRIAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), ATUAÇÃO, ASSEMBLEIA CONSTITUINTE, ELOGIO, COMPROMISSO, TANCREDO NEVES, JOSE SARNEY, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ULYSSES GUIMARÃES, CONGRESSISTA, CONTRIBUIÇÃO, PROMULGAÇÃO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EMENDA CONSTITUCIONAL, AUTORIZAÇÃO, REVOGAÇÃO, ATO INSTITUCIONAL, ATO COMPLEMENTAR, GARANTIA, ANISTIA, FUNCIONAMENTO, SINDICATO, RESTABELECIMENTO, PLURIPARTIDARISMO.
  • JUSTIFICAÇÃO, NECESSIDADE, IMPLEMENTAÇÃO, REFORMA POLITICA, ATUALIZAÇÃO, INSTITUIÇÃO DEMOCRATICA, LEGISLATIVO, JUDICIARIO, EXECUTIVO, REVISÃO, SISTEMA ELEITORAL, SISTEMA DE GOVERNO, POLITICA PARTIDARIA, GARANTIA, REPRESENTAÇÃO POLITICA, CONTRIBUIÇÃO, CONSOLIDAÇÃO, MODERNIZAÇÃO, BRASIL, APERFEIÇOAMENTO, DEMOCRACIA.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Heráclito Fortes, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, fiz de minha vida uma missão: pôr-me sempre a serviço de Pernambuco e do povo pernambucano.

            Por mais universal que seja a vocação de cada um, como foi a de Joaquim Nabuco, cujo centenário de morte estamos este ano celebrando, é na terra em que nascemos que buscamos força, inspiração e alento.

            Devo a Pernambuco e ao povo pernambucano não apenas o que sou, mas tudo quanto, ao longo da minha existência, conquistei em sucessivos mandatos.

            Somos uma parcela do povo brasileiro que nada negou ao Brasil. Em Pernambuco, não se forjou apenas o sentimento da nacionalidade. Lá fincamos as raízes do amor à liberdade.

            Regamos com sangue de nossos mártires e heróis as virtudes cívicas de todo o nosso povo. Tenho orgulho de ser parte desta herança e a ela tenho procurado ser fiel. A irredenção e o inconformismo pernambucanos trazem a marca da obstinação.

            O abolicionismo é, como no apostolado de Nabuco, a luta pela cidadania de todo o povo brasileiro e não apenas parte dele.

            Sr. Presidente, mais do que uma vocação, a vida pública que abracei, há quase meio século, é um compromisso com o nosso povo e com suas instituições.

            O Estado brasileiro tem necessariamente de se transformar em uma estrutura democrática capaz de proteger os fracos, dar condições de sobrevivência com dignidade a todos e corrigir as injustiças, coibir os abusos e punir os excessos.

            Sr. Presidente, não pratico a política como um mero exercício ou um simples desfrute de poder, que é a forma mais mesquinha de exercê-la. Entendo-a e a pratico como uma possibilidade de transformar o poder para fazer dele um instrumento de justiça, de igualdade e de bem-estar coletivo.

            Aprecio a firmeza das convicções e, como acredito no poder das ideias, sempre defendi o princípio de que as convicções não são empecilho para o entendimento e a conciliação. Na ausência dessas condições, a prática da política se transforma em um exercício estéril do confronto, da denúncia e do impasse.

            Srs. Senadores, Srªs Senadoras, se ao cabo de todos esses anos, tivesse de tirar de minha própria vida como homem público alguma conclusão que pudesse ser útil aos que nela se iniciam, eu daria apenas um conselho: devemos buscar sempre entre o que nos separa aquilo que pode nos unir, porque, se queremos viver juntos na divergência, que é o princípio vital da democracia, estamos condenados a nos entender.

            Ocorrem-me tais observações, Sr. Presidente Senador Heráclito Fortes, por considerar que episódios significativos incorporados à história brotaram da capacidade de homens públicos de se anteciparem às crises e, de modo sintônico, resolvê-las em sintonia com as aspirações nacionais.

            Fazer memória de fatos que se transformaram em datas paradigmáticas serve, portanto, de pedagogia cívica e ajuda a iluminar o futuro que se nutre do passado.

            Dessa forma, os 25 anos da Nova República permitem lembrar que o evangelho da conciliação começou a ser escrito nas Gerais, berço de Tancredo Neves, cuja vida e morte nos tornam protagonistas do mais amplo e denso movimento de redemocratização de toda a nossa história republicana.

            Vale, Sr. Presidente, igualmente, anotar a coincidência de havermos celebrado duas décadas da Nova República no mesmo instante em que transcorriam os 150 anos do Gabinete da Conciliação.

            É bom lembrar que o Gabinete da Conciliação, em 1853, em pleno Império, foi articulado e presidido por notável pró-homem de Minas Gerais, Honório Hermeto Carneiro Leão, o famoso Marquês do Paraná, que concebeu o Ministério da transição. Foi, portanto, o estadista que muito contribuiu para que, em pleno Império, as instituições fossem fortalecidas.

            Tancredo Neves, certa feita fez questão de mencionar que admirava muito o Marquês do Paraná e revelara que, se tempo houvesse, gostaria de biografar Honório Hermeto Carneiro Leão.

            Conquanto, Sr. Presidente, sejam obviamente distintos a moldura das circunstâncias e o tempo histórico, o Gabinete de Conciliação e a Nova República são movimentos que se semelham. Ambos tinham objetivos comuns de congraçar a Nação em torno de ideias sem exigir das agremiações partidárias renúncias a seus princípios, visando a aperfeiçoar as instituições e construir uma sociedade compatível com as exigências do desenvolvimento e da justiça social.

            A Nova República, insisto, Sr. Presidente, foi fruto de um amplo acordo aberto aos partidos políticos e à sociedade civil, tendo como núcleo o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB, e a então Frente Liberal.

            A Frente Liberal, como V. Exªs se recordam, assim batizada pela imprensa, foi o movimento desencadeado pelos que divergiam da direção do Partido Democrático Social, PDS, para evitar a imposição de candidatura à Presidência da República que não resultasse de consulta prévia às bases do Partido nem fosse representativa do sentimento de abertura política que se instalara em nosso País. Assim nasceu o Partido da Frente Liberal, cujo Presidente de Honra foi Aureliano Chaves, então Vice-Presidente da República.

            Sr. Presidente, bem se vê, portanto, que o PFL, hoje Democratas, brotou de um movimento histórico que tornou possível a vitória da Aliança Democrática com a chapa Tancredo Neves e José Sarney, respectivamente, Presidente e Vice-Presidente da República.

            No manifesto de criação do Partido, os seus signatários proclamavam:

A hora da reconstrução da democracia deve ser a hora do reencontro e da conciliação, indispensáveis à solução das graves dificuldades que nos afligem. Não há por que reviver antagonismos que as novas realidades se incumbiram de superar.

            Cumpre, por oportuno, relembrar o destemor, a lucidez e, como diria Machado de Assis, o instinto de nacionalidade que caracterizou os integrantes da Aliança Democrática, formada por representantes de diferentes Partidos - mas todos tinham um só objetivo: promover as mudanças exigidas pela sociedade -, bem como recebeu o apoio de lídimas instituições - Associação Brasileira de Imprensa, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a OAB, SBPC, imprensa, universidades e sindicatos, entre outras instituições da sociedade civil.

            Era indispensável concluir a transição do regime autocrático para uma democracia sem adjetivos.

            O percurso - é bom relembrar - havia sido encurtado com a promulgação da Emenda Constitucional nº 11, de 1978, resultado da chamada “Missão Portela”, que autorizara a revogação dos atos institucionais e complementares, garantira a anistia, restabelecera as condições para a pluralidade partidária e assegurara o livre funcionamento dos sindicatos, entre outros dispositivos com reconhecidos avanços político-institucionais.

            Restava, contudo, dar forma ao movimento. Para tanto, esteve sempre presente a convicção de “só a coesão nacional em torno de valores comuns e permanentes pode garantir a soberania do País, assegurar a paz, permitir o progresso econômico e promover a justiça social”.

            Assim foi, sob o “Compromisso com a Nação”, o documento constitutivo desse pacto, que se estabeleceu, ao lado de preceitos doutrinários, objetivos programáticos essenciais para que o Brasil se reinserisse no Estado Democrático de Direito e promovesse o encontro entre o Governo e a sociedade mediante a adoção de medidas no campo social, cultural e econômico.

            Sr. Presidente, a brusca enfermidade que vitimou o Presidente Tancredo Neves e o impossibilitou de assumir a Presidência da República traumatizou a Nação e parecia toldar os horizontes do País.

            Se é verdade que o falecimento de Tancredo Neves causou enorme comoção, deixou, todavia, um exemplo a nos inspirar e um programa a cumprir. O “Compromisso com a Nação”, carta de princípios da Aliança Democrática a que já me referi, assinado por nomes não somente integrantes do Congresso Nacional, mas também por políticos dos mais diferentes matizes partidários.

            Por isso, não poderia deixar, neste momento, de me reportar a tantos quantos se interessaram pela causa nacional que, naquele momento, significava o retorno ao pleno Estado de direito.

            É de ressaltar também, por dever de justiça, a exemplaridade de gestos e ações de seu companheiro de jornada, o Senador José Sarney. Investido na suprema magistratura do País, o então Vice-Presidente transformou o “Compromisso com a Nação” na bíblia do Governo, adaptando o texto às mudanças do contexto e enfrentando sem pompa as circunstâncias.

            Empossado no cargo pelo Congresso Nacional, sua primeira atitude foi referendar o Ministério que Tancredo escolhera e recomendar-lhe o pleno cumprimento de todas as diretrizes que o Presidente deixara fixadas, cuidando para que nenhuma só letra ou vírgula fosse tirada sem que tudo se cumprisse, segundo prescreve o evangelista Mateus.

            Srªs e Srs. Senadores, dentre os objetivos fundamentais alcançados, impõe-se sobrelevar a convocação da Constituinte por intermédio de mensagem do Presidente José Sarney ao Congresso Nacional, de que resultou a Carta de outubro de 1988, a chamada “Constituição Cidadã”, na expressão de Ulysses Guimarães.

            Com ela, encerramos um longo, todavia exitoso, processo que assegurou ao País viver sob autêntico Estado Democrático de Direito, restaurando ou - perdoem-me a hipérbole - instaurando a verdadeira democracia em nosso País.

            A nossa transição para a democracia - ouso afirmar sem receio de contestação - foi, na segunda metade do século XX, tanto em extensão quanto em densidade, a mais bem sucedida, quando comparada com a da Espanha, cujos cânones foram fixados nos chamados Pactos de La Moncloa. As mudanças econômicas e as transformações sociais realizadas até aqui contudo não esgotam o caminho indispensável para a adaptação do Brasil às novas exigências de um processo de mundialização em que a competição e a integração se tornaram inevitáveis.

            Ensina a filosofia, não desacompanhada da sociologia e da história, que ao desatar o nó da democracia novas demandas emergem com intensidade e não há outra resposta senão aprofundar em sua essencialidade o exercício da democracia. Enfim, como se diz amiúde, os problemas da democracia exigem sempre mais democracia.

            Assim é que é preciso agora completar a obra iniciada, o que pressupõe a reforma de nossa estrutura político-institucional, opinião que expomos insistentemente antes mesmo da realização do plebiscito de 21 de abril de 1993, no qual o povo se pronunciou pela manutenção do regime republicano e do sistema presidencialista. Isso implica a necessidade de se promover a refundação do Estado, o que quer dizer também republicanizar a República, consoante disse certa feita Joaquim Murtinho, e buscar fortalecer as instituições, sobretudo o sistema federativo.

            Não se trata apenas de operar algumas mudanças formais e limitadas deste ou daquele poder. É preciso algo mais abrangente e profundo em relação aos três ramos do Governo.

            Urge pois uma reforma política e, mais do que política, institucional que implique concomitantemente a alteração dos mecanismos decisórios da representação política para que possamos, a partir daí, consumar a reforma do próprio Legislativo, tornando-o mais ágil e ajustável, em consonância com as mudanças que se operam na sociedade.

            O mesmo se pode dizer com relação ao Judiciário. Tão importante quanto dinamizar e tornar mais acessível a prestação jurisdicional é o desafio de ajustar a lei aos imperativos da Justiça sem que isso implique diminuir o respeito ao devido processo legal e ao direito de defesa. Para isso, é imprescindível que os órgãos da Justiça tenham poder decisório mais eficiente, com autonomia na garantia efetiva dos direitos coletivos, quer no campo econômico, quer no campo social.

            No âmbito do Executivo, temos de tornar mais eficiente a capacidade de operação das diferentes áreas em que se exige a proteção e a intervenção do Estado não em favor do seu próprio fortalecimento, mas da tutela dos direitos do cidadão, definindo suas atividades em setores de atuação direta e, ao mesmo tempo, estabelecendo o exercício de um poder regulatório ágil e célere.

            Outro ponto relevante é a reforma dos três sistemas do regime democrático: o sistema eleitoral, o sistema partidário e o sistema de governo. É preciso compatibilizar o sistema eleitoral e o sistema partidário com o objetivo de garantir a representatividade e melhorar a governabilidade.

            No sistema eleitoral não basta a existência de um processo estável e permanente que ponha fim à prática da elaboração de uma nova lei para cada eleição. Devemos mudar o próprio modelo proporcional de listas abertas, hoje existente apenas em dois países no mundo, um dos quais o Brasil.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, evitar a descaracterização e o consequente comprometimento do quadro partidário, é uma grande tarefa que nos cabe. Para tanto, faz-se necessário escolher entre as inúmeras modalidades e alternativas de correção que estão sendo aperfeiçoadas ao longo do tempo aquela que evite a proliferação desenfreada dos partidos políticos. E, mais do que isso, temos que discutir que papel queremos atribuir aos partidos, na vertebração do processo democrático.

            A propósito, em entrevista concedida no Brasil, em 1993, o Professor Maurice Duverger chamou atenção para o problema ao dizer: “O Brasil só será uma grande potência no dia em que for uma grande democracia e só será uma grande democracia no dia em que tiver partidos num sistema partidário forte e estruturado”.

            Ao mesmo tempo, é necessário que o próprio período eleitoral e os métodos de financiamento, tanto das eleições quanto dos partidos, sejam ajustados à rotina da vida civil, para que não se perturbe a normalidade do exercício da cidadania.

            O sistema de governo que resultará naturalmente desses novos modelos terá de se ajustar às exigências da democracia participativa em que as normas, as regras e a própria atuação do Poder Público respondem à cidadania, servindo à sociedade e não se servindo da sociedade. Esse enfoque implica um sistema tributário simplificado, não regressivo e correspondente à capacidade contributiva do cidadão.

            Tais medidas, Sr. Presidente, teriam enorme efeito não só no sistema político, mas igualmente na vida cultural, social, econômica do País e em sua plena inserção na comunidade internacional.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Padre Vieira, cidadão de dois mundos, ensina no Sermão da Sexagésima: “O pregar que é falar faz-se com a boca; o pregar que é semear faz-se com a mão. Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras.”

            E explica: “A razão disso é porque as obras veem-se”. Ou seja, na vida pública ocorre o mesmo que na vida religiosa. O essencial não está só na profissão do credo, mas na prática das obras.

            Empenhei-me, por isso mesmo, toda a minha vida em edificar um vasto acervo de obras de forma silenciosa e, por vezes, através de ação coletiva de que muito me orgulho, sem buscar loas ou reconhecimento. Tal não me impede, contudo, de expressar que muito mais poderia ter feito em prol de Pernambuco, onde tenho os olhos cravados, e do Nordeste, marcado pela mal sofrida desigualdade entre o Sul e o Sudeste e ainda pendente do indispensável apoio da União.

            Descobri desde cedo que a menor e a melhor escola está na família, a qual João Paulo II chamou de “igreja doméstica”. Recebi, na casa de meus pais, sempre presentes na minha memória, a indispensável profissão de fé. Entendi o significado do amor como doação e do silêncio como pedagogia do recolhimento e da interioridade.

            Com Anna Maria, minha esposa, sempre ao meu lado desde o tempo de vida universitária, construímos família. A ela devo inspiração em diferentes instantes da vida, a plena capacidade de renúncia dedicada à solicitude na educação dos filhos. Seu exemplo floresce em Gisela e Joel Sant’Ana, Maria Cristiana e Domingos Guimarães, João Maurício e Carol, filhos, genros, nora e nos netos - João Pedro, Luíza, Maria Isabel e Marco Antônio -, que logo intuíram o que representa ter um pai e um avô político, devendo, portanto, dedicar-se a todos e não só à família.

            Sr. Presidente, ensina Santo Ambrósio que não há dever mais urgente do que o de agradecer. A Deus agradeço Seus elevados desígnios; ao povo pernambucano, agradeço igualmente o privilégio de, nos últimos quarenta anos, tê-lo representado nos mais altos foros do País: Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados, Governo do Estado, Senado Federal, Ministério da Educação, Gabinete-Civil da Presidência da República e Vice-Presidente da República em dois mandatos, ao tempo em que governava o País, de forma lúcida e competente, o Professor Fernando Henrique Cardoso.

            Agradeço aos que, sendo correligionários, honraram-me com a sua amizade. Agradeço aos que, sendo adversários, honraram-me com a sua generosidade. E agradeço, igualmente, aos que, não sendo correligionários nem adversários, honraram-me com a sua solidariedade.

            O Brasil não se modernizará apenas com reformas econômicas, nem progredirá, a meu ver, somente com mudanças sociais. O processo de transformação do País passa, sobretudo, pelas reformas políticas.

            Sr. Presidente, a democracia, sabemos, é o regime político que deve se caracterizar pela contínua capacidade da resposta às preferências dos seus cidadãos, considerados politicamente iguais. São esses requisitos que ainda hoje nos faltam, porque poucas vezes houve no Brasil compatibilidade entre discurso e ação política.

            A política, já houve quem dissesse, é a arte do possível e desejável, por ser a arte de materializar o que é aparentemente impossível. Há, malgrado, continuados e expressivos avanços, ainda um largo território precisamos percorrer.

            Se formos capazes de renunciar ao imobilismo, seremos também capazes de ampliar os horizontes de nossa pátria.

            Encerro, portanto, minhas palavras, com a convicção...

            O Sr. José Agripino (DEM - RN) - V. Exª me permite um aparte, Senador?

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Pois não, com o maior prazer, ouço o nobre líder José Agripino.

            O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Senador Marco Maciel, estava aqui ouvindo sua palavra numa dissertação muito bem colocada sobre um pedaço da história política recente do País, de que V. Exª foi protagonista, e protagonista exemplar. V. Exª foi Governador de Pernambuco, Deputado Estadual, Deputado Federal, Presidente da Câmara dos Deputados, Ministro de Estado, Vice-Presidente da República e vai nos deixar por um período, vai fazer muita falta a esta Casa. Evidentemente, evidentemente vai continuar sendo um dos expoentes do nosso Partido e um dos guias do nosso Partido. V. Exª, com a dissertação que faz, de certa forma, pontua a sua presença como observador privilegiado em momentos importantes da vida pública como a transição democrática que vivemos juntos quando criamos juntos a Frente Liberal, que ensejou em seguida a criação do PFL. Muitas pessoas... Eu acho importante fazer uma reflexão neste momento, Senador Marco Maciel, sobre o seu papel naquele momento. V. Exª foi protagonista importante da transição democrática, porque teve a coragem de ir à luta - V. Exª é homem discreto, mas de coragem cívica que eu atesto. V. Exª foi à luta, abrindo dissidência em nosso Partido, o PDS, viabilizando a transição com uma candidatura que tinha claro compromisso com as eleições diretas para Presidência da República: a candidatura de Tancredo Neves. O outro candidato não tinha esse compromisso. Ele ia ganhar, como ganhou na convenção, mas não ia fazer o que o Brasil assistiu em seguida: pelo legado de Tancredo, operado por Sarney, o caminho aberto para a eleição direta para Presidência da República, que ensejou inclusive isto que acontece hoje: um Brasil moderno, democrático, com reformas econômicas postas, aparecendo ao mundo como uma potência. E tudo isso decorrente de quê? De atitudes políticas construídas por mãos que tiveram coragem, competência e experiência. E é o que V. Exª revela nesse seu discurso de prestação de contas. E eu quero sublinhar - V. Exª, en passant, citou esse fato - o seu papel como protagonista central. V. Exª, Aureliano Chaves, Jorge Bornhausen e, em seguida, eu como Governador também entrei nesse circuito e tive um papel. Eu era Governador e tive também a coragem de, rompendo com o meu Partido, pagar um preço alto: todos os recursos prometidos ao meu Estado foram cortados; todas as benesses oferecidas e pactuadas com o meu Estado foram cortadas. Mas eu achei que valeria a pena perder aquilo tudo, para ensejar a eleição direta para Presidente da República e fazer com que o Brasil acontecesse. E o Brasil aconteceu. Então, quero destacar de forma especial, entre os feitos da sua vida pública, homem honesto de conduta irretocável - ninguém fala mal de Marco Maciel. Você pode fazer mil considerações a respeito de Marco Maciel, não gostar dele, porque ele é isso, é aquilo; porque ele é o mapa do Chile ou porque ele tem pouco cabelo. Agora, Marco Maciel faltar com o padrão ético, jamais! Faltar com os princípios básicos da correção na vida pública com seus companheiros, jamais! Então, quero fazer o devido registro da figura pública, política de Marco Maciel, que ficou apenas en passant revelada. Mas é importante, neste momento em que V. Exª fala ao Senado - e não vai falar, muitas vezes, mais ainda -, que isso seja devidamente destacado para que os Anais da Casa faça o devido registro da qualidade do homem público, que é Marco Maciel, que tem enormes serviços prestados a Pernambuco, ao Brasil, à Câmara dos Deputados, ao Senado, mas, fundamentalmente, à democracia brasileira. Cumprimentos a V. Exª com o meu apreço reiterado.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Nobre Líder, Senador José Agripino, sabemos que os amigos são sempre generosos. E a expressão da sua manifestação reflete a amizade que nos une e a admiração que tenho pela sua pessoa, até porque estivemos juntos, como V.Exª lembrou há pouco, em episódios relativamente importantes da política brasileira, sobretudo aquelas voltadas para o retorno do chamado Estado Democrático de Direito. E V. Exª fez questão de salientar quantos participaram desse compromisso com a Nação, que redundou na eleição do Presidente Tancredo Neves, tendo como Vice-Presidente José Sarney e, posteriormente, na Constituição de 1988, que é certamente, como disse certa feita Ulysses Guimarães, não somente a “Constituição cidadã”, mas a Constituição que permitiu que o Brasil passasse a praticar, em sua plenitude, uma democracia sem adjetivos.

            Certa feita, o Presidente Geisel disse que, no Brasil, praticávamos uma democracia relativa. E ele mesmo fez questão de dizer: “O ideal não é isso; o ideal é que tenhamos democracia sem adjetivos”. E o que conseguimos com a Constituição de 1988 foi justamente ver instaurada no País a democracia em toda a sua plenitude. E a Constituição de 1988 está avançando de sorte que seus dispositivos sejam devidamente regulamentados e a Nação se afirme como uma democracia no pleno exercício da palavra.

            V. Exª citou nomes que integraram o movimento como Jorge Bornhausen, que presidiu o nosso Partido, como Hugo Napoleão, que está retornando à Câmara dos Deputados após haver governado seu Estado, o Piauí, assim como outras lideranças que, naquele instante, se associaram àquela jornada que permitiu dar ao País a plenitude democrática.

            Portanto, Senador José Agripino, gostaria de aproveitar para cumprimentá-lo, mais uma vez, pelo desempenho de V. Exª no exercício da Liderança do nosso Partido e também pela belíssima vitória que obteve no seu Estado, com a vitória não somente da Senadora Rosalba Ciarlini, mas igualmente com a reeleição de V. Exª para o Senado da República, continuando, assim, a honrar as tradições do seu povo. V. Exª herdou o exemplo de seu pai, Tarcísio Maia, pessoa com quem tive oportunidade de conviver e, mais do que isso, que aprendi a admirar. Era não somente alguém que tinha uma grande visão política, mas também uma percepção muito aguda da economia brasileira. Por isso deixou uma vasta obra no seu Estado e é exemplo em todo o País, nas diferentes funções que exerceu.

            Portanto, meus agradecimentos a V. Exª.

            Ouço, com satisfação, o Senador João Tenório.

            O Sr. João Tenório (PSDB - AL) - Senador Marco Maciel, o Senador José Agripino, com essa competência que marca os seus pronunciamentos, conseguiu sintetizar, falando de maneira muito ampla, o seu trabalho, a sua contribuição para que o Brasil evoluísse dos idos não tão democráticos dos anos 50, talvez, por aí, até o momento atual. A presença de V. Exª nesse período, nesse momento, nesse instante contemporâneo do País, foi muito bem relembrado pelo Senador José Agripino. Eu gostaria apenas de acrescentar algo que me parece muito importante, já que somos vizinhos nordestinos, de um Estado pequeno, que teve como origem, que veio de lá, veio de Pernambuco. V. Exª não apenas fez esse trabalho magnífico de juntar o País naquilo que era o mais importante, o processo democrático, o processo de desenvolvimento, mas V. Exª teve uma influência muito grande em juntar o Nordeste. Aquele Nordeste em torno de Pernambuco, que tinha se separado de Pernambuco, V. Exª, de certa forma, juntou de novo. Em Alagoas, por exemplo, a sua influência cultural, a sua influência política no meu Estado é algo que acontece até hoje. Costumo dizer que Alagoas cometeu um erro histórico muito grande: ter se separado muito cedo de Pernambuco. Poderia ter demorado um pouco mais, para ficar mais perspicaz, para ficar mais inteligente, com um nível cultural mais adequado à superação das dificuldade que o Nordeste vive como um todo.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - V. Exª tem razão.

           O Sr. João Tenório (PSDB - AL) - Senador, Alagoas lhe traz um abraço aqui em meu nome e V. Exª, enquanto Governador do Estado, enquanto Senador da República, enquanto participante do Governo Federal, teve uma contribuição, uma dedicação muito grande para que o Nordeste se entendesse, para que o Nordeste tivesse uma participação una e pudesse superar, só assim, as dificuldades imensas que aquela região vive. Parabéns e seja feliz no caminho que o espera.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado a V. Exª, Senador João Tenório. Quero cumprimentá-lo também pelo trabalho que exerce como Senador da República, representando Alagoas, um Estado vizinho de Pernambuco com o qual temos um convívio muito intenso.

            Lamento que fatos da história nos separaram posteriormente. Pernambuco foi um Estado que pagou muito alto pelo seu irredentismo, quer na Revolução Pernambucana de 1817, quer na Confederação do Equador de 1824. De alguma forma, pagamos alto por nosso irredentismo. Mas o que importa é que, em que pesem as vicissitudes que o Estado atravessou durante o período da Monarquia, conseguimos nos manter como Estado único. Graças, talvez, a José Bonifácio, grande político do Império, conseguimos manter a unidade nacional, meta que ele tanto buscou e alcançou.

            Ouço, com satisfação, agora, o nobre Senador Adelmir Santana.

            O Sr. Adelmir Santana (DEM - DF) - Senador Marco Maciel, ouvi atentamente o discurso de V. Exª, que faz uma retrospectiva de sua atuação política, assim como também ouvi os aparteantes que me antecederam. Todos eles, naturalmente, enaltecem a figura política de V. Exª.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado. V. Exª é muito generoso.

            O Sr. Adelmir Santana (DEM - DF) - Nenhum de nós desconhece isso. Nenhum de nós ignora a sua sabedoria política, a sua honestidade, que V. Exª é uma pessoa que transita entre todos de forma altiva, sem que nunca, na sua história política, tenha surgido esse ou aquele comentário, como bem enfocou o nosso Líder. Eu aprendi a conviver com V. Exª nesses últimos anos e a observar a sua inteligência, a sua sagacidade, a sua têmpera em observar, em participar, mas dando a sua opinião sempre abalizada em fatos e no conhecimento político naturalmente acumulado por essas suas passagens pelo Congresso Nacional, pela Vice-Presidência da República, pelo Estado de Pernambuco, pela Presidência da Câmara, pelas Lideranças que exerceu no decorrer da sua vida pública. Quero, portanto, me associar aos que me antecederam nos apartes, engrandecê-lo pela sua vida política, até aqui pautada nesses princípios de honestidade e de honradez, e dizer que foi uma experiência feliz a convivência que tivemos aqui, tanto no nosso Partido como aqui no Senado, com V. Exª. Fico honrado em ter privado, em alguns momentos, da convivência diária e dizer que o discurso de V. Exª é uma história que V. Exª faz da vida política dos últimos tempos de que V. Exª foi partícipe, sempre com muita efetividade, como um partícipe efetivo nas decisões nacionais. Então, louvo a sua coragem, as suas decisões e a forma como V. Exª conduz a sua vida pública e nos externa aqui algumas passagens dela. Meus parabéns a V. Exª.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Adelmir Santana. Devo dizer que V. Exª e o Senador João Tenório são empresários que aqui chegaram e demonstraram também sua capacidade política.

            Tanto V. Exª quanto o Senador João Tenório estão contribuindo, e muito, para os debates no Senado Federal e criando condições, portanto, para uma participação cada vez maior do Congresso Nacional nas grandes decisões do País.

            O Sr. Augusto Botelho (S/Partido - RR) - Senador Marco Maciel.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Por isso, quero cumprimentar V. Exª pelo desempenho no exercício do mandato no Senado, assim como o Senador João Tenório.

            Ouço agora, com satisfação, o Senador Augusto Botelho.

            O Sr. Augusto Botelho (S/Partido - RR) - Obrigado.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - E vou fazer até uma revelação: fui colega do pai dele na Câmara dos Deputados, ao tempo em que Roraima era Território e não tinha obtido ainda a sua emancipação.

            Com a palavra, portanto, o Senador Augusto Botelho.

            O Sr. Augusto Botelho (S/Partido - RR) - Muito obrigado, Senador. Devo dizer que a sua reputação eu já conheço desde o tempo em que o meu pai era vivo e me falava boas referências de V. Exª, o que eu apenas confirmei aqui com a convivência. E procurei me guiar e conversar... Lembre que eu sempre procurava o senhor quando eu tinha alguma dúvida sobre algum assunto, para me orientar aqui dentro. E eu gostaria de dizer que a Nação brasileira vai perder uma pessoa que estuda as leis, que estuda as Constituições aqui dentro nesse período. Sei que, quando o senhor estiver na outra atividade, vai continuar sendo um estudioso. Mas lamento a perda, para o Brasil, de V. Exª dentro desta Casa. Esse discurso de V. Exª, que mostra o seu espírito democrático, a sua participação na formação dessa democracia de que hoje desfrutamos... Cada vez que V. Exª fala desta tribuna nós recebemos uma aula de história, de civismo. E, principalmente, eu não conhecia um lado do senhor: o seu lado humano, religioso. Foi V. Exª quem me levou a participar das missas realizadas para os Parlamentares de vez em quando aqui. Minha admiração por V. Exª aumentou mais quando descobri seu lado cristão e religioso. Sei que V. Exª vai continuar ajudando o Brasil com o seu conhecimento e com a sua sabedoria e espero que Pernambuco o mande de volta de novo para cá, para continuar o trabalho.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Nobre Senador Augusto Botelho, agradeço, entre desvanecido e sensibilizado, a V. Exª pelas palavras, visto que nossas ligações de amizade são muito antigas - desde quando conheci seu pai, que desempenhou dignamente o mandato de Deputado Federal. V. Exª, eleito Senador, trouxe a contribuição do seu Estado, do Estado de Roraima, que tende a ter um maior protagonismo no Norte do País.

            Quero aproveitar a ocasião para cumprimentá-lo pela forma competente com que V. Exª desempenha o mandato, contribuindo, assim, para que conheçamos melhor o que significa o Estado de Roraima e sua vocação, quer econômica, quer social, quer política.

            Concederia o aparte ao Senador Delcídio Amaral.

            O Sr. Mão Santa (PSC - PI) - Senador, um aparte.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - A seguir, concederei a palavra ao Senador Mão Santa e, posteriormente, ao Senador Antonio Carlos Valadares.

            O Sr. Delcídio Amaral (Bloco/PT - MS) - Meu caro Senador Marco Maciel, eu não poderia deixar de fazer um registro especialmente no dia de hoje, depois do discurso de V. Exª. Não tenha dúvida nenhuma: V. Exª é um dos homens públicos que mais honrou esta Casa e honrou o País. V. Exª foi tudo o que um homem público pode conquistar: Parlamentar, Governador de Estado, Ministro de Estado, Vice-Presidente da República. Sempre colocou o talento de V. Exª, a vida absolutamente correta, a sua inteligência, o caráter, a correção, não só representando bem o Estado de V. Exª, Pernambuco, como também representando o Brasil, com dignidade, com espírito público, republicanamente, e trabalhando, acima de tudo, pela cidadania no nosso País. Eu não podia deixar de destacar o papel de V. Exª em todo o processo político brasileiro, por tudo, por todos os desafios que enfrentou. Para todos nós aqui, que somos talvez iniciantes na política em função da sua sabedoria e experiência, é uma honra muito grande tê-lo aqui conosco. Nós aprendemos muitas coisas com V. Exª, porque são poucos os homens públicos que passaram pelos postos e fizeram todo o trabalho que V. Exª desenvolveu ao longo de sua vida, e sempre humilde, sempre tratando as pessoas com absoluto respeito. Eu nunca ouvi aqui uma alteração de voz, mas sempre trabalhando da forma como pautou todas as atividades de V. Exª, no bom senso, na lucidez, no convencimento, e com Deus no coração também. Eu sei que V. Exª é um devoto, é um homem que tem, na religião, o caminho, a luz. Então, eu não poderia, Senador Marco Maciel, deixar de fazer este registro. O nosso respeito, as nossas homenagens e a alegria de tê-lo aqui entre nós, no Senado Federal, transmitindo experiência, transmitindo dignidade, espírito público e, acima de tudo, respeito pelo Estado de V. Exª e pelo País. Eu não podia deixar de registrar isso e agradecê-lo por tudo aquilo que V. Exª fez e fará, eu não tenho dúvida nenhuma. A vida continua, a política continua, e eu não tenho dúvida nenhuma de que V. Exª, por toda a experiência e sabedoria que tem, terá novos desafios pela frente. Eu quero, mais do que nunca, Presidente, aqui, em nome do meu Estado, Mato Grosso do Sul, fazer esta homenagem, aproveitando também que aqui, coincidentemente, temos a presença de três Vereadores lá do Município de Sete Quedas, onde começa a Região Centro-Oeste brasileira, lá na divisa com o nosso querido Paraguai. Trata-se do Vereador Claudelino Parreira, ali do lado direito; do Vereador Miro, que é o Presidente da Câmara de Vereadores de Sete Quedas; e também de Paulo Caixa, outro Vereador. Eles estiveram aqui defendendo os interesses da sua cidade, do seu Estado, e hoje, coincidentemente, estão aqui no dia em que V. Exª faz esse discurso.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado.

            O Sr. Delcídio Amaral (Bloco/PT - MS) - Ao senhor, Senador Marco Maciel, que Deus o ilumine, que Deus o abençoe sempre, que V. Exª continue sendo esse exemplo de homem público e continue trabalhando pelo seu Estado, o valoroso Pernambuco, e pelo Brasil. Muito obrigado.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Delcídio Amaral, pelo generoso depoimento que V. Exª produziu a meu respeito. Quero dizer o quanto aprecio o trabalho de V. Exª no Senado, como também em outras funções que, como homem público e empresário teve oportunidade de cumprir.

            Desejo agora ouvir a palavra ao nobre Senador Mão Santa.

            O Sr. Mão Santa (PSC - PI) - A história tem seus caprichos, e eu tenho a convicção de que faz parte da história de Pernambuco. O País viu tombar, em um pleito eleitoral, Joaquim Nabuco. Aí é que ele cresceu, aí é que o mundo aprendeu, aí é que o Brasil aprendeu. A luta dele para fazer surgir a liberdade dos escravos... Se ele não tivesse tombado, talvez tivesse ficado na insensibilidade. Ele foi vítima dos poderosos, dos donos dos escravos, do dono da imprensa, e tombou aí. Gilberto Freyre também foi o primeiro a relatar essas injustiças sociais lá do seu Pernambuco. E V. Exª é isto: cai crescendo mais, porque, se há uma pessoa fundamental na reconstrução dessa redemocratização, foi V. Exª.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Obrigado.

            O Sr. Mão Santa (PSC - PI) - V. Exª, com aquela história de Pernambuco, Estado revolucionário, mas V. Exª trouxe a prudência. V. Exª, sem dúvida nenhuma, ficou justamente com o grupo que criou a Frente Liberal, que garantiu o Tancredo, que simulou pela redemocratização; Sarney, com sua paciência. E V. Exª faz parte do melhor time de nossa história do Brasil. Aí o Michel Temer pode ser dar por feliz, porque ele não precisa buscar exemplos em outras histórias, em outros países. Ô País rico em bons Vice-Presidentes! Começou logo na República. O Marechal Floriano era mais forte do que o Deodoro, e por aí vai. Quem se esquece de Aureliano Chaves, também um dos que se sacrificou, como V. Exª, pela redemocratização? A grandeza do próprio Vice Sarney, do Itamar, e V. Exª. V. Exª assumiu 87 vezes a República do Brasil. Que exemplo de grandeza, dignidade e tudo! Sou de Pernambuco, e V. Exª fez escola. Eu governei o Piauí e tinha um auxiliar que foi seu auxiliar, Dr. Gil Borges. Ele trabalhava numa empresa de laticínio do Estado e todo o tempo me fazia relembrar o valor do senhor como executivo, como homem de trabalho. Pelas madrugadas e tudo, o senhor estava a postos. Quer dizer, o senhor fez escola. Tenho um irmão lá em Pernambuco que gosta mais do senhor do que de mim, o Paulo de Tarso Moraes e Souza. São apaixonados esses pernambucanos pela firmeza, pela decência. Assim é um amigo íntimo da minha cidade, Gabriel Bacelar, e eu quero estar incluído entre eles. Então, eu quero dizer o seguinte: é comum, na vida pública, o sujeito sair com apelido. Esse negócio de Chile é uma besteira. Não é, não. O apelido do senhor é o seguinte: como está encantado no fundo do mar Ulysses, o “senhor da diretas”; como Simon Bolívar, El Libertador; o senhor é o “senhor virtude” da democracia brasileira e do mundo.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Agradeço ao nobre Senador Mão Santa o aparte que V. Exª me ofereceu.

            Eu gostaria de conceder agora um aparte ao Senador Antonio Carlos Valadares. E, a seguir, ao Senador Sérgio Guerra, Presidente do PSDB.

            O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Senador Marco Maciel, sei que V. Exª ainda não está fazendo o discurso de despedida, a não ser que eu esteja enganado, porque V. Exª ainda terá algum tempo nesta Casa para fazer, em uma sessão mais participativa, com a presença de mais Senadores e Senadoras, uma despedida em alto estilo, de vez que a sua passagem pelo Congresso Nacional, tanto na Câmara como no Senado, demonstrou as suas qualidades como homem público, como cidadão, como amigo, sempre cordial no trato com os seus colegas de trabalho, respeitando, democraticamente, as posições assumidas, muitas das quais não estando de acordo com as suas opiniões, divergindo de forma democrática e respeitosa. A marca principal da sua passagem é o estudo, o estudo pormenorizado de tudo quanto fosse importante para a vida da Nação. V. Exª é um especialista em assuntos da vida partidária, da vida eleitoral, e deu um contributo importante, na Comissão de Justiça, para a realização de muitas mudanças no sistema eleitoral deste País, as quais não se efetivaram como nós esperávamos porque, infelizmente, a Câmara dos Deputados ainda não se debruçou, de forma séria, sobre os assuntos aqui tratados no Senado Federal, onde V. Exª teve grande participação. Tenho certeza de que, ao longo da sua vida, os brasileiros notaram que a sua atuação tem sido marcada por uma preocupação com a seriedade na aplicação do dinheiro do povo. Não houve uma falta, um deslize, um ato com que V. Exª pudesse envergonhar o seu Estado, o seu povo, a sua família. A sua vida é a sua história, e a sua história é um livro aberto, onde todos os brasileiros puderam acompanhar e, certamente, se orgulhar de tudo quanto V. Exª fez como político, como Governador que foi do seu Estado, como Deputado Federal. Também foi Deputado Estadual, Senador?

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Exatamente.

            O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Então, V. Exª teve uma carreira brilhante. Foi Vice-Presidente da República, foi Ministro da Educação, Ministro da Casa Civil. Teve uma carreira brilhante. Em todos os lugares por que V. Exª passou, deixou a sua marca, a marca da tranquilidade, da segurança no trabalho, do respeito ao ser humano, do respeito às pessoas que trabalhavam com V. Exª. Portanto, merece elogios. Eu estou aqui no Senado há 16 anos e há 15 anos, no PSB. Nesses 15 anos, o PSB faz oposição a V. Exª em Pernambuco, mas em nenhum momento eu ouvi de companheiros nossos de Partido qualquer comentário desairoso sobre a sua conduta como homem público. Disso V. Exª pode se orgulhar. O Governador Eduardo Campos faz oposição a V. Exª, mas é uma oposição respeitosa, respeitando sempre o homem público Marco Maciel. Por isso, meus parabéns. V. Exª não está se despedindo, como eu disse. A sua despedida será em um outro momento, quando a Casa estiver mais cheia, para que, com a sua palavra, nós possamos mais uma vez dizer o que estamos dizendo agora: palavras de reconhecimento público do seu valor como político e como cidadão.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Senador Antonio Carlos Valadares, agradeço as palavras que V. Exª proferiu a respeito de minha atuação política e, de modo particular, quero cumprimentá-lo pela reeleição que acaba de obter em seu Estado, Sergipe. Enfim, somos nordestinos e, consequentemente, enfrentamos problemas característicos do Nordeste brasileiro. Não posso deixar, portanto, de agradecer, entre desvanecido e sensibilizado a manifestação de V. Exª.

            Antes de conceder o aparte ao Senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, eu gostaria de registrar a presença no plenário do Senador eleito pelo Estado de São Paulo Aloysio Nunes Ferreira.

            Concedo agora o aparte ao Senador Sérgio Guerra; a seguir, concederei a palavra ao Senador Cristovam Buarque, nosso conterrâneo, e, posteriormente, à Senadora Rosalba Ciarlini.

            O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Senador Marco Maciel, eu gostaria de pronunciar algumas palavras sobre V. Exª. Eu o conheci ainda menino, jovem, sou amigo do seu irmão Eduardo. Marco Maciel era presidente da UEP (União dos Estudantes de Pernambuco) e liderava em Pernambuco um movimento chamado Socialização e Liberdade, que tinha objetivos muito claros: a democracia e a justiça social. E V. Exª tinha uma posição que, naquela época, era extremamente avançada para os parâmetros da discussão política de então. Foi presidente da UEP, e foi um grande presidente. Depois de 1964, fui encontrá-lo no gabinete do Governador Paulo Guerra, seu amigo e nosso amigo. Começou a sua vida pública e, depois, para uma sucessão de mandatos de Deputado Estadual, Federal, Senador, Governador; todos mandatos eletivos com que os pernambucanos podiam premiar um político, e V. Exª foi premiado com eles. E a sua vida é uma só: a mesma pessoa, a mesma simplicidade, a extrema cordialidade, o compromisso com o seu Estado. E, de todos os elogios que eu poderia lhe fazer, quero fazer-lhe um elogio raro, que raramente pode ser feito hoje: é um notável homem público. Não há tantos assim. A questão do interesse público em V. Exª está acima de qualquer outro interesse. O compromisso com a democracia, com a convivência, com o respeito aos adversário, também. Não conheço, em Pernambuco, quem não tenha por V. Exª respeito e admiração. E, no Brasil, é assim também. Nesses oito anos de Senado, foi assim o tempo todo: como presidente da Comissão de Justiça, foi um grande presidente; como Senador, sempre um grande Senador. Jovem, porque começou jovem a sua vida pública; firme como sempre, simples como sempre; tem a admiração de todos os pernambucanos e de todos os brasileiros. E tenho certeza de que o futuro do Brasil dependerá, muito ainda, da sua opinião, da sua sensatez e do seu equilíbrio. Muitos irão atrás do que o senhor afirmar e daquilo que o senhor, principalmente, ponderar, porque o Brasil, de maneira geral, tem hoje uma enorme falta de liderança política que tenha capacidade de ponderação, de reflexão, que saiba administrar o tempo e que governe e trabalhe, na oposição e no Governo, com essa variável totalmente controlada, que é o tempo. Marco Maciel sabe o que fazer com o tempo e sabe o que fazer na política, como sabe perfeitamente o que fazer na sua vida com seus filhos, com sua família e com seus amigos. O depoimento de todos os pernambucanos e do meu Partido é de admiração, respeito e de solidariedade para com o Senador Marco Maciel.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Sérgio Guerra, da representação de Pernambuco. Gostaria de aproveitar a ocasião para também cumprimentá-lo pelo papel que vem desempenhando aqui, no Senado Federal, como Presidente do seu partido, o PSDB, e também pela participação que teve na recente campanha política, apoiando a candidatura de José Serra à Presidência da República, contribuindo para o fortalecimento da agremiação que preside.

            V. Exª lembrou fatos do passado. Somos da mesma geração e tivemos a oportunidade de conviver em diferentes episódios da vida política não somente do País, mas, de modo especial, de Pernambuco.

            Portanto, o aparte que V. Exª acaba de oferecer, neste momento, sensibiliza-me. Aproveito para agradecer também as palavras extremamente gentis e generosas a respeito da minha vida pública.

            Eu concederia agora um aparte ao Senador Cristovam Buarque e, posteriormente, à Senadora Rosalba Ciarlini. 

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PT - DF) - Agradeço, Senador, sobretudo por falar depois de Sérgio Guerra, porque eu disputo com ele quem o conhece há mais tempo. Como Sérgio Guerra era um menino naquela época, provavelmente, eu o conheço há mais tempo até do que ele. Mas estamos na mesma época. E, nesse período todo, eu posso dizer aqui do meu respeito pela sua história, pela sua atividade, pela sua carreira, desde o tempo de estudante, em que fomos contemporâneos e que eu o acompanho. Talvez raríssimos pernambucanos e talvez nenhum desse tempo moderno contemporâneo, quando nós excluímos o grande Joaquim Nabuco, tenham tido uma carreira nacional como a que o senhor teve. Não acredito que outros tenham ocupado cargos e desempenhado funções e influído na vida brasileira. Nessa influência, quero citar - porque eu estive muito perto - o momento em que o senhor participou de todo o movimento que levou à eleição de Tancredo Neves. Se não fosse a sua participação naquele exato momento, era bem possível que não tivéssemos conseguido eleger Tancredo Neves e, com isso, interrompido o processo que a gente vinha sofrendo. Naquele momento, ao lado do Senador José Sarney e de outros, seu papel foi fundamental e talvez tenha sido o primeiro que fez esse gesto de vir para o lado desse processo. Isso o Brasil fica lhe devendo. E, pessoalmente, quero dar um depoimento. Eu, depois de nove anos fora do Brasil - ainda era um Presidente militar, e talvez o senhor nem saiba disso -, foi no seu Governo de Pernambuco, graças ao nosso amigo Everardo Maciel, que tive o primeiro convite para voltar ao Brasil, com a possibilidade de trabalhar na Condepe. E quero dizer que esse é um gesto que não esqueço, mas a importância de citá-lo não é pela razão pessoal, é pelo gesto firme que o senhor tomou naquele momento, de aceitar trazer um pernambucano, ainda na juventude, embora já não tão novo, sem receio de voltar e assumir aqui uma vida normal. Quero manifestar esse lado pessoal pelo lado político que ele representa, pela sua postura naquele momento. E o meu orgulho, como pernambucano, de ter estado aqui, ao seu lado, como Senador, e a minha satisfação de ter sido testemunha dessa sua brilhantíssima carreira de político pernambucano.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Cristovam Buarque. Somos pernambucanos e amigos há muito tempo e, portanto, o aparte de V. Exª, além de ser extremamente generoso, deixa-me sensibilizado.

            Devo também mencionar fatos a que V. Exª se referiu quando voltou ao Brasil a convite de Everardo Maciel. Posteriormente, V. Exª foi escolhido reitor da Universidade de Brasília, que estava saindo de uma crise aguda, já que um novo Governo se instalou praticamente com a universidade ainda em greve. Conseguimos superar isso rapidamente com a escolha de V. Exª, que produziu um certo consenso na comunidade acadêmica da UnB.

            Quero aproveitar a ocasião para, mais uma vez, agradecer as palavras que proferiu a meu respeito e da minha vida pública. Espero que possamos continuar a construir o desenvolvimento de nosso País, na busca de dar ao País uma sociedade aberta e democrática.

            Concedo a palavra agora à nobre Senadora - Governadora nos próximos dias - Rosalba Ciarlini.

            A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Muito obrigada, Senador Marco Maciel. Eu não poderia deixar de externar aqui o sentimento que, durante esses anos em que convivemos neste plenário, nesta Casa, o senhor fez crescer dentro de mim: o sentimento do respeito, respeito a este homem de uma história marcante na vida pública do nosso País e do seu Estado; respeito pelo seu saber; respeito pela sua forma ética e honesta, pela figura ímpar que, com sensatez e equilíbrio, participou de momentos que foram muito importantes para o nosso País na redemocratização. Quando eu aqui cheguei, Senador Marco Maciel, V. Exª me acolheu. Foi um dos primeiros, e não somente como faz com todos que aqui chegavam. O senhor nos recebia e passava a nos orientar. Foi um mestre para todos nós, e tenho certeza de que deixará uma lacuna muito grande aqui no Senado, porque o senhor representou muito para todos nós, para esta Casa, para o nosso Brasil e para Pernambuco. Honrou com o seu trabalho, passando por vários cargos políticos, mas, como eu sou nordestina e sou dali, de pertinho de Pernambuco, vou sempre ao seu Estado e sempre escuto das pessoas relatos sobre o seu trabalho, sobre a sua ação, uma ação determinada pela educação, pelo desenvolvimento do seu Estado, como a questão do Porto de Suape; da região de Petrolina, o quanto contribuiu para que aquela região pudesse florescer com as suas frutas. Também, Senador Marco Maciel, eu tenho uma gratidão muito grande porque o senhor era Ministro da Educação, e a minha cidade, Mossoró, tinha um sonho de ter uma escola técnica federal. Meu marido, que, à época, era Deputado Estadual, Presidente da Assembleia, procurou V. Exª, levando essa reivindicação, e o senhor superou todas as dificuldades daquele momento e garantiu a escola técnica. É uma escola técnica que tem trazido a esperança, o saber, as oportunidades a milhares de jovens na minha cidade, no meu Estado. Estou dando aqui o exemplo de uma escola técnica, mas muitas escolas técnicas, escolas de nível superior... E tanto o senhor fez como Ministro, fez também como Vice-Presidente, como Senador, sempre com essa forma de entender que a política é para servir. Este é o Senador, para mim, Marco Maciel: um homem íntegro, honesto, ético, um político que mostra, com muita propriedade, que, quando recebe uma missão, a cumpre realmente muito bem. E eu só queria aqui, mais do que fazer essa referência, também agradecer, porque muito aprendi e vou continuar sempre querendo ouvir os seus conselhos, querendo saber um pouco mais, como nos momentos em que o senhor trazia para nós, do nosso Partido, nas reuniões, muitas vezes, luz em questões que pareciam quase intransponíveis. Mas este é Marco Maciel: um homem de fé e um político que honrou, honra e orgulha todos nós.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senadora Rosalba Ciarlini, pelas palavras que proferiu a meu respeito.

            Aproveito a ocasião para desejar a V. Exª pleno êxito no exercício das funções de Governadora do Rio Grande do Norte e estender os cumprimentos a Carlos Augusto e a toda a família, que conheço e aprecio.

            Devo dizer que, para o Nordeste, foi muito importante a sua eleição, porque V. Exª conhece os problemas do Nordeste e sabe como resolvê-los.

            Concedo agora o aparte ao Senador Jarbas Vasconcelos e posteriormente ao Senador Valter Pereira, aliás ao Senador Valter Pereira, depois ao Senador Jarbas Vasconcelos e, finalmente, ao Senador Roberto Cavalcanti.

            O Sr. Valter Pereira (PMDB - MS) - Senador Marco Maciel, V. Exª, nessa concessão do aparte, já mostrou a linha de conduta que orienta sua vida. V. Exª inicialmente manifestou interesse de passar a palavra para o Senador Jarbas Vasconcelos, mas foi cobrado pela própria razão que eu estava na frente. Esse é o Marco Maciel, o Marco Maciel que conheci como Presidente da Comissão de Constituição e Justiça no convívio, mas que já conhecia desde a adolescência. Quando eu estava partindo para a juventude e acompanhava os fatos políticos no Brasil, já ouvia falar no Deputado Marco Maciel, na figura que despontava na ala jovem da UDN, na Bossa Nova, como uma das expressões políticas de uma geração, daquela geração. Então, de lá para cá, tive oportunidade de acompanhá-lo sempre e de prestar atenção nos seus gestos, nas suas palavras e na sua conduta. E, quando V. Exª assumiu a Presidência da Comissão de Constituição e Justiça e eu, estando a seu lado, na condição de Vice,...

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - É verdade.

            O Sr. Valter Pereira (PMDB - MS) -... o que pude prestar atenção, o que pude ver, o que pude constatar é que eu estava diante de uma figura exponencial. Em primeiro lugar, um político extremamente educado. Geralmente a atividade política nos embrutece, e V. Exª, de repente, deixava-nos em dúvida se estávamos falando com o Presidente, ou com o diplomata, ou com o poeta. A formação erudita, esse conhecimento acadêmico que trouxe para o Congresso e que carrega durante a sua vida, inquestionavelmente enriqueceu o Congresso, enriqueceu sobretudo o Senado. E a Comissão de Constituição e Justiça, que V. Exª presidiu com tanto zelo, inquestionavelmente tem marcas profundas de uma gestão onde prevaleceu a serenidade com a firmeza. No caráter de V. Exª, um traço que ficou marcante para mim foi exatamente este: apesar da fidalguia, do descortino com que orienta os seus passos, V. Exª é firme também nas decisões. Portanto, quero dizer que o Senado da República teve, com a sua participação, com os seus mandatos, com o exercício da atividade parlamentar, em V. Exª um exemplo, um exemplo a ser seguido por outras gerações. Não tenho dúvida de que o povo pernambucano, independentemente de ter votado ou não em V. Exª, tem orgulho do político que mandou para cá e que o representou com tanta competência e com tanto patriotismo. Que Deus o abençoe e o mantenha com esses traços que o fizeram uma das figuras mais estimadas do Senado da República.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Nobre Senador Valter Pereira, com muita satisfação, acolho o aparte de V. Exª e registro a colaboração muito importante que V. Exª ofereceu à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, e também a minha pessoa, ao tempo em que me desincumbia das funções de Presidente da CCJ. Devo dizer que V. Exª, como jurista, tem contribuído para a elaboração de projetos importantes aqui no Senado Federal, inclusive os que estão sendo agora objeto quer do Código de Processo Civil, quer do Código de Processo Penal. V. Exª é um Senador que esteve assiduamente, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, sempre trazendo uma contribuição muito consistente. Aproveito a ocasião para dar testemunho de sua vocação política e, sobretudo, da sua determinação em encontrar soluções para problemas complexos. Portanto, o nosso reconhecimento. Quero dizer o quanto apreciei a conduta de V. Exª ao longo deste mandato e o quanto, certamente, o Brasil vai continuar a precisar da contribuição de V. Ex.ª aqui no Congresso Nacional.

            Eu concedo agora a palavra, pela ordem, ao Senador Jarbas Vasconcelos.

            O Sr. Jarbas Vasconcelos (PMDB - PE) - Meu caro Senador Marco Maciel, já tive oportunidade de, em aparte a V. Ex.ª, fazer uma saudação ao seu comportamento político ao longo dos anos. Essa ocasião foi exatamente logo após o pleito de 03 de outubro passado. V. Ex.ª ocupou a tribuna para agradecer ao povo de Pernambuco, reconhecer o resultado da eleição, e, já naquela oportunidade, isso faz pouco mais de trinta dias, tive a oportunidade de ressaltar os seus atributos, atributos que deveriam ser inerentes a todo ser humano, de honestidade, de correção, de lealdade, de busca pela ética. Essas coisas são inerentes a V. Ex.ª desde que eu conheço, inclusive quando estávamos em campos divergentes - V. Ex.ª de um lado e eu de outro. V. Ex.ª não engrandeceu ou não engrandece só o Estado de Pernambuco, V. Ex.ª é um político que ultrapassou as fronteiras do Estado de Pernambuco. Lá, V. Exª foi Deputado Estadual, Governador de Estado e, no plano nacional, Deputado Federal, Senador, Ministro, Vice-Presidente da República, tendo ocupado várias vezes a própria Presidência. E sempre honrando os seus compromissos, sempre de forma civilizada, educada, na busca permanente e reiterada pela ética, a prática honesta, de honestidade sempre posta em prática, enfim, coisas que honram a atividade humana, que honram o exercício da atividade do cidadão. Tive oportunidade, também, Senador Marco Maciel, de ainda com relação ao pleito próximo passado lá, em Pernambuco, de falar da agressão que V. Exª sofreu por parte do Presidente da República. Naquela ocasião, o Presidente, indo a Pernambuco defender os seus candidatos, o detratou, desqualificou a sua pessoa, a sua atividade política, chegando ao cúmulo de indagar ao público presente o que o senhor teria feito, ao longo da vida, pelo Estado de Pernambuco. Infelizmente, nós, e acho que não é só a Oposição, mas as cabeças pensantes deste País, as pessoas isentas reconhecem o comportamento atrabiliário, a conduta incorreta do Presidente da República. Esse expediente, aliás, não foi usado só contra V. Exª, em Pernambuco. Ele foi usado num Estado vizinho ao nosso, no Piauí, contra os Senadores Heráclito Fortes e Mão Santa; no Ceará, contra o notável Senador Tasso Jereissati; no Amazonas, contra o Líder da Oposição Arthur Virgílio, no sentido de que um Presidente da República, usando e abusando da sua popularidade, tentar agredir, como fez com V. Exª no nosso Estado. Isso é um episódio na sua vida, Senador Marco Maciel, e todos nós estamos sujeitos a isto, a ganhar e a perder. V. Exª sempre ganhou, sempre foi um vencedor, e essa derrota no pleito de 3 de outubro é um episódio na sua vida, vai ficar marcada apenas como um episódio. V. Exª não vai deixar a política. V. Exª é um homem de partido, pertence ao DEM e, com certeza, vai ter um papel de destaque dentro do DEM, vai ser uma voz a favor da democracia, a favor da reforma política, a favor das reformas que o Lula, por exemplo, prometeu ao País e não realizou, reformas que não foram feitas, que não foram encaminhadas pelo Executivo, embora com o compromisso solene de fazê-las. De forma que venho à tribuna de aparte, já pela segunda vez, para reconhecer tudo aquilo que já disse anteriormente com relação à sua figura de cidadão, de cidadão político, de cidadão chefe de família, de cidadão comum, coisas que, infelizmente, são raras hoje. Por isso quero me associar ao discurso de V. Exª. Não sei se é o último discurso de V. Exª aqui no Senado, se V. Exª ainda volta para formalmente para se despedir, mas eu não queria deixar passar esta oportunidade para reiterar tudo aquilo que disse de V.Exª, que nos honra muito, honra os seus companheiros de Senado, honra os pernambucanos, os brasileiros, pela sua conduta ímpar, pela sua conduta correta, leal, pela sua sinceridade, pela sua simplicidade, pela sua correção. Por isso, quero aqui deixar o meu abraço e dizer que faço muita questão de manter com V. Exª - eu ainda com mandato, V. Exª sem mandato - a nossa amizade, essa amizade que surgiu há muito tempo, e espero que ela perdure. Tenho certeza de que V. Exª vai continuar a exercer um papel importante na democracia brasileira, no campo político brasileiro, nas questões partidárias, nas questões das reformas. Sei que não vai se omitir de opinar a favor de atos que sejam contrários ao exercício democrático, porque essa é a sua formação. De forma que, mais uma vez, quero deixar aqui o meu abraço, minha admiração e reiterar a V. Exª toda a estima que tenho pela sua figura de cidadão e pelo político que V. Exª é.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Nobre Senador Jarbas Vasconcelos, aproveito o ensejo do aparte de V. Exª, extremamente desvanecedor para a minha pessoa, para dizer o quanto admiro a vida pública de V. Exª, marcada por uma enorme coerência de vida, algo raro em nosso País.

            Registro sensibilizado as generosas palavras de V. Exª a respeito das minhas atividades públicas, ou seja, daquilo que busquei fazer pelo meu Estado, pelo nosso Estado, Pernambuco, pelo Nordeste, pelo País. Portanto, não posso deixar de incorporar ao meu discurso o aparte de V. Exª.

            Mesmo nos tempos em que estivemos em territórios distintos, separados, todas as vezes em que Pernambuco buscou tecer um processo de União, de integração, isso se fez sempre com a participação de V. Exª. E não foi por outro motivo que V. Exª se elegeu duas vezes Governador de Pernambuco, inédito até então na história do Estado, mas também pelo desempenho de V. Exª como Prefeito do Recife, como Deputado Federal, enfim, um currículo que honra a sua vida e a de sua família. Portanto, o nosso reconhecimento e o nosso agradecimento às palavras de V. Exª, que, de alguma forma, ajudam a iluminar o nosso futuro.

            Concedo o aparte ao Sr. Senador Heráclito Fortes e, a seguir, a mais um pernambucano a falar, o Senador Roberto Cavalcanti. 

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Marco Maciel, a vida nos reserva surpresas. E eu digo isso, porque uma das surpresas que tive em minha vida foi, aos 16 anos, ao deixar o Piauí para morar em Recife para estudar, fazer política estudantil, começar a trabalhar, a viver. E adotei, como sabe V. Exª, e de ninguém escondo, Pernambuco como a minha segunda terra - é minoritária, o Piauí é majoritário nessa divisão de afetos, mas Pernambuco tem um bom lugar. Das coisas boas que eu guardo de Pernambuco, a primeira delas, é claro, foi ter ali encontrado uma esposa com quem eu divido a vida há 32 anos, que me deu filhos e que me traz uma referência indestrutível com a sua terra. A segunda, foi ter tido a oportunidade de conviver com uma geração extraordinária de jovens homens públicos que despontavam naquela época, num momento em que era difícil encontrar vocacionados, porque vivíamos uma era de incertezas. V. Exª é uma dessas estrelas que surgiu nesse momento e transformou-se não só no cidadão Marco Maciel ou no político Marco Maciel, mas em uma grife, que passou a ser sinônimo de eficiência, de lhaneza, de lealdade e, acima de tudo, de determinação. Eu tive a felicidade de, durante todos esses meus anos, não perdê-lo de vista. Às vezes mais próximo, às vezes mais longe, pelas tarefas que ocupamos ao longo da vida, mas sempre sem perdê-lo no horizonte. E acho que Pernambuco vai ficar pequeno. A partir do momento em que seu mandato se encerre, Pernambuco vai ficar sem uma referência nacional, que é V. Exª. Não tenho nenhuma dúvida. O Estado ou o país não pode prescindir de homens do quilate, da relevância de V. Exª. Tenho certeza que V. Exª, sem mandato, terá várias tarefas: a tarefa acadêmica, a tarefa que quiser. Os convites lhe choverão à porta, as oportunidades que nunca lhe faltaram continuarão a surgir. Mas Pernambuco terá perdido a voz mais equilibrada que teve, continuamente equilibrada, nos últimos 40 a 50 anos. De forma que estou muito triste com esse pronunciamento, agora. Eu fui pego de surpresa. De repente, o discurso de V. Exª enveredou para como se fosse uma despedida. E eu não aceito essa despedida hoje. V. Exª é daqueles que lutam até o último momento. Se o tempo está acabando, é dos que pedem prorrogação. Mas cumpre a tarefa. E esse encaminhamento de despedida, está me deixando nostálgico e triste, porque sei que esta tribuna ainda terá algumas oportunidades de ouvi-lo. Porque a voz de V. Exª é a voz do Brasil. E nós não podemos perder esta oportunidade. V. Exª não tem a vocação do Sílvio Caldas, que se despediu tantas vezes e voltou. V. Exª vai ficar aqui até o último momento, cumprindo o seu dever para com Pernambuco e para com o Brasil. Digo isso até um pouco contaminado pelo sentimento dos corredores da Casa, ao vê-lo fazer esse pronunciamento. É unânime, jornalistas, funcionários, visitantes, todos dizem: “É uma pena! Como será o Senado sem o Marco Maciel?” Tenho certeza, Senador Marco Antônio de Oliveira Maciel, que, às vezes, o povo erra. E uma avalanche se abateu pelo Brasil nessa última eleição, com o uso de uma máquina impiedosa, usada por um homem de inegável grande popularidade, mas que o fascínio do poder lhe tirou alguns dos escrúpulos, e o principal desses escrúpulos é o de saber que, na democracia, a oposição é inevitável, morre uma e nasce outra. E ai do país que tem a felicidade de ter oposicionistas éticos. E aí o poder destruidor, que desloca o líder ético, forçosamente será substituído, oxalá por alguém com tanta ética como V. Exª demonstrou ao longo de sua carreira. De forma que, pelo amor de Deus, não faça essa despedida, não! Não frustre os que têm em V. Exª talvez um dos últimos portos de consciência na democracia. Não faça isso! Vamos até o último minuto defender o Brasil. Tenho certeza, Senador Marco Maciel, de que os derrotados agora, que não foram derrotados pelas circunstâncias locais, mas pelo desejo de um Presidente que abusou do direito que a história também lhe julgará. Quem sabe esses, em um futuro bem próximo, não terão essas ações de hoje como troféu. De forma que penso, Senador Marco Maciel, que nós cumprimos nossos deveres. O Senador Jarbas, companheiro de V. Exª e testemunha de sua luta em Pernambuco, deu um depoimento insuspeito. O meu não é tão insuspeito. O meu é mais apaixonado, porque, como disse V. Exª, foi um horizonte numa geração à qual eu pertenci. Mas tenho certeza, Senador Marco Maciel, que, onde V. Exª estiver, na Academia Brasileira de Letras, em um cantinho qualquer de um escritório, V. Exª será uma referência de respeito e, acima de tudo, uma referência que honra Pernambuco e o Brasil. Muito obrigado.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Senador Heráclito Fortes, agradeço as palavras de V. Exª. Isso muito me sensibiliza, porque é uma amizade que já vem de muitos e muitos anos atrás. Embora não nascido em Pernambuco, V. Exª cedo foi para Recife, lá estudou, começou, podemos dizer assim, sua vida pública e, depois, retornou ao seu Estado, o Estado do Piauí, com o qual temos vizinhança.

            Portanto, seu depoimento muito me desvanece e muito me sensibiliza.

            Devo dizer a V. Exª que V. Exª cumpre, com extrema competência e espírito público, seu mandato no Senado da República. E acredito que V. Exª vai continuar a oferecer seu talento, sua inteligência, seu espírito público a serviço não somente do Senado, mas do nosso País.

            Ouço agora, com satisfação, o nobre Senador Roberto Cavalcanti, também nordestino e pernambucano como eu, a quem dou o aparte para que eu possa ouvi-lo.

            O SR. PRESIDENTE (Augusto Botelho. S/Partido - RR) - Senador Roberto Cavalcanti, eu gostaria de pedir licença a V. Exª para prorrogar a sessão até às 19 horas, quando teremos outra sessão, para aprovar o Código de Processo Penal.

            Obrigado e desculpe-me.

            O Sr. Roberto Cavalcanti (Bloco/PRB - PB) - Senador Marco Maciel, meu amigo Marco Maciel, meu conterrâneo Marco Maciel...

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - É verdade, amizade que vem de muitos e muitos anos.

            O Sr. Roberto Cavalcanti (Bloco/PRB - PB) - Amigo da nossa família, amigo de muitos e muitos verões, invernos, passagens pelos mais altos cargos da República e do País, companheiro que a vida toda me prestigiou, nas inaugurações das nossas empresas, V. Exª sempre esteve presente. Eu me lembro quando, há muitos anos, V. Exª, Presidente da Câmara, foi à Paraíba para inaugurar uma empresa nossa. Posteriormente, coincidentemente no momento em que V. Exª exercia a Presidência da República, tive a oportunidade de também inaugurar uma empresa com a presença de V. Exª. Imagine como, para mim, isso foi importante, como foi gratificante, como, na verdade, fez-me feliz e como fez mostrar a toda Paraíba que eu tinha um amigo pernambucano que me acompanhava por toda a minha vida, ocupando cargos da importância dos citados, Presidente da Câmara e Presidente da República. O aparato de recebê-lo como Presidente da República foi imenso - ruas isoladas e tal -, mas, na verdade, no fundo do meu coração, eu estava recebendo o meu amigo Marco Maciel, amigo que, dentre as suas características, tem uma extrema sensibilidade e uma extrema simplicidade. Meu amigo Presidente da República Marco Maciel lá chegava, porém, entre nós dois, nos nossos olhares, nos nossos cumprimentos, nos nossos apertos de mão, não havia distância. Havia sempre essa cumplicidade e essa fraternidade, que, para mim, como simples cidadão, eram extremamente importantes. Eu diria que Marco Maciel é tudo. Jamais se pode dizer que Marco Maciel foi tudo: Marco Maciel, Presidente da República; Marco Maciel, Vice-Presidente da República; Marco Maciel, Senador; Marco Maciel, Governador de Pernambuco; Marco Maciel, Deputado Federal; Marco Maciel, Deputado Estadual. Sempre o mesmo. V. Exª, em nenhum momento, modificou o comportamento para com os amigos. Marco Maciel sempre foi amigo leal de todos, e Marco Maciel é sempre visto pelos amigos com muita lealdade. Contava a V. Exª, no dia de hoje, pela manhã, o encontro que tive com a Desembargadora Margarida Cantarelli, no qual, ela que é uma das pessoas que tem um carinho especial por V. Exª ao longo também da trajetória profissional dela, Margarida dizia: “Roberto, cuide, cuide, de Marco Maciel”. Mas o “cuide”, no bom sentido, é afague, proteja, acompanhe, porque, na verdade, ela se preocupava, naquele momento, exatamente com o Marco Maciel, que, por razões “x” ou “y”, não adianta comentar, poderia estar passando por algum constrangimento, poderia estar entristecido de alguma forma. Então, aquela sua amiga de Pernambuco, me encontrando na Paraíba, pediu: “Roberto, cuide, cuide de Marco Maciel”. Quem sou eu, na verdade, para cuidar de Marco Maciel? Mas esses amigos leais são em decorrência da amizade leal de V. Exª. Para finalizar, eu diria que existem características que talvez não tenham sido citadas aqui, mas a memória de V. Exª eu cito como exemplo. Muitas vezes, V. Exª, mesmo ocupando o cargo de Presidente da República, encontrava comigo num corredor de um aeroporto e perguntava: “Como vai Celina? Como vai Dr. René? Como vai Dona Beatriz?” Quer dizer, pessoas que eram do relacionamento pessoal de V. Exª, mas que, pela distância e pela importância do cargo de V. Exª, podiam significar um esquecimento. Não. V. Exª, ao encontrar qualquer amigo, se refere aos familiares dos mesmos. Isso é característica nata, é um talento nato de V. Exª. Os cargos não modificaram V. Exª. Hábil gestor. Os cargos que V. Exª... Nunca vi um atrito. O que se diz no País? Feliz um governante que tem um Vice como Marco Maciel. Qual é o perfil para um governante, para um gestor ter uma boa atuação? Ter um Vice como o Presidente Fernando Henrique teve, ter um companheiro de chapa da confiabilidade, da simplicidade de Marco Maciel. Nunca vi Marco Maciel, exercendo a Presidência da República, referir-se a trocar de Palácio “x” para Palácio “y”. Nunca ouvi um pronunciamento de Marco Maciel, ao exercer, por momentos, a Presidência da República, para dizer que tinha ideias próprias, que queria fazer isso ou aquilo. Não! Era sempre a continuidade do trabalho de um Presidente do qual ele era Vice. Conciliador! V. Exª sempre foi um conciliador. Finalizando, a elegância no respeito ao contraditório. V. Exª nunca criou um discernimento. Eu estava aqui no Senado Federal como um da base aliada do Governo Lula; V. Exª fazia parte e faz parte de um Partido que, na verdade, faz oposição ao Governo Lula; mas nós nunca trocamos comentários a respeito de governo “x” ou governo “y”, partido “x” ou partido “y”. V. Exª sempre soube sublimar isso e ter, no amigo Roberto - é uma vaidade para mim declarar isto -, aquela cumplicidade que acontecia ao longo de muitos e muitos anos vindo da nossa origem pernambucana. Cumprimento V. Exª por tudo isso. Marco Maciel é um exemplo de cidadão. Marco Maciel é um exemplo de política. Marco Maciel é um exemplo para Pernambuco. Pernambuco se orgulha de V. Exª. A circunstância eleitoral é um acaso, é um momento. Todo pernambucano se orgulha de ter, nos quadros da política, da gestão, da seriedade e da honestidade, um Parlamentar, um governante, um gestor como V. Exª. Meus parabéns!

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, estimado amigo, Senador Roberto Cavalcanti. Gostaria de mencionar que nossa amizade já vem por hereditariedade. Conheci seu pai, que era um dos grandes pensadores do Nordeste e fazia parte da equipe de Gilberto Freyre, que reunia, naquela época, no Instituto Joaquim Nabuco - hoje Fundação Joaquim Nabuco -, um grupo de pensadores das mais diferentes vertentes intelectuais: o sociólogo, o antropólogo, o pesquisador social. Graças a isso, Gilberto Freyre conseguia ter em seu redor intelectuais extremamente competentes e que ajudavam a elucidar os problemas da região. Seu pai, René Ribeiro, era um deles, de reconhecimento público não somente no Nordeste, mas em nosso País.

            Também não posso deixar de mencionar, como fez com propriedade, a referência a Dona Beatriz, mas também a citação a Celina, sua irmã - fomos contemporâneos de vida universitária. Portanto, eu queria dizer que o aparte de V. Exª muito me desvanece e me sensibiliza, mas sei também que nossa amizade vem de muitos anos. Consequentemente, isso muito me sensibiliza.

            Enfim, eu concluiria as minhas palavras em resposta ao aparte de V. Exª dizendo que este testemunho muito me alegra, muito me agrada, muito me sensibiliza, posto que parte de um sentimento do seu coração. Tenha certeza V. Exª que há reciprocidade de minha parte, porque acompanho há muito tempo suas atividades não somente como político, mas igualmente como empresário, e sei, consequentemente, o amor que V. Exª tem pelo Nordeste e, sobretudo, da sua luta pelo desenvolvimento da nossa Região.

            Muito obrigado a V. Exª.

            Concedo agora a palavra ao nobre Senador Pedro Simon.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Eu estranhava, Sr. Presidente, e olhava e V. Exª estava falando e estava falando e estava falando. Daqui a pouco, eu estava aí e me disseram: “Olha, acho que está todo mundo falando, dando apartes para o Marco. Alguma coisa deve estar acontecendo”. E eu me choquei e vim correndo. Olha, Senador Marco Maciel, V. Exª não pode calcular a admiração, o respeito que tenho por V. Exª.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - A recíproca, V. Exª sabe, é a mesma com relação a sua pessoa.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Eu tenho uma vida pública longa, lá se vão 80 anos, e convivi com gerações. Eu era um guri da ala moça, guri, em 1950, lá em Caxias, o PTB me indicava para fazer a saudação ao candidato ao Presidente da República, Dr. Getúlio Vargas, e assim vim convivendo com várias gerações. E V. Exª é uma pessoa fantástica.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Obrigado.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Olha, o seu estilo, a sua dignidade, a sua singeleza, a sua modéstia, o seu espírito cristão, mas na profundeza do termo, na pureza da grandeza, eu tenho como um dos grandes exemplos da minha vida. E olha, acompanhei V. Exª na época em que V. Exª estava do outro lado. É impressionante verificar e sentir que V. Exª esteve o tempo todo do outro lado, mas com uma dignidade, com um respeito, com uma credibilidade que não dá para dizer nada que possa ter acontecido nos anos mais difíceis da vida brasileira que tenha tido a sua concordância. Mas muita coisa deixou de ser feita pela ação de V. Exª. V. Exª esteve ali, mas há uma unanimidade: não fosse o Marco, muita coisa pior podia ter acontecido, e por causa do Marco muita coisa boa terminou por acontecer. V. Ex.ª como Deputado, como Presidente da Câmara, como Governador, como Senador da República, vice-Presidente, reeleito vice-Presidente, tantas e tantas vezes ocupando a Presidência da República, tantas e tantas vezes orientando ali, naquele complexo que formava a aliança governamental, participando como conselheiro do Presidente Fernando Henrique, V. Ex.ª representa o que tem de melhor na história deste País. Mas nunca vi, nunca, nunca ao longo dos quarenta anos que estou em Brasília, nunca vi uma referência, por insignificante que fosse, que dissesse qualquer vírgula com relação a Marco Maciel. Nunca vi. Mas vi o contrário, partindo de quem partisse: “Esse não; esse é homem sério, é homem digno, esse é um homem de bem”. Não é por nada que Tancredo Neves brigou muito para que V. Ex.ª fosse o vice-Presidente dele. Tancredo queria. V. Ex.ª sabe. Tancredo queria, exigia e cobrava da gente que fosse cobrado de V. Exª - amigo que, ele sabia, éramos de V. Exª - que aceitasse. V. Exª era o nome número 1 do Tancredo Neves para ser candidato a vice-Presidente dele. E dentro do MDB V. Exª tinha unanimidade. Olha, lembro-me da ação de V. Exª naquelas horas dramáticas: vai ou não vai ao Colégio Eleitoral? V. Exª, nessa sua posição singela - eu diria até tímida -, foi das pessoas mais firmes; junto com Aureliano, junto com Bornhausen, junto com Sarney, V. Exª foi das pessoas mais firmes e mais resolutas. Tinha que ser tomada essa posição, e V. Exª tomou. Reconheço a ação firme e correta de V. Exª, e V. Exª era e podia ser o vice-Presidente da República, porque era o homem que Tancredo queria, mas não aceitou. Não aceitou porque o seu partido à época tomou outra direção. Podia, até; porque uma das razões de ter tomado outra direção foi por V. Exª não ter aceitado; se tivesse aceitado, talvez fosse diferente. Mais adiante, V. Exª ajudou, honrou e dignificou o Governo Sarney, tanto na Casa Civil, como no Ministério da Educação, por onde andou, com aquela fama de que os jornalistas tinham de marcar horário no Ministério de V. Exª a partir das duas da madrugada. As pessoas até chegavam a dormir no sofá da sala de espera, esperando que chegasse a vez delas e que V. Exª começasse a atender. V. Exª exerceu uma grande missão. Houve uma posição de dignidade de V. Exª. V. Exª era líder do Collor neste Senado, e, quando apareceram as questões com relação ao Collor, V. Exª ocupou a tribuna. Fui ao Presidente Collor. Diante das acusações que estavam sendo apresentadas, pedi a Sua Excelência o Presidente que me desse as respostas do Governo para eu responder. As respostas não vieram, e V. Exª permaneceu na oposição. Em todo aquele incidente, se há uma pessoa que saiu naquela hora com dignidade e com respeito de toda a Casa foi V. Exª, que não mudou uma vírgula, que não teve alteração nenhuma e manteve a mesma dignidade e a mesma correção. Tanto que, quando veio o Fernando Henrique - e, à época, o candidato não era V. Exª. O primeiro candidato do Fernando Henrique foi um Ilustre Parlamentar lá das Alagoas. Um Senador, um homem de bem, um homem sério.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Luiz Cavalcanti.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Não. O candidato a vice-Presidente do Fernando Henrique Cardoso era...

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Guilherme Palmeira.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - O Senador Guilherme Palmeira. Quando apareceu, na manchete dos jornais, uma notícia de que havia um depósito do Sr. PC Farias na conta do seu chefe de gabinete - o que não tinha nada a ver com o Sr. Palmeira, que continua sendo um homem de bem, um homem a quem se tem o maior respeito -, eu fui um dos que telefonaram para o Fernando Henrique. Na época, eu era o Líder do Governo: olha, Fernando, lamentavelmente, a coisa aconteceu. Hoje, no Jornal Nacional, já tem de estar decidido. O Palmeira não pode mais ser candidato, e tu tens que escolher o candidato. E o Palmeira renunciou. E o Collor, quase à revelia de V. Exª, colocou-o como candidato a vice-Presidente. E, nos oito anos, se há um local... Fala-se muito, e se fala com correção, que o atual vice-Presidente é um homem extraordinário. E é. Meu irmão, por quem tenho o maior carinho, rezo por ele todos os dias, para que ele vença esta guerra de maldade com relação a sua saúde. Foi um homem muito positivo no Governo Lula, mas não mais que V. Exª no Governo Fernando Henrique. V. Exª, em todo o Governo Fernando Henrique, foi o homem da paz, do entendimento, diálogo. Eu me lembro, muitas e muitas vezes, nesta Casa, V. Exª sempre interferiu, sem buscar manchete; mas V. Exª sempre interferiu buscando a paz, buscando o entendimento.

Refiro-me a V. Exª como um homem de fé. Pertencemos ao mesmo grupo, nos reunimos sob a orientação e liderança de V. Exª, embora essa liderança seja não efetiva, não nominal, mas de respeito e credibilidade. E, ao longo do tempo, V. Exª, sem aparecer, sem querer manchete, sem preocupação com isso, era um grande norteador, dos profundos, da seriedade, da ética e da moral. Há algo que posso dizer, e digo com muito orgulho. “O senhor freqüentou, é dado a freqüentar palácios?” Não. Não nego que houve uma época em que eu ia seguidamente à sede do vice-Presidente. Lá, uma vez por mês, a gente tinha uma missa e a gente rezava, a gente fazia uma meditação e a gente refletia. Esse é Marco Maciel. Olha, Senador, a vida é cheia disso. A vida é cheia disso. V. Exª me desculpe, mas um homem que estava subindo os degraus que V. Exª subiu, que estava avançando como V. Exª avançou, no nome, na dignidade, no prestígio e na credibilidade, estava faltando alguma coisa.Estava faltava alguma coisa para culminar a biografia de V. Exª. V. Exª tinha que perder uma! V. Exª tinha que perder uma. O Mitterrand perdeu, Chesterfield perdeu, Lincoln perdeu. V. Exª tinha de perder uma e chegou a sua vez. A gente não gosta de perder. A gente está acostumado a ganhar. Eu acho que faz parte da vida! Na minha vida nada me ensinou tanto quanto a derrota que eu tive. Eu ganhei mais na derrota da minha candidatura do que em todas as vitórias que eu tive. Não sei se V. Exª tem alguma coisa para aprender. Eu acho que não. A não ser a derrota em si; mas no restante, não. Mesmo assim, acho que ela vai lhe fazer bem. Não sei se o Lula conta nos auréolos de vitórias dele a saída de V. Exª, ou a saída do meu querido Senador do Piauí, ou a saída do meu irmão Mão Santa, ou a derrota do Jarbas ou a saída do Tasso Jereissati. Eu não sei. Tenho dito que o meu amigo Lula está em um grande momento, mas tem que cuidar de um problema. É um problema delicado: a soberba. A soberba é um pecado capital. Ele tem que cuidar. E agora, antes de vir para cá vi que a imprensa estava publicando um telefonema dele para o Ministro da Fazenda, Mantega. E ele foi dizendo, depois do telefonema: “A situação do Mantega deve ter sido muito engraçada, porque ele ao mesmo tempo falou com dois Presidentes. Ele estava do lado de um Presidente e falando, pelo telefone, com o outro, que era eu; e eu dizendo para ele que não gostei da notícia que ele deu, de que vai ter corte no Orçamento na parte do PAC; e do outro lado, dizendo que o Mantega, louco de vergonha, dizia: ”Mas o que eu vou fazer? Tem que ter corte”. Não sei se a vaidade do meu amigo Lula se soma nessas questões. Mas chegar ao Recife e não ter o respeito a um nome como o de V. Exª... “Pois é, há um Senador ilustre, brilhante do tempo do Império, já foi Vice, já foi Presidente, é Senador, já foi Ministro várias vezes, e diga uma obra que ele fez para Pernambuco.” Ora, é muita grosseria. É muita grosseria. Nós todos sabemos o quanto V. Exª fez por Pernambuco. Nós todos sabemos que, na Vice-Presidência, na Presidência em exercício, nos cargos de Ministro, de Senador, de Governador, muitas obras V. Exª fez por Pernambuco. Mas o que eu posso dizer - e essa sua obra eu levo como um dos meus livros de cabeceira - é que, na biografia do Brasil, na história deste Congresso e na história da política brasileira, ninguém mais do que V. Exª coloca Pernambuco lá em cima, no lugar de mais honra e mais destaque, mais do que o outro filho de Pernambuco, que também nasceu lá e que é Presidente da República. Mas, com todo o respeito, não se equipara na dignidade, na capacidade e na honra e no amor a Pernambuco a V. Exª. Não digo adeus a V. Exª; digo até à vista, porque nós haveremos, pelo pensamento, pela ideia, pelo sentimento, de estar sempre juntos, seja qual for o destino que Deus nos reservar. Meu abraço muito carinhoso a V. Exª.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Pedro Simon. Quero, sensibilizado, dizer o quanto me desvaneceram suas palavras a meu respeito. A nossa amizade é muito antiga, faz com que eu possa dizer a V. Exª o quanto aprecio a sua vida pública honrada e proba, de dedicação integral ao Rio Grande do Sul e ao País.

            Não podemos deixar de reconhecer também a sua coerência de vida pública, que se caracteriza por total verticalidade de conduta, o que o faz, portanto, um dos homens mais respeitados do País.

            Portanto, nobre Senador Pedro Simon, meus agradecimentos pelas suas palavras. Ressalto o quanto é importante para minha vida pública o depoimento que V. Exª acaba de proferir.

            Sinto-me, mais uma vez, consciente da importância do testemunho de V. Exª, que muito me sensibiliza e me faz, portanto, cada vez mais admirador de V. Exª e de sua coerência de vida.

            Nobre Senador Pedro Simon, meus agradecimentos. Destaco o quanto apreciei, como V. Exª salientou, a formação da chamada Aliança Democrática, liderada por Tancredo Neves, com a presença do Presidente José Sarney e de tantos outros que lutaram para que nós pudéssemos dar ao País o retorno do Estado Democrático de Direito. E isso aconteceu. V. Exª é uma personalidade importante nesse processo. Não esqueço quando fomos àquela cerimônia no Beira-Rio, a que o Presidente Tancredo esteve presente, a convite de V. Exª, o estádio praticamente cheio. Lembro as homenagens que V. Exª recebeu de seu povo, de sua gente. Portanto, nossos cumprimentos a V. Exª, que talvez seja o decano do Senado Federal e não é sem o justo reconhecimento que fazemos a essa afirmação. Desejo expressar os votos de que continue a trabalhar pelo seu Estado e pelo País, pela contribuição que V. Exª dá, um paladino da ética, da correção e da dignidade.

            Muito obrigado a V. Exª.

            Concedo o aparte agora ao Senador Renato Casagrande, que está prestes a assumir o cargo de Governador do Estado do Espírito Santo .

            O Sr. Renato Casagrande (Bloco/PSB - ES) - Senador Marco Maciel, V. Exª está fazendo um discurso, que é um discurso de despedida do Senado. Eu também tenho a pretensão de, na semana que vem, fazer um discurso me despedindo do Senado, para ocupar uma função executiva no meu Estado. Quero deixar registrada nos Anais de Casa a alegria de ter convivido com V. Exª nesses quase quatro anos que aqui estivemos, três anos e onze meses de mandato aqui no Senado. Tive alegria de conviver por já acompanhar a vida de V. Exª durante esse período todo. Mesmo em campos distintos, muitas vezes, da política e da disputa eleitoral, sempre respeitei o trabalho e a conduta de V. Exª. Então, quero aqui, de forma muito sucinta, deixar esse registro de que convivi e mantive a mesma visão, a mesma avaliação, o mesmo sentimento do trabalho que via pela imprensa V. Exª desenvolver quando não estávamos aqui juntos. Agora convivendo, eu não me frustrei e mantive o mesmo posicionamento e a mesma imagem. E quero lhe dizer que V. Exª cumpriu e tem cumprido seu papel como Senador da República, debatendo temas importante para o Brasil e para o seu Estado de Pernambuco, de que eu tanto gosto. Tenho certeza de que o político, a liderança política, o ser humano tem de fazer política independentemente de ter mandato. Com mandato ou sem mandato, as pessoas precisam fazer política. Se V. Exª tiver algum mandato, fará política, como sempre fez; se não tiver, tenho certeza, vai continuar transmitindo as suas idéias para a população brasileira. Parabéns a V. Exª e muito obrigado pela oportunidade.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, Senador Renato Casagrande, que será Governador em breve.

            Quero aproveitar o ensejo de seu aparte para desejar pleno êxito na sua tarefa de governar o Espírito Santo, que, aliás, é um Estado que está em excelente processo de desenvolvimento, assegurando, consequentemente, a superação das desigualdades que ainda caracterizam o espaço social brasileiro.

            O Espírito Santo, hoje, é um dos polos de desenvolvimento do País, o que é muito bom para todos nós, porque isso faz com que sejamos um País menos assimétrico do que atualmente.

            Portanto, Senador Renato Casagrande, nossos agradecimentos pelas palavras que proferiu a meu respeito.

            Concedo, com satisfação, aparte ao ilustre representante do Estado do Rio de Janeiro, o nosso colega Senador Marcelo Crivella.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PR - RJ) - Muito obrigado, Senador Marco Maciel. Eu queria dizer a V. Exª que, nesses oito anos de convivência - sei que V. Exª, neste momento, está tomado de emoção -, V. Exª deixou aqui uma impressão extraordinária, que transcende qualquer avaliação que V. Exª possa fazer. Hoje mesmo eu estava no Palácio da cidade do Rio de Janeiro, com o Prefeito Eduardo Paes, conversando antes de uma solenidade. Estava lá o seu assessor de imprensa, chamado Hudson, que disse o seguinte: “Crivella, eu lamentei muito o revés sofrido pelo Senador Marco Maciel”. Surpreendeu-me um assessor de imprensa do Rio de Janeiro, que, tenho certeza, não tem relações políticas com V. Exª nem é de seu Partido, fazer esse comentário. Mas, logo em seguida, verifiquei que essa postura de um homem abnegado, de um exemplo de renúncia, idealismo, do amigo do povo, do servidor de todos, do político honesto, transparente, Deputado, Senador, Vice-Presidente, Presidente, Ministro, isso marca realmente os brasileiros. V. Exª marca por essa modéstia, por essa vida, eu diria, que transcende as paixões políticas e que entra pelos caminhos da castidade religiosa ou da devoção religiosa. Eu tive a oportunidade de prestigiar V. Exª quando tomou posse na Academia Brasileira de Letras. Ouvi, com entusiasmo, o discurso de quem o saudava e passei a fazer parte dos seus admiradores. Acho que a nossa geração não reclama do político gestos olímpicos ou uma presença teatral no proscênio, na ribalta da vida pública. Acho que a gente devia reaprender as coisas simples, o amor, a humildade, a resignação, a fazer da vida pública um ministério. E nisso V. Exª se excede nesta Casa. Seus discursos são sempre muito lúcidos e irretocáveis. Seus votos também são votos de amadurecimento, de prudência, para encontrar sempre a fórmula melhor para a gente equacionar esse dilúvio de ódios e paixões que é a vida pública brasileira. O revés eleitoral que V. Exª sofre nas últimas eleições acho que apenas corrobora todas as virtudes de quem, com mandato ou sem mandato, não abre mão de ser um servidor da Pátria. O povo de Pernambuco tem em V. Exª um líder muito acima do mandato eletivo. V. Exª é um líder que pode ser consultado nos momentos mais difíceis, uma voz que sempre apontará o caminho da justiça e da paz, um homem do qual não se esperam traições ou atos de interesse próprio, menores ou medíocres. V. Exª é um nome que sempre será lembrado quando se falar dos políticos do altruísmo, do idealismo, da fé em Deus e do amor ao Brasil. Parabéns a V. Exª!

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Marcelo Crivella, pelo aparte de V. Exª e pelo testemunho de vida que me ofereceu. Como me sensibilizaram as palavras que V.Exª proferiu a respeito da minha vida pública. Sei que não é diferente a vocação de V. Exª, como bem demonstrou e vem demonstrando ao longo do exercício do mandato de Senador e agora reconduzido pela demonstração bastante clara da comunidade do Rio de Janeiro, o Estado que V. Exª aqui representa.

            Portanto, Senador Marcelo Crivella, nossos cumprimentos pelo desempenho nesta Casa, com a qual cedo se familiarizou, oferecendo um bonito exemplo de dedicação à coisa pública, à vida pública. Sobre vida pública, sempre digo que público eu sei o que é, mas vida eu tenho dúvidas. Mas, de toda maneira, a vida pública exige dedicação integral à comunidade a que serve. E V. Exª é um exemplo bem eloquente dessa condição essencial a um político.

            Muito obrigado a V. Exª.

            Eu concederia, agora, um aparte ao nobre Presidente Senador Garibaldi Alves.

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador Marco Maciel, eu gostaria de não pedir este aparte neste momento, a exemplo de todos os Senadores que aqui já falaram. Mas quero dizer que V. Exª, Senador Marco Maciel, representa um exemplo para mim, para minha geração e para as varias gerações de políticos do Nordeste brasileiro. V. Exª realmente foi um defensor intransigente da nossa região desde que iniciou sua carreira política, mas sempre fez uma defesa que levou em conta valores, percepções que até então não eram devidamente enxergadas, podemos dizer assim. V. Exª sempre lutou para que tivéssemos um novo Nordeste, um Nordeste onde se pudesse respeitar a sua cultura, a cultura de Gilberto Freyre, o trabalho. E eu poderia citar muitos outros, mas aproveito para citar Gilberto Freyre, V. Exª é um político, um intelectual, um homem que não se deixou seduzir apenas pelo lado pragmático da política. Eu diria até que V. Exª nunca se sentiu talvez - essa é a minha impressão - muito fascinado por essa maneira de fazer política que amesquinha a visão dos verdadeiros homens públicos. E, graças a Deus, V. Exª galgou os maiores cargos desta República: o cargo de Presidente da Câmara dos Deputados, V. Exª foi Vice-Presidente da República, foi Presidente da República. E nós temos em V. Exª essa presença de seriedade, de honestidade, mas sobretudo de uma dimensão maior. V. Exª acrescentou à política uma dimensão que estava faltando, principalmente àqueles que terminaram fazendo da política um verdadeiro mercado persa, como nós temos hoje. V. Exª luta ainda hoje por uma reforma política. Eu pergunto: quem vai defender a reforma política com o brilhantismo, com a segurança como V. Exª defende? Eu digo a V. Exª, Senador Marco Maciel, que V. Exª não pode silenciar e que, mesmo sem ter a tribuna do Senado durante algum tempo, sei que vai continuar a peregrinar por este País falando a linguagem dos que conhecem os problemas deste País. V. Exª é um presidencialista convicto porque sempre disse que o Presidencialismo era o regime que mais se adaptava às tendências políticas do nosso País. Eu quero aplaudir a ação política de V. Exª, a sua biografia já, a essa altura, tão enriquecida e dizer que V. Exª realmente vai fazer falta, mas o País não há de prescindir de homens como V. Exª.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Garibaldi Alves. V. Exª é, como eu, também nordestino e ocupou cargos muito importantes não somente no plano federal, mas especialmente no seu Rio Grande de Norte, exercendo, inclusive, mais de uma vez, a função de Governador do Estado potiguar.

            Portanto, tanto podemos dizer das qualidades que V. Exª ostenta e da contribuição que V. Exª dá não somente ao Estado do qual é filho, mas também ao Nordeste, na sua persistente luta em favor da solução dos problemas da Região.

            O Brasil superou, neste processo de evolução histórica, inúmeras dificuldades, mas uma delas ainda, a meu ver, não conseguiu superar, que é a existência de uma grande e lamentável desigualdade social.

            Espero que, por meio de medidas como o Plano Real, que deu estabilidade fiscal ao Brasil, consigamos ser um País menos assimétrico, que cresça de forma mais homogênea, assegurando a todos e a cada um a plena participação na vida social de nosso País.

            Ouço, agora, com muita satisfação, o nobre Senador Antonio Carlos Júnior.

            O Sr. Antonio Carlos Júnior (DEM - BA) - Senador Marco Maciel, V. Exª é uma referência nacional na política e nos campos acadêmico e intelectual. A trajetória política de V. Exª começou em Pernambuco, onde foi Governador, depois foi Deputado Federal, Presidente da Câmara dos Deputados, Vice-Presidente da República, Senador. Aqui no Senado teve, inclusive, participações marcantes na Presidência da Comissão de Constituição e Justiça. Foi relator ou ator de projetos importantes, principalmente no campo da reforma política. No campo acadêmico, V. Exª é um dos membros mais destacados da Academia Brasileira de Letras. V. Exª marcou a sua presença no Congresso Nacional de uma forma brilhante. V. Exª participou de todos os momentos importantes da vida pública do País nos últimos anos, sempre como protagonista, sempre como um político influente. Inclusive, destaca-se, em todo esse período, o caminho para a redemocratização do País, quando V. Exª liderou, com outros políticos, a condição de o País voltar à democracia, de romper com o regime militar, que já estava agonizando, mas, de qualquer maneira, procurava continuar enraizado. V. Exª, de forma corajosa, tomou posição contrária, fundando a Frente Liberal e tomando posição ao lado de Tancredo Neves. Aprendi, desde jovem, a apreciar as suas qualidades, inclusive por causa do seu relacionamento de amizade com o meu pai, que vem de muito tempo. Aprendi a conhecer o trabalho de V. Exª e a acompanhá-lo até o momento atual. V. Exª fará muita falta a este Congresso, a este Senado, pela sua competência, pela sua inteligência, pelo seu preparo, pela sua habilidade, pelo seu temperamento conciliador e pela sua condição de aconselhar e orientar seus colegas. Mas, de qualquer maneira, o Brasil lhe deve muito por tudo o que V. Exª fez por este País. Nós temos certeza de que V. Exª não abandonará nem a política, nem as causas principais da Nação brasileira, como também continuará lutando por elas, como V. Exª sempre o fez. E o nosso Partido precisa de V. Exª nestes momentos, inclusive, difíceis por que passa. Então, é importante que V. Exª continue lutando conosco, para fazer não só um Democratas mais forte, como um País melhor.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Nobre e estimado amigo Senador Antonio Carlos Júnior, eu começaria a resposta ao aparte de V. Exª - extremamente generoso -, dizendo que V. Exª é filho de um grande político e pai de um jovem político. Tive a oportunidade de conviver, em diferentes oportunidades, com seu pai, Antonio Carlos Magalhães, não somente no Senado Federal, mas também em funções que exercemos no Nordeste: Governador de Pernambuco; e ele, Governador da Bahia, em mais de uma oportunidade.

            Posso dizer hoje que a imagem de Antonio Carlos Magalhães se projeta cada vez mais em nosso País.

            Há um reconhecimento generalizado de suas qualidades cívicas, de sua luta em favor do desenvolvimento do Nordeste e da forma determinada como ele lutava para ver aprovadas as suas posições, muitas das quais voltadas para matérias extremamente importantes, como por exemplo o Orçamento impositivo, políticas sociais que assegurassem a correção das desigualdades no nosso País.

            Por todas essas razões, não poderia deixar de dizer o quanto aprecio a sua pessoa e, de modo mais genérico, as qualidades não somente de seu pai e de seu filho, mas também do grande amigo que foi Luiz Eduardo Magalhães, com quem convivi mais de perto e a quem aprendi a admirar pela conduta, pelo espírito público e pela vocação de vida pública.

            Portanto, Senador Antonio Carlos Júnior, meu agradecimento pelo generoso e amigo aparte.

            Ouço o aparte do Senador Demóstenes Torres, presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

            O Sr. Demóstenes Torres (DEM - GO) - Senador Marco Maciel, V. Exª faz agora o discurso de despedida do Senado Federal. V. Exª é um dos grandes nomes da República brasileira e acho que, mais do que da República, do Parlamento brasileiro, desde a época do Império. V. Exª é um homem extraordinário, um homem que tem uma vida pública marcante; uma vida em que passou pelos principais cargos do País: foi Governador, foi Ministro, foi Senador da República, foi Deputado Federal, foi Presidente da Câmara. V. Exª tem um papel grande não só pelos cargos que ocupou. Como Vice-Presidente da República, na realidade, teve mais tempo de mandato do que o próprio Jânio Quadros. Então, V. Exª tem tempo de mandato de Presidente da República. E mais importante que isso é a dignidade com que V. Exª se portou na vida pública por todos esses anos. Um exemplo de homem honrado, de homem decente, de homem honesto, de homem preocupado com o seu Estado, preocupado com o Brasil, com o Congresso Nacional, com a postura dos nossos Senadores, com a postura dos nossos Congressistas. Mais do que isso: V. Exª é um homem respeitado pela sua história, respeitado pela sua capacidade intelectual. Eu mesmo sou testemunha de vê-lo várias vezes... Perguntando por V. Exª junto a seus parentes em Goiânia, respondiam que estava no lugar tal, com tantos livros; que fora para lá, nas férias, para poder se reciclar, para poder se atualizar, para poder colocar em dia o seu raciocínio, a sua lógica, para fazer reflexões sobre o Brasil. Articulista consagrado. Qualquer jornal ou revista do Brasil lhe abre as páginas, porque sabe que o V. Exª vai dizer é algo que vai somar, que vai contribuir. V. Exª é membro da Academia Brasileira de Letras. E não é um membro ocasional; é um homem que tem substância, um homem que entrou lá pelos seus méritos. Nós vamos sentir a falta de V. Exª O Congresso se sente diminuído com a ausência de V. Exª, mas faz parte. Vez por outra, o povo erra. Esse é um dos casos, tenho certeza, em que o povo simplesmente não pensou nas consequências de perder um homem público, um Parlamentar da estirpe de V. Exª Eu, particularmente, vou sentir muita falta do companheirismo, do homem que, quando disputei o Governo do Estado de Goiás, foi o único político nacional que lá apareceu para me apoiar; do homem do meu partido, que tem a sua família e que, todas as vezes em que aparece, faz questão de avisar, para que nós possamos ter algum dedo de prosa, algum momento de intimidade; do conselheiro que conta casos notáveis, conta parte da história como se fosse uma trivialidade, porque participou de muitos fatos relevantes. V. Exª teve um papel importante no regime de 1964, mas teve um papel muito mais importante na redemocratização do Brasil. Muitos não compreendem, olhando de longe, aqueles momentos da formação da Frente Liberal. V. Exª foi o principal homem, o principal condutor e que levou à vitória de Tancredo Neves, e que levou à Assembleia Nacional Constituinte, à nova Constituição. E o resto da história todo mundo conhece. Não conhecem a importância de V. Exª, muitas vezes, nesse processo. Vamos sentir aqui a falta do conselheiro, do homem experiente, do homem comedido, desse homem de bem, exemplo para todos nós. Confesso que estou perdendo não só um amigo; estou perdendo um pedaço substancial de alguém que, praticamente todos os dias, nos leva a reflexões, nos leva ao bom senso, faz ponderações, tem frases marcantes, tem vontade de conviver com seus colegas de Partido, tem tolerância conosco, que, muitas vezes, não temos a experiência que V. Exª tem. E, como seu sucessor na Comissão de Constituição e Justiça, também posso assegurar a sua capacidade de trabalho, sua dedicação, seu zelo, sua eficiência. Ou seja, é alguém que, infelizmente, para o Brasil, não será substituído nesta Legislatura. Mas, pelo vigor de V. Exª, tenho certeza de que V. Exª vai voltar. Essa vaga de Pernambuco é também uma vaga do Brasil, e aqui V. Exª só soma, só adiciona, só contribui, só colabora. Nos momentos tristes que vivemos, V. Exª sempre foi lembrado, mesmo na época triste da lama, do lodo, como uma pérola, como alguém que não pode ser tocado, a não ser pelo elogio, a não ser como exemplo, a não ser pelo que de bem fez ao nosso País. V. Exª é um homem público por excelência - perdoe-me o trocadilho. Merece esse título. Sinto-me honrado de ter podido conviver com alguns homens aqui, e V. Exª, com certeza, é um dos grandes nomes deste Brasil, um dos grandes nomes desta legislatura e - vou repetir o que disse no início - um dos grandes homens de toda a história do Parlamento brasileiro. Vou sentir falta de V. Exª e acho que o Brasil também vai. Muito obrigado.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Demóstenes Torres, pelo depoimento que presta V. Exª, que muito me desvanece. Devo dizer que tenho por V. Exª uma admiração que não é recente, não somente pela sua vocação de jurista, mas também pelo desempenho no Senado Federal. E não foi por outra razão que o povo de Goiás, que é um eleitorado esclarecido, reconduziu V. Exª ao Senado Federal depois de haver cumprido, com talento, engenho e arte, o mandato.

            Quero dizer o quanto estimamos a sua pessoa, não somente como político, como jurista, mas também como um intelectual que pensa as questões brasileiras e procura resolvê-las de forma a mais adequada possível.

            Por isso, o Senado da República se rejubila em ter um Senador do porte de V. Exª, e isso muito vai ajudar com que comece bem a nova legislatura, que muito em breve se instalará.

            Portanto, Senador Demóstenes Torres, os nossos agradecimentos pelas suas palavras e, como já tenho vinculações com Goiás, por conta de minha família, e aprecio muito o povo goiano, não queria deixar de acentuar esse dado, para mim extremamente importante.

            Muito obrigado, Senador Demóstenes, pelas suas tão cativantes palavras.

            Tenho agora satisfação de conceder um aparte ao Senador Jayme Campos, que integra também o nosso partido e traz uma contribuição do Centro-Oeste à solução dos nossos problemas.

            O Sr. Jayme Campos (DEM - MT) - Senador Marco Maciel, eu não poderia deixar de manifestar, naturalmente, toda a admiração que temos por V. Exª. Quando iniciei na área política do meu Estado de Mato Grosso, nós sempre nos espelhamos na sua pessoa. Iniciamos lá, no velho PDS, depois passamos para o PFL, hoje Democratas. Particularmente, quero falar da admiração que temos pelo Senhor, não só eu, mas o meu irmão Júlio Campos, meu saudoso pai, Júlio Domingos de Campos - não é preciso nem comentar -, na medida em que sempre fizemos política juntos, junto com o senhor, junto com o saudoso Antonio Carlos Magalhães, da Bahia, e junto com outros valorosos companheiros nossos, que escreveram, com certeza, a história da política brasileira. V. Exª vem a esta tribuna para praticamente se despedir da sua presença aqui nesta Casa, e eu imagino que a sua presença, com certeza, ficará marcada na história, sobretudo para nós, que conhecemos a sua trajetória. Diante dos momentos mais importantes da vida nacional, o senhor sempre esteve ali, de forma muito zelosa e, sobretudo, muito sensata, buscando efetivamente a democracia plena com que sempre sonhamos. Diante daquele momento de transição democrática, V. Exª foi o grande condutor para que pudesse estar hoje restabelecida a plena democracia brasileira. Entretanto, com a história que o senhor escreveu no Brasil, sobretudo no Estado de Pernambuco, não tenho dúvida alguma de que o pernambucano, nas próximas eleições, vai ter saudade de Marco Maciel, para reconduzi-lo novamente a esta Casa ou talvez até a um cargo do Poder Executivo. Quero dizer ao senhor, meu caro prezado amigo, Senador Marco Maciel: V. Exª tem a admiração não só de parte da classe política, mas de toda a classe política brasileira. Posso falar assim pelo relacionamento que tenho não só no Mato Grosso, mas com vários amigos e familiares por este imenso País. Todas as vezes que converso com um cidadão brasileiro, quando se faz uma referência ao Senador Marco Maciel, é uma verdadeira unanimidade dizer que é um dos políticos exemplares do Brasil. É um político - não tenho dúvida alguma disto - cuja trajetória, cuja história vai ficar marcada não só neste momento, mas para as futuras gerações que virão fazer política, e, espelhando-se na sua pessoa, eu não tenho dúvida nenhuma de que serão os políticos que o povo brasileiro gostaria de ter nos momentos da política nacional. Senador Marco Maciel, leve junto com o senhor, no seu coração, na sua cabeça, a nossa admiração, não só da família Campos, do Mato Grosso, mas do mato-grossense, daquele que o conhece, que sabe a sua história, a sua trajetória, pela qual, não tenho dúvida alguma, todos têm a maior admiração e o maior respeito. E aqui, quero dizer que V. Exª terá um companheiro, um amigo, um soldado que sempre estará a sua disposição para que, juntos, possamos ainda enfrentar os futuros embates eleitorais e fazer do nosso partido um partido, com certeza, que possa dar uma nova perspectiva para o povo brasileiro. Saúdo V. Exª na certeza absoluta de que a presença de Marco Maciel será perene no Congresso Nacional brasileiro. Muito obrigado. Que Deus abençoe V. Exª.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Jayme Campos. Sabe V. Exª das nossas ligações de amizade, que são muito antigas. A família Campos, que eu sempre apreciei, é uma família que deu muitos governadores. Não podemos deixar de reconhecer que é uma família de forte vocação política, que procura contribuir para o desenvolvimento do seu Estado, hoje um dos Estados que mais se desenvolve no nosso País. Penso que, talvez, o Centro-Oeste, em termos relativos, não absolutos, seja hoje a Região de maior nível de desenvolvimento, o que significa dizer que a tendência é cada vez maior no sentido de o Centro-Oeste concorrer de forma positiva para o desenvolvimento do País. Não somente sob o ponto de vista econômico, pela sua produção, pelo agronegócio, mas também pelo fato de ser uma região em que há minérios em grande quantidade e também que consegue gerar emprego de boa remuneração para a sua população.

            Isso faz-nos dizer que, sobretudo após a divisão do território de Mato Grosso em dois - Mato Grosso e Mato Grosso do Sul -, essa situação, contribuiu - assim entendo - para alavancar o crescimento de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul. Confirma-se, assim, o Centro-Oeste, como uma região dinâmica que tende a ter um desenvolvimento muito significativo, contribuindo para melhorar, consequentemente a qualidade de vida do nosso País.

            Encerro, dizendo do nosso agradecimento ao Senador Jayme Campos pelas palavras que acaba de proferir.

            Muito obrigado, Sr. Presidente, pelo tempo a mim conferido.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/12/2010 - Página 57160